segunda-feira, 15 de outubro de 2012

CARTAS DE PORTUGAL - A crise , Paulo Timm

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PORTUGAL - VISÕES
 
 
 
SALT OF PORTUGAL - A movie abou DOURO VALLEY
Wine Stories - The Douro Valley
Who are the winemakers who are challenging the status quo, and pushing the boundaries of winemaking in different parts of the world? Wine Journalist Jamie Go...
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  • CARTAS DE PORTUGAL- A crise 
  • Paulo Timm – Covilhã/PT – 2012- Publicada em www.sul21.com.br
     Os
    resultados sugerem que o crescimento da economia portuguesa foi adversamente
    afectado pela adesão de Portugal à União Económica e Monetária (UEM). No entanto, o euro
    parece ter funcionado como porto de abrigo durante a recessão provocada pela crise
    financeira internacional.(...)
    Os resultados do exercício contrafactual sugerem que, nos primeiros 11
    anos, o euro teve um impacto negativo na evolução do PIB.
                                     ( Luís Aguiar-Conraria†Fernando Alexandre - O euro e o crescimento da economia portuguesa:uma análise contrafactual)
                                                         I
    Vim ver e vi. Estou em Portugal, entre idas e vindas ao Brasil,  há pouco mais de um ano. Parte por razões sentimentais;  outra parte  por amar a língua a que me dedico por vocação e aqui encontro estímulos; mas também para  analisar a crise, de perto. Como economista tenho acompanhado, passo a passo, o caminho da humanidade rumo a insensatez, desde 2008.   É pior do que se comenta, embora, aqui, não se a perceba , nas ruas, como catástrofe social . Explico: Portugal é um país que, além de uma alta renda- US $ 21.558 p/c em 2010,  muito melhor distribuída do que no Brasil, tem uma qualidade de vida excepcional. Mais de 70% da população tem residência própria, o nível de escolaridade é tão bom e tão alto que já se fala em sobre-escolarização, fenômeno , aliás que já atinge outros países. A saúde é praticamente universalizada. Não há expressivos bolsões de miséria, como vemos na América Latina.Tudo isso se revela na excelência da qualidade de vida no país, de população igual em território substancialmente  menor que o Estado do Rio Grande do Sule mais rico.( O PIB em 2010 de Portugal, em dólares era equivalente ao do Rio Grande em reais.) O país modernizou-se bastante depois do 25 de abril de 1974 – Revolução dos Cravos, e particularmente depois da integração com a Europa, em 1986.
    “O crescimento económico português esteve acima da média da União Europeia na maior parte da década de 1990. O PIB per capita ronda os 76 % das maiores economias ocidentais europeias. A lista ordenada anual de competitividade de 2005 do Fórum Económico Mundial (WEF — World Economic Forum), coloca Portugal no 22.º lugar, à frente de países como a Espanha, Irlanda, França, Bélgica e da cidade de Hong Kong. Esta classificação representa uma subida de dois lugares face à posição de 2004. No contexto tecnológico, Portugal aparece na 34.ª posição da lista e na rubrica das instituições públicas, Portugal é 24.ª melhor.[135]
                               (http://pt.wikipedia.org/wiki/Portugal)
                                   PORTUGAL
                                                    Fonte:wikipedia
    - Total
    92 090[2] km² (109.º)
    - Água (%)
    0,48
    - Censo de 2011
    10 561 614[3] hab.
    115,3 hab./km² (87.º)
    PIB (nominal)
    Estimativa de 2010
    - Total
    US$ 229,336 mil milhões * [4] (37.º)
    US$ 21 558 [4] (32.º)
    - Gini (2009)
    33.7[5]
    - IDH (2011)
    0,809 (41.º) – muito elevado[6]
    79,4 anos (39.º)
    3,1/mil nasc. (26.º)
    94,9% (68.º)
     
     
                                        
    Estado do Rio Grande do Sul

    Lema: Liberdade, Igualdade, Humanidade
    Fonte: Wikipédia e FEE/RS
    - Total
    281 748,538 km² () [1]
    - Censo 2010
    10 693 929 [2] hab.
    37,96 hab./km² (13º)
    US$=R$1,50 md/a
    - PIB-2008
    - PIB -2010/ FEE
    R$193,500 bilhões ()
    R$228.289 bilhões
    R$17.825 ()
    75,3 anos ()
    13,1‰ nasc. (27º)
    5,0% (23º)
    - IDH (2005)
    0,832 () – elevado[4]
     
     Nesse contexto,  sobreveio a crise recente, levando o  Governo Socialista  a  firmar  um Memorando de Entendimento , em 03 de maio de 2011, com as autoridades monetárias européias, popularizadas como Troika - Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional. Esses organismos foram representados, à ocasião (que nem sempre faz o ladrão...) por por Jürgen Kröger (Comissão Europeia) e contando também com Poul Thomsen (Fundo Monetário International) e Rasmus Rüffer (Banco Central Europeu).[4] wiki Esse protocolo assinalou o início de uma era de austeridade no país, com considerável aperto do cinto nos salários e  aumento de impostos. E a queda do Gabinete de José Sócrates, do Partido Socialista.
    O Memorando de Políticas Económicas e Financeiras, também conhecido como Memorando de Entendimento ou Plano da Troica[1], é um acordo de entendimento celebrado em maio de 2011 entre o Estado Português e o Fundo Monetário Internacional, a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu, visando o equilíbrio das contas públicas e o aumento da competitividade em Portugal, como condição necessária para o empréstimo pecuniário de 78 mil milhões de euros que estas três entidades concederam ao Estado português.[2]
    Segundo o memorando de entendimento firmado entre o Governo e a troica, o compromisso de Portugal foi atingir um défice de 5,9 por cento em 2011 (contra os 4,6 por cento anteriores), 4,5 por cento em 2012 e 3 por cento em 2013, quando a meta anterior era de 2 por cento.
    O memorando indica que estas metas irão estabilizar a dívida pública por volta de 2013, acrescentando que tal reflete um apropriado equilíbrio entre as ações necessárias para restaurar a confiança dos mercados e assegurar que este ajustamento não prejudique excessivamente o desenvolvimento da economia e do emprego.[3
    (http://pt.wikipedia.org/wiki/Memorando_de_Pol%C3%ADticas_Econ%C3%B3micas_e_Financeiras)
    Com a saída dos socialistas, há pouco mais de um ano, sobe ao Poder  uma coligação conservadora de dois Partidos - PDS + PSD- , sob o comando de Passos Porto. Desde então, o aperto fiscal só vem se acentuando, sem que a economia dê qualquer sinal de recuperação. Já no terceiro trimestre de 2011 revelava uma contração de 0,6% do PIB , ainda que, dentre todos os países da Zona do Euro  tenham tido resultados ainda piores, com exceção de Alemanha e França, que tiveram ligeiro crescimento. Passado um ano do novo Governo, entretanto, os resultados são pífios: http://www.tsf.pt/Programas/programa.aspx?content_id=1395172&audio_id=2529252 .
    A crise aqui, como na Irlanda, na Grécia e na Espanha é de origem financeira e como lá se expressa por altas taxas de desemprego, queda dos salários reais e por uma retração dos gastos públicos que restringe  benefícios sociais. “Pela primeira vez em 14 anos os salários em Portugal vão baixar em termos absolutos em 2012 e continuarão "sob pressão" até se inverter a subida do desemprego, segundo um estudo da Mercer a que a Lusa teve acesso”
    (
    http://expresso.sapo.pt/salarios-baixam-pela-primeira-vez-em-14-anos=f755358#ixzz27QBlyUYO) . Há quase um milhão de desempregados no país, afirma Relatório do próprio Governo, alarmado com o agravamento da situação, que  corresponde a uma taxa que vem se multiplicando nos últimos vinte anos, até chegar aos atuais 15,5%, com previsão de 16% em 2013  http://www.portugal.gov.pt/media/615432/20120601_mef_desemprego.pdf
    De cerca de 5.5%, em média, na década de 1990 o desemprego
    estrutural terá aumentado para cerca de 8.5%, em média, na última década. Nos anos recentes esta
    tendência de aumento agravou-se para valores da ordem os 11.5%. De acordo com estas estimativas a
    taxa de desemprego estrutural mais que duplicou num período de vinte anos
    As origens mais remotas da Crise Econômica, porém, estão na forma de incorporação de Portugal à União Europeia- UE, em 1986 e , sobretudo seu ingresso apressado na Zona do Euro com o ingresso da nova moeda em 01 de janeiro de 2002,  com o que abriu mão de sua soberania sobre a Política Monetária. Além disso, os analistas têm chamado a atenção para o fato de que este momento coincidiu com o aumento da concorrência em escala mundial e em especial com os países do Centro e Leste Europeu incorporados à EU. Destaca-se, também a rigidez dos mercados locais de trabalho, bens e serviços, em especial a fragilidade do capital humano para as novas fronteiras tecnológicas do processo industrial. E, por último, a própria política de Governo, exageradamente expansionista  em termos da concessões de salários, benefícios e gestão orçamentária. 
     
    A década de 90 até que foi extremamente favorável ao país, com taxas de crescimento do PIB na ordem de 7,0% a.a. , superior `a de vários países da EU. Mas já  nos primeiros anos da nova moeda, a erosão começava a se fazer perceber:
    “O fraco desempenho da economia portuguesa foi explorado em Abril de 2007 pelo The Economist, que descreveu Portugal como "um novo homem doente da Europa".[147] De 2002 a 2007, a taxa de desemprego aumentou de 5% para 8% (270 500 cidadãos desempregados em 2002 para 448 600 cidadãos desempregados em 2007).[148] No início de dezembro de 2009, o desemprego atingiu 10,2 % da população, o maior em 23 anos. Em dezembro de 2009, a agência de classificação de risco Standard & Poor's rebaixou a sua avaliação de crédito de longo prazo de Portugal de "estável" para "negativa", expressando o pessimismo sobre as debilidades estruturais económicas do país e a fraca competitividade, o que prejudicaria o crescimento e a capacidade de reforçar a sua finanças públicas.[149] Em Julho de 2011, a agência de classificação Moody's rebaixou a sua avaliação após o aviso do risco de deterioração em Março de 2011.[150]

    Évora, considerada a cidade mais competitiva de Portugal de acordo com um estudo feito pela Universidade do Minho em 2006.[151]
    A corrupção tornou-se um assunto de importância política e económica para o país. Alguns casos são bem conhecidos e foram amplamente divulgados nos meios de comunicação, tais como acontecimentos em vários municípios envolvendo autoridades municipais e empresários locais, bem como políticos de alto-escalão.[152][153] Não obstante o Índice de Percepções de Corrupção de 2010, compilado pela Transparência Internacional, colocou Portugal na 31ª posição em termos de percepção de corrupção, logo abaixo de Israel e Espanha, e 34 posições acima da Itália.[154]
    Um relatório publicado em Janeiro de 2011 pelo Diário de Notícias, um importante jornal português, revelou que no período entre a Revolução dos Cravos, em 1974, e 2010, os governos da República Portuguesa sobrecarregaram o erário público com as despesas de parcerias público-privadas pouco claras. Várias consultorias ineficazes e desnecessárias permitiram uma derrapagem considerável na gestão de obras públicas. A economia também foi danificada por créditos de risco, excesso de dívida pública e má-gestão dos fundos estruturais e de coesão europeus durante quase quatro décadas. Aparentemente, o gabinete do primeiro-ministro José Sócrates não foi capaz de prever ou prevenir qualquer destes sintomas e em 2011 o país estava à beira da falência arrastado pela crise financeira internacional
     
     Mas  apesar de grave, a crise não é muito visível. Todos reclamam, embora o espírito de  apatia, que herdamos, seja – ainda! -  muito maior do que de revolta.  Mas como diz o velho provérbio: Até a sorte se cansa do sortudo e o abandona depois de um tempo. A paciência, também.  É o que se depreende no último dia 15 (setembro-2012) , depois da monstruosa  manifestação popular  em Lisboa contra o arrocho: A tolerância  está se esgotando. Já muitos apostam que , à crise econômica, sobrevenha agora, uma crise de Governo.
    Vale registrar essa estranha dialética entre apatia e explosão dos lusitanos. Se a primeira é a regra, que sublinhou os longos anos de ditadura salazarista, mantendo Portugal à margem da modernidade, há um momento histórico que é sempre lembrado aos governantes: A “defenestração”de Dom Miguel Vasconcelos:
    “Miguel de Vasconcelos e Brito (c. 1590 [1]1 de Dezembro de 1640 [2]) foi secretário de Estado (primeiro-ministro) da duquesa de Mântua, vice-Rainha de Portugal, em nome do Rei Filipe IV de Espanha (Filipe III de Portugal). Era odiado pelo povo por, sendo português, colaborar com a representante da dominação filipina. Foi a primeira vítima da Revolução de 1640, tendo sido defenestrado da janela do Paço Real de Lisboa para o Terreiro do Paço. Assim como previa a revolução, o povo, que aguardava no Terreiro do Paço, só saberia que a revolução tinha sido bem sucedida quando Miguel Vasconcelos fosse defenestrado.

    Um esconderijo apertado: A defenestração
    Depois de entrarem no palácio, os conspiradores procuraram Miguel Vasconcelos, mas dele nem sinal. E por mais voltas que dessem, não encontravam Miguel de Vasconcelos. Já tinham percorrido os salões, os gabinetes de trabalho, os aposentos do ministro, e nada.
    Ora acontece que Miguel de Vasconcelos, quando se apercebeu que não podia fugir, escondeu-se num armário e fechou-se lá dentro, com uma arma. O que finalmente o denunciou foi o tamanho do armário. O fugitivo, ao tentar mudar de posição, remexeu-se lá dentro, o que provocou uma restolhada de papéis. Foi quanto bastou para os conspiradores rebentarem a porta e o crivarem de balas. Depois atiraram-no pela janela fora.
    O corpo caiu no meio de uma multidão enfurecida que largou sobre ele todo o seu ódio, cometendo verdadeiras atrocidades, sendo deixado no local da queda para ser lambido pelos cães, símbolo da mais pura profanação.”
    (http://pt.wikipedia.org/wiki/Miguel_de_Vasconcelos)
     
    A verdade é que a crise política se avizinha. A coalizão conservadora, PDS/PDS já não está se entendendo bem. E a oposição, Partido socialista à frente, retoma a ofensiva para retornar ao Poder. O próprio Mário Soares, ex-Presidente, o Notável, embora fora das disputas, já se manifestou claramente pela queda de Passos Porto, atual Primeiro Ministro.  Enquanto isto, crescem as tentativas de amplos setores da sociedade portuguesa, inclusive entre empresários e até membros do Ministério Público e do Exército, no sentido de forçar o Governo a voltar atrás em algumas das extensas  medidas, que consideram exageradas:
    Família
    1. O acesso aos cuidados de saúde ficou mais caro. A taxa moderadora numa consulta nos centros de saúde é de 5 euros e numa urgência ronda os 20 euros. As isenções são atribuídas com base no rendimento.
    2. O IVA de diversos produtos, como a água engarrafada, aumentou para a taxa intermédia de 13%. Os refrigerantes passaram a estar sujeitos à taxa de 23%. O IVA na restauração subiu para 23%.
    3. O IVA sobre o gás e a eletricidade subiu de 6 para 23% ainda em 2011. Este ano, o preço da eletricidade aumentou 4%.
    4. O IMI – Imposto Municipal sobre Imóveis é agravado em 0,1% nas habitações reavaliadas ou transacionadas desde 2004. A taxa mínima passa de 0,5% e a máxima para 0,8%. Para alguns, os aumentos serão consideráveis.
    5. As deduções com a habitação no IRS baixam para 15% num montante máximo de 591 euros. Antes eram de 30%. No próximo ano os descontos para IRS poderá aumentar se avançar a redução dos escalões.
    6. As despesas de saúde passam a ser dedutíveis em sede de IRS apenas em 10%, menos 20% que os 30% até então aplicados. As deduções com seguros e educação também diminuiram.
    7. Os transportes públicos sofrem um aumento de 15%, em Agosto de 2011, e no ínício de 2012 voltam a aumentar 5%.
    8. Acabam os chamados passes sociais. Os reformados e estudantes deixam de ter direito a descontos. Os descontos dependem agora do rendimento.
    9. As estradas sem custos para o utilizador, SCUT, passam todas a ser pagas.
    Mais ricos
    1. No ano passado, o Imposto Sobre Veículos (ISV) subiu 6,4% e no Orçamento do Estado estipulou-se que os montantes estavam sujeitos à cilindrada e às emissões de CO2. Assim, quanto mais cilindrada tem e quanto mais emitir CO2, mais paga de imposto. Em 2013, vai ser criado um imposto que agrava ainda mais o que os “veículos ligeiros de alta cilindrada” já pagam, contudo ainda não ficou claro a partir de que cilindrada é que se vai pagar esse imposto.
    2. Criação de uma taxa de IRS adicional de 2,5% para os rendimentos anuais superiores a 153 300 euros. Esta soma à taxa de 46% aplicável a este escalão de rendimento. Ou seja, os mais ricos já eram alvos da austeridade.
    3. As embarcações de recreio e as aeronaves de uso particular também vão passar a pagar mais. O Governo anunciou a medida ontem, mas não explicou de que forma é que iria cobrar mais aos detentores destes bens. Hoje, os barcos e jatos particulares pagam Imposto Único de Circulação (IUC).
    4. As despesas com as casas, cujo valor patrimonial seja igual ou superior a um milhão de euros, vão também subir e ser agravadas com uma nova taxa em sede de Imposto de Selo. Este pode ser aplicado à posse e não apenas nas transações e deverá funcionar como uma receita que irá para os cofres do estado e não para as autarquias, como acontece com o IMI.
    Função Pública
    1. O corte salarial médio de 5% para remunerações acima de 1500 euros foi implementado em 2011 e será mantido até data incerta.
    2. Sobretaxa de IRS no subsídio de Natal pago em 2011, equivalente a metade do valor líquido na parte que excedia os 485 euros
    3. Suspensão parcial dos subsídios de férias e de Natal para salários superiores a 600 euros e inferiores a 1100 euros. A partir deste valor o corte é integral.
    4. Manutenção do congelamento nas progressões remuneratórias.
    5. Idade da reforma passa em 2013 (e não em 2015) dos 63 anos e seis meses para 65 anos e o congelamento das admissões não tem fim à vista.
    6. Revisão das regras da mobilidade especial com descida dos valores pagos e maior penalização para quem recuse uma recolocação.
    7. Possibilidade de rescisões por mútuo acordo.
    8. Subida de 11% para 18% nas contribuições para a CGA ou Segurança Social (admitidos a partir de 2006).
    Privados
    1. Sobretaxa de 3,5% no subsídio de Natal equivalente a 50% do valor líquido na parte que excedia os 45 euros.
    2. Sujeição ao pagamento de IRS e de Segurança Social do subsídio de refeição de valor acima dos 5,55 euros quando pago em dinheiro (6,41 euros quando pago através de título de refeição).
    3. Suspensão das reformas antecipadas.
    4. Suspensão da bonificação de três dias úteis de férias atribuída aos trabalhadores assíduos, o que faz com que o período de férias tenha caído de 25 para 22 dias.
    5. Despedimento por inadaptação facilitado, deixando de estar dependente de alterações tecnológicas no local de trabalho.
    6. Criação de um limite máximo para as indemnizações em caso de despedimento, passando este a ser equivalente a 12 meses de salário.
    7. Subida de 11% para 18% nas contribuições para a Segurança Social.
    Recibos Verdes
    1. Em setembro de 2011, altura em que é apurado todos os anos o novo valor a pagar à Segurança Social com base nos rendimentos do ano anterior, os recibos verdes viram as suas regras mudar em resultado do novo Código Contributivo que tinha sido aprovado em janeiro desse ano.
    2. Até 15 de Fevereiro de 2012, os trabalhadores independentes tiveram de fazer a declaração dos seus rendimentos. Em 2011, a declaração não foi exigida.
    3. Os recibos verdes também terão direito.a acumular o subsídio de desemprego com um salário de um novo emprego. Só vai acontecer em 2013, mas já se ficou a saber este ano.
    4. Em 2013, os trabalhadores independentes vão passar a descontar para a Segurança Social não 29,6% como até aqui, mas 30,7%. Uma subida de 1,1 pontos percentuais, menos do que os sete pontos percentuais agravados para os trabalhadores por conta de outrem, que passarão a pagar 18%, mas que resulta do facto de os trabalhadores independentes não terem patrão que desconte também.
     
    Desemprego e RSI
    1. Desde que foi assinado o Memorando com a troika, há mais 167 mil desempregados. No total são mais de 850 mil pessoas que estão sem emprego.
    2. O subsídio de desemprego dura menos tempo e o valor máximo da prestação baixou. O limite máximo da prestação era de 1257,66 euros e passou para 1048,05 euros mensais. O tempo máximo de subsídio é de 26 meses e antes era de 36 meses.3. A partir de julho deste ano, há uma redução de 20% no valor do Rendimento Social de Inserção (RSI). Um requerente só pode receber até um máximo de 189,52 euros no total e pode também ter direito a receber por cada pessoa maior de idade 94,76 euros e por cada menor 56,86 euros. Uma família de dois adultos e duas crianças recebe no máximo 398 euros.
    4. O acesso ao RSI passa a ter em conta o valor patrimonial mobiliário, o valor dos bens imóveis do requerente e do agregado familiar.
    5. A prestação é atribuída por 12 meses e está sujeita a renovação.
    Capital
    1. A tributação dos rendimentos de capital vai sofrer um agravamento já este ano.
    2. Os dividendos, as mais-valias mobiliárias e as “royalties” vão passar a pagar uma taxa de 26,5% contra os atuais 25%. Os dividendos, as mais-valias mobiliárias e as “royalties” vão passar a pagar uma taxa de 26,5% contra os atuais 25%.
    3. Os juros dos depósitos também não escapam, ao verem a fiscalidade agravada em 1,5 pontos percentuais. Este será o segundo aumento das taxas desde a chegada da troika, depois do aumento de 21,5% para 25% em novembro de 2011.
    4. Segundo as explicações dadas anteontem pelo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo Núncio, estas medidas “serão introduzidas ainda em 2012 e continuarão em 2013 e nos anos seguintes”.
    5. A subida de cinco pontos nas taxas liberatórias colocam Portugal num dos níveis mais elevados da Europa.
    Pensionistas
    1. Sobretaxa de 3,5% no subsídio de Natal pago em 2011.
    2. Suspensão parcial dos subsídios de férias e de Natal para reformas entre 600 e 1100 euros e total a partir deste valor.
    3. Redução da dedução específica de 6 mil para 4104 euros.
    4. Congelamento do aumento das pensões, exceto para as mínimas.
    5. Proibição de acumular a pensão com uma remuneração paga pelo desempenho em cargos públicos. Em 2012, a medida passou a abranger os reformados da Segurança Social ou de entidades gestoras de fundos de pensões públicas , até ai apenas visava os da CGA.
    6. Agravamento da taxa de solidariedade passando esta a ser de 25% para as pensões de valor entre 5 mil e 7500 euros e de 50% na parte que excede este valor
    7. Aplicação do corte antes aplicado aos funcionários públicos que incidirá sobre reformas a partir dos 1500 euros.
    Fatidicamente, pois, Portugal repete a sina: Cerca de 70 mil jovens abandonam o país anualmente, em busca de oportunidades além-mar.  Um número muito alto, relativamente ao tamanho da população e que continuarão a inspirar novos acordes de sofrimento no mundo do fado. “É o destino”, escuta-se por toda a parte, em tom suplicante. Os jovens, enfim, fazem-se ao mar porque de nada adiante adentrar a Europa, como milhares de seus compatriotas fizeram no século passado. O continente secou...E ninguém sabe quando vai “chover” prosperidade  de novo. A grande diferença é que agora não são os pobres do norte do país que se vão. São jovens engenheiros, administradores, médicos. Atravessam de novo o Grande Mar Oceano no périplo da sobrevivência. Helena Sacadura Cabral denuncia com veemência este processo que ela denomina “Fuga de Cérebros”, resultado de uma taxa de desemprego na juventude com menos de 25 anos na ordem de 35% - delitodeopiniao.blogs.sapo.pt/4732162.html  .
     
     
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    NOTÍCIA DO DIA

Portugal sem passaporte

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Posted: 13 Oct 2012 11:37 AM PDT
Governo de Portugal
Os movimentos organizadores do “Cerco ao Parlamento”, na segunda-feira em Lisboa, para contestar o Orçamento de Estado para 2013 disseram hoje que vão voltar a pedir a demissão do Governo e o dinheiro “canalizado para o povo”.
Em conferência de imprensa junto à Assembleia da República, onde se preparava a chegada da marcha contra o desemprego da central sindical CGTP, representantes dos movimentos 15 de outubro e Sem Emprego explicaram os recados que vão transmitir a partir das 18:00 de segunda-feira.
“Chega de dinheiro para o BPN (Banco Português de Negócios). Chega de dinheiro para as Parcerias Público Privadas. Chega de escândalos para os submarinos e o dinheiro tem de ser canalizado para o povo”, resumiu Alexandra Martins, do movimento 15 de outubro.
Pelo Movimento Sem Emprego, Ana Rajado apelou às “pessoas que venham para a rua porque só mobilizando-se e lutando é que se pode reverter esta situação”.
Ana Rajado garantiu que o Governo está a ficar “cada vez mais fragilizado e há setores ligados aos partidos do Governo que começam a contestar essas políticas”.
“Nós queremos agudizar essa fragilidade e queremos que o Governo caia e a situação não ficará pior e se não sabem governar, deixem as pessoas que trabalham todos os dias decidirem e tornar a situação melhor”, concluiu.
O protesto “Cerco a S.Bento! Este não é o nosso Orçamento” segue-se a uma vigília do movimento dos indignados, que começa pelas 00:00 de domingo.
“Os dois movimentos acabam por estar coordenados. Todos os movimentos e todos os protestos que acabarem por existir são bem-vindos e são muito úteis e é bom que todos tenham voz”, disse Alexandra Martins, do 15 de outubro.
Além das consequências na Saúde, com “doentes de cancro a morrer por falta de tratamento”, o Orçamento do Estado que vai ser entregue na segunda-feira vai agravar os escalões do IRS, acrescentou.
“As pessoas que trabalham é que estão a ser penalizadas. Há 18 por cento de aumento para os escalões mais baixos e um e pouco por cento de aumento para os escalões mais elevados. Só os milhões que foram gastos no BPN davam para pagar 12 anos de subsídios”, notou.
 

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