segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

PELO SONHO É QUE VAMOS


 

 

 

Blog PT_BR fev 25 – PELO SONHO É QUE VAMOS

 

BLOG ANO PORTUGAL BRASIL PORTUGAL  21 de FEVEREIRO 2013

Notícias–Visões e Cultura de Portugal – A Crise Econômica


Editor : Paulo Timm– www.paulotimm.com.brpaulotimm@gmail.com

ANO BRASIL PORTUGAL-Acompanhe a programação neste site:


                                                              ***
                                  INDICE

                                                                    1.PORTUGAL-Visões
2.NOTÍCIAS
3. PORTUGAL E A CRISE - Memória e Análises

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1–VISÕES  

                                    PELO SONHO É QUE VAMOS
                                                            
Sebastião da Gama (1924-1952), poeta português





letras.mus.br › FadoAmália Rodrigues 



Pelo sonho é que vamos,
... comovidos e mudos.
Chegamos? não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e ao que é do dia a dia.
Chegamos? não chegamos?
Partimos. Vamos. Somos.



Sebastião da Gama


Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Sebastião da Gama
Nome completo
Sebastião Artur Cardoso da Gama
Nascimento
10 de Abril de 1924
Vila Nogueira de Azeitão
Morte
Nacionalidade
Ocupação

Sebastião Artur Cardoso da Gama (Vila Nogueira de Azeitão, 10 de abril de 1924Lisboa, 7 de fevereiro de 1952) foi um poeta e professor português,

Sebastião da Gama licenciou-se em Filologia Românica, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em 1947.

Foi professor em Lisboa, na Escola Industrial e Comercial Veiga Beirão, em Setúbal, na Escola Industrial e Comercial (atual Escola Secundária Sebastião da Gama) e, em Estremoz, na Escola Industrial e Comercial local.

Colaborou nas revistas Árvore e Távola Redonda.

A sua obra encontra-se ligada à Serra da Arrábida, onde vivia e que tomou por motivo poético de primeiro plano (desde logo no seu livro de estreia, Serra-Mãe, de 1945), e à sua tragédia pessoal, motivada pela doença que o vitimou precocemente, a tuberculose.

Uma carta sua, enviada em agosto de 1947, para várias personalidades, a pedir a defesa da Serra da Arrábida, constituiu a motivação para a criação da LPN Liga para a Protecção da Natureza, em 1948, a primeira associação ecologista portuguesa.[1]

O seu Diário, editado postumamente, em 1958, é um interessantíssimo testemunho da sua experiência como docente e uma valiosa reflexão sobre o ensino.

As Juntas de Freguesia de São Lourenço e de São Simão, instituíram, com o seu nome, um Prémio Nacional de Poesia. No dia 1 de junho de 1999, foi inaugurado em Vila Nogueira de Azeitão, o Museu Sebastião da Gama, destinado a preservar a memória e a obra do Poeta da Arrábida, como era também conhecido.

Faleceu vitima de tuberculose renal, de que sofria desde adolescente.

 gamos? não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e ao que é do dia a dia.
Chegamos? não chegamos?
Partimos. Vamos. Somos.
      

2-  NOTICIAS






 

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O POVO É QUEM MAIS ORDENA | Guardas prisionais cantam Grândola, em protesto, na formatura


(notícia do Correio da Manhã de hoje)

·         PT Jornal compartilhou um link.




Facturas em nome de Passos Coelho entopem Finanças | iOnline

www.ionline.pt -  · PAULA CABEÇADAS - via Indignados Lisboa

O sistema e-factura já registou a entrada no sistema de milhares de facturas preenchidas com o nome e o número de contribuinte de Pedro Passos Coelho, avança o Correio da Manhã. Um e-mail e uma SMS que se tornaram virais e onde se apela a que os contribuintes peçam factura em nome do primeiro-minist... 

3. RETRATOS DA CRISE

Personalidades lançam manifesto contra política “anti-democrática”


Por Fabíola Maciel

23/02/2013 - 18:25

Conferência organizada pela comissão promotora do apelo “Em defesa de um Portugal soberano” ficou marcada por muitas críticas ao Governo.


1.    Governo

2.    Austeridade

A conferência nacional “Em defesa de um Portugal soberano e desenvolvido” foi o palco escolhido para lançar um manifesto ao povo português contra as “políticas anti-democráticas e anti-patrióticas”, que alegam estar a “destruir o débil estado social”.

O evento teve como objectivo discutir o apelo ao povo português, lançado em Dezembro de 2011 e subscrito por mais de mil personalidades – entre as quais, Siza Vieira, Souto Moura e Mário de Carvalho -, que invoca a que “os democratas e patriotas manifestem a sua opinião e para que se inscrevam, como imperativo patriótico da sua intervenção cívica e política, a denúncia e rejeição do programa que está a ser imposto ao país”.

Na conferência, realizada no auditório da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, António Avelãs Nunes, professor catedrático jubilado, centrou a sua intervenção em críticas à União Europeia e ao Governo português. “Estado português está em prisão domiciliária, sujeita visitas periódicas”.

Perante um auditório quase cheio, Avelãs Nunes sustentou que “o Governo não tem legitimidade”, uma vez que ”, acrescentando que “a democracia está em perigo”. O professor jubilado do Instituto Superior Técnico criticou também a “situação algo esquizofrénica” criada pela União Europeia, referindo-se à atitude de “deixar os estados-membros sozinhos ou mal-acompanhados quando enfrentam dificuldades”.

João Vilela, mestre em História, direccionou o discurso para a resistência popular a políticas dos sucessivos governos. “Se existe um principio que deve estar na base da luta contra políticas é da soberania nacional”, argumentou Vilela, acrescentando que “ a intervenção da troika diz “claramente que se entrega alguma soberania”.

O advogado especialista em Direito do Trabalho Fausto Leite, utilizou um tom irónico para “descer ao terreno”, ou seja, dar a visão de quem conhece de perto a realidade.. Fausto Leite recorreu às estatísticas para alertar que “as condições de trabalho se têm degradado” e que a “actividade laboral se tornou mais insegura e perigosa do que nunca”.

Ao padre e poeta Tolentino Mendonça coube fazer uma prospecção sobre a situação da Cultura, tendo lançado um alerta: “Há um recuo histórico”. O também professor defendeu que “este é o momento de reafirmar o lugar da Cultura” e de mostrar que “uma sociedade tem necessidade de artistas da mesma forma que precisa de cientistas e professores.”

A intervenção mais aplaudida da conferência foi realizada por Joana Manuel. A actriz contou a história dos seus pais para mostrar a evolução do conceito de “jovem”. “Hoje percebo que aquilo que tornava o meu pai num adulto é aquilo que hoje me impede de o ser”, disse, referindo-se ao facto de, há algumas décadas, muitas serem as pessoas a trabalhar desde cedo. “Hoje tenho 36 anos e chamam-me jovem”, afirmou Joana Manuel, acrescentando: “Continuo a comer todos os dias, ter um tecto e continuo a passar recibos 15 anos depois. Isso faz de mim uma privilegiada, mas não uma adulta.”

Sobre o papel da Constituição, Guilherme da Fonseca, juiz jubilado do Tribunal Constitucional, vincou que “a lei não deve ser um obstáculo” e deu alguns exemplos de matérias que podem ser melhoradas sem custos para o Governo. “A Constituição não é uma simples bóia no meio do mar que está lá para acudir a qualquer emergência, é uma âncora firme no fundo do mar que não cede às ondas”, sustentou.

No final destas intervenções, vários membros do público subiram ao púlpito para realizarem breves declarações.

 

sábado, 23 de fevereiro de 2013

LIBERDADE, ONDE ESTÁS. QUEM TE DEMORA?


 

BLOG ANO PORTUGAL BRASIL PORTUGAL  23 de FEVEREIRO 2013

Notícias–Visões e Cultura de Portugal – A Crise Econômica


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1–VISÕES -
Paula Cabeçadas via Joana Lopes





2-  NOTICIAS


Nuevo tipo de protesta en Portugal: pedir facturas a nombre del primer ministro

Tras hacerse con el número de contribuyente del primer ministro, un grupo de ciudadanos le endosa facturas de compras varias



El primer ministro portugués, Pedro Passos Coelho, hoy en Viena.

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En Portugal ha nacido una nueva manera de protestar, de quejarse o, simplemente, de importunar a los miembros del Gobierno. Un colectivo autodenominado Revolução Branca, que propugna la “desobediencia cívica irónica”, anda endosando facturas al primer ministro, el conservador Pedro Passos Coelho, con la intención, en primer lugar, de protestar contra la obligatoriedad de pedir facturas exigida por ley desde enero y, de rebote, de causarle un embrollo fiscal o, al menos, una investigación por un presunto delito de patrimonio no declarado.

En Portugal, al pedir esta factura obligatoria –que sirve también para un descuento de los impuestos- es necesario dar el llamado número de contribuyente, esto es, una suerte de número de identificación fiscal. Si esta factura no excede los 1.000 euros no hay que aportar el nombre. Los comerciantes, por su parte, piden este número de contribuyente al comprador pero no están obligados a reclamar ningún tipo de documento acreditativo. De ese modo, uno puede dar un número de contribuyente falso o perteneciente a otra persona.

Tras hacerse con el número de contribuyente de Passos Coelho y hacerlo circular a base de correos electrónicos y mensajes de SMS, este colectivo ha pasado a atribuirle facturas de comidas de restaurantes, compras varias o reparaciones de automóviles, entre otras operaciones. Ellos renuncian a un posible descuento (en el fondo mínimo) en los impuestos, pero a cambio llenan Hacienda de facturas pequeñas con el número de Passos Coelho. Son facturas pequeñas pero que, juntas, constituyen un importe que el sueldo del primer ministro no podría justificar. Según el Correo da manhá ya son miles las facturas de este tipo que han llegado a la Hacienda portuguesa. Amândio Alves, del Sintidato dos Trababalhadores de Impostos, asegura en el semanario Sol que tienen noticia del fenómeno desde hace 15 días.

Diversos medios portuguesas añaden que el ministro de Finanzas, Vítor Gaspar, y el de Asuntos Parlamentarios, Miguel Relvas también son objetivos de este colectivo ocurrente y sus facturas falsas.

La noticia, evidentemente, ha generado una ola de expertos en impuestos desfilando por las televisiones para aclarar si el primer ministro –o los otros ministros- pueden ver peligrar su situación fiscal. Samuel Fernández, un abogado fiscalista, asegura este viernes en la cadena de televisión TVI que, a pesar de una hipotética inspección, Passos Coelho no se enfrenta a nada más que una broma. “Es verdad que el sistema casi automático detectaría que un contribuyente gasta más de lo que ingresa y eso generaría una hipotética y casi automática inspección. Pero bastaría comprobar cómo ese contribuyente, en este caso Passos Coelho, ha comido en varios restaurantes distintos el mismo día y a la misma hora para desactivar la denuncia. Es sólo una manera original y divertida de protestar.”


Posted: 22 Feb 2013 03:05 AM PST

As ligações José Sócrates ao Brasil e à Ongoing não são de agora e já vêm da época em que Lula da Silva estava na presidência.

O ex-primeiro-ministro José Sócrates foi convidado há já oito meses, tendo ocupado o cargo no início de Janeiro. Estreou-se numa visita ao Brasil, em que teve oportunidade de jantar com o vice-presidente da Ongoing, anunciado aqui neste “Portugal Sem Passaporte”

Dia 5 de Fevereiro. José Sócrates abandonou São Paulo em direcção a Brasília onde se encontrou às 15h com o ministro da Saúde brasileiro, estreando-se como presidente do conselho consultivo para a América Latina da Octapharma, uma multinacional farmacêutica. A viagem ao Brasil contou com várias reuniões importantes: no dia anterior, por exemplo, jantou com o vice-presidente da Ongoing Rafael Mora, como o i revelou no início do mês.

O ex-primeiro ministro socialista foi convidado há cerca de oito meses para exercer funções na Octapharma, ocupando o cargo de presidente do conselho consultivo para a América Latina desde 1 de Janeiro deste ano. Segundo o i apurou Sócrates não foi o único denominador comum no encontro com o vice-presidente da Ongoing e na reunião com o ministro da Saúde: Guilherme Dray, seu ex-chefe de gabinete em São Bento que actualmente trabalha na Ongoing Brasil.

José Sócrates terá solicitado a Dray que o acompanhasse durante a reunião com o ministro Alexandre Padilha, mas uma fonte próxima de ambos garantiu, porém, que nada liga a Ongoing à reunião que aconteceu com membros do governo brasileiro, em Brasília. “Guilherme Dray foi acompanhar o engenheiro José Sócrates a pedido deste e apenas como amigo”, garantiu a mesma fonte.

Tal como mostra a agenda dos membros do governo brasileiro, no dia 5, após o almoço o ministro da Saúde – que já tinha percorrido uma maratona de duas reuniões e uma conferência de imprensa – recebeu o ex-primeiro-ministro português. Na sala estavam também o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Carlos Gadelha, o director de produtos Estratégicos da Hemobrás, Luiz de Melo Amorim, o presidente da comissão executiva do Grupo Octapharma, Joaquim Paulo de Castro e membros da equipa técnica do ministério tutelado por Alexandre Padilha. A longa lista de participantes não se espelhou, porém, na extensão da reunião, uma vez que esta terá durado cerca de uma hora.

A visita do socialista português ao Brasil passou quase despercebida aos meios de comunicação portugueses e brasileiros, até o i ter divulgado e “Portugal Sem Passaporte” ter reproduzido que Sócrates se tinha reunido com Rafael Mora em São Paulo. Ontem, o “Correio da Manhã” revelou a existência do encontro de Brasília, mas não fazia referência ao cargo que Sócrates ocupa na multinacional da indústria farmacêutica.

As ligações José Sócrates ao Brasil e à Ongoing não são de agora e já vêm da época em que Lula da Silva estava na presidência. Em 2010, o ex-primeiro ministro chegou mesmo a escrever um discurso que terminava com uma alusão ao trabalho do brasileiro: “O meu Brasil é com “S”. “S” de Silva. Lula da Silva. Saravá!” Mas isso não significou que a entrada de Dilma Rousseff trouxesse uma quebra nas boas relações de Sócrates com o Brasil.

Já no que respeita à empresa Ongoing, em Agosto de 2011, foram convidados pela empresa dois homens fortes do governo de Sócrates: Carlos Costa Pina foi secretário de Estado do Tesouro e das finanças desde 2005 e Guilherme Dray – que também esteve em ambos os encontros – e que foi chefe do gabinete do ministro das Obras Públicas, Mário Lino e posteriormente do gabinete de José Sócrates.

 
Leia mais: http://entreasbrumasdamemoria.blogspot.pt/2013/02/liberdade-onde-estas-quem-te-demora.html#.USirA6mhR0Q.facebook

Lido por aí (Blogosfera)


...

* RUI NAMORADO, Modere-se a moderação!

* MIGUEL SERRAS PEREIRA, Horrorizados ma non troppo

* MIGUEL CARDINA, Abalroar



*LUÍS M. Jorge, Tomar no cu

*LUÍS JANUÁRIO, God has left the building

* RUI ROCHA, Um tiro pela culatra

Lido por aí (Imprensa)...


* TIAGO MOTA SARAIVA, Em cada esquina um amigo



* LEONETE BOTELHO, Grândola viral

* NUNO RAMOS DE ALMEIDA, Aprender a dizer “não”


* ANTONIO JIMÉNEZ BARCA, La pesadilla portuguesa en

 

3. RETRATOS DA CRISE

Liberdade, onde estás? Quem te demora?  - 23 FEV 2013


Na íntegra, o texto de José Pacheco Pereira, no Público de hoje. Autor todos os dias citado, muito mais pela esquerda do que pela direita? Sem dúvida. «É a vida!», como diria o outro...  

«Este artigo é um panfleto. Não acrescenta nada de novo àquilo que digo há mais de dois anos, pelo que não tem interesse mediático. Não é distanciado, nem racional, nem equilibrado, nem paciente, nem tem um átomo da imensa gravitas de Estado que enche a nossa vida pública no PS e no PSD, cheia daquilo a que já chamei redondismo e pensamento balofo. Como vêem já disse isto tudo e estou-me a repetir. Não é sequer um artigo feliz, que se faça com gosto e prazer. Prescindia bem de o fazer para falar de outras coisas, refrigérios da alma, como se dizia no passado, seja livros, seja o Inverno, seja algum momento especial, uma descoberta de amador curioso, uma coisa que se aprendeu, uma calmaria hegeliana do espírito, ou uma negatividade divertida e sagaz.  

Bem pelo contrário. Não ilumina, não é feito pela curiosidade, é feito em nome da voz que não tem voz e por isso tem muitos adjectivos e podia ser todo escrito em calão, aqueles plebeísmos, grosserias e obscenidades que tem nos dias de hoje a enorme vantagem de não conter hipocrisia, porque são palavras inventadas contra a hipocrisia. Ao menos, vamos hoje usar o esplendor das belas palavras do português contra o abastardamento da língua como maneira de falarmos uns com os outros, de nos entendermos na simplicidade do povo comum, ou na riqueza criativa de uma velha fala, capaz de tudo se a deixarmos à solta, mas magoada e ferida pelo seu uso para esconder vilezas e malfeitorias, e acima de tudo para esconder arrogâncias ignorantes, que é a moeda falsa que para aí circula.  

Pode ser porque eu dou valor às palavras — uma sinistra manifestação da condição suspeita de intelectual — que me repugna, enoja, irrita, indigna, encanita, faz-me passar do sério, a sua sistemática violação pelo governo. Violação, exactamente como as outras violações. Devia haver uma lei não escrita para punir a violência feita com as palavras e pelas palavras, como há com a violência doméstica, a violência contra os mais fracos, o abuso do poder. Devia haver uma lei não escrita para punir o envenenamento das palavras pela desfaçatez lampeira, a esperteza saloia. 

De novo, pela pecha de ser intelectual, — um estado miserável nos dias de hoje, “treinador de bancada”, “comentador”, “opinador”, “achista”, “inútil”, “velho do restelo”, “negativista”, ou qualquer outra variante das palavras com que hoje o poder e os seus serviçais entendem diabolizar o debate público que não lhes convém — é que me repugna, enoja, irrita, indigna, encanita, faz-me passar do sério, a sistemática tentativa de nos enganar, de nos tomar por parvos, de nos despachar com um qualquer truque verbal destinado a dizer que uma coisa é diferente do que o que é, porque convém que não se perceba o que é.  

Os exemplos abundam. Por exemplo, chamar aos cortes “poupanças”, como se não fosse insultuoso para quem quer que seja ver a sua vida ficar miserável por uma ”poupança” virtuosa, cuja natural bondade não pode ser atacada. Quem ousa ser contra poupanças? Pode-se ser contra os despedimentos, contra a redução das despesas sociais, contra os cortes, mas não se pode ser contra as “poupanças”. Mesmo quando elas mais não sejam do que cortes, despedimentos, reduções de prestações, reformas miseráveis ainda mais miseráveis, ou, como diz Bagão Félix, “diminuição do rendimento das famílias”. Os espertos assessores de comunicação, que se esforçam todos os dias para dar ao Governo a “política” que o professor Marcelo diz que ele não tem e evitar assim “erros de comunicação”, são os aprendizes de feiticeiros deste quotidiano embuste em que vivemos. Mas estão todos bem uns para os outros.  

Chamar a um novo plano de austeridade, o enésimo de há dois anos para cá, sempre precedido da mentira de que “não vai ser necessária mais austeridade”, mais uma vez sobre os funcionários públicos, os pensionistas e os que precisam de serviços públicos de saúde, educação, e outros, essa coisa obscura e neutra de “medidas contingentes”, não é também um insulto à nossa inteligência e, pior que tudo, uma ofensa aos que vão ser vítimas daquilo que o Governo chama “desvios na execução orçamental”, ou seja erros? A verdade, nua, bruta, cruel, dura, pétrea, é que cada vez que o Governo erra, há um novo plano de austeridade destinado a garantir que a mesma receita que falhou seja tentada de novo, com mais uns milhares de milhões retirados às pessoas, às famílias, à economia, para pagar uma obstinação, um beco sem saída ideológico, uma tese sem prova, uma abstracção intelectual, no fundo uma enorme vaidade sem perdão. Sócrates deitou fora milhões e milhões mal gastos e perdulários, Passos Coelho deita fora milhões e milhões para um vazio de arrogância, ignorância e vaidade, sem melhorar o défice, aumentando a dívida, sem se ver qualquer utilidade. Mas o dinheiro, antes como agora, foi para algum sítio.  

E como aceitar o supremo insulto fruto de uma displicência que acaba por ser maldosa e arrogante, de se dizer que a recessão para este ano “aumenta de um ponto percentual”, como se passasse de 35,4 para 36,4, quando passa de 35,4 para 70,8, usando estes números imaginários para se perceber a enormidade do “ponto percentual” que significa errar por 100%, duplicar por dois uma desgraça, que passa a ser o dobro do que era, ou seja uma pequena coisa, “um pequeno ponto percentual”, como se fosse a coisa mais natural do mundo.  

Os erros agora também se chamam “ajustamentos” e podem ser tidos apenas como a natural consequência da “dificuldade das previsões macroeconómicas”, que se tem que ir “ajustando” mês a mês. Mas os erros antes de serem “ajustados” acaso não foram instrumentos de combate político, fonte de afirmação de legitimidade, atirados contra todos os que suspeitavam da sua verdade e exequibilidade? Não tem importância, encontra-se uma estatística qualquer que mostra que estamos no “caminho certo”, mesmo que tudo esteja errado, e há sempre quem coma esta palha.  

É tudo “ajustamento” porque os manipuladores das palavras entendem que, lá fora da sua janela do poder, tudo é plástico que se pode moldar, é tudo paisagem em que se pode plantar uma sebe alta para não ver o mais de um milhão de desempregados “em linha com o que estava previsto”, e colocar os portugueses numa jaula de ratinhos a correr para fazer experiências. E que tal cortar metade da comida a ver se eles se “ajustam” à “poupança” de só comer metade? Trinta morrem, quarenta ficam doentes, vinte ainda têm gordura para aguentar. Aguentam, aguentam, diz o tratador. Excelente, ficam dez por cento, a “selecção natural” funcionou e deixou-nos com os mais fortes, os que se “ajustam”, os “empreendedores”. Morreram alguns comidos pelos outros? Não há problema, sempre há ratinhos “empreendedores” e que não são “piegas”, e que mostram as virtudes do modelo.  

No dia em que este Governo for corrido, pelo mesmo tipo de onda de rejeição que varreu o seu antecessor, só que agora do tamanho das ondas do Canhão da Nazaré, vai sair com a atitude daquele que diz: o último a sair que feche a luz e a porta, porque já não é connosco, “queríamos mudar Portugal e não nos deixaram”. E irão para os seus lugares de acolhimento confortável, já pensados e preparados, sem temor e sem tremor. 

No entretanto, estragaram Portugal com a mesma sanha do filósofo de Paris, numa situação que vai demorar décadas para ser consertada, se é que tem remédio. Descaracterizaram o PSD como Sócrates fez ao PS, tornaram pestíferos os políticos em democracia e as instituições da democracia, destruíram a geração actual, a que tratam sobranceiramente como a dos “instalados” e querem desempregar para “ajustar” o preço da mão-de-obra, e hipotecaram a geração seguinte com a mesma antiga maldição da baixa qualificação, do provincianismo, do quotidiano de subsistência onde não há recursos para os bens materiais quanto mais para os “imateriais”.  

Vão deixar-nos na periferia da periferia, como um país eternamente assistido por uma Europa para quem pagar ao seu bom aluno são trocos desde que ele se porte bem. Irá a ficará o BCE, a Comissão Europeia e o Pacto orçamental. Ficará um país medíocre e remediado, uma praia razoável para o Verão. Deles vamos herdar uma enorme colecção de invejas e ressentimentos sociais, que dividirão os portugueses entre si, aumentando ao mesmo tempo a apatia e a violência social.»



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