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23 de FEVEREIRO 2013
Notícias–Visões
e Cultura de Portugal – A Crise Econômica
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INDICE
1.PORTUGAL-Visões
2.NOTÍCIAS
3. PORTUGAL E A CRISE - Memória e Análises
&&&
Paula Cabeçadas via
Joana Lopes
2- NOTICIAS
Nuevo tipo de protesta en Portugal: pedir facturas a nombre del primer
ministro
Tras hacerse con el
número de contribuyente del primer ministro, un grupo de ciudadanos le endosa
facturas de compras varias
El primer
ministro portugués, Pedro Passos Coelho, hoy en Viena.
En Portugal ha nacido una nueva manera de protestar, de quejarse o,
simplemente, de importunar a los miembros del Gobierno. Un colectivo
autodenominado Revolução Branca, que propugna la “desobediencia cívica
irónica”, anda endosando facturas al primer ministro, el conservador Pedro Passos
Coelho, con la intención, en primer lugar, de protestar contra la
obligatoriedad de pedir facturas exigida por ley desde enero y, de rebote, de
causarle un embrollo fiscal o, al menos, una investigación por un presunto delito
de patrimonio no declarado.
En
Portugal, al pedir esta factura obligatoria –que sirve también para un
descuento de los impuestos- es necesario dar el llamado número de
contribuyente, esto es, una suerte de número de identificación fiscal. Si esta
factura no excede los 1.000 euros no hay que aportar el nombre. Los
comerciantes, por su parte, piden este número de contribuyente al comprador
pero no están obligados a reclamar ningún tipo de documento acreditativo. De
ese modo, uno puede dar un número de contribuyente falso o perteneciente a otra
persona.
Tras
hacerse con el número de contribuyente de Passos Coelho y hacerlo circular a
base de correos electrónicos y mensajes de SMS, este colectivo ha pasado a
atribuirle facturas de comidas de restaurantes, compras varias o reparaciones
de automóviles, entre otras operaciones. Ellos renuncian a un posible descuento
(en el fondo mínimo) en los impuestos, pero a cambio llenan Hacienda de
facturas pequeñas con el número de Passos Coelho. Son facturas pequeñas pero
que, juntas, constituyen un importe que el sueldo del primer ministro no podría
justificar. Según el Correo da manhá ya son miles las facturas de este
tipo que han llegado a la Hacienda portuguesa. Amândio Alves, del Sintidato dos
Trababalhadores de Impostos, asegura en el semanario Sol que tienen noticia del fenómeno desde
hace 15 días.
Diversos
medios portuguesas añaden que el ministro de Finanzas, Vítor Gaspar, y el de
Asuntos Parlamentarios, Miguel Relvas también son objetivos de este colectivo
ocurrente y sus facturas falsas.
La noticia, evidentemente, ha
generado una ola de expertos en impuestos desfilando por las televisiones para
aclarar si el primer ministro –o los otros ministros- pueden ver peligrar su
situación fiscal. Samuel Fernández, un abogado fiscalista, asegura este viernes
en la cadena de televisión TVI que, a pesar de una hipotética inspección,
Passos Coelho no se enfrenta a nada más que una broma. “Es verdad que el
sistema casi automático detectaría que un contribuyente gasta más de lo que
ingresa y eso generaría una hipotética y casi automática inspección. Pero
bastaría comprobar cómo ese contribuyente, en este caso Passos Coelho, ha
comido en varios restaurantes distintos el mismo día y a la misma hora para
desactivar la denuncia. Es sólo una manera original y divertida de protestar.”
Posted: 22 Feb 2013 03:05 AM PST
As ligações José Sócrates ao Brasil e à
Ongoing não são de agora e já vêm da época em que Lula da Silva estava na
presidência.
O ex-primeiro-ministro José Sócrates foi
convidado há já oito meses, tendo ocupado o cargo no início de Janeiro.
Estreou-se numa visita ao Brasil, em que teve oportunidade de jantar com o
vice-presidente da Ongoing, anunciado aqui neste “Portugal Sem Passaporte”
Dia 5 de Fevereiro. José Sócrates abandonou
São Paulo em direcção a Brasília onde se encontrou às 15h com o ministro da Saúde
brasileiro, estreando-se como presidente do conselho consultivo para a América
Latina da Octapharma, uma multinacional farmacêutica. A viagem ao Brasil contou
com várias reuniões importantes: no dia anterior, por exemplo, jantou com o
vice-presidente da Ongoing Rafael Mora, como o i revelou no início do mês.
O ex-primeiro ministro socialista foi
convidado há cerca de oito meses para exercer funções na Octapharma, ocupando o
cargo de presidente do conselho consultivo para a América Latina desde 1 de
Janeiro deste ano. Segundo o i apurou Sócrates não foi o único denominador
comum no encontro com o vice-presidente da Ongoing e na reunião com o ministro
da Saúde: Guilherme Dray, seu ex-chefe de gabinete em São Bento que actualmente
trabalha na Ongoing Brasil.
José Sócrates terá solicitado a Dray que o
acompanhasse durante a reunião com o ministro Alexandre Padilha, mas uma fonte
próxima de ambos garantiu, porém, que nada liga a Ongoing à reunião que
aconteceu com membros do governo brasileiro, em Brasília. “Guilherme Dray foi
acompanhar o engenheiro José Sócrates a pedido deste e apenas como amigo”,
garantiu a mesma fonte.
Tal como mostra a agenda dos membros do
governo brasileiro, no dia 5, após o almoço o ministro da Saúde – que já tinha
percorrido uma maratona de duas reuniões e uma conferência de imprensa –
recebeu o ex-primeiro-ministro português. Na sala estavam também o secretário
de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Carlos Gadelha, o director de
produtos Estratégicos da Hemobrás, Luiz de Melo Amorim, o presidente da
comissão executiva do Grupo Octapharma, Joaquim Paulo de Castro e membros da
equipa técnica do ministério tutelado por Alexandre Padilha. A longa lista de
participantes não se espelhou, porém, na extensão da reunião, uma vez que esta
terá durado cerca de uma hora.
A visita do socialista português ao Brasil
passou quase despercebida aos meios de comunicação portugueses e brasileiros,
até o i ter divulgado e “Portugal Sem Passaporte” ter reproduzido que Sócrates
se tinha reunido com Rafael Mora em São Paulo. Ontem, o “Correio da Manhã”
revelou a existência do encontro de Brasília, mas não fazia referência ao cargo
que Sócrates ocupa na multinacional da indústria farmacêutica.
As ligações José Sócrates ao Brasil e à
Ongoing não são de agora e já vêm da época em que Lula da Silva estava na
presidência. Em 2010, o ex-primeiro ministro chegou mesmo a escrever um
discurso que terminava com uma alusão ao trabalho do brasileiro: “O meu Brasil
é com “S”. “S” de Silva. Lula da Silva. Saravá!” Mas isso não significou que a
entrada de Dilma Rousseff trouxesse uma quebra nas boas relações de Sócrates
com o Brasil.
Já no que respeita à empresa Ongoing, em
Agosto de 2011, foram convidados pela empresa dois homens fortes do governo de
Sócrates: Carlos Costa Pina foi secretário de Estado do Tesouro e das finanças
desde 2005 e Guilherme Dray – que também esteve em ambos os encontros – e que
foi chefe do gabinete do ministro das Obras Públicas, Mário Lino e
posteriormente do gabinete de José Sócrates.
Lido por aí (Blogosfera)
...
Lido
por aí (Imprensa)...
3. RETRATOS DA CRISE
Na íntegra, o texto de José
Pacheco Pereira, no Público de hoje. Autor todos os dias citado, muito mais pela
esquerda do que pela direita? Sem dúvida. «É a vida!», como diria o outro...
«Este artigo é um
panfleto. Não acrescenta nada de novo àquilo que digo há mais de dois anos,
pelo que não tem interesse mediático. Não é distanciado, nem racional, nem
equilibrado, nem paciente, nem tem um átomo da imensa gravitas de Estado
que enche a nossa vida pública no PS e no PSD, cheia daquilo a que já chamei
redondismo e pensamento balofo. Como vêem já disse isto tudo e estou-me a
repetir. Não é sequer um artigo feliz, que se faça com gosto e prazer.
Prescindia bem de o fazer para falar de outras coisas, refrigérios da alma,
como se dizia no passado, seja livros, seja o Inverno, seja algum momento
especial, uma descoberta de amador curioso, uma coisa que se aprendeu, uma
calmaria hegeliana do espírito, ou uma negatividade divertida e sagaz.
Bem pelo contrário. Não
ilumina, não é feito pela curiosidade, é feito em nome da voz que não tem voz e
por isso tem muitos adjectivos e podia ser todo escrito em calão, aqueles
plebeísmos, grosserias e obscenidades que tem nos dias de hoje a enorme
vantagem de não conter hipocrisia, porque são palavras inventadas contra a
hipocrisia. Ao menos, vamos hoje usar o esplendor das belas palavras do
português contra o abastardamento da língua como maneira de falarmos uns com os
outros, de nos entendermos na simplicidade do povo comum, ou na riqueza
criativa de uma velha fala, capaz de tudo se a deixarmos à solta, mas magoada e
ferida pelo seu uso para esconder vilezas e malfeitorias, e acima de tudo para
esconder arrogâncias ignorantes, que é a moeda falsa que para aí circula.
Pode ser porque eu dou
valor às palavras — uma sinistra manifestação da condição suspeita de
intelectual — que me repugna, enoja, irrita, indigna, encanita, faz-me passar
do sério, a sua sistemática violação pelo governo. Violação, exactamente como
as outras violações. Devia haver uma lei não escrita para punir a violência
feita com as palavras e pelas palavras, como há com a violência doméstica, a
violência contra os mais fracos, o abuso do poder. Devia haver uma lei não
escrita para punir o envenenamento das palavras pela desfaçatez lampeira, a
esperteza saloia.
De novo, pela pecha de ser
intelectual, — um estado miserável nos dias de hoje, “treinador de bancada”,
“comentador”, “opinador”, “achista”, “inútil”, “velho do restelo”, “negativista”,
ou qualquer outra variante das palavras com que hoje o poder e os seus
serviçais entendem diabolizar o debate público que não lhes convém — é que me
repugna, enoja, irrita, indigna, encanita, faz-me passar do sério, a
sistemática tentativa de nos enganar, de nos tomar por parvos, de nos despachar
com um qualquer truque verbal destinado a dizer que uma coisa é diferente do
que o que é, porque convém que não se perceba o que é.
Os exemplos abundam. Por
exemplo, chamar aos cortes “poupanças”, como se não fosse insultuoso para quem
quer que seja ver a sua vida ficar miserável por uma ”poupança” virtuosa, cuja
natural bondade não pode ser atacada. Quem ousa ser contra poupanças? Pode-se
ser contra os despedimentos, contra a redução das despesas sociais, contra os
cortes, mas não se pode ser contra as “poupanças”. Mesmo quando elas mais não
sejam do que cortes, despedimentos, reduções de prestações, reformas miseráveis
ainda mais miseráveis, ou, como diz Bagão Félix, “diminuição do rendimento das
famílias”. Os espertos assessores de comunicação, que se esforçam todos os dias
para dar ao Governo a “política” que o professor Marcelo diz que ele não tem e
evitar assim “erros de comunicação”, são os aprendizes de feiticeiros deste
quotidiano embuste em que vivemos. Mas estão todos bem uns para os outros.
Chamar a um novo plano de austeridade, o enésimo de há dois anos
para cá, sempre precedido da mentira de que “não vai ser necessária mais
austeridade”, mais uma vez sobre os funcionários públicos, os pensionistas e os
que precisam de serviços públicos de saúde, educação, e outros, essa coisa
obscura e neutra de “medidas contingentes”, não é também um insulto à nossa
inteligência e, pior que tudo, uma ofensa aos que vão ser vítimas daquilo que o
Governo chama “desvios na execução orçamental”, ou seja erros? A verdade, nua,
bruta, cruel, dura, pétrea, é que cada vez que o Governo erra, há um novo plano
de austeridade destinado a garantir que a mesma receita que falhou seja tentada
de novo, com mais uns milhares de milhões retirados às pessoas, às famílias, à
economia, para pagar uma obstinação, um beco sem saída ideológico, uma tese sem
prova, uma abstracção intelectual, no fundo uma enorme vaidade sem perdão.
Sócrates deitou fora milhões e milhões mal gastos e perdulários, Passos Coelho
deita fora milhões e milhões para um vazio de arrogância, ignorância e vaidade,
sem melhorar o défice, aumentando a dívida, sem se ver qualquer utilidade. Mas
o dinheiro, antes como agora, foi para algum sítio.
E como aceitar o supremo
insulto fruto de uma displicência que acaba por ser maldosa e arrogante, de se
dizer que a recessão para este ano “aumenta de um ponto percentual”, como se
passasse de 35,4 para 36,4, quando passa de 35,4 para 70,8, usando estes
números imaginários para se perceber a enormidade do “ponto percentual” que
significa errar por 100%, duplicar por dois uma desgraça, que passa a ser o
dobro do que era, ou seja uma pequena coisa, “um pequeno ponto percentual”,
como se fosse a coisa mais natural do mundo.
Os erros agora também se
chamam “ajustamentos” e podem ser tidos apenas como a natural consequência da
“dificuldade das previsões macroeconómicas”, que se tem que ir “ajustando” mês
a mês. Mas os erros antes de serem “ajustados” acaso não foram instrumentos de
combate político, fonte de afirmação de legitimidade, atirados contra todos os
que suspeitavam da sua verdade e exequibilidade? Não tem importância,
encontra-se uma estatística qualquer que mostra que estamos no “caminho certo”,
mesmo que tudo esteja errado, e há sempre quem coma esta palha.
É tudo “ajustamento”
porque os manipuladores das palavras entendem que, lá fora da sua janela do
poder, tudo é plástico que se pode moldar, é tudo paisagem em que se pode
plantar uma sebe alta para não ver o mais de um milhão de desempregados “em
linha com o que estava previsto”, e colocar os portugueses numa jaula de
ratinhos a correr para fazer experiências. E que tal cortar metade da comida a
ver se eles se “ajustam” à “poupança” de só comer metade? Trinta morrem,
quarenta ficam doentes, vinte ainda têm gordura para aguentar. Aguentam,
aguentam, diz o tratador. Excelente, ficam dez por cento, a “selecção natural”
funcionou e deixou-nos com os mais fortes, os que se “ajustam”, os
“empreendedores”. Morreram alguns comidos pelos outros? Não há problema, sempre
há ratinhos “empreendedores” e que não são “piegas”, e que mostram as virtudes
do modelo.
No dia em que este Governo
for corrido, pelo mesmo tipo de onda de rejeição que varreu o seu antecessor,
só que agora do tamanho das ondas do Canhão da Nazaré, vai sair com a atitude
daquele que diz: o último a sair que feche a luz e a porta, porque já não é
connosco, “queríamos mudar Portugal e não nos deixaram”. E irão para os seus
lugares de acolhimento confortável, já pensados e preparados, sem temor e sem
tremor.
No entretanto, estragaram
Portugal com a mesma sanha do filósofo de Paris, numa situação que vai demorar
décadas para ser consertada, se é que tem remédio. Descaracterizaram o PSD como
Sócrates fez ao PS, tornaram pestíferos os políticos em democracia e as
instituições da democracia, destruíram a geração actual, a que tratam
sobranceiramente como a dos “instalados” e querem desempregar para “ajustar” o
preço da mão-de-obra, e hipotecaram a geração seguinte com a mesma antiga
maldição da baixa qualificação, do provincianismo, do quotidiano de
subsistência onde não há recursos para os bens materiais quanto mais para os
“imateriais”.
Vão deixar-nos na
periferia da periferia, como um país eternamente assistido por uma Europa para
quem pagar ao seu bom aluno são trocos desde que ele se porte bem. Irá a ficará
o BCE, a Comissão Europeia e o Pacto orçamental. Ficará um país medíocre e
remediado, uma praia razoável para o Verão. Deles vamos herdar uma enorme colecção
de invejas e ressentimentos sociais, que dividirão os portugueses entre si,
aumentando ao mesmo tempo a apatia e a violência social.»
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