www.rtp.pt/noticias/index.php?article...8...8 maio 2012 Mais de 20 mil brasileiros terão saído de Portugal nos últimos seis meses: queixam-se da falta de ...
Assisti, com a atenção devida e o proveito de sempre, a mais uma intervenção pública de Mário Soares. Desta vez no programa Hora de Fecho, da RTP informação, sexta-feira à noite.
Coligi os principais ensinamentos para sair da crise que o antigo Presidente da República deixou aos portugueses nesta sua mais recente aparição televisiva. Aqui ficam vários deles reproduzidos, com a devida vénia, em forma de abecedário. Enquanto aguardo ansiosamente pela próxima entrevista, que não deve tardar.
AUSTERIDADE. "A austeridade não serve para nada."
BANCOS. "Como é que nós vivemos se não pagarmos? Vivemos! Não vamos morrer. Não é o caso de um país morrer assim de repente só porque não tem dinheiro... Vamos aos bancos, vamos a outras coisas... Há muita gente que tem muito dinheiro."
DEMOCRACIA. "A democracia está em risco."
ELEIÇÕES. "As eleições não interessam neste momento a ninguém num caso destes, de crise absoluta."
GOVERNO. "Este Governo está a destruir o nosso País e por isso devia demitir-se."
GRITAR. "É preciso gritar - não é só falar e escrever. E é preciso que o Governo mude."
MANUELA. "Os mais ilustres sociais-democratas, a começar por Manuela Ferreira Leite, detestam o Governo. (...) Ainda há dias disse à Drª Manuela Ferreira Leite, vi-a a sorrir para mim (já a critiquei muito no passado...): 'Ó minha senhora, eu estou a segui-la do coração porque está a dizer coisas que são absolutamente certeiras'."
NOTAS. "Basta dar à manivela das notas e pôr o Banco Central Europeu a fabricar euros para tudo se resolver de um dia para o outro."
OBAMA. "O Obama é um sinal de esperança. (...) Se há alguém que sabe de política internacional, é o Obama."
PARALISIA. "O Governo está completamente paralisado em todos os domínios."
PSD. "Os dirigentes máximos do PSD estão contra o Governo."
QUERER. "Eu para já quero que o Governo se demita."
RUA. "Os próprios ministros devem ter a sensibilidade de dizer: 'Nós temos que ir para a rua'!"
SONDAGENS. "Agora já nem é [um Governo] de maioria absoluta porque os partidos do Governo baixaram muito [nas sondagens]."
TROIKA. "Esses tipos da troika não servem para nada."
Nuno
Rocha foi premiado por “Momentos”e mostra “Vicky and Sam”em Itália
O
realizador português Nuno Rocha viu a sua curta-metragem “Momentos” reconhecida
com o Prémio do Público no Enfoque Film, em Porto Rico. A curta-metragem
“Momentos”, produzida pela FilmesDaMente, foi realizada para a campanha “Lifes
Good” da LG Portugal em 2010, e conta actualmente com trinta selecções para festivais
e sete prémios dos quais se destacam o Peoples Choice no Naoussa Film Festival
(Grécia), o Prémio do Público no Honfleur Film Festival (França), e agora o
Prémio do Público no Enfoque Film, em Porto Rico. O realizador português
prepara-se agora para apresentar outra curta, “Vicky and Sam”, no Festival
Pontino del Cortometraggio, que se realiza em Janeiro, em Itália.A curta-metragem
“Momentos”, produzida pela FilmesDaMente, foi realizada para a campanha “Lifes
Good” da LG Portugal em 2010, e conta actualmente com trinta selecções para
festivais e sete prémios dos quais se destacam o Peoples Choice no Naoussa Film
Festival (Grécia), o Prémio do Público no Honfleur Film Festival (França), e
agora o Prémio do Público no Enfoque Film, em Porto Rico. A lista dos restantes
premiados no Enfoque Film poderá ser consultada em www.enfoquefilm.com. Acumulando
sucessos, as atenções de Nuno Rocha e da FilmesDaMente, da qual é sócio, estão
agora voltadas para a apresentação da curta-metragem “Vicky and Sam” no Festival
Pontino del Cortometraggio, que se realiza em Itália de 4 a 6 de Janeiro de
2012. “Vicky and Sam” totaliza cinquenta e duas selecções (nacionais e
internacionais) e dezoito prémios. A produtora
FilmesDaMente promove, em 2011, cinco curtas-metragens seleccionadas para mais
de 80 festivais em todo o mundo. Por este andar,
Nuno Rocha vai acabar no Guiness por ser o realizador de cinema com mais
curtas-metragens premiadas, sem ter ainda realizado uma longa... www.filmesdamente.com
Esse curta metragem ganhou prêmio
recentemente.
Sem uma única palavra .......
Mas... palavras para que, quando as
emoções falam?
Nuno Rocha é um realizador português, premiado já
por várias vezes a nível internacional pelas suas curtas-metragens. Estudou no
Porto, tendo sido mais tarde aceite na Universidade do Texas, nos Estados
Unidos. Com experiência em curtas-metragens e também em publicidade, onde
realizou trabalhos para a ZON e EDP, por exemplo, Nuno Rocha pode estar agora a
caminho da primeira longa-metragem.
Falámos com ele acerca do seu último trabalho,
“Vicky and Sam”, totalmente gravado nos Estados Unidos, e sobre os seus
projectos futuros. Pelo meio, tempo ainda para uma abordagem ao estado do
cinema em Portugal e como é ser realizador neste país.
1. Passaram-se poucos anos desde que
terminaste a licenciatura no Porto até alcançares enorme sucesso com a
curta-metragem “Vicky and Sam”, premiada várias vezes mundialmente. Entretanto,
tempo para o também premiado 3×3 e uma incursão na publicidade para grandes
marcas. Qual a fórmula para teres este percurso ainda curto, mas tão cheio de
sucesso?
Penso que o sucesso é bastante relativo. No entanto, devo dizer que existindo
ou não, depende de um conjunto de factores, que quando aliados da melhor forma,
podem ser determinantes em qualquer área. A ambição, a paixão, o trabalho, o
método, o timing; diria até que a sorte tem a sua pontinha de importância,
ainda que não determinante a longo prazo. O talento, que muitos apontam como a
maior causa do sucesso de alguém, não é mais do que a combinação equilibrada de
todos estes factores e como cada um consegue relacionar-se com eles.
2. “Vicky and Sam” é o teu mais recente
trabalho e foi recentemente disponibilizado para visualização na Internet. O
que nos podes dizer sobre esta curta-metragem? Como chegaste àquele conceito?
Ao contrário de outros trabalhos que tenho feito, quando me debrucei sobre esta
história, estava apenas e só concentrado na criação do argumento que viria a
realizar. Fiquei isolado em casa durante alguns dias onde esbocei várias
histórias, mas nenhuma delas era suficientemente boa. Esta dificuldade levou-me
intuitivamente a outra ideia que viria a intitular de ”Vicky and Sam”, onde se
projecta de forma ligeiramente diferente a luta do argumentista na fase de
criação. Apesar de eu estar sozinho nesta caminhada, “Vicky and Sam” teria
vários protagonistas (argumentistas) debruçados no mesmo argumento, sentindo a
mesma dificuldade característica de quem escreve.
O guião foi escrito em português, e depois
traduzido logo a seguir para Inglês, com a ajuda do meu assistente de
realização Adam Morgan. Em relação à produção propriamente dita, foi tranquila
apesar de cansativa. Foram vários dias de rodagem com uma equipa americana em
solo americano. O sound design masterizado em 5.1 foi conduzido pelo Marco
Conceição já em Portugal. Tive uma equipa excelente a todos os níveis em toda a
fase de produção.
3. É notório que valorizas muito a criatividade
nos teus vídeos. Onde encontras a tua inspiração para o que realizas e
escreves?
Um mau argumento dificilmente dará um bom filme, como tal, sou capaz de passar
tanto tempo em volta de uma história, como na produção dela. É preciso que o
guião que tenho à frente, justifique todo o trabalho que vou ter a seguir.
Tenho uma certa tendência para dar um carácter
fantástico às histórias que escrevo, mas tem a ver sobretudo com a grande
influência que tenho neste tipo de narrativa.
4.Em 2009 partiste para os Estados Unidos
para estudar na Universidade do Texas, acabando por filmar lá o teu mais
recente trabalho. Achas que é no estrangeiro que está a solução para
realizadores portugueses que não se conseguem mostrar em Portugal? Isto é, é
fácil ser realizador em Portugal?
Qualquer pessoa que pegue numa câmara com um propósito de filmar alguma coisa
já se pode considerar um realizador. No entanto, viver desta função é uma
realidade bem diferente. Em Portugal não há espaço para realizadores, ou
melhor, esse espaço existe mas é muito restrito. Em dois anos que a Produtora
FilmesDaMente está no activo, apesar das centenas de currículos que recebemos,
ninguém se identificou como sendo apenas e só, realizador. Simplesmente porque
os poucos que existem estão em Lisboa a trabalhar em publicidade ou a aguardar
subsídios para fazer cinema.
A situação económica do país também não ajuda esta
área e se já era difícil alguém chegar a realizador a tempo inteiro, agora essa
tarefa torna-se ainda mais complicada. A solução poderá passar de facto por uma
solução fora do país, dependendo é claro da vontade e ambição que cada pessoa
tem para a sua carreira como realizador.
5.Pretendes realizar, no futuro, algo em
Portugal e/ou em Português?
Sim, está nos meus planos realizar um trabalho de ficção em Portugal e em
português, mas não vai ser para já. Actualmente estou a desenvolver um projecto
que não será feito nem na lingua portuguesa nem com actores portugueses.
6. O que achas da indústria do cinema em
Portugal? Que razões apontas para a dificuldade de Portugal em obter o
reconhecimento que outros países europeus já vão tendo?
O grande problema que se põe para o cinema português não evoluir, ou evoluir de
forma lenta, tem a ver sobretudo com a mentalidade das pessoas que estão à
frente dos projectos. O nosso cinema é normalmente egoísta, desprovido de
sensibilidade e afastado do público, e quando o tenta ser, são cópias
vergonhosas do cinema de Hollywood. O cinema Português não tem de ser nem
virado para o umbigo dos realizadores, nem uma tentativa desesperada de chamar
espectadores. Ele deveria ser algo ali no meio, altruísta, sensível, à procura
de um público que quer ver uma boa história e tecnicamente bem feito, seja ele
nacional ou internacional. Felizmente há uma nova geração de realizadores que
já se apercebeu que este é o caminho, e apesar de lento, o progresso está a
acontecer; vejo essa vontade nos novos estudantes de cinema e jovens
realizadores a dar os primeiros passos. No entanto, vão continuar a haver
realizadores que vão manter a sua linha de raciocínio em relação aquilo que
pensam que é o cinema e como ele se deve comportar.
7. Depois de duas curtas-metragens
premiadas e de alguns anúncios publicitários, faz parte dos teus planos
realizar uma longa-metragem?
Sim, estou neste momento a escrever a minha primeira longa-metragem de ficção.
8. Fala-nos um pouco do que é e de como
surgiu o Filmes da Mente.
A produtora FilmesDaMente surgiu da necessidade de criar um projecto que já
vinha desde os tempos de faculdade. Começou por ter diversas pessoas envolvidas
coma paixão mutua pelo cinema, mas com o tempo algumas pessoas foram saindo até
ficar apenas eu e o Victor Santos (co-fundador). Acreditamos neste projecto
desde o início, e sentimos que fazia falta algo assim no Porto, com
competências na área de publicidade e de ficção. A empresa foi criada há dois
anos em plena crise, mas como se costuma dizer, aquilo que não nos mata,
torna-nos mais fortes, e felizmente o balanço tem sido bastante positivo.
9. Quais os teus planos para um futuro
mais próximo?
O desenvolvimento da minha primeira longa-metragem já está a decorrer, no
entanto ainda não tenho datas de rodagem, mas acredito que se iniciará já em
2013.
Entrevista por Sandro Cantante
NOTICIAS -
Azeite : Nem tão virgem assim
Em novo livro, o jornalista americano Tom Mueller revela como os maiores produtores do mundo ganham muito dinheiro misturando óleos de variados tipos com o caro azeite de oliva. Adulteração também ocorre no Brasil
Marco Túlio Pires
Mercado de adulteração do azeite pode ser tão lucrativo quanto o da cocaína, sem os riscos (Hemera/ThinkStock)
Em agosto de 1991, um cargueiro turco levou 22 toneladas de óleo de amêndoas do porto de Ordu, na Turquia, à região de Puglia, no sul da Itália. Os documentos oficiais diziam que o navio trazia o mais puro azeite de oliva grego. Possivelmente com a ajuda de oficiais, o óleo de amêndoas passou pela alfândega e foi entregue à refinaria de Riolio, um produtor de azeite italiano. Misturado ao produto legítimo, foi vendido para o comércio local como azeite de oliva da mais nobre categoria: extravirgem.
O caso do cargueiro turco integra um milionário esquema de adulteração de azeite montado na Itália, um dos maiores consumidores do produto no mundo. Os bastidores das fraudes são descritos com detalhes pelo jornalista americano Tom Mueller no livro Extra Virginity: The Sublime and Scandalous World of Olive Oil, publicado em dezembro de 2011, ainda sem edição brasileira. Doutor em história medieval pela Universidade de Oxford, Mueller escreve para grandes veículos americanos, como as revistas The New Yorker e National Geographic, e para o jornal The New York Times.
Azeite virgem e extravirgem
Como são produzidos? A maior parte dos óleos vegetais é extraída em uma refinaria, a partir de sementes ou castanhas, usando solventes, calor e pressão. Contudo, os melhores azeites de oliva são feitos usando uma simples prensa hidráulica ou centrífuga, num processo semelhante ao de espremer uma fruta para retirar seu suco. Este óleo extraído a frio da azeitona recém-colhida é o azeite extravirgem. Com o que sobra das azeitonas faz-se outra extração usando uma temperatura mais elevada e solventes. Este é o azeite virgem ou puro. As azeitonas são extraídas quando trocam de tonalidade, da verde para a mais escura. Idealmente são colhidas à mão e espremidas em até algumas horas, para minimizar a oxidação e as reações enzimáticas, que deixam o óleo com gosto e odor ruim.
No livro, que mistura cultura gastronômica com reportagem, Mueller aponta os dois principais vilões da indústria do azeite italiano: Leonardo Marseglia, um dos maiores importadores do país, acusado de falsificar documentos para burlar impostos e vender óleos feitos fora da Europa como se fossem italianos; e Domenico Ribatti, um dos mais importantes atacadistas do mundo, que já foi preso por, entre outras coisas, fraudes como a descrita no início do texto: vender óleo de amêndoas da Turquia como azeite de oliva.
De acordo com Mueller, o óleo adulterado por Ribatti foi parar nos estoques de grandes empresas, como Nestlé, Unilever e Bertolli. Para tanto, o governo italiano teria feito vista grossa ao esquema de Ribatti. As empresas citadas por Mueller vendiam o azeite fraudado e ainda recebiam 12 milhões de dólares como subsídio da UE (União Europeia). Em resposta às investigações de Mueller, as companhias afirmaram que foram enganadas por Ribatti.
A situação chegou ao ponto de, no fim da década de 1990, o azeite de oliva ser considerado o produto agrícola mais adulterado na UE. Criou-se então uma força-tarefa para investigar a indústria do azeite. De acordo com um dos investigadores entrevistados por Mueller, o lucro da adulteração do azeite era comparável ao tráfico da cocaína, só que sem os riscos. Com o tempo, a UE diminuiu os subsídios para tentar reduzir o crime. Contudo, a fraude do azeite ainda é um grande problema e já atinge outras fronteiras.
Biblioteca
Extra Virginity
A jornada que leva o azeite às mesas de todo o mundo está tomada pela fraude e pela adulteração. O jornalista americano Tom Mueller mostra como o mercado internacional de azeite pode ser tão lucrativo quanto o de drogas - só que sem os riscos.
Autor: MUELLER, TOM Editora: W. W. NORTON & COMPANY
Fraude no Brasil — De acordo com Rafael Barrocas, técnico do Ministério da Agricultura, a questão é matemática. "Há mais azeite no mercado do que todas as oliveiras no mundo conseguem produzir", diz em entrevista a VEJA. O técnico coordenou a elaboração do novo regulamento sobre o azeite de oliva no Brasil que entrará em vigor nos próximos meses. Barrocas conta que a Espanha pressionou o governo brasileiro no fim de 2007 para que o país tomasse alguma atitude contra o comércio de azeite fraudado. O país europeu é o segundo maior produtor de azeite do mundo, atrás apenas do Egito. O resultado foi a criação de uma regulamentação mais dura.
Com a legislação atual, o azeite importado é submetido a exigências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, do Ministério da Saúde. Com a nova regulamentação, o azeite terá de passar pelo crivo do Ministério da Agricultura, assim como frutas e cereais, por exemplo. Haverá então uma pré-avaliação para determinar o seu tipo.
A preocupação espanhola não é injustificada. Entre os integrantes dos Brics, o Brasil tem o maior mercado de azeite. Desde 2005, as vendas do produto tiveram crescimento de 235%, contra apenas 20% nos Estados Unidos, o segundo maior mercado mundial de azeite, atrás da União Europeia. Segundo o Conselho Internacional da Oliva, que supervisiona o mercado mundial de azeite, o Brasil foi o país que teve a segunda maior taxa de importação em 2011, 7%, entre os países que não são produtores tradicionais de azeitonas, atrás apenas da Rússia, com 9%.
O crescente mercado brasileiro atraiu grandes grupos produtores de azeite, como o espanhol Borges, que abriu uma filial no Brasil em 2009, mas também atraiu produtores criminosos.
Consumo de azeite de oliva em 2011
Mesmo sem ter uma produção significativa de azeitonas, o Brasil está entre os maiores consumidores do produto em 2011
País/região
fatia de mercado
1º
União Europeia
26%
2º
Egito
13%
3º
Turquia
12%
4º
Estados Unidos
10%
5º
Síria
5%
6º
Algéria
6%
7º
Brasil
4%
8º
Rússia
3%
Fonte: International Olive Council
Nelson Sakazaki, diretor técnico da Oliva (Associação Brasileira dos Importadores e Comerciantes de Azeite de Oliveira), diz que a associação faz 40 análises de adulteração de azeite por ano. "Já encontramos uma marca no Nordeste que vendia 95% de óleo de soja com corante em uma embalagem que diz 'azeite extravirgem'". Sakazaki explica que a adulteração do azeite é bastante simples. "Ele se mistura com qualquer óleo. Já encontramos até óleo de girassol sendo vendido como azeite de oliva", diz.
Sakazaki estima que 20% do azeite vendido no Brasil sofreu algum tipo de adulteração. As fraudes mais comuns são as misturas de óleos menos nobres, como soja e girassol, com o azeite de oliva ou com o óleo do bagaço da azeitona. A fraude, contudo, não é encontrada apenas nos produtos vendidos em supermercados. "Em muitos restaurantes, os proprietários misturam outras óleos diretamente na lata de azeite extravirgem e o consumidor, desavisado, não percebe", diz Sakazaki.
Jeito brasileiro - A detecção da fraude mais grosseira — quando o produtor mistura outros óleos com o azeite — é facilmente detectada. O problema, diz o químico Rodinei Augusti, é quando a adulteração mistura azeite extravirgem com azeite comum (saiba a diferença no quadro). "Como os dois azeites possuem as mesmas moléculas, o trabalho de identificação é mais difícil", diz. Augusti coordena o laboratório de Espectrometria de Massa da Universidade Federal de Minas Gerais. O grupo é especialista em técnicas para detectar alteração em produtos como cachaça, biodiesel e, mais recentemente, o azeite. Fórmula do sabor
Entenda o que caracteriza os melhores azeites. O verdadeiro azeite de oliva extravirgem é de difícil fabricação. As azeitonas são colhidas à mão, e cada pessoa consegue colher, no máximo, 80 quilos de azeitonas por dia, o suficiente para preparar 16 litros de azeite extravirgem. Existe um sem número de variedades de azeitonas que podem ser cultivadas em diferentes regiões - a combinação confere sabores únicos ao produto final, a exemplo dos vinhos. Um azeite de oliva extravirgem tem acidez máxima de 1%. Os melhores têm valores ainda mais baixos: até 0,5%. Conforme Tom Mueller, os melhores azeites italianos têm sabores que podem lembrar alcachofra, erva-doce, tomate verde, pimenta e até kiwi. São 'picantes' na garganta, frutados e levemente amargos. As cores também variam, dependendo do tipo e do local onde a azeitona foi cultivada, de cor de palha até verde esmeralda.
Usando uma espécie de balança de moléculas, chamada espectrômetro de massa, Augusti consegue identificar com apenas um mililitro de azeite, e em apenas um minuto, se o produto foi misturado a outras substâncias, inclusive azeites menos nobres. Mesmo que o óleo seja 99,5% puro, explica o químico, a técnica consegue detectar o 0,5% adulterado.
O espectrômetro de massa poderá se tornar uma alternativa viável para a fiscalização do azeite, analisa Augusti. O preço e o tamanho dessas balanças de moléculas vêm diminuindo nos últimos anos. Nos Estados Unidos, por exemplo, é possível encontrar modelos de tamanho semelhante ao de uma caixa de sapatos. As análises poderiam ser feitas diretamente em restaurantes e supermercados. De acordo com Barrocas, técnico do Ministério da Agricultura, o método desenvolvido na UFMG está sendo validado. "Temos interesse em técnicas mais simples e baratas", disse. "Porém, outros laboratórios precisam fazer o mesmo tipo de análise para que possamos adotar a metodologia."
Ouro líquido - A expansão do comércio do azeite é acompanhada de sucessivas descobertas dos seus benefícios à saúde. Pesquisadores espanhóis descobriram que o líquido contém substâncias que combatem a gastrite. Nos Estados Unidos, cientistas encontraram no azeite uma molécula que tem ação idêntica a de analgésicos. Outros estudos acharam evidências de que o azeite está associado à menor incidência de fraturas e tem ação preventiva contra tumores, como o de mama. Não é a toa que o azeite é apelidado pelos mediterrâneos de 'ouro líquido'.
PORTUGAL E A
CRISE : MEMÓRIA E ANÁLISES
Um entendimento elementar\
VASCO GRAÇA
MOURA
http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=2777785&seccao=Vasco
Gra%E7a Moura&tag=Opini%E3o - Em Foco&page=-1
Neste tórrido final de Verão do nosso descontentamento, toda a gente
está de acordo sobre a violência inusitada da austeridade e das medidas que lhe
correspondem. O próprio Governo o reconheceu e a situação entretanto
agudizou-se a um ponto tal que uma dinâmica colectiva gerada na rua pode ter as
mais sérias consequências no funcionamento das instituições, sem que seja
possível reflectir com serenidade sobre a situação que o país atravessa, sobre
aquilo que deve ser feito e sobre as consequências de se enveredar por este ou
por aquele caminho.
Foram impressionantes as manifestações, mas não menos impressionante foi
a enorme disparidade das motivações e das finalidades que, ao longo da tarde de
15 de Setembro, as inúmeras entrevistas dos repórteres de serviço iam
registando pontualmente na televisão. Certamente que a nota mais pungente era o
beco sem saída em que uma grande quantidade de seres humanos se sente em termos
pessoais, profissionais e familiares, num buraco sem esperança e sem emprego,
sem recursos e sem horizonte de futuro, tendo sido sem conta os casos e
circunstâncias testemunhados em concreto por quem está a vivê-los. Todavia uma
outra nota, com idêntica relevância e, por sinal, a que correspondia à palavra
de ordem principal das manifestações, era a da ruptura sem rodeios com a troika
e com o memorando a que Portugal está vinculado. Esta orientação radical
que parecia seriamente interiorizada pela opinião pública é extremamente
preocupante.
Toda a gente viu que aquela massa humana desfilava sem grande
enquadramento. Muitos tinham ar de pertencer à classe média, iam pela primeira
vez na vida a uma manifestação e exprimiam com razoável propriedade os seus
problemas, o seu protesto e os seus anseios. A palavra de ordem da ruptura
parece ter sido subscrita com grande veemência por muita gente que não tem nada
a ver com a esquerda propriamente dita, nem com as organizações partidárias ou
sindicais, embora também lá houvesse sinais da preocupante presença delas. E
essa generalização transversal do protesto é provavelmente o facto que gera
mais inquietação, uma vez que não traduz apenas o imediatismo acrítico de uma
reacção popular inorgânica, mas envolve também a rejeição de uma situação que é
inescapável, independentemente da questão da TSU.
O grau de envolvimento popular, sistemático pelo menos nas dezenas de
cidades em que teve expressão e, em particular, mas mega-manifestações de
Lisboa e Porto, põe outros problemas. Desta vez, não houve perturbações da
ordem, nem grandes problemas com a segurança de pessoas e bens. Mas da próxima
vez pode haver. Escutaram-se apelos à revolta, ao derrube revolucionário do
Governo, à solidariedade entre polícias e populações, à democracia directa,
pondo em causa o modelo representativo.
Se viesse a gerar-se um clima pré-revolucionário, ele acarretaria
consigo um terrível potencial de destruição das estruturas políticas e da
própria organização social, com não menos terríveis consequências no plano da
situação de Portugal face à União Europeia e aos seus credores e, na prática,
carências tremendas e insolúveis de toda a ordem, susceptíveis de afectar ainda
mais gravemente o bem-estar das populações e de pôr a democracia em crise em
termos irreversíveis.
As coisas chegaram a tal ponto que, neste momento, interessa menos a
questão de saber se as medidas anunciadas foram bem ou mal servidas
politicamente, do que avaliar e reflectir naquilo que pode acontecer, se se
vier desagregar a coligação e o país se converter numa espécie de barco à
deriva num tsunami de conflitualidade social.
A situação tornar-se-ia desse modo cada vez mais explosiva, uma vez que
a solvabilidade e a credibilidade do Estado acabariam por entrar em colapso, o
auxílio externo ficaria ipso facto irremediavelmente comprometido e a
satisfação das necessidades colectivas essenciais tornar-se-ia ainda mais
deficiente do que é hoje, de nada valendo o ressentimento, a indignação ou a
revolta das populações.
É por tudo isso que a situação política e institucional pede uma
clarificação tão rápida quanto possível e, sobretudo, um entendimento elementar
dos partidos do arco do poder.
Por decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o novo Acordo
Ortográfico.
Reputada pela sua esplêndida praia de areia
branca, pelas inúmeras lojas e encantadoras ruas de comércio e pelo seu
cosmopolitismo, a vila piscatória de Cascais reinventou-se e tornou-se uma
refinada estância à beira-mar e um dos destinos mais sofisticados da área de
Lisboa.
A cidade, situada a poucos quilómetros da foz do Tejo,
encontra-se aninhada entre a soalheira baía de Cascais e a majestosa Serra de
Sintra. Exibe uma atmosfera deliciosamente marítima e requintada, atraindo
visitantes durante o ano inteiro.
Cascais foi outrora um elegante retiro
de Verão da monarquia portuguesa durante o século XIX e um porto de abrigo da
realeza europeia durante a Segunda Guerra Mundial graças ao estatuto neutral do
país. Com o passar dos tempos, esta atmosfera peculiar modificou-se e a cidade
transformou-se num refinado pólo de cultura, com uma vibrante vida nocturna e
uma qualidade de vida invejável. Porém, o esplendor e os ícones do seu apogeu
marítimo mantiveram-se até aos nossos dias, através dos elegantes faróis,
fortalezas e a Cidadela do século XVII.
O Largo de Camões assinala o
centro histórico de Cascais e é uma das zonas favoritas dos habitantes locais e
dos turistas. O seu ambiente animado, criado pelos inúmeros bares e
restaurantes, transforma a praça num local encantador e incontornável da cidade
– um lugar especial para sair à noite! Se estiver por perto, percorra a Rua
Direita, a principal rua de comércio da cidade, onde encontrará bonitas lojas e
vendedores de rua. Aqui perto há também pequenos centros comerciais, e as
famosas feiras de Cascais são excelentes oportunidades para adquirir peças de
artesanato e boas pechinchas.
Ao sair do centro em direcção à costa
poderá ter a sorte de ver os pescadores a coserem as redes mesmo ao lado dos
seus barcos coloridos, na Praia dos Pescadores. Em contraste com esta cena quase
bucólica fica a vizinha Marina –um cenário moderno e sofisticado, onde poderá
apreciar os iates de luxo, degustar delícias gastronómicas em restaurantes
requintados ou entrar nas boutiques e bares da zona. Cascais é também um pólo de
atracção para os noctívagos e oferece um leque alargado de opções, desde
cocktail lounges a acolhedores bares de jazz e discotecas da moda.
Admire
as dunas selvagens e o mar indomável da Praia do Guincho, parte integrante do
Parque Natural de Sintra-Cascais. Situada perto da exclusiva Quinta da Marinha,
com o seu campo de golfe e espaços de lazer, o Guincho é a praia favorita dos
surfistas e de qualquer amante de desportos aquáticos, sendo também conhecido
pelo seu bar de praia, as bicicletas de aluguer e a roulote de cachorros!
Monumentos, museus e todo o género de eventos culturais são uma constante em
Cascais, desde concertos de música clássica a exposições de arte.
Faça
uma caminhada pelo passeio marginal até ao Estoril, onde fica um dos maiores e
mais antigos casinos da Europa. Com deslumbrantes vivendas de luxo em frente ao
mar, uma praia famosa e uma animada vida nocturna, o Estoril atrai visitantes
ávidos de cultura e o jet set de todos os cantos do mundo para as suas
conferências, festivais de cinema e lendários concertos de jazz. Muitos eventos
desportivos internacionais têm lugar no Estoril. Entre os empreendimentos
desportivos da zona incluem-se o Estoril Golf, a Academia Internacional de Golfe
Estoril Sol, inúmeros courts de ténis e o autódromo. Uma visita relaxante ao
Estoril Wellness Centre and Spa é outra experiência magnífica que pode desfrutar
durante as suas férias.
Lisboa fica a cerca de meia hora de automóvel de
Cascais e do Estoril ao longo da panorâmica estrada Marginal. O comboio também é
uma excelente alternativa, deixando-o bem perto do centro da cidade. A viagem é
maravilhosa e permite a descoberta da costa do Sol, onde a beleza única de
Cascais se funde com o património histórico de Lisboa.
Locais a visitar
Natureza
Parque Natural de
Sintra-Cascais Este parque natural estende-se desde a luxuriante
Serra de Sintra à Praia do Guincho e às imponentes escarpas do Cabo da Roca – o
ponto mais ocidental do continente europeu. Conhecido como o ponto “onde a terra
acaba e o mar começa” (assim descrito por Camões n’Os Lusíadas), o cabo possui
um farol magnífico do século XVIII. O cenário de dunas e montanhas do Guincho é
o pano de fundo perfeito para inspirar os amantes do surf e da natureza. Apesar
de ser conhecida como uma das praias onde se realiza o campeonato do mundo de
windsurf, foi o filme de James Bond “Ao Serviço de Sua Majestade” que a
projectou para a fama em 1969.
Boca do Inferno
Fazendo jus ao nome, esta profunda ravina é uma das grandes
atracções da zona de Cascais, tendo sido formada pela fúria do Atlântico contra
os rochedos. Hoje em dia, os visitantes curiosos afluem a esta maravilha natural
para observarem o espectáculo das enormes ondas do oceano a desfazerem-se nas
rochas.
Museus
“Casa das Histórias” –
Museu Paula Rego Este museu inspirador foi inaugurado em 2009 e é
dedicado à vida e obra da pintora internacionalmente conhecida Paula Rego. Tendo
nascido e crescido em Cascais, Paula Rego foi viver para Inglaterra, onde compôs
uma obra singular e monumental que glorifica a sua pátria. No museu está patente
uma carreira de 50 anos de pintura e de peças verdadeiramente únicas, concebidas
por si e pelo seu marido Victor Willing.
Museu Conde de Castro
Guimarães Este museu, fundado em 1931, está situado numa casa
senhorial em frente ao mar, outrora pertencente ao Conde Manuel de Castro
Guimarães. Actualmente alberga uma maravilhosa colecção de pinturas dos séculos
XVI–XIX, esculturas e mobiliário antigo. O museu está rodeado por um belíssimo
jardim e possui uma livraria e uma capela, sendo um exemplo extraordinário da
tónica aristocrática que tão bem descreve a Cascais de
outrora.
Museu do Mar Este museu presta homenagem ao
legado marítimo de Cascais e ao rei D. Carlos I, o monarca pioneiro da
oceanografia portuguesa e que foi assassinado em 1908. Fósseis raros, conchas,
alguns barcos antigos e vestígios de navios naufragados no Tejo e no Sado fazem
parte da exposição.
Locais a
Visitar
Casino do Estoril Este famoso casino
está voltado para a praia do Tamariz e é um dos mais antigos e excitantes da
Europa. O seu cenário de luxo, jogos e entretenimento é uma tentação até para os
jogadores mais racionais. Diz-se que este casino terá inspirado Ian Fleming para
a sua obra “Casino Royale”, uma aventura do imortal James Bond escrita em
1953.
Santini A Santini não é uma gelataria qualquer
– serve aquele que é considerado o melhor gelado do país! Fundada por Atillio
Santini em 1949, esta casa do histórico gelato conquistou e impressionou uma
longa lista de visitantes, incluindo personalidades políticas, turistas curiosos
e mesmo membros da realeza. Prove os sabores únicos da
Santini!
Praia do Tamariz Considerada a praia mais
cosmopolita da costa do Estoril, o Tamariz é um dos locais de eleição quando se
fala em banhos de sol com glamour. A praia, situada a curta distância a pé do
centro de Cascais, tem um excelente restaurante sobre o mar que se transforma
numa discoteca muito frequentada nas noites quentes de Verão.
Aguiar Branco decidiu contestar os destaques da imprensa ao seu discurso no dia do Exército, nas Caldas da Rainha, o dos comentadores das gravatas azuis e casacos cinzentos. Está no seu direito. Até acredito quer o faça por só o ter lido uma vez e em público.
O problema é que está lá literalmente escrito (ler pdf):
O nosso maior adversário é o sentimento, inegavelmente crescente, de que as Forças Armadas, num contexto de carência geral, não são necessárias Uma visão que, infelizmente deixou de estar limitada a uns quantos idealistas mas que passou a ser defendida, também, por comentadores de fato cinzento e gravata azul. Comentadores que olham para o Orçamento de Estado e dizem que é aqui que está a despesa que se pode cortar sem que o país sinta a sua falta. Comentadores de fato cinzento e gravata azul, que têm do Estado e da soberania uma visão contabilística. Que enchem as páginas dos jornais e os noticiários da televisão repetindo: para que servem as Forças Armadas?
Escusava era de me ter feito ler aquilo. Aquilo é um comício à tropa como já não via desde os idos de 1970. Uma coisa parva, sem pés nem cabeça, fundada na peregrina ideia de que os soldados estão porreiros pá, vão ter um Hospital Militar novo, pá, não têm armas mas até gostam, pá, provavelmente até viraram pacifistas, pá. Um discurso digno de quem está seriamente preocupado em que a coisa descambe e o poder que está na ponta da espingarde se vire para outro lado. Essa foi uma boa notícia.
Quanto ao resto, leia para si antes de ler para os outros, e demita o assessor que lhe gatafunhou aquilo. Mas antes ofereça-lhe uma gravata azul e um casaco cinzento e mande-o vestir a farpela. Eu, mesmo com essas listas brancas, suicidava-me num instante.