quarta-feira, 3 de outubro de 2012


                               ANTECEDENTES EM PORTUGAL: Brasileiros, Crise

 

                                                              I

Denúncias - http://www.viomundo.com.br/denuncias/o-combate-ao-preconceito-contra-as-brasileiras-em-portugal.html

O combate ao preconceito contra as brasileiras em Portugal

publicado em 20 de setembro de 2011 às 23:02


A reportagem do Diário de Notícias, à qual se refere o texto

Manifesto em repúdio ao preconceito contra as mulheres brasileiras em Portugal

sugerido pelo Júlio César Cossio Rodrigues, a partir de página no Facebook

Vimos por meio deste, manifestar nosso repúdio ao preconceito contra as mulheres brasileiras em Portugal e exigir que providências sejam tomadas por parte das autoridades competentes.

Concretamente, apontamos a comunicação social portuguesa e a forma como, insistentemente, tem construído e reproduzido o estigma de hipersexualidade das mulheres brasileiras. Este estigma é uma violência simbólica e transforma-se em violência física, psicológica, moral e sexual. Diversos trabalhos de investigação, bem como o trabalho de diversas organizações da sociedade civil, têm demonstrado como as mulheres brasileiras são constantemente vítimas de diversos tipos de violência em Portugal.

O estigma da hipersexualidade remonta aos imaginários coloniais que construíam as mulheres das colônias como objetos sexuais, escravas sexuais, e marcadas por uma sexualidade exótica e bizarra. Cita-se, por exemplo, a triste experiência da sul-africana Saartjie Baartman, exposta na Europa, no século XIX, como símbolo de uma sexualidade anormal. Em Portugal, esses imaginários coloniais, infelizmente, ainda são reproduzidos pela comunicação social.

Teríamos muitos exemplos a citar, mas focaremos no mais recente, o qual motivou um grupo de em torno de 140 mulheres e homens, de diferentes nacionalidades, a mobilizarem-se, a partir das redes sociais, para escrever este manifesto e conseguir apoio de diferentes organizações da sociedade civil. Trata-se da personagem “Gina”, do Programa de Animação “Café Central” da RTP (Rádio Televisão Portuguesa). A personagem é a única mulher do programa, a qual, devido ao forte sotaque brasileiro, quer representar a mulher brasileira imigrante em Portugal.

A personagem é retratada como prostituta e maníaca sexual, alvo dos personagens masculinos do programa. Trata-se de um desrespeito às mulheres brasileiras, que pode ser considerado racismo, pois inferioriza, essencializa e estigmatiza essas mulheres por supostas características fenotípicas, comportamentais e culturais comuns. Trata-se de um desrespeito a todas as mulheres, pois ironiza/escarnece sua sexualidade, sua possibilidade de exercer uma sexualidade livre, o que pode ser considerado machismo e sexismo.

Trata-se, ainda, de um desrespeito às profissionais do sexo, pois ironiza o seu trabalho, transformando-o em símbolo de deboche/piada/anedota, sendo que não é um trabalho criminalizado em Portugal, portanto, é um direito exercê-lo livre de estigmas. No anexo 1 desta carta estão: o vídeo de um dos episódios, e a transcrição de um dos episódios, bem como, a imagem dos personagens. Destacamos que o fato é agravado por se tratar de uma emissora pública, a qual em hipótese alguma deveria difundir valores que ferem o direito das mulheres e da dignidade humana.

Além deste caso que envolve a televisão, existem muitos outros em revistas, jornais e publicidades, que exemplificam a disseminação do estigma em vários meios de comunicação de massa e cujos exemplos seguem em anexo. Seja qual for o meio de comunicação utilizado, é constante a representação estereotipada da mulher brasileira como objeto sexual, o que acaba por interferir na forma como as imigrantes brasileiras são percebidas e tratadas dentro da sociedade portuguesa.

– Anexo 2: a capa da Revista Focos, edição 565/2010, a qual apresenta as mulheres brasileiras como sedutoras e as representa com uma imagem cujo destaque é a bunda;

– Anexo 3: a reportagem do Diário de Notícias, edição do dia 26/06/2011, sobre o movimento SlutWalk Lisboa, a qual descontextualizou uma imagem, acabando por reforçar os estigmas contra a mulher brasileira, fazendo exatamente o contrário do objetivo do movimento;

– Anexo 4: publicidade do Ginásio Holmes Place- Health Club, atual, sobre uma modalidade de aulas intitulada “Made in Brazil”, a qual é representada por uma imagem cujo destaque é a bunda;

– Anexo 5: publicidade da Agência de Viagens Abreu, na Revista B de Brasil, edição inverno de 2001, cuja a imagem do Brasil é uma mulher e a mensagem da publicidade é uma referência direta aos descobrimentos e a disponibilidade, aos portugueses, do que havia e há no Brasil.

– Anexo 6: episódio do programa de humor “Mini-Malucos do Riso”, da SIC, no qual afirmam que no Brasil só há prostitutas e futebolistas.

Exigimos, das autoridades competentes, que se faça cumprir a “CEDAW – Convenção para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra as Mulheres”, da qual tanto Portugal, como o Brasil, são signatários. Destacamos, também, o “Memorando de Entendimento entre Brasil e Portugal para a Promoção da Igualdade de Gênero”, no qual consta que estes países estão “Resolvidos a conjugar esforços para avançar na implementação das medidas necessárias para a eliminação da discriminação contra a mulher em ambos os países”.

Grupo de Articulação do Manifesto: https://www.facebook.com/groups/manifestobrasileiras/

Contatos: manifestobrasileiras@gmail.com

Organizações e Movimentos Sociais que apoiam e subscrevem o Manifesto:

Associação ComuniDária – comunidade solidária à pessoa imigrante, sensível às questões de género e com iniciativas diversificadas de integração.

Observatório das Representações de Género nos Média, UMAR – União de Mulheres Alternativa e Resposta.

Movimento SlutWalk Lisboa.

Coordenação Portuguesa da Marcha Mundial de Mulheres.

Casa do Brasil de Lisboa.

 

 

 

 

 

                                     II

"UM NOVO RUMO"

LEIA AQUI O MANIFESTO DE MÁRIO SOARES NA ÍNTEGRA


por DN.pt23 novembro 2011

Além de Mário Soares, assinam este manifesto Isabel Moreira (deputada independente do PS), Joana Amaral Dias (ex-dirigente do Bloco de Esquerda), José Medeiros Ferreira (ex-ministro dos Negócios Estrangeiros), Mário Ruivo (professor universitário), Pedro Adão e Silva (ex-dirigente do PS), Pedro Alves (líder da JS), Vasco Vieira de Almeida (advogado, ex-ministro socialista) e Vítor Ramalho (líder do PS/Setúbal).

UM NOVO RUMO

Este é o momento de mobilizar os cidadãos de esquerda que se revêem na justiça social e no aprofundamento democrático como forma de combater a crise.

Não podemos assistir impávidos à escalada da anarquia financeira internacional e ao desmantelamento dos estados que colocam em causa a sobrevivência da União Europeia.

A UE acordou tarde para a resolução da crise monetária, financeira e política em que está mergulhada. Porém, sem a resolução política dos problemas europeus, dificilmente Portugal e os outros Estados retomarão o caminho de progresso e coesão social. É preciso encontrar um novo paradigma para a UE.

As correntes trabalhistas, socialistas e sociais-democratas adeptas da 3ª via, bem como a democracia cristã, foram colonizadas na viragem do século pelo situacionismo neo-liberal.

Num momento tão grave como este, é decisivo promover a reconciliação dos cidadãos com a política, clarificar o papel dos poderes públicos e do Estado que deverá estar ao serviço exclusivo do interesse geral.

Os obscuros jogos do capital podem fazer desaparecer a própria democracia, como reconheceu a Igreja. Com efeito, a destruição e o caos que os mercados financeiros mundiais têm produzido nos últimos tempos são inquietantes para a liberdade e a democracia. O recente recurso a governos tecnocratas na Grécia e na Itália exemplifica os perigos que alguns regimes democráticos podem correr na actual emergência. Ora a UE só se pode fazer e refazer assente na legitimidade e na força da soberania popular e do regular funcionamento das instituições democráticas.

Não podemos saudar democraticamente a chamada "rua árabe" e temer as nossas próprias ruas e praças. Até porque há muita gente aflita entre nós: os desempregados desamparados, a velhice digna ameaçada, os trabalhadores cada vez mais precários, a juventude sem perspectivas e empurrada para emigrar. Toda essa multidão de aflitos e de indignados espera uma alternativa inovadora que só a esquerda democrática pode oferecer.

Em termos mais concretos, temos de denunciar a imposição da política de privatizações a efectuar num calendário adverso e que não percebe que certas empresas públicas têm uma importância estratégica fundamental para a soberania. Da mesma maneira, o recuo civilizacional na prestação de serviços públicos essenciais, em particular na saúde, educação, protecção social e dignidade no trabalho é inaceitável. Pugnamos ainda pela defesa do ambiente que tanto tem sido descurado.

Os signatários opõem-se a políticas de austeridade que acrescentem desemprego e recessão, sufocando a recuperação da economia.

Nesse sentido, apelamos à participação política e cívica dos cidadãos que se revêem nestes ideais, e à sua mobilização na construção de um novo paradigma.

Mário Soares

Isabel Moreira

Joana Amaral Dias

José Medeiros Ferreira

Mário Ruivo

Pedro Adão e Silva

Pedro Delgado Alves

Vasco Vieira de Almeida

Vitor Ramalho

Lisboa, 23 de Novembro de 2011

 

 

                             III

 

Portugal está melhor e desce para 7º lugar no club da “bancarrota”

 

Posted: 22 Aug 2012 04:26 AM PDT

 

Portugal agora já bem mais positivo

 

A probabilidade de incumprimento (risco de default) da dívida portuguesa desceu hoje abaixo de 43%. Por essa razão, Portugal foi “ultrapassado” pela Venezuela e pela Ucrânia no “clube” dos dez candidatos a uma bancarrota num horizonte de cinco anos, e desceu para a 7ª posição. Recorde-se que, no pico do risco, em 30 de janeiro, Portugal ocupava a 2ª posição do “clube” com uma probabilidade de entrada em bancarrota de 73,32%, ou seja uma quase iminência de default, seguindo as pegadas da Grécia.

 

Nesta classificação, publicada várias vezes ao dia pela CMA DataVision, refletindo o mercado dos credit default swaps (seguros financeiros contra o risco de incumprimento, cds no acrónimo), quanto mais alto for o preço dos cds e o risco de incumprimento, mais elevada é a posição no “clube”. A 30 de janeiro de 2012, o preço dos cds ligados à dívida portuguesa subiu a um recorde histórico de 1554,69 pontos base. Acima de 1000 pontos base, a situação é considerada como de “dificuldade de crédito severa”. Hoje estão em 652,55 pontos base.

 

Portugal havia descido do quarto lugar para o 6º no dia 10 de agosto, havia subido para quinto no dia 15 de agosto, e voltou a descer para a sexta posição a 20 de agosto, ao sabor dos rumores sobre as eventuais decisões de política monetária interventiva a serem tomadas pelo Banco Central Europeu na sua próxima reunião de 6 de setembro.

 

Estes rumores têm beneficiado a situação da dívida soberana de Portugal, Irlanda, Espanha e Itália, quer no mercado secundário dos títulos de dívida, como no mercado dos cds. A Irlanda saiu do “clube” a 24 de julho, voltou a reentrar, e saiu, de novo, a 14 de agosto – o seu nível de risco está em 30%. A Itália está fora do “clube” desde final de junho, tendo hoje descido abaixo de 30%. O preço dos cds para a dívida italiana desceu hoje, pela primeira vez desde abril, abaixo de 400 pontos base.

 

A Espanha continua, naquela classificação de risco, a ocupar a nona posição, com uma probabilidade de 32,3%. O Tesouro Público em Madrid levou hoje a cabo um leilão de dívida de curto prazo, com emissão de bilhetes do Tesouro a 12 e 18 meses, tendo conseguido arrecadar 4,5 mil milhões pagando aos investidores taxas de remuneração mais baixas do que na operação anterior similar, o que foi considerado pelos analistas como muito positivo.

 

No seio dos “periféricos”, membros do “clube”, formou-se, nos últimos meses, uma divisão clara, por um lado, entre os altos níveis de risco da Grécia (que continua a liderar o referido “clube” com quase 100% de risco) e de Chipre (com um nível de mais de 68% de risco, estando em segundo lugar) e, por outro, Portugal e Espanha.

 

O “clube” de dez candidatos a uma bancarrota é formado por Grécia, Chipre, Argentina, Paquistão, Venezuela, Ucrânia, Portugal, estado do Illinois (EUA), Espanha e Líbano. A 10ª posição, durante este mês, tem sido disputada pelo estado da Califórnia (EUA), o Egito e o Líbano. O diferencial de risco entre Espanha e Líbano é já muito pequeno

 

Ler mais: Aqui

 

                                  IV

Dinheiro enviado pelos emigrantes para Portugal bate recorde de 10 anos

 

Posted: 22 Aug 2012 03:22 PM PDT -  O POVO – Portugal sem Passaporte

 

Nos primeiros seis meses deste ano, as remessas de emigrantes portugueses atingiram 1.276 milhões de euros. Este é o maior montante para estas transferências nos primeiros seis meses de um ano desde o primeiro semestre de 2002

 

As remessas de emigrantes aumentaram 16% no primeiro semestre deste ano. Segundo dados divulgados esta quarta-feira pelo Banco de Portugal (BdP), as remessas atingiram os 1.276 milhões de euros, o valor mais alto desde 2002.

 

Este é o maior montante para estas transferências nos primeiros seis meses de um ano desde o primeiro semestre de 2002, quando as remessas foram de 1.334 milhões de euros. Nos segundos semestres, as remessas costumam ser mais elevadas, por efeitos das férias e do Natal.

 

As razões para o reforço das remessas podem estar ligadas a um crescimento na emigração ou a um aumento das remessas por emigrante, de acordo com o BdP.

 

O aumento das remessas foi generalizado em quase todos os países onde há comunidades portuguesas significativas. Segundo o boletim estatístico do BdP, o crescimento chegou a ultrapassar os 50% em países como Alemanha (75,5%), Espanha (60%) e Luxemburgo (56,3%).

 

A proposito desse recorde o Secretarui das Comunidades José Cesario, diz: 

 

Mantém-se a tendência de crescimento das remessas das Comunidades Portuguesas para as nossas instituições financeiras.

Independentemente do aumento da emigração, estes dados traduzem a manutenção da confiança no País e nos nossos bancos por parte dos Portugueses residentes no estrangeiro.

 

Os dois países de onde chegam mais remessas continuam a ser a França (413 milhões) e a Suíça (292 milhões). Em conjunto, os emigrantes nestas duas nações enviam mais de metade do total das remessas recebidas por Portugal.

 

Ainda assim, foi nestes dois países que as taxas de crescimento face a 2012 foram mais baixas. No caso da França, houve até uma redução de 2,8%.

 

Nos dados divulgados esta quarta-feira, o Banco de Portugal não discrimina as remessas vindas de Angola, que, segundo dados de 2011, era a terceira maior fonte de remessas.

 

Os envios de Angola estão incluídos na categoria “resto do mundo”, de onde vieram 147 milhões nos primeiros seis meses do ano, o equivalente a uma taxa de crescimento de 63,7% relativamente ao mesmo período do ano anterior

 

Portugueses não têm dinheiro mas só querem carros caros

 

Posted: 20 Aug 2012 04:26 AM PDT

 

 

 

 

O carro mais vendido em Portugal na primeira metade do ano foi uma carrinha Mégane de 28 mil euros (cerca de 70 mil reais)

 

A crise está a provocar uma quebra histórica nas vendas de carros – menos 41,9% nos primeiros seis meses deste ano. Mas, mesmo sem dinheiro, os portugueses que decidem trocar de automóvel continuam a não comprar os modelos mais baratos e preferem as versões mais luxuosas e potentes.

 

O carro mais vendido em Portugal, na primeira metade deste ano, não foi um modelo da categoria mais barata. E a versão mais escolhida também não foi a de entrada da lista de preços, a que traz menos equipamento e tem motorizações mais baixas. Foi , pelo contrário, uma carrinha, normalmente o tipo de carroçaria mais caro. Quem diria, em tempo de crise? Palmas para o Renault Mégane e em especial para a versão 1.5DCi SW Sport Tourer GT Line, de 110 cavalos, que atraiu a maior fatia de compradores (706 do total de 2787 unidades). Custa nada menos de 28 100 euros.

 

Mesmo assim, esta carrinha Mégane das mais equipadas não vendeu tanto como o BMW série 1116 d Efficient Dynamics, que chegou às 830 unidades e ao terceiro posto dos mais vendidos por versões. Este modelo custa mais de 27 mil euros à saída do stand e mostra que o mercado nacional encolhe drasticamente, mas só em quantidade. De facto, os portugueses continuam a ser consumidores adictos de equipamento e também não prescindem de motores com desempenho acima da média, ou de emblemas de prestígio.

 

E apesar de estar a aumentar claramente a sua penetração no mercado, o segmento A, dos económicos, capta ainda uma fatia muito pequena das vendas. O Smart Fortwo, símbolo do sucesso nessa categoria, não entra sequer na lista dos 10 modelos mais vendidos dos primeiros seis meses de 2012, ficando-se pelo 15.º lugar, segundo as estatísticas da Associação do Comércio Automóvel de Portugal (ACAP). A versão mais baixa deste modelo – o Fortwo coupé 61 cv Pure – custa apenas 9795 euros.

 

Ricardo Oliveira, da Renault, antevia esta situação já há cerca de três meses em declarações ao Dinheiro Vivo, quando na marca francesa era o Clio, de preço e gama inferiores, o modelo mais vendido. E agora explica: “Uma das coisas que contribui para estes resultados é o mercado das empresas. Hoje em dia ele é o mais importante, com um peso muito superior ao dos particulares. Ora acontece que, para as empresas, que não pagam os carros a pronto, mas sim rendas, é muito mais fácil chegar a carros maiores, ou mais potentes e equipados. Acresce ainda neste caso específico do Mégane, os preços enquadram-se bem no patamar em que as empresas conseguem obter benefícios fiscais”.

 

“Por outro lado”, prossegue, “as empresas, ao fim e ao cabo, só seguem uma tendência que é uma característica do comprador português há muitos anos. É uma característica de um mercado que a crise não modificou, só diminuiu”.

 

Esta relutância dos portugueses a poupar quando toca à máquina com que se apresentam nas estradas está patente em outros exemplos da lista dos 10 mais vendidos. O Volkswagen Golf, por exemplo, cuja versão mais barata ronda os 22 mil euros, obtém melhor resultado de vendas do que dois modelos populares do segmento imediatamente inferior, o Fiat Punto (que vai dos 14 mil aos 21 850 euros) e o Opel Corsa (cujos preços começam nos 13 mil euros). E o BMW Série 1 ocupa o sétimo lugar da lista, com somente menos 93 unidades vendidas do que o Opel Corsa, que é sexto no top dos carros mais vendidos.

 

Armando Fonseca Júnior – dinheiro vivo

 

A empresa tecnológica Apple vale 600 bilhões de dolares, 3 vezes mais do que Portugal

 

Posted: 20 Aug 2012 05:04 AM PDT

 

 

 

 

A Apple vale treze vezes mais que toda a Bolsa de Lisboa e três vezes mais que a riqueza produzida (PIB) em Portugal.

 

A ‘maçã’ ainda não parou de deitar sumo… e de fazer história. O último grande acontecimento ocorreu na sexta-feira quando as ações da Apple atingiram um novo máximo histórico de 648,19 dólares e a empresa passou a valer na Wall Street mais de 600 bilhões de dólares.

 

Ao superar esta fasquia psicológica, a empresa fundada por Steve Jobs não só cimentou o estatuto de companhia mais valiosa do mundo, mas também mais valiosa que muitas economias europeias. A tecnológica, por exemplo, já vale treze vezes mais que toda a Bolsa de Lisboa e três vezes mais que a riqueza produzida (PIB) em Portugal.

 

As contas são fáceis de se fazer. Em euros, a capitalização bolsista da Apple é de 492,5 bilhões, o triplo do PIB português, que fica aquém dos 170 bilhões; as 18 empresas cotadas no PSI-20 somam um market cap conjunto de 38,9 bilhões, o que significa que o gigante americano vale 13 vezes o principal índice bolsista nacional. A Galp, que é a empresa portuguesa mais valiosa, é 54 vezes mais pequena que a Apple; e esta vale também 6491 vezes mais que a Sonae Indústria, a empresa com a capitalização mais baixa da Bolsa portuguesa.

 

E o que têm em comum a Suécia, a Polónia, a Bélgica, a Noruega, a Argentina ou os Emirados Árabes Unidos? PIB inferiores aos 607,5 bilhões de dólares que vale a Apple. Aliás, se fosse uma economia, a tecnológica faria parte do ‘top 20′ mundial.

 

Com esta capitalização bolsista, a Apple consolida o seu estatuto de empresa mais valiosa do mundo, com 200 mil milhões, à frente da petrolífera Exxon Mobil, e está perto de se tornar na empresa mais valiosa de sempre – faltam 11,4 bilhões de dólares para superar o recorde fixado pela Microsoft em 1999, quando a empresa de Bill Gates atingiu uma capitalização de 618,9 bilhões.

 

Fonte - Dinheiro Vivo - Portugal sem passaporte

 

 

                                               V

Geração à Rasca


Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


 

Protesto da "Geração à Rasca"
Avenida da Liberdade, Lisboa
Localização
Lisboa, Porto e outras cidades
Data

Geração à Rasca é o nome dado a um conjunto de manifestações ocorridas em Portugal e outros países, no dia 12 de Março de 2011, as maiores manifestações não vinculadas a partidos políticos desde a Revolução dos Cravos[1].

Um evento do Facebook e um blogue, criados por um grupo de amigos: Alexandre Carvalho, António Frazão João Labrincha e Paula Gil; foram o ponto de partida[2] para o movimento de protesto, auto-intitulado "apartidário, laico e pacífico", que reivindica melhorias nas condições de trabalho, como o fim da precariedade. O manifesto incitava à participação numa manifestação dos "desempregados, “quinhentoseuristas” e outros mal remunerados, escravos disfarçados, subcontratados, contratados a prazo, falsos trabalhadores independentes, trabalhadores intermitentes, estagiários, bolseiros, trabalhadores-estudantes, estudantes, mães, pais e filhos de Portugal."[3][4]

Índice


[editar] Antecedentes




Frente da manifestação em Lisboa.

O nome é um jogo de palavras usado para descrever a geração que protestou durante os anos 90 do século XX, apelidada «Geração rasca» por Vicente Jorge Silva, em 1994. Aquando destas manifestações estudantis contra o aumento das propinas, era Ministro da Educação Couto dos Santos[5].

[editar] Canção dos Deolinda


A iniciativa inspirou-se na canção dos Deolinda de 2011, "Parva que sou", que fala sobre a precariedade laboral que afecta milhares de portugueses, em particular licenciados:

Que mundo tão parvo
Onde para ser escravo é preciso estudar


Os membros da banda não participaram nos protestos, embora se solidarizem com os manifestantes.[6]

[editar] Homens da Luta e o Festival da Canção


A vitória dos Homens da Luta com a canção "A Luta é Alegria" no Festival da Canção de 2011, uma canção humorística inspirada nas canções revolucionárias de Zeca Afonso veio trazer ainda mais aderentes às manifestações do dia 12 de Março.[6] [7]

[editar] Protesto




Manifestantes no Porto.



Manifestantes em Bruxelas, Bélgica.

O protesto encheu a Avenida da Liberdade em Lisboa. As estimativas para o número de pessoas presentes no protesto em Lisboa variaram entre as 200 000 e as 300 000 pessoas.[8][9] Houve também manifestações no Porto (80 000 pessoas)[10], Funchal[11], Ponta Delgada[12], Viseu[13], num total de 11 cidades portuguesas. Houve também manifestações mais pequenas em Barcelona, Londres, Berlim, Haia, Madrid, Lubliana, Luxemburgo, Bruxelas, Maputo, Nova Iorque, Copenhaga e Estugarda em frente às embaixadas de Portugal.[14] A Polícia de Segurança Pública estima a presença de 100 000 pessoas em Lisboa e 60 000 no Porto, enquanto a organização fala de 200 000 e 80 000, respectivamente.[15]

[editar] Reacções


Miguel Sousa Tavares comentou no Jornal da Noite da SIC de 7 de Março de 2011 que o movimento é demagógico, considerando que uma proposta de demitir todos os políticos vinha do mesmo movimento, o que veio a ser desmentido.[16] O bispo do Porto, D. Manuel Clemente disse em declarações à Rádio Renascença não ter ficado surpreendido com a dimensão da manifestação, e que deve ser dada uma resposta por parte dos políticos.[17] Paulo Portas, líder do CDS-PP, afirmou a 11 de Março de 2011 que "os partidos [políticos] devem resistir à tentação de colonizar" a manifestação e que os organizadores "não têm nenhuma obrigação de apresentar soluções".[18] Quando do anúncio da recepção do Prémio Pritzker em 28 de Março de 2011, Eduardo Souto de Moura disse, em conferência de imprensa, que receber esse prémio era bom porque "[…]Não há emprego, está tudo a emigrar. Temos bons arquitectos e a chamada geração à rasca está mesmo à rasca. E não há para onde ir.[…]"[19]

[editar] Consequências




Manifestantes em Lisboa.

A 15 de Março de 2011, João Labrincha, um dos organizadores do Protesto, fez na RTP um balanço muito positivo da manifestação, apelidando-a de "dia histórico" onde cerca de 400 mil pessoas estiveram nas ruas, afirmando que "agora a luta tem que passar por todos" para que a energia desse dia não morra. Acusou ainda de "desfasamento face à realidade" o Primeiro-Ministro José Sócrates e Pedro Passos Coelho, líder do maior partido da oposição - PSD, por estes não terem feito comentários nem tido reacção após a gigante manifestação.[20]

Poucos dias após a manifestação da Geração à Rasca, Paula Gil afirmou que "o Protesto não era o final [...] queríamos que as pessoas percebessem que a democracia não termina no direito ao voto."[21]

Adolfo Mesquita Nunes, do CDS-PP, apresentou uma proposta de um pacote de 20 medidas urgentes para a "Geração à rasca", incluindo que as universidades informem os alunos da empregabilidade dos cursos que leccionam, uma maior flexibilidade do mercado de trabalho e a liberalização do mercado de arrendamento.[22]

O bispo do Porto, Manuel Clemente, em entrevista à Lusa, afirma que estes protestos "são antes de mais, para respeitar muito" e "levar a sério", afirmando que não se pode relativizar o que fizeram jovens "que vêem o seu futuro com uma grande interrogação".[23]

A 23 de Março de 2011, José Sócrates apresenta a sua demissão como Primeiro Ministro de Portugal, após um chumbo no Parlamento a medidas de austeridade propostas no âmbito do Pacto de Estabilidade e Crescimento.[24]

Na sequência da marcação de eleições legislativas, o Bloco de Esquerda lançou uma campanha intitulada Retratos da Geração à Rasca[25].

A 15 de Abril de 2011, os organizadores inciais do protesto fundam o Movimento 12 de Março. A esse pequeno grupo de jovens juntaram-se outros activistas, com o desejo de criar um movimento com o objectivo de "Fazer de cada cidadão um político" (expressão originária de um pensamento de José Saramago[26]), prometendo ser "uma voz activa na promoção e defesa da democracia em todas as áreas da nossa vida".[27]

A 19 de Abril de 2011, o Movimento 12 de Março, os Precários Inflexíveis, o FERVE e os Intermitentes do Espectáculo e do Audio Visual lançaram uma Lei Contra a Precariedade.[28]

A partir de 15 de Maio de 2011, manifestações semelhantes ocorreram em Espanha, inspiradas nos protestos em Portugal. Os organizadores do movimento "Democracia Real Já" apontam a Geração à Rasca como uma referência, pois em Espanha falava-se "muito do que estava a acontecer em Portugal e deu-nos vergonha que aqui não tivéssemos feito nada. Em Portugal mostraram que não se deve ter medo, que se deve sair à rua".[29]

A 22 de Maio de 2011, primeiro dia de campanha eleitoral para as legislativas antecipadas, o Movimento 12 de Março lançou uma campanha paralela pela realização de uma Auditoria Cidadã à Dívida Pública[30], que se formalizou oficialmente na Convenção de Lisboa realizada a 17 de Dezembro de 2011,[31] onde foi criada uma "Comissão de Auditoria", na qual muitas outras pessoas e colectivos se vieram a integrar, através de um movimento que adoptou o nome de Iniciativa para uma Auditoria Cidadã à Dívida Pública.

A 15 de Outubro de 2011, o Movimento 12 de Março fez parte da plataforma de movimentos sociais que organizaram a manifestação em Lisboa, naquele que ficou conhecido como o primeiro protesto convocado à escala global[32].

Tanto o Movimento 12 de Março, como outros que surgiram após o Protesto da Geração à Rasca, se mantém actuantes em vários domínios da política, activismo e cidadania. "As pessoas descobriram que têm voz, estão mais conscientes e atentas à política" e a "sociedade [está] mais viva e desperta". [33]

 

 

 

 

                                                        REGISTROS

 

DIA 07 – ANO BRASIL PORTUGAL 2012/2013

 

Paulo Timm / Covilhã-Portugal 28ago2012

 

“Minha pátria é minha língua”

Fernando Pessoa

 

 

 Da minha língua vê-se o mar”

            Vergílio Ferreira

 

VIDEO – PORTUGAL – BELEZA DA SIMPLICIDADE - http://www.youtube.com/watch?v=m34Wv-2yjQo&feature=player_embedded

 

 

Enfim, no ar, a Programação do Ano Brasil-Portugal 2012/13: Um conjunto de atividades em vários domínios das artes, segmentos da economia e encontros culturais em ambos os países, com vistas a se tornarem cada vez mais conhecidos.

“O Ano Brasil-Portugal é a sequência de uma série de celebrações do Brasil com países diretamente ligados à sua história, seja como colonizador, no caso do irmão lusitano, ou como imigrantes que aqui se instalaram e criaram raízes definitivas, caso do ano Brasil-Itália e ano do Brasil na França.”



“Este espectro de eventos deverá

desenvolver-se ao longo de todas as regiões do Brasil, com presença directa em múltiplas

Cidades e cobertura mediática de alcance nacional.

Em segundo lugar, a arquitectura do nosso programa é aberta à contribuição da Sociedade Civil.

Este programa apenas poderá ter o sucesso desejado se forem desenvolvidos mecanismos

eficazes de integração da Sociedade Civil na sua construção. Esta abertura à contribuição de

terceiros é igualmente um pilar fundamental da nossa estratégia, seja pela possível inclusão de

eventos já planeados por outras entidades, seja pela possibilidade de angariação permanente de

ideias, propostas e candidaturas a novos eventos através do nosso website-

 

 (Apresentação de Miguel Horta e Costa, Comissário-Geral do Ano de Portugal no Brasil - www.anodeportugalnobrasil.pt. )

)

 

Da parte do Brasil, a FUNARTE informa que há duas formas de participar do Ano Brasil Portugal, ambas formalizadas em dois  Editais disponíveis aqui   ,  aos interessados. Informações adicionais  ou dúvidas devem ser encaminhadas por meio do Fale com o Ministério ou  dirigidas a  Ouvidoria.

Uma delas é através do concurso de   72 atrações musicais para compor a programação do Espaço Brasil, de janeiro a junho de 2013, em Portugal. Cada uma das atrações escolhidas  receberá R$ 10 mil . 

“O concurso é uma realização do Ano Brasil-Portugal e o seu objetivo é garantir a representação da música brasileira, que se caracteriza pela diversidade e inventividade.

O material de inscrição deverá ser postado pelos Correios (via Sedex), em envelope único, para: Edital de Música Ano do Brasil em Portugal - Rua João Afonso, 65 / casa 3 Humaitá – Rio de janeiro – RJ – CEP 22261-044.”


A outra , será através de “iniciativas independentes” , nas quais . poderão participar produtores culturais, associações, cooperativas, empresas com ou sem fins lucrativos, órgãos públicos e fundações privadas da área cultural, que receberão uma chancela oficial do Evento.

.A cerimônia de abertura conjunta do Ano de Portugal no Brasil e o Ano do Brasil em Portugal,  será no dia 7 de setembro e se estenderá até 10 de junho de 2013, Data Nacional de Portugal. Espera-se a presença da famosa fadista portuguesa  Mariza - Mariza and the Story of Fado | Facebook,  num espetáculo conjunto com Roberta de Sá, acompanhadas pela Orquestra Sinfônica de Brasília. A mesma Mariza, com Milton Nascimento se apresentará, novamente, no  Teatro Municipal do Rio de Janeiro, no dia 12 de setembro, evidenciando a importância que o Governo de Portugal dará ao Fado como um de seus mais valiosos Patrimônios Culturais.

 

A inauguração oficial  do Ano de Portugal, porém ,  só ocorrerá no dia 9 de setembro,  em Belo Horizonte, com a assinatura de  um Protocolo entre os dois Governos.

 

Até aqui, enfim, as informações sobre o Ano Brasil Portugal. Agora, a crítica...Até porque, além de brasileiro, Pereira por herança do avô materno, resido em Portugal. Sinto na pele as pulsações entre nossos países. E não consigo, andando pelos meandros do Chiado, em Lisboa, viajando pelo interior, morando numa cidade pequena, quase desconhecida dos brasileiros, ao nordeste, deixar de viver, diuturnamente, nossas semelhanças e diferenças. Tudo tão igual... Tudo tão diferente...Portugal, renascentista; o Brasil, hiper-moderno. Entre ambos um fio de esperança...

 

De comum, uma certa apatia frente à coisa pública, nos dois países submetida à crítica ácida, mais bem humorada no Brasil,  enquanto aqui, cruelmente retratada pela literatura, desde os clássicos de Eça de Queiros.

 

Como diferença, o estado de espírito, sensual   no Brasil,  aqui intensamente épico,  ambos, porém, portadores de uma tristeza enigmática. A portuguesa, recolhida do grande Mar Oceano; no Brasil,  cultivada  sertão adentro , como revelam, de um lado,   uma das trovas mais belas da língua portuguesa, de autoria de um poeta pouco conhecido, Antonio Correia de Oliveira  (I), de outro ,  o poema de Drummond (II):

 

I

Oh águas do mar salgadas

De onde lhes vem tanto sal

Vem das lágrimas choradas

Nas praias de Portugal

 

                                                          II

Casas entre bananeiras

mulheres entre laranjeiras

pomar amor cantar...Um homem vai devagar

um cachorro vai devagar

um burro vai devagar

devagar... as janelas olham.

Eta vida besta, meu Deus!

 

No plano histórico , uma questão incontornável. Como outros países europeus, Portugal foi uma Potência Colonial e os monumentos aos heróis que “tombaram em defesa da pátria” , abundam. Nós, ex- colônias , temos outra visão deste processo, até hoje mal digerido em toda a Europa.Como encaminhar um entendimento comum sobre a Questão Colonial?

 

Apesar, pois,  do Ano Brasil Portugal  incorporar-se, como afirma Antonio Grassi, Presidente da FUNARTE e responsável , pelo lado brasileiro, da montagem da programação,  à  sequência de uma série de celebrações do Brasil com países diretamente ligados à sua história”, o caso de Portugal estaria a exigir uma melhor conceituação do evento. Mas inteligência não é uma matéria prima muito cultuada no Ministério que lhe sugere o nome...

 

Portugal ocupa um lugar ímpar na nossa formação. Temos 300 anos de uma História comum, que se prolongou, na figura de nosso D.Pedro I como Rei de Portugal depois de sua vitória “liberal” sobre as forças conservadoras de Dom Miguel. E compartilhamos a  mesma literatura, mercê da língua comum. Ora, o que há de mais importante na história da civilização do que a língua? Sobre ela, aliás,  estamos a tratar de consolidar o Novo Acordo Ortográfico, ainda com áreas de resistência nos dois lados do Atlântico. Deveríamos , pois , ter dado uma maior ênfase, durante o Ano Brasil-Portugal, à literatura. Mas isto não está ocorrendo. O ponto de partida e de provável encerramento está marcado pelos espetáculos musicais, importantes, mas que mais nos separam do que nos  aproximam. Portugal lamenta o passado heróico; o Brasil festeja o futuro incerto... A língua nem aproxima, nos une. Somos uma mesma fraternidade luso-fônica, avaliada, hoje, como de considerável peso numérico e grande distribuição pelos vários continentes, como das mais importantes do mundo. De resto, continuamos, com a ênfase na música, coniventes com a sociedade do espetáculo, quando esta já dispõe , pela indústria cultural mecanismos próprios de afirmação e divulgação. E, neste sendeiro, não faltará, por certo, um “amistoso” entre as duas grandes seleções de futebol...

 

A partir da ênfase na literatura poderíamos aproveitar o Ano Brasil Portugal para aprofundar nossas relações recíprocas. Podíamos conhecer melhor a obra de uma Deolinda Gersão , autora do romance A Árvore das Palavras [resenha | comprar], vencedor do Prêmio de Ficção do PEN Clube português. E eles poderiam conhecer melhor nosso grande poeta mineiro  Anderson Braga Horta, autor de Fragmentos da Paixão, uma verdadeira obra prima poética. Tendo vivido muitos anos no Chile, como algum tempo nos Estados Unidos, vejo como estes países cultivam relações especiais com suas respectivas “Mães Pátrias”: Espanha e Inglaterra . Como há um sentimento profundo de orgulho na  comunhão do mesmo idioma!  Brasil e Portugal, ao contrário, parecem afastar-se cada vez mais. Apesar disto, não há animosidade entre as duas comunidades. Cá, somos tratados, em todas as partes com carinho, sendo freqüente, à percepção de nossa origem brasileira, o alinhavo de uma história de família : “Meu irmão mora há 30 anos no Rio”; “meu filho foi há dois anos para São Paulo”; “Ah, o Brasil, ainda quero conhecer ...!!!”. E aí no Brasil, sempre tomamos os portugas como parentes longínquos.

 

Este distanciamento entre Brasil e Portugal, penso, é mais de tipo institucional do que sentimental, embora as novas gerações portuguesas  já se sintam europeizadas e um pouco distantes do Brasil. Aliás, a presença ostensiva, aqui,  de “retornados”, que são os portugueses que até recentemente viviam em Angola , Moçambique, Guiné , Cabo Verde etc  dá a África uma presença maior do que a da América do Sul. Tempo, portanto, de recuperar espaços e entrelaçar experiências culturais.

 

O século XIX nos distanciou em virtude do processo de Independência, sempre traumático. Havia ressentimentos dos dois lados. Tivemos, talvez, um interregno de grande aproximação cultural e política entre os últimos lustros daquele século e os primeiros do posterior. Anos de grandes luzes na literatura dos dois países.  Mas aí sobreveio a hesitação de Portugal diante na II Guerra Mundial, seguido da longa ditadura salazarista, com sua obstinada política colonizadora, ambas fatores de reticências diplomáticas da parte do Brasil. De novo o distanciamento, intercalado, apenas pela mão única do exílio de milhares de portugueses no Brasil, uns ilustrados, como Conceição Tavares, decana octogenária dos economistas brasileiros, outros, a grande maioria, oriunda do norte de Portugal, com baixa escolaridade e premida pela fome e desemprego .


 


 

·                                        

 A Revolução dos Cravos, em 1974, seguida do processo de emancipação das antigas colônias, parte de seu ideário DDD (Democracia, Descolonização, Desenvolvimento)  francamente apoiadas pelo Itamaraty, parecia dar um novo alento às nossas relações. Até porque, neste mesmo ano de 1974,  se abria o regime militar , no Brasil, para um processo de abertura que desembocaria na Constituinte de 1988. E isto, aliás, ocorreu de fato. O final  década de 70 foi marcado por inúmeras iniciativas de reaproximação ente os dois países. Fui testemunha, como signatário da Carta de Lisboa, que marcou o retorno de Leonel Brizola à vida política, em 1979, desta aproximação , graças à amplitude de horizontes do líder socialista Mário Soares. Sentíamos, “Sob o céu de Lisboa”, a proteção e apoio fraterno à abertura política no Brasil. Este terá sido, talvez, um momento, entre 1975 e 1990, verdadeiramente  pungente  no entrelaçamento de  nossas relações institucionais e  culturais. Políticos, artistas e intelectuais dos dois países freqüentavam-se com grande desenvoltura.

 

Mas aí emergiram  duas coisas que nos viriam a distanciar de novo: (1) Participação de Portugal na nascente  União Europeia; (2) Política Externa do Governo FHC. Não vou me aprofundar sobre  tais fatos, apenas salientar que Portugal se volta crescentemente para a União Europeia na tentativa de se alinhar aos parâmetros da modernidade continental, fato consumado em 1992 e 1997 com a adaptação da Constituição de Portugal aos Tratados da União Europeia assinados em Maastricht e em Amsterdã. Ao mesmo tempo  o Brasil, com Fernando  Collor, mas sobretudo nos longos anos de FHC começa a se rejubilar pela entrada no Bloco dos emergentes, mais preocupado com o assento entre  as grandes potências mundiais do que com Portugal e o Terceiro Mundo.

 

Hoje, porém, a Crise Econômica nos reaproxima. Ou melhor, pode nos reaproximar, desde que  nossos líderes sejam capazes de se entreolhar pelas frestas dos interesses comuns, na busca de programas conjuntos de cooperação para o desenvolvimento. A Europa é tanto um manancial de inspirações civilizatórias, quanto um considerável mercado de 500 milhões de consumidores. O Brasil, o líder de um vasto continente com uma considerável constelação de recursos naturais e razoável estabilidade política. Só para se ter uma idéia: Portugal, mercê da crise e desemprego, exporta, hoje, cerca de 70 mil jovens ao ano, supereducados, numa população estabilizada de 13 milhões de habitantes. A continuar esta sangria o país terá perdido  em vinte anos 10% do melhor de sua gente. Sempre ao mar... sempre ao incerto, realimentando a nostalgia mítica desta povo.  Isto não pode continuar. Tem que ser revertido. E o Brasil pode contribuir de forma decisiva neste processo. Um só programa de Turismo bem direcionado para Portugal, com apoio do Governo Brasileiro, teria conseqüências inusitadas neste processo.

 

Outro ponto crítico do Ano Brasil Portugal: Ausência total dos dois Estados mais próximos, em termos históricos de Portugal: Rio Grande do Sul e Santa Catarina, as duas últimas porções do Império Português na América do Sul.

 O primeiro, tendo como   capital , Porto Alegre, cujo primeiro  nome foi  Porto dos Casais, em homenagem aos  de 60 casais açorianos lá chegados, em 1776,  como garantia de controle territorial de Portugal; o segundo, por semelhantes razões, fartamente estudadas - http://amigonerd.net/trabalho/45444-povoadores-de-fronteira .

Por que firmar o Protocolo do Ano Brasil Portugal em Belo Horizonte? Como não dar a um dos Estados sulinos maior relevo simbólico e efetivo nesta programação?

Imperdoável. Embora se compreenda: Trata-se do verdadeiro monopólio que Rio e S.Paulo exercem sobre os mass media no país , com os conseqüentes resultados no domínio da indústria cultural destes Estados sobre os demais. Até parece que  o pensar é  uma exclusividade  do centro do país, ao qual o resto  se curva como mera audiência,  nos comentários  de televisão, nos grandes espetáculos, no movimento editorial.  Minas Gerais é a exceção. Que se explica, em grande parte, pela proximidade com o eixo Rio/ S.Paulo, mas também por um fato reconhecido por vários analistas da administração pública no Brasil: Tem a melhor estrutura administrativa de Governo entre os Estados. Apenas um exemplo: Na década de 70 o Estado de Minas já dispunha de claro diagnóstico de fatores restritivas de seu desenvolvimento – O “Diagnóstico da Economia Mineira” - , o qual deu origem, dentre outros, à criação de um órgão de promoção de investimentos, o INDI, responsável pela primeiro deslocamento da industria automobilística no território nacional no rumo de Betim. Nascia a FIAT do Brasil.

Mas enfim, mesmo compreendendo as dificuldades para uma inserção mais dinâmica do Rio Grande do Sul no ANO BRASIL PORTUGAL 2012-2013, nada nos impede de espernear. É o famoso jus esperneandi. Quem sabe, assim,  “alguém...”  se toca...E aproveito para  render uma pequena homenagem a um grupo de estudiosos, que, em Gramado se dedicam denodadamente ao estudo da colonização açoriana no Brasil:   O Centro Luso Açoriano da Região das Hortênsias , com preciosas informações nos sites www.arquivohugodaros.org.br e www.gramadosite.com.br/cultura/mariliadaros .        

 

DIA 08 – Ano de Portugal no Brasil: Ministro Paulo Portas diz que começou com o pé direito

 Ano de Portugal no Brasil começou ontem, às 18h30,  com a execução dos hinos dos dois países pela Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional e show com Mariza e Roberta Sá

Mais cedo, Paulo Portas e representantes da embaixada de Portugal e do governo brasileiro, como a ministra de Cultura Anna de Holanda, o ministro das Relações Exteriores Antonio Patriota e o secretário de cultura do Distrito Federal Hamilton Pereira participaram de um coquetel de abertura.

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, afirmou que o Ano de Portugal no Brasil começou com o “pé-direito”, com o concerto de Mariza a espalhar “alegria e respeito” por Portugal entre os brasileiros e contou com a presença de cinco a sete mil pessoas, segundo as estimativas dos organizadores.

“Começou de forma extraordinária. (…) A energia, a alma, a força que ela transmitiu como imagem de Portugal espalhou alegria e respeito por milhares de brasileiros que aqui estavam. (…) Acho que foi entrar com o pé direito”, afirmou o ministro, no final do concerto de Mariza, em Brasília.

O concerto, que marcou a abertura do Ano de Portugal no Brasil e de Brasil em Portugal, contou com a presença de cinco a sete mil pessoas, segundo as estimativas dos organizadores.

A cantora portuguesa apresentou-se depois da brasileira Roberta Sá, mas foi de longe a que mais envolveu o público.

Paulo Portas agradeceu à cantora por ter tido um papel fundamental no sucesso da abertura do Ano de Portugal no Brasil.

O ministro mencionou ainda a relevância do capital privado português para a realização do evento, sem o qual constatou que não seria possível levar a programação adiante, perante as dificuldades económicas que Portugal enfrenta.

“Quero agradecer o papel que a Mariza teve nisso e agradecer à empresa que patrocinou, porque todo este Ano de Portugal no Brasil é, projeto a projeto, financiado por empresas, porque obviamente vivemos tempos austeros”, concluiu o ministro.

DIA 09 - Assim se fala em bom português… reclamando sempre

 

Posted: 07 Sep 2012 07:03 AM PDT

 

Portugal está cheio de bons portugueses. Gente patriótica que reconhece todos os problemas do País – só que nunca concorda com nenhuma solução.

 

 O bom português é aquele que critica a programação da RTP por ela não se diferenciar em nada dos privados e depois entende que alterar o funcionamento da comunicação social do Estado é um atentado ao serviço público.

O bom português é aquele que se enfurece contra o facilitismo da escola e depois se enraivece contra a obrigação de os alunos repetentes frequentarem o ensino profissional.

 

O bom português é aquele que acha que não podemos continuar a apoiar uma política do betão e a construir auto-estradas vazias mas depois se indigna com o aumento do desemprego na construção civil.

 

O bom português é aquele que acredita que ter filhos no Portugal de hoje é um luxo incomportável e depois se revolta com a quantidade de professores que ficaram sem colocação nas escolas.

 

O bom português é aquele que acha uma pouca-vergonha os níveis de endividamento da CP e da Refer e depois está contra o corte de linhas e o encerramento de estações.

 

O bom português é aquele que admite o dinheiro da troika para pagar salários mas que depois age como se o governo não estivesse obrigado a cumprir o programa que os credores impuseram ao país.

 

 O bom português entende que o défice é uma vergonha em abstracto mas está contra todos os cortes em concreto.

 

O bom português é aquele que prefere não correr o risco de uma qualquer terapêutica porque o que ele realmente gosta é de se queixar da doença.

 

 Portugal está cheio de bons portugueses. Nos cafés e nas avenidas, no PS e no PSD, nos jornais e nas televisões. Tudo bons portugueses, que vão patrioticamente matando Portugal.

 

João Miguel Tavares CM – O POVO

 

 

09 – Depoimento do brasileiro Emanuel Costa Martins

A convite da Drª Vanessa, escrevo aqui minha rápida experiência ao sair do Brasil para estudar em Portugal.

Não tenho dúvidas em dizer que até aqui valeu deveras. Estou extremamente satisfeito, pois concluo no próximo mês o primeiro ano do curso de mestrado em ciência política na Faculdade de Direito de Lisboa. Contudo, antes de chegar a fase atual, muitas dúvidas pairavam, aliás, formei muitos “pré-conceitos” errados antes de iniciar essa trajetória.

Ainda no Brasil, obtive informações valiosas sobre o curso no site da própria faculdade (www.fd.ul.pt), fiz minha inscrição no Brasil (tudo via on-line) e em seguida procurei o Consulado de Portugal na minha cidade que me forneceu instruções fundamentais para providenciar o “visto” de estudante. São muitos documentos, mas todos eles de fácil acesso. Com autenticações e taxas gastei em torno de R$ 450,00 ou € 210,00.

Este processo de inscrição, aceite da faculdade e visto consular demorou em torno de 90 dias. (alguns demoram um pouco mais, outros menos).

Com o processo regular, entrei sem problemas em Portugal. O visto que me deram valia por 120 dias, quando cheguei aqui tive que procurar o órgão competente para prorrogar por mais 1 ano. (o órgão competente é o SEF), gastei mais € 30 ou R$ 70,00, apresentei a mesma documentação que no Brasil e tudo certo.

No início das aulas um grande espanto, a maioria dos colegas do curso eram brasileiros, senão dizer 90%.

Mas ainda permanece a perguntar que não quer calar: – Por que estudar em Portugal e não no Brasil?

Se olharmos para a Faculdade, não hesitaremos em afirmar, que a Faculdade de Direito de Lisboa é uma das mais tradicionais e conceituadas no espaço lusófono, ou seja, entre países de Língua Portuguesa. Formada por magníficos professores e todos com títulos de Doutor ou Pós-doutor em universidades da Europa.

Contudo o grande atrativo em estudar aqui, sem dúvidas, são os preços das mensalidades, no total do curso de Mestrado gastei pouco mais de R$ 7.500,00 (este valor pode ser parcelado), ora, uma especialização barata no Brasil custa isso e um curso de mestrado, se não for em Faculdade Pública, gastaremos de mensalidade em torno de R$ 45.000,00.

Claro, não podemos esquecer a moradia, alimentação, transporte, livros, xerox e outras necessidades básicas. Com tudo isso e mais o curso, garanto, ainda vale a pena.

Mais informações, deixo aqui meu e-mail: Emanuel.ensinojuridico@gmail.com ou minha página no facebook. Estou à disposição.

Obrigado pela espaço.

Cordialmente,

Emanuel Anderson da Costa Martins



 

DIA 10 -  A esperança não morre

 

por Miguel Urbano Rodrigues

 

Adolfo Casais Monteiro escreveu no final dos anos 50 que "era difícil ser português". Expressou uma realidade.

 

Humberto Delgado estava refugiado na Embaixada do Brasil e naquela época a imagem do fascismo era medonha nos meios intelectuais brasileiros.

 

Conheci no exílio essa situação. Os amigos perguntavam como podia o povo português suportar há décadas uma ditadura tão obscurantista como a de Salazar. As nossas explicações para a sobrevivência do regime não convenciam.

 

Transcorrido meio século, a situação em Portugal faz-me recordar o desabafo de Casais Monteiro num contexto histórico muito diferente.

 

A crise do capitalismo irrompeu nos EUA e alastrou pelo mundo. Mas em Portugal os seus efeitos inserem-se num quadro que pelas suas facetas humilhantes é difícil compreender e explicar.

 

Cada manhã, quando abro o computador e tomo conhecimento das últimas notícias e à noite, ao acompanhar os noticiários da televisão e ouvir resumos de declarações de ministros e deputados dos partidos da burguesia e de falas do primeiro-ministro, sou tocado pela estranha sensação de assistir a uma farsa intemporal num país inimaginável.

 

Temo que não exista precedente para uma situação como a de Portugal neste ano sombrio de 2012.

 

Sei que os trabalhadores irlandeses, gregos e espanhóis, entre outros, sofrem duramente as consequências de políticas impostas pelo grande capital internacional em nome de uma "austeridade" que empobrece mais os de baixo enquanto enriquece os de cima.

 

O que diferencia então o caso português dos demais?

 

Aqui a linguagem, o comportamento, o arrogante exibicionismo dos responsáveis pelo trágico agravamento da crise são irrepetíveis, ao exigirem "sacrifícios" aos explorados e oferecerem prebendas aos exploradores. Tudo em nome do interesse nacional, da salvação da Pátria. O discurso lembra o do fascismo.

 

 Mas creio que nem no auge do fascismo Salazar tenha reunido em qualquer dos seus governos um feixe de ministros e secretários de estado comparável ao gabinete formado por Passos Coelho. Com a peculiaridade de o Partido Socialista, cúmplice do binómio que desgoverna o Pais, participar conscientemente da tragédia social e económica em desenvolvimento.

 

Politólogos, professores de discurso pomposo (alguns formados em universidades de fantasia), jornalistas de pretensa sabedoria analisam em múltiplas e insuportáveis mesas redondas a crise e, com raríssimas excepções, alinhem com o governo ou não, destilam anticomunismo, identificam no presidente Obama um grande humanista e justificam as guerras imperialistas.

 

A política de "austeridade", a submissão servil ao diktat da troika, o roubo de salários, a supressão dos subsídios de natal e de férias, o aumento de impostos sobre o trabalho, os despedimentos sumários configuram já o funcionamento de mecanismos de uma ditadura de facto da burguesia, mas o coro dos epígonos fala com orgulho farisaico da "nossa democracia".

 

A engrenagem que ostenta as insígnias do Poder é servida por uma equipa de pesadelo.

 

O Primeiro-ministro merecia figurar no Guiness. Impressiona pela vastidão da ignorância, pelo vácuo intelectual.

 

Estranhamente, fala como se fosse detentor do saber universal. Quase diariamente enaltece os benefícios da sua política neoliberal ortodoxa, afirmando que o povo a compreende, mas é recebido com vaias em todas as cidades e vilas onde aparece.

 

Conheci-o em 1991. Eu era então secretário da Comissão de Negócios Estrangeiros da Assembleia da Republica, ele um jovem deputado que liderava a Juventude do PSD.

 

Recordo que quando pedia a palavra bolsava tanta asneira que, por decoro, lhe pedia que abreviasse as suas arengas.

 

O ministro Relvas ganhou notoriedade por talentos que lembram os de vilões de tragédias shakespearianas. O ministro da Economia escreveu livros "criacionistas" [NR] que principiam agora a correr de mão em mão como obras de contornos extraterrestres. São apenas três figuras de um painel governativo impar na Europa comunitária.

 

O Presidente da Republica, um reaccionário quimicamente puro, apoia o descalabro.

 

É essa gente que, desfraldando o estandarte da democracia, garante que "os portugueses" apoiam a ditadura de classe que os afunda na miséria.

 

Desaprovo as analogias em política. Mas este governo, pelo absurdo, pela crueldade social, pelo exibicionismo ridículo, pela submissão ao capital faz-me lembrar atitudes do subsaariano Imperador Bokassa da Republica Centro Africana.

 

É tão transparente o repúdio popular pela estratégia de Passos e seus rapazes que até Pacheco Pereira – o mais inteligente e culto dos ex-dirigentes da direita – sentiu a necessidade de escrever um artigo ( Publico, 28 de Julho de 2012) desancando o sistema. Nele pergunta: "Como devemos cruzar-nos com os credores? De alpergatas, trabalhando 10 horas por um salário de miséria?". Ele próprio responde que em breve o povo acordará, "porque estas coisas, uma vez maduras, não escolhem nem dia, nem hora".

 

A História de Portugal lembra que a esperança não morre no povo. Quando a opressão atinge um nível insuportável, as massas levantam-se e assumem-se como sujeito da ruptura.

 

Foi assim em 1383, na guerra da Restauração em 1640, e no 25 de Abril de 1974.

 

Os actuais inimigos do povo, Passos&Companhia, instrumentos do capital e do imperialismo, vão desaparecer na poeira da História. A obra é devastadora, os autores figurinhas liliputianas.

 

 

 

Vila Nova de Gaia, 01/Agosto/2012

 

[NR] Álvaro Santos Pereira, Diário de um Deus Criacionista , Ed. Guerra&Paz, 204 pgs.

Excerto:   "Esta é uma obra de ficção, e qualquer semelhança com a realidade poderá ou não ser coincidência. Só Deus saberá. Este é um diário da História de Deus e da Sua solidão infinita durante biliões e biliões e biliões e biliões de anos e da Sua magnífica Obra e da incrível criação dos universos e do Tempo e das estrelas e da expansão desmesurada do Cosmos que atingiu uma enormidade tal que deixou o Divino com os nervos em franja" .

 

O original encontra-se em http://www.odiario.info/?p=2566

 

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

 

 

 

Dia 11  - Abertura Ano do Brasil em Portugal e ano de Portugal no Brasil

Francisco Neto Brandão - Vice-Consul de Portugal –

Posted: 10 Sep 2012 08:17 AM PDT

De forma inédita, Portugal e Brasil acordaram realizar simultaneamente o ano do Brasil em Portugal e ano de Portugal no Brasil, com início no dia nacional do Brasil, 7 de setembro de 2012, e encerramento na data nacional de Portugal, 10 de junho de 2013.

Trata-se de um convite para que ambas as nações se reinventem nas suas relações, que nunca foram tão intensas e difusas já que surgem em todas as áreas e de forma espontânea. Que pode cada um de nós fazer nesse ano? Estão as entidades de cada país, governos centrais, estaduais, municípios, universidades, escolas, associações empresariais, artistas e meios de comunicação social convidados a refletir e a promover ações de aproximação entre as nossas duas nações.

Não serão apenas eventos de grande porte, mas podem ser ações pontuais e locais que aproximem a cultura e a economia dos nossos países e revelem o melhor de cada um de nós em inovação e modernidade.

Portugueses e brasileiros hoje são parceiros e cultivam cumplicidade e constatam ser mutuamente vantajoso. Esse é o principal motor, o estatuto de parceiros.

O Ceará acumulou uma comunidade portuguesa muito articulada e experiente que pode potenciar essas ligações, um associativismo com curriculum de realizações lusófonas nomeadamente a dinâmica Câmara de Comércio e a histórica Beneficente Portuguesa, universidades com experiência de intercâmbio, municípios com presença portuguesa e acordos de cooperação, um governo estadual parceiro de diversas iniciativas e de empresas portuguesas, a Fiec, o Sebrae, artistas e ONGs.

Portugal e Brasil, nações livres e democráticas, sem imposição de paradigmas ideológicos históricos, já que têm sólidos fundamentos de nação escrevem todos os dias novas páginas de cooperação.

Localmente, o vice-consulado com jurisdição no Ceará e Piauí, que tem como funções promover relações econômicas, sociais e culturais procurará acompanhar e articular as atividades de aproximação que estiverem ao seu alcance. Mas seria de grande satisfação ver despontar espontaneamente e em todas as áreas iniciativas de que nos transcendam de aproximação entre Portugal e Brasil, nomeadamente no Ceará e no Piauí, e, por outro lado, assistir a realizações de promoção desses estados em Portugal durante esse período.

Francisco Neto Brandão - Vice-Consul de Portugal – O POVO

 

 

Dia 12 – Conferência Portugal Brasil – Um olhar atual - Lisboa

 

 


Conferência Internacional “PORTUGAL – BRASIL” UM OLHAR ACTUAL


Conferência Internacional “PORTUGAL – BRASIL” UM OLHAR ACTUAL

Vai decorrer nos dias 12 e 13 de Setembro de 2012, no Grande Auditório do ISCTE-IUL. Sujeito a inscrição, email:raquel.cruz@iscte.pt (lugares limitados à disponibilidade da sala).

A Conferência Internacional, por ocasião do Ano do Brasil em Portugal e de Portugal no Brasil, com o objetivo de fazer uma análise do presente e do futuro das relações entre os dois países em vários domínios, estimulando o conhecimento mútuo e a descoberta de oportunidades de cooperação. É organizada pelo ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa, Casa da América Latina (CAL) e Fundação Getúlio Vargas (FGV).

 

Av.ª das Forças Armadas, 1649-026 Lisboa. Tel.: +351 217903000 ...

Programa Provisório

12 de Setembro

18h00: Palavras de Abertura, Paulo Portas, Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros*

18h15: Fernando Henrique Cardoso conversa com Mário Soares

Moderação, Luis Reto, Reitor do ISCTE-IUL

Comentários, António Costa. Presidente da Casa da América Latina (CAL) e da Câmara Municipal de Lisboa (CML) e Joaquim Falcão, Diretor da Escola de Direito do Rio de Janeiro da Fundação Getúlio Vargas (FGV)

13 de Setembro

9h00: Receção de Participantes

9h30: Abertura

Luis Reto, Reitor do ISCTE-IUL

Alberto Laplaine Guimarães, Vice-Presidente da Casa da América Latina

Mário Vilalva, Embaixador do Brasil

Bianor Scelza Cavalcanti, Diretor Internacional da Fundação Getúlio Vargas

10h00: Empresas e Oportunidades de Negócio

Moderação: Paulo de Carvalho, Diretor Municipal de Economia e Inovação da CML

Antonio Bustorff, Presidente da Câmara de Comércio Luso-Brasileira

Raul Araújo Penna, Presidente da Federação das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil

José Eduardo Carvalho, Presidente da Associação Industrial Portuguesa-Câmara de Comércio e Indústria

Jorge Rebelo de Almeida, Presidente do Conselho de Administração Grupo Vila Galé

11h15: Pausa para café

11h30: Ensino Superior e Ciência: Perspetivas de Cooperação

Moderação: a indicar

Antonio Araújo Freitas Júnior, Diretor de Integração Académica da Fundação Getúlio Vargas

Manuel Assunção, Reitor da Universidade de Aveiro *

Marcos Formiga, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)

Pedro Carneiro, Vice-Presidente da Fundação para a Ciência e a Tecnologia

Intervalo para almoço

14h30: Desporto: a Experiência Portuguesa do Euro 2004 e a Copa FIFA 2014

Moderação: José Pedro Dionísio (Professor do ISCTE-IUL)

Ricardo Simonsen, Fundação Getúlio Vargas Projetos

António Laranjo, Diretor do Torneio UEFA Euro 2004

Carlos Mozer, ex-futebolista internacional brasileiro*

Humberto Coelho, Vice-Presidente da Federação Portuguesa de Futebol

16h30: Empreendedores nas Indústrias Criativas: O Potencial do Espaço Lusófono

Moderação: Jorge Barreto Xavier (Investigador do CIES-IUL)

Carlos Eduardo Barbosa Sarmento, Fundação Getúlio Vargas/CPDOC

José Paulo Esperança, Pró-Reitor do ISCTE-IUL

Representante da SIC *

Ricardo Pereira Diretor da TV Globo Portugal

18h00: Encerramento

Concerto com Pedro Jóia e Sasana Travassos

* Aguarda confirmação



Dia 12 - Brasil vai investir em Portugal e está interessado na TAP, Estaleiros de Viana do Castelo, RTP, ANA e CTT

 

Posted: 18 Aug 2012 08:38 AM PDT – O POVO – Acesso neste data

 

Embaixador Mario Vilalva: O Brasil mantém-se interessado em investir em Portugal

 

O Embaixador do Brasil em Portugal, Mário Vilalva, não faz a coisa por menos. “Vivemos um momento mágico nas relações bilaterais e os governos têm de o aproveitar”, e diz também que o Brasil se prepara para investir em toda a linha em Portugal. TAP, ANA, RTP, Estaleiros de Viana, CTT e Caixa Seguros e Saúde terão propostas de compra brasileiras, garante. E a TAP, a “joia da coroa”, tem que ficar no eixo português.

Segundo o embaixador brasileiro, o país precisa 200 navios, entre indústrias petrolíferas, marinha de guerra e marinha mercante, e “não tem capacidade instalada”.

 

O embaixador do Brasil em Portugal admitiu este sábado o interesse de empresas brasileiras em concorrerem à reprivatização dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC), face às necessidades da indústria naval naquele país.

Mário Vilalva diz que “há interesse por parte do Brasil” nos ENVC, tendo em conta o objectivo de fazer “renascer” a actividade da indústria naval que existia nos anos 60 e 70 do século passado”.

 

Além disso, acrescentou, o país precisa 200 navios, entre indústrias petrolíferas, marinha de guerra e marinha mercante, e “não tem capacidade instalada”.

 

“Não tempos uma empresa estatal que possa concorrer [à reprivatização dos ENVC]“, disse ainda Mário Vilalva, admitindo que “há várias formas de cooperação com Viana do Castelo que devem ser examinadas”.

 

A apresentação de um “adequado projecto estratégico” que “maximize” a manutenção dos actuais recursos humanos são condições a “privilegiar” pelo Governo na reprivatização dos ENVC.

 

O embaixador do Brasil, que está de visita a Viana do Castelo, garante que têm sido feitos contactos oficiais com empresas daquele país, “demonstrando as vantagens” dos estaleiros públicos portugueses e “incentivando-as” a concorrer.

 

“Há interesse, sem sobra de dúvida. É perfeitamente possível que uma ou várias empresas, até mesmo um consórcio, concorram”, disse ainda.

 

Declarações feitas à margem da participação, como presidente da comissão de honra, a convite do presidente da Câmara de Viana do Castelo, José Maria Costa, na romaria d’Agonia, que decorre na cidade até segunda-feira.

 

Segundo o decreto-lei publicado a 13 de Agosto em Diário da República, promulgado pelo Presidente da República, com a reprivatização “pretende-se que o capital social dos ENVC seja alienado por venda directa” a realizar pela Empordef junto de um “investidor, nacional ou estrangeiro” com uma “perspectiva de investimento estável e de longo prazo, com vista ao desenvolvimento estratégico” da empresa.

 

“O hub da TAP tem de falar português”

 

Numa entrevista recente ao Expresso, o Embaixador revela que o Brasil se prepara para investir em toda a linha em Portugal. TAP, ANA, RTP, Estaleiros de Viana, CTT e Caixa Seguros e Saúde terão propostas de compra brasileiras, garante. E a TAP, a “joia da coroa”, tem que ficar no eixo português.

 

O Brasil mantém-se interessado em investir em Portugal?

 

Absolutamente. Queremos aumentar o número de empresas brasileiras em Portugal, aproveitando a atratividade que é a descida do valor dos ativos. É a hora de investir. Nas privatizações, em princípio vamos participar em todas. A EDP não deu certo, mas vamos à ANA, TAP, correios, construção naval, hospitais e seguros da Caixa Geral de Depósitos, onde até já foi pré-selecionado o grupo AMIL.

 

 A TAP é o dossiê mais complexo…

 

Sim. Não há nenhuma empresa estatal brasileira, o que limita o Governo, que só pode incentivar as empresas a participar na licitação. Porém, o Governo brasileiro tem-no feito, tal como o chileno, devido à fusão da LAM com a TAM, que deu origem à companhia aérea LATAM.

 

 Não comprar a TAP seria perder uma oportunidade?

 

Não se fala apenas da LATAM. Há outros grupos, não necessariamente do sector dos transportes aéreos, que podem estar interessados. Há um grupo financeiramente poderoso interessado. Não é um consórcio, mas pode vir a sê-lo no Brasil, ou mesmo com outras empresas de fora, da região, europeias ou mesmo portuguesas. O interesse é para comprar toda a TAP ou pelo menos deter o controlo. Tenham em mente que a TAP pertence a uma aliança, a Star Alliance.

 

“O hub da TAP tem de falar português”

 

Um embaixador a toda a prova

 

Portugal não é um território desconhecido para o embaixador Mário Vilalva. Há 20 anos, já tendo percorrido capitais tão importantes como Washington, Pretória ou Roma, aporta em Lisboa, como conselheiro para a área económica da embaixada do Brasil, antes de seguir depois para Boston e Chile. Os conhecimentos e relações da época terão sido preciosos para esta segunda estada em Lisboa, a partir de 2010, num Portugal já muito mudado e sobretudo angustiado pelas agruras da intervenção financeira – e que olha para o Brasil, o ‘irmão’ que se transformou em potência, em busca de auxílio mas também desconfiado. Como tantas vezes na História, os portugueses demandam de novo o Brasil. Mário Vilalva maneja surpreendentemente bem os dossiês económicos. Não por acaso: no final dos 90, foi secretário de Estado do Planeamento (Governo de Fernando Henrique Cardoso), e diretor-geral para a Promoção Comercial no Ministério de Relações Exteriores (com Lula). Competências valiosas para os tempos que correm. Também aqui.

 

O que impede um pouco a LATAM de concorrer… 

 

Pode criar algum constrangimento. Mas há outra empresa no Brasil, a Gol, que é da Star Alliance. A Gol poderia entrar na privatização da TAP? Sozinha ou com outros grupos? É uma possibilidade. No fundo, há um grupo brasileiro que não tem nada que ver com o sector, existe a Gol, que tem a ver, e que pode fazer uma associação com outro grupo. Já pensaram na Gol e na Avianca, cujo controlador é um brasileiro?

 

A ANA será um dossiê tratado separadamente?

 

Sim. Mas há sinergias. Quem se interessa pela ANA (a CCR, empresa participada pela Camargo Corrêa, está a preparar-se para essa licitação) quer saber o que acontece com a TAP. Será o Governo português a medir os timings das privatizações. A manutenção do hub em Lisboa é fundamental e há uma convergência clara dos interesses estratégicos dos dois governos.

 

 

Manter o hub em Portugal é importante para o Brasil?

 

Muito. Queremos que esse hub continue a falar português. Claro que a África que fala português está na mesma linha de interesse estratégico.

 

 

Ao Brasil não interessa que seja a Ibéria a comprar a TAP.

 

Vamos pôr de outra maneira. Queremos a reafirmação da nossa língua no mundo, temos a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), porque não ter eixos aéreos?

 

 

O investimento brasileiro também está a ser canalizado para as pequenas e médias empresas (PME)?

 

Há interesse em vários sectores. Há, por exemplo, bancos interessados em financiar operações das PME. O facto de grandes empresas brasileiras estarem a vir para Portugal trará as pequenas como suas fornecedoras, que assim entram no mercado.

 

 

Portugal é um mercado pequeno e deprimido, porque é que vos interessa?

 

Portugal não é a porta, mas uma porta de entrada no mercado europeu. O Brasil tem relações comerciais com todos os países da Europa. Portugal tem a mais-valia da língua, e do jeito de ser e de fazer negócios.

 

O Brasil precisa de 20 mil engenheiros e está a dar bolsas a 100 mil pessoas.

 

É um investimento de três mil milhões de dólares, entre 2011 e 2015. Vai haver um aumento de bolseiros em Portugal, que vêm para as áreas técnicas (medicina, biotecnologia, engenharia). A Presidente Dilma está muito empenhada em que haja mais cooperação ao nível universitário, que incluirá a ida para o Brasil por um período de tempo de doutorados portugueses.

 

 

O ano de Portugal no Brasil e do Brasil em Portugal, que decorrerá entre setembro e junho, vai trazer novidades?

 

Haverá iniciativas e não apenas culturais. Vamos lançar um guia de investimentos e um guia de compras, em conjunto com a Câmara de Lisboa. Os brasileiros estão a viajar e a gastar muito dinheiro. Lisboa está muito competitiva e oferece língua, ótima gastronomia e história. O interesse dos brasileiros por Portugal tem vindo a aumentar desde os festejos do bicentenário da chegada da família real ao Brasil. O brasileiro gosta de comprar Lameirinho, Vista Alegre, Bordalo Pinheiro, roupa… O facto de a TAP viajar em voos diretos para dez cidades brasileiras e o novo interesse pela afinidade histórica é uma onda que tem de ser aproveitada.

 

 

E há os novos emigrantes portugueses…

 

É um elemento de enorme riqueza na nossa relação, que se repete na nossa história. Antes olhávamos para isto com alguma desconfiança. Agora é um elemento de alegria. Está mais que provado que a emigração é diversidade e dinamiza a economia. Vivemos um momento mágico das relações bilaterais, os governos têm de aproveitar para investir o máximo neste momento.

 

 Mas o exemplo da Cimpor, a primeira grande empresa comprada por brasileiros, que vai ser desmantelada, não pode criar alguma desconfiança?

 

Não posso falar por eles, e desconheço o projeto a longo prazo. Mas não acho que desincentive os investimentos brasileiros. A Embraer é um belíssimo investimento, a fábrica arranca agora e tem um efeito multiplicador, cria um cluster aeronáutico. Uma coisa é investir no cimento, outra em tecnologia. O ministro do Desenvolvimento, que inaugurará em setembro a fábrica, vai ter conversações com o ministro da Economia português, mas também com líderes patronais e os principais gestores. A conversa não vai ser sobre comprar e vender, mas sim sobre estratégia e o que queremos da nossa relação no futuro.

 

 

O Brasil não comprou a EDP e a China acabou por entrar no Brasil via EDP. Isso não cria ‘urticária’?

 

A China quer entrar no Brasil e entra porque a EDP tem investimentos lá. Não cria ‘urticária’ na medida em que os investimentos em áreas estratégicas estejam equilibrados. Se entendermos que os investimentos visam o controlo, não. É como tirar recursos naturais que são fundamentais para um país e passá-los para outro. Não faz sentido.

Ler mais: aqui

 

Expresso e rr

 

Dia 13 -O guia da austeridade aplicado pelo Governo de Portugal

Posted: 13 Sep 2012 04:29 AM PDT

Os portugueses integraram rapidamente no seu vocabulário as palavras “troika” e “austeridade”, usando-as muitas vezes como sinónimos. E a verdade é que o Memorando de Entendimento, assinado a 3 de maio de 2011, assinalou o início de uma avalancha de medidas que representaram um considerável aperto do cinto.

No entanto, o Governo foi além do que a troika exigia quando suspendeu os subsídios de Natal e férias dos funcionários públicos. Ontem mesmo, o chefe da missão do FMI para Portugal dizia que a troika também não exigiu as mexidas na TSU.

Família

1. O acesso aos cuidados de saúde ficou mais caro. A taxa moderadora numa consulta nos centros de saúde é de 5 euros e numa urgência ronda os 20 euros. As isenções são atribuídas com base no rendimento.

2. O IVA de diversos produtos, como a água engarrafada, aumentou para a taxa intermédia de 13%. Os refrigerantes passaram a estar sujeitos à taxa de 23%. O IVA na restauração subiu para 23%.

3. O IVA sobre o gás e a eletricidade subiu de 6 para 23% ainda em 2011. Este ano, o preço da eletricidade aumentou 4%.

4. O IMI – Imposto Municipal sobre Imóveis é agravado em 0,1% nas habitações reavaliadas ou transacionadas desde 2004. A taxa mínima passa de 0,5% e a máxima para 0,8%. Para alguns, os aumentos serão consideráveis.

5. As deduções com a habitação no IRS baixam para 15% num montante máximo de 591 euros. Antes eram de 30%. No próximo ano os descontos para IRS poderá aumentar se avançar a redução dos escalões.

 

6. As despesas de saúde passam a ser dedutíveis em sede de IRS apenas em 10%, menos 20% que os 30% até então aplicados. As deduções com seguros e educação também diminuiram.

7. Os transportes públicos sofrem um aumento de 15%, em Agosto de 2011, e no ínício de 2012 voltam a aumentar 5%.

 

8. Acabam os chamados passes sociais. Os reformados e estudantes deixam de ter direito a descontos. Os descontos dependem agora do rendimento.

9. As estradas sem custos para o utilizador, SCUT, passam todas a ser pagas.

Mais ricos

1. No ano passado, o Imposto Sobre Veículos (ISV) subiu 6,4% e no Orçamento do Estado estipulou-se que os montantes estavam sujeitos à cilindrada e às emissões de CO2. Assim, quanto mais cilindrada tem e quanto mais emitir CO2, mais paga de imposto. Em 2013, vai ser criado um imposto que agrava ainda mais o que os “veículos ligeiros de alta cilindrada” já pagam, contudo ainda não ficou claro a partir de que cilindrada é que se vai pagar esse imposto.

2. Criação de uma taxa de IRS adicional de 2,5% para os rendimentos anuais superiores a 153 300 euros. Esta soma à taxa de 46% aplicável a este escalão de rendimento. Ou seja, os mais ricos já eram alvos da austeridade.

3. As embarcações de recreio e as aeronaves de uso particular também vão passar a pagar mais. O Governo anunciou a medida ontem, mas não explicou de que forma é que iria cobrar mais aos detentores destes bens. Hoje, os barcos e jatos particulares pagam Imposto Único de Circulação (IUC).

4. As despesas com as casas, cujo valor patrimonial seja igual ou superior a um milhão de euros, vão também subir e ser agravadas com uma nova taxa em sede de Imposto de Selo. Este pode ser aplicado à posse e não apenas nas transações e deverá funcionar como uma receita que irá para os cofres do estado e não para as autarquias, como acontece com o IMI.

Função Pública

1. O corte salarial médio de 5% para remunerações acima de 1500 euros foi implementado em 2011 e será mantido até data incerta.

2. Sobretaxa de IRS no subsídio de Natal pago em 2011, equivalente a metade do valor líquido na parte que excedia os 485 euros

3. Suspensão parcial dos subsídios de férias e de Natal para salários superiores a 600 euros e inferiores a 1100 euros. A partir deste valor o corte é integral.

4. Manutenção do congelamento nas progressões remuneratórias.

 

5. Idade da reforma passa em 2013 (e não em 2015) dos 63 anos e seis meses para 65 anos e o congelamento das admissões não tem fim à vista.

6. Revisão das regras da mobilidade especial com descida dos valores pagos e maior penalização para quem recuse uma recolocação.

7. Possibilidade de rescisões por mútuo acordo.

8. Subida de 11% para 18% nas contribuições para a CGA ou Segurança Social (admitidos a partir de 2006).

Privados

1. Sobretaxa de 3,5% no subsídio de Natal equivalente a 50% do valor líquido na parte que excedia os 45 euros.

2. Sujeição ao pagamento de IRS e de Segurança Social do subsídio de refeição de valor acima dos 5,55 euros quando pago em dinheiro (6,41 euros quando pago através de título de refeição).

3. Suspensão das reformas antecipadas.

4. Suspensão da bonificação de três dias úteis de férias atribuída aos trabalhadores assíduos, o que faz com que o período de férias tenha caído de 25 para 22 dias.

5. Despedimento por inadaptação facilitado, deixando de estar dependente de alterações tecnológicas no local de trabalho.

6. Criação de um limite máximo para as indemnizações em caso de despedimento, passando este a ser equivalente a 12 meses de salário.

7. Subida de 11% para 18% nas contribuições para a Segurança Social.

Recibos Verdes

1. Em setembro de 2011, altura em que é apurado todos os anos o novo valor a pagar à Segurança Social com base nos rendimentos do ano anterior, os recibos verdes viram as suas regras mudar em resultado do novo Código Contributivo que tinha sido aprovado em janeiro desse ano.

2. Até 15 de Fevereiro de 2012, os trabalhadores independentes tiveram de fazer a declaração dos seus rendimentos. Em 2011, a declaração não foi exigida.

3. Os recibos verdes também terão direito.a acumular o subsídio de desemprego com um salário de um novo emprego. Só vai acontecer em 2013, mas já se ficou a saber este ano.

4. Em 2013, os trabalhadores independentes vão passar a descontar para a Segurança Social não 29,6% como até aqui, mas 30,7%. Uma subida de 1,1 pontos percentuais, menos do que os sete pontos percentuais agravados para os trabalhadores por conta de outrem, que passarão a pagar 18%, mas que resulta do facto de os trabalhadores independentes não terem patrão que desconte também.

 

Desemprego e RSI

1. Desde que foi assinado o Memorando com a troika, há mais 167 mil desempregados. No total são mais de 850 mil pessoas que estão sem emprego.

2. O subsídio de desemprego dura menos tempo e o valor máximo da prestação baixou. O limite máximo da prestação era de 1257,66 euros e passou para 1048,05 euros mensais. O tempo máximo de subsídio é de 26 meses e antes era de 36 meses.

3. A partir de julho deste ano, há uma redução de 20% no valor do Rendimento Social de Inserção (RSI). Um requerente só pode receber até um máximo de 189,52 euros no total e pode também ter direito a receber por cada pessoa maior de idade 94,76 euros e por cada menor 56,86 euros. Uma família de dois adultos e duas crianças recebe no máximo 398 euros.

4. O acesso ao RSI passa a ter em conta o valor patrimonial mobiliário, o valor dos bens imóveis do requerente e do agregado familiar.

5. A prestação é atribuída por 12 meses e está sujeita a renovação.

Capital

1. A tributação dos rendimentos de capital vai sofrer um agravamento já este ano.

2. Os dividendos, as mais-valias mobiliárias e as “royalties” vão passar a pagar uma taxa de 26,5% contra os atuais 25%. Os dividendos, as mais-valias mobiliárias e as “royalties” vão passar a pagar uma taxa de 26,5% contra os atuais 25%.

3. Os juros dos depósitos também não escapam, ao verem a fiscalidade agravada em 1,5 pontos percentuais. Este será o segundo aumento das taxas desde a chegada da troika, depois do aumento de 21,5% para 25% em novembro de 2011.

4. Segundo as explicações dadas anteontem pelo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo Núncio, estas medidas “serão introduzidas ainda em 2012 e continuarão em 2013 e nos anos seguintes”.

5. A subida de cinco pontos nas taxas liberatórias colocam Portugal num dos níveis mais elevados da Europa.

Pensionistas

1. Sobretaxa de 3,5% no subsídio de Natal pago em 2011.

2. Suspensão parcial dos subsídios de férias e de Natal para reformas entre 600 e 1100 euros e total a partir deste valor.

3. Redução da dedução específica de 6 mil para 4104 euros.

 

4. Congelamento do aumento das pensões, exceto para as mínimas.

5. Proibição de acumular a pensão com uma remuneração paga pelo desempenho em cargos públicos. Em 2012, a medida passou a abranger os reformados da Segurança Social ou de entidades gestoras de fundos de pensões públicas , até ai apenas visava os da CGA.

6. Agravamento da taxa de solidariedade passando esta a ser de 25% para as pensões de valor entre 5 mil e 7500 euros e de 50% na parte que excede este valor

7. Aplicação do corte antes aplicado aos funcionários públicos que incidirá sobre reformas a partir dos 1500 euros.

 

DIA 15MANIFESTO DE APOIO À MANIFESTAÇÃO “QUE SE LIXE A TROIKA!”

Manifesto de apoio à manifestação “Que se Lixe a Troika! Queremos as Nossas Vidas!”


Submetido por movimento12m em Qui, 13/09/2012 - 02:52

15 de Setembro : Governo para a rua!



Chegou a hora de parar quem desgoverna o país. Chegou a hora de mostrar que não queremos ir por aqui. É tempo de mandar o Governo para a rua – sábado é isso que exigimos!

Os tempos duros que vivemos servirão para encontrar uma solução, um futuro melhor. O sonho de uma verdadeira justiça social e de uma sociedade mais equitativa, em que a riqueza é redistribuída por quem menos tem, começou a 25 de Abril de 1974, mas não acabou!

As políticas do governo PSD/CDS estrangulam o país, oprimem as pessoas que aqui vivem, destroem a democracia e as nossas vidas. Nós dizemos basta!

É hoje claro que o Governo executa um programa político para o qual não foi eleito: o caminho que segue é o do genocídio social. Usando um discurso de técnicos e especialistas, tenta enganar as pessoas dizendo que tudo é inevitável, todas as medidas são necessárias, quaisquer meios são legítimos. Na verdade, percebemos, todos os dias, que as opções tomadas são ideológicas e de um extremismo pensado e propositado. Vendem-se ao desbarato empresas fundamentais para o desenvolvimento do país, limita-se a mobilidade, criminaliza-se a contestação, penaliza-se quem ganha menos, roubam-se os mais pobres, transferindo os rendimentos do trabalho para os especuladores financeiros. Retira-se o acesso à educação, à saúde, à cultura e, através de impostos criminosos, dificulta-se o acesso à alimentação.

Estas políticas tiram da boca de quem trabalha, de quem passa fome, para dar aos muito ricos, que têm as barrigas balofas de tanto comer.

Este governo quebrou o pacto social justificando-se com a mentira de que “os portugueses viveram acima das suas possibilidades”, e tudo o que tem feito é violar a Constituição, destruir os direitos fundamentais, aumentar o desemprego, a recessão e a dívida pública. O saque contínuo a que chamam “medidas de austeridade” não pode continuar.

Porque nunca um governo democraticamente eleito tinha mostrado tamanho desrespeito e desprezo pelo povo português. É hoje evidente que este Governo não é parte da solução - é o problema. A história ensina-nos que uma crise democrática só se resolve com mais democracia. E que as soluções se constroem com base na dignidade humana, na justiça social, no desenvolvimento sustentado, na soberania. É fundamental reconstruir o Estado Social.

É tempo de assumirmos a nossa responsabilidade política. No dia 15 de Setembro vamos sair à rua para exigir a demissão deste governo, porque é urgente mudar de rumo.

O Movimento 12 de Março assume um compromisso: construir alternativas!

É hoje claro para todas e todos que o Governo executa um programa político criminoso de forma impune:

Paulo Portas, actual Ministro dos Negócios Estrangeiros, não defende o interesse português na maior crise que atingiu a Europa desde a última Grande Guerra. Um verdadeiro político-submarino, que vem à tona sempre de cara lavada, como se alheio fosse a qualquer responsabilidade.

Vítor Gaspar e Álvaro Santos Pereira, Ministro das Finanças e Ministro da Economia e do Emprego, são os tecnocratas que, imbuídos duma fé ultra-liberal, de forma consciente e tirânica, suicidam a economia do país. Continua este Governo a aposta descarada na precarização de quem vive do seu trabalho e não de rendimentos. E insistem na injustiça social e aberração laboral que são os falsos recibos verdes.

Pedro Mota Soares, Ministro da Solidariedade e da Segurança Social, que lidera uma “caça às bruxas” aos beneficiários do Rendimento Social de Inserção e destrói a vida de centenas de milhares de trabalhadores a falsos recibos verdes que vêm as suas contas bancárias congeladas e bens penhorados por dívidas que legalmente não são deles.

Miguel Macedo, Ministro da Administração Interna, o único cujo orçamento foi reforçado, que recuperou sem vergonha tácticas antigas de manipulação de forças policiais para objectivos políticos de criminalização das pessoas que usam a rua como forma de protesto.

Nuno Crato, Ministro da Educação, que leva a cabo um dos maiores despedimentos colectivos que este país já assistiu, com um desprezo total não apenas pelo papel que os professores representam, como também pela dignidade que qualquer pessoa merece no seu trabalho. Um governante que assume a desigualdade como programa até nas crianças, usando a desigualdade educativa como forma de garantir, desde a infância, a desigualdade social.

Alexandre Miguel Mestre, Secretário de Estado da Juventude, cuja única intervenção relevante foi recomendar à juventude que emigrasse.

Miguel Relvas, Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, que é a antítese do que a democracia deveria ser em termos de transparência, de responsabilização e de ética. Um Governo que se deixa representar por um Relvas é um Governo que nunca o foi.

E a chefiar esta quadrilha sanguinária, Passos Coelho que tem “a coluna vertebral de um caracol”, nas palavras de um político português que nos deixou recentemente. Além de caracol, também é coxo: não é necessário relembrar o ror de mentiras, falsas promessas e inúmeras faltas de respeito que tem dirigido a quem pretende construir um futuro trabalhando e vivendo neste país.

Usa como desculpa o Governo que quer ser um "bom aluno". Poderíamos recomendar que começasse por estudar a História Contemporânea e a Política Económica entre 1918 e 1939. Mas o que quer dizer ser um "bom aluno" se ser um "bom aluno" é assassinar um país e um povo para ter boas notas com "professores" obscuros que conduzem a Europa para o precipício? Só numa escola de criminosos um Governo acha que é um "bom aluno" instaurando uma ditadura financeira que serve uma elite corrupta, fazendo prevalecer acima da democracia os interesses e privilégios privados. O "bom aluno" Passos Coelho não é nada mais que um fantoche da banca e do grande capital. A gota de água foi a subida da contribuição para a Segurança Social por parte dos trabalhadores: o Governo penaliza quem ganha menos, rouba aos pobres, para dar aos muito ricos.

http://www.movimento12m.org/?q=15setembro

 

 

DIA 16 – Bispos apelam à estabilidade política

Bispos apelam à estabilidade política

por Rita CarvalhoHoje

Num documento divulgado esta tarde, a Conferência Episcopal comenta a situação económica e social do país e pede "equidade nas soluções e na distribuição dos sacrifícios"

Os bispos portugueses apelaram hoje à estabilidade política e à equidade nas soluções e na distribuição dos sacrifícios. Numa nota divulgada esta tarde, a Conferência Episcopal Portuguesa refere que "as crises políticas" devem ser "uma exceção" e que, "em momentos críticos, podem comprometer soluções e atrasar dinamismos na sua busca".

Comentando a situação atual económica e social do país, os responsáveis católicos afirmam ainda que a estabilidade política requer "a busca permanente do maior consenso social e político".

O documento assinado pelos bispos foi conhecido esta tarde em Fátima depois da reunião do Conselho Permanente da Conferência Episcopal. Citando a Doutrina Social da Igreja, a hierarquia da Igreja Católica lembra ainda que "o bem da comunidade nacional exige de todos generosidade para não dar prioridade à busca de interesses particulares e a honestidade para renunciar a caminhos pouco dignos desses interesses".

Dia 17 – Manifestação do Dia 15 / Acesso no dia 17 setembro

De Braga a Portimão, milhares contra a austeridade


por Rita Carvalho com Lusa15 setembro 2012


Em Lisboa o protesto começou na praça José Fontana Fotografia © Paulo Spranger/Global Imagens

Em Lisboa, a sede do Fundo Monetário Internacional, no número 57 da Avenida da República, foi o único ponto de tensão. Pelo menos dois jovens foram detidos por lançar tomates contra o edifício. Um pouco por todo o país são milhares os que saíram às ruas para protestar contra a austeridade.

Em Lisboa gritos e algumas palavras de ordem têm vindo a ser pronunciadas pelos manifestantes em frente à sede do FMI. Foram ouvidos três petardos e pelos menos dois jovens foram detidos quando arremessavam tomates contra o edifício. Para além disso, um dos manifestantes atirou uma garrafa.

A polícia resolveu intervir, colocando oficiais com cães à porta do número 57 da Avenida da Republica.

Milhares de manifestantes encheram a Praça de Espanha, para onde convergiu o protesto. Lá foram recebidos com uma faixa gigante onde pode ler-se "Faz falta um novo 25 de Abril". Os pouco mais de três quilómetros que compõem o percurso desde a praça José Fontana demoraram mais de uma hora a ser percorridos.

Muitos gritaram palavras de ordem como "Portugal", "Gatunos" e "O povo unido jamais será vencido", tinham no ar os punhos cerrados e empunhavam a bandeira nacional.

A manifestação é contra as medidas de austeridade anunciadas pelo Governo, num protesto que decorre noutras 40 cidades portuguesas.

O apelo para a manifestação "Que se lixe a troika! Queremos as nossas vidas!" surgiu na Internet, através das redes sociais, e foi inicialmente organizada por algumas pessoas de Lisboa, mas acabou por ser acolhidade norte a sul de Portugal.

"Passos ladrão, não vales um tostão"

Cerca de um milhar de pessoas manifestaram-se em Portimão contra as medidas de austeridade impostas pelo Governo e pediram a demissão do executivo de coligação PSD/CDS-PP liderado por Pedro Passos Coelho.

Os manifestantes concentraram-se às 16:00, em frente da Câmara de Portimão, e desfilaram depois pelas ruas da baixa da cidade até à marginal, onde quem quis tomou a palavra para dizer o que entendia e protestar contra as medidas de austeridade, como as alterações à Taxa Social Única, que disseram estar a agravar o nível de vida dos portugueses.

Com palavras de ordem como "Passos ladrão, não vales um tostão" ou "Passos atenção, não queremos exploração" e cartazes com frases como "Troika que os pariu", os manifestantes deram voz ao seu desagrado pelo novo pacote de medidas de austeridade anunciadas e contra a situação difícil que o Algarve e o país atravessa em termos de desemprego.

"Não é admissível que este Governo, a mando da troika, queira formar milhares ou milhões de descamisados. Não admitimos. É uma tristeza, uma desgraça, os nossos governantes nunca cumprem o que promete. E vejam como está o nosso país: um milhão de desempregados, os jovens têm que emigrar", afirmou João Vasconcelos, da organização da manifestação.

Na hora de ir embora

No centro histórico de Évora juntaram-se cerca de 500 pessoas contra as medidas de austeridade.

Os manifestantes começaram a chegar à Praça do Giraldo, considerada a 'sala de visitas' de Évora, por volta das 17:00, percorreram algumas das principais ruas até aos Paços do Concelho e voltaram à principal praça da cidade, onde foram feitos os discursos.

Empunhando cartazes contra o Governo e a troika, os manifestantes gritaram palavras de ordem como "Está na hora de o Governo ir embora" e "O povo unido jamais será vencido".

Lúcio Caeiro, um dos organizadores do protesto em Évora, disse à Lusa que "não esperava" a participação de tantas pessoas e realçou que esta adesão "significa que os portugueses estão indignados".

Da Luisa Todi à praça do Bocage

Na cidade de Setúbal, cerca de três a quatro mil pessoas concentraram-se no Largo José Afonso e desfilaram pela Avenida Luísa Todi até à Praça do Bocage.

Durante o protesto contra as medidas de austeridade ouviram-se palavras de ordem a pedir a demissão do Governo e cantou-se o hino nacional.

Cerca de 1.500 pessoas, segundo dados da PSP, juntaram-se hoje no centro de Vila Real também em protesto contra as medidas de austeridade anunciadas pelo Governo.

Na cidade onde cresceu, o primeiro-ministro foi vaiado e até convidado a seguir o seu próprio conselho e emigrar.

"Pedro vai para a rua!", gritaram em uníssono os manifestantes, muitos deles professores, jovens e desempregados.

"Sacríficos? Tenham juízo" ou "Governo PPC, cavalo de troika", foram algumas das palavras de ordem que se podiam ler nos cartazes espalhados pela praça do município.

Braga ordeira

Em Braga, a manifestação juntou, segundo a PSP local, cerca de cinco mil pessoas e decorreu de forma "totalmente ordeira e pacífica".

"Não há nenhum incidente a registar", disse à Lusa o subintendente Daniel Mendes, do comando distrital de Braga da PSP.

O protesto decorreu desde as 15:00 até perto das 18:20, tendo tido como epicentro a Avenida Central, onde os populares interessados tiveram direito a fazer discursos de quatro minutos.


 

 

Dia 18 – Mário Soares pede saíde da Passos Porto


Posted: 18 Sep 2012 03:31 PM PDT


As declarações de Mario Soares já não surpreendem ninguém porque ultrapassam o bom senso e a responsabilidade.

O ex-Presidente da República Mário Soares disse que o executivo liderado por Pedro Passos Coelho está «moribundo» e sugeriu que o chefe de Estado nomeie um novo Governo sem recurso a eleições antecipadas.

«Se o Governo não se sente moribundo é porque não tem sensibilidade. Se o Governo tivesse sensibilidade talvez se demitisse, mas como não tem sensibilidade não se demite por enquanto. Mas devia demitir-se, como já devia ter demitido o senhor [ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares] Miguel Relvas e não demitiu», referiu o ex-Presidente da República.

Confrontado com a gravidade de um cenário de crise política em Portugal, num momento em que o país se encontra sob assistência financeira externa, o ex-chefe de Estado deu a seguinte resposta: «Mas se o país ficar assim [como está], acham que Portugal fica bem?».

«A crise está instalada. Querem maior crise do que o país a gritar vão-se embora e a chamar gatunos aos membros do Governo? Foi o que aconteceu no sábado», comentou.

Neste contexto, Mário Soares foi questionado se é possível ser nomeado um novo Governo sem recurso a eleições antecipadas, respondendo que esse cenário é possível «e depende do Presidente da República», Cavaco Silva.

Depois, Mário Soares deixou uma pergunta aos jornalistas, dando como exemplo a forma como foi resolvida a última crise política em Itália.

«Como caiu [o ex-primeiro-ministro de Itália] Sílvio Berlusconi? A pergunta que deve ser feita é quem é o nosso [Giorgio] Napolitano [chefe de Estado italiano], que foi quem provocou essa queda», contrapôs Mário Soares.

«Estamos num momento de crise e está a tentar-se destruir uma parte daquilo que foi feito desde o 25 de Abril de 1974 até agora. Tudo aquilo que é social está a ir abaixo e é por isso que o Governo está numa situação de crise e que os portugueses se manifestaram sábado passado de uma maneira tão espontânea e tão clara», sustentou o ex-chefe de Estado.

O que Mario Soares deixou de dizer, é que a crise que os portugueses estão a passar, deve-se essencialmente, aos governos do PS, na verdade o grande culpado.

 

 

Dia 19Uma visão histórica

Um entendimento elementar

por VASCO GRAÇA MOURA

http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=2777785&seccao=Vasco Gra%E7a Moura&tag=Opini%E3o - Em Foco&page=-1

Neste tórrido final de Verão do nosso descontentamento, toda a gente está de acordo sobre a violência inusitada da austeridade e das medidas que lhe correspondem. O próprio Governo o reconheceu e a situação entretanto agudizou-se a um ponto tal que uma dinâmica colectiva gerada na rua pode ter as mais sérias consequências no funcionamento das instituições, sem que seja possível reflectir com serenidade sobre a situação que o país atravessa, sobre aquilo que deve ser feito e sobre as consequências de se enveredar por este ou por aquele caminho.

Foram impressionantes as manifestações, mas não menos impressionante foi a enorme disparidade das motivações e das finalidades que, ao longo da tarde de 15 de Setembro, as inúmeras entrevistas dos repórteres de serviço iam registando pontualmente na televisão. Certamente que a nota mais pungente era o beco sem saída em que uma grande quantidade de seres humanos se sente em termos pessoais, profissionais e familiares, num buraco sem esperança e sem emprego, sem recursos e sem horizonte de futuro, tendo sido sem conta os casos e circunstâncias testemunhados em concreto por quem está a vivê-los. Todavia uma outra nota, com idêntica relevância e, por sinal, a que correspondia à palavra de ordem principal das manifestações, era a da ruptura sem rodeios com a troika e com o memorando a que Portugal está vinculado. Esta orientação radical que parecia seriamente interiorizada pela opinião pública é extremamente preocupante.

Toda a gente viu que aquela massa humana desfilava sem grande enquadramento. Muitos tinham ar de pertencer à classe média, iam pela primeira vez na vida a uma manifestação e exprimiam com razoável propriedade os seus problemas, o seu protesto e os seus anseios. A palavra de ordem da ruptura parece ter sido subscrita com grande veemência por muita gente que não tem nada a ver com a esquerda propriamente dita, nem com as organizações partidárias ou sindicais, embora também lá houvesse sinais da preocupante presença delas. E essa generalização transversal do protesto é provavelmente o facto que gera mais inquietação, uma vez que não traduz apenas o imediatismo acrítico de uma reacção popular inorgânica, mas envolve também a rejeição de uma situação que é inescapável, independentemente da questão da TSU.

O grau de envolvimento popular, sistemático pelo menos nas dezenas de cidades em que teve expressão e, em particular, mas mega-manifestações de Lisboa e Porto, põe outros problemas. Desta vez, não houve perturbações da ordem, nem grandes problemas com a segurança de pessoas e bens. Mas da próxima vez pode haver. Escutaram-se apelos à revolta, ao derrube revolucionário do Governo, à solidariedade entre polícias e populações, à democracia directa, pondo em causa o modelo representativo.

Se viesse a gerar-se um clima pré-revolucionário, ele acarretaria consigo um terrível potencial de destruição das estruturas políticas e da própria organização social, com não menos terríveis consequências no plano da situação de Portugal face à União Europeia e aos seus credores e, na prática, carências tremendas e insolúveis de toda a ordem, susceptíveis de afectar ainda mais gravemente o bem-estar das populações e de pôr a democracia em crise em termos irreversíveis.

As coisas chegaram a tal ponto que, neste momento, interessa menos a questão de saber se as medidas anunciadas foram bem ou mal servidas politicamente, do que avaliar e reflectir naquilo que pode acontecer, se se vier desagregar a coligação e o país se converter numa espécie de barco à deriva num tsunami de conflitualidade social.

A situação tornar-se-ia desse modo cada vez mais explosiva, uma vez que a solvabilidade e a credibilidade do Estado acabariam por entrar em colapso, o auxílio externo ficaria ipso facto irremediavelmente comprometido e a satisfação das necessidades colectivas essenciais tornar-se-ia ainda mais deficiente do que é hoje, de nada valendo o ressentimento, a indignação ou a revolta das populações.

É por tudo isso que a situação política e institucional pede uma clarificação tão rápida quanto possível e, sobretudo, um entendimento elementar dos partidos do arco do poder.

Por decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.

 

Dia 20 – Governo: cai popularidade


Posted: 20 Sep 2012 07:15 AM PDT

Sete pontos percentuais separam hoje o PS do PSD na intenção de voto dos portugueses na primeira sondagem da Universidade Católica publicada após as manifestações de sábado contra a austeridade.

Na sondagem, publicada hoje no Diário de Notícias e Jornal de Notícias e realizada após as manifestações de sábado, o PS reúne 31 por cento das intenções de voto e o PSD 24 por cento, enquanto num estudo publicado no fim de semana pelo semanário Expresso os socialistas tinham 33,7 por cento e os sociais-democratas 33 por cento.

Uma outra sondagem publicada no Correio da Manhã, dois dias antes da manifestação, o PS obteve 35,4 por cento contra 33,3 por cento do PSD.

A sondagem da Universidade Católica para o Diário de Notícias, Jornal de Notícias, Antena 1 e RTP indica que o PSD perdeu 12 pontos percentuais em relação à sondagem de junho e tem hoje o apoio de 24 por cento dos inquiridos.

Segundo o barómetro, a CDU surge como a terceira maior força politica, com 13 por cento das intenções de voto, seguido do Bloco de Esquerda (BE), com 11 por cento, e do CDS-PP, com sete por cento.

De acordo com a sondagem do Correio da Manhã, publicada a 13 de setembro, antes do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, anunciar ao país o aumento das contribuições para a Segurança Social – o PS (35,4 por cento) estava à frente do PSD (33,3 por cento) na intenção de voto dos eleitores.

O barómetro do CM referia que a intenção de voto legislativo dos portugueses caiu de 35 por cento em julho para 33,3 por cento em setembro enquanto o partido de António José Seguro passou dos 30,8 por cento para os 35,4 por cento.

Quanto ao CDS, o parceiro do CSD na coligação governamental, registava uma queda na intenção de voto legislativo, descendo dos 7,9 para os 7,1 por cento.

No que diz respeito à avaliação dos líderes partidários, a sondagem do CM indicava que Pedro Passos Coelho e Paulo Portas obtinham nota baixa com 6,7 e 7,9 por cento, respetivamente, Jerónimo de Sousa (PCP) obteve 9,7 e Francisco Louçã (BE) com 9,9 por cento. António José Seguro foi o único líder partidário a ter nota positiva com 10,3 por cento.

Também uma sondagem publicada no passado fim de semana no semanário Expresso, a primeira depois da apresentação das novas medidas de austeridade, revelava que o PS, com 33,7 por cento, ultrapassava o PSD, com 33 por cento, na intenção de voto.

De acordo com os dados da Eurosondagem para o Expresso e SIC, o CDS-PP registava 10,3 por cento, a CDU 9,3 por cento e o BE sete por cento.

De acordo com a respetiva ficha técnica, a sonsagem da Universidade Católica para a Antena 1, a RTP, o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias foi realizada nos dias 15, 16 e 17 de setembro de 2012, sendo o universo alvo composto por indivíduos com 18 ou mais anos recenseados eleitoralmente e residentes em Portugal Continental.

Foram selecionadas aleatoriamente dezanove freguesias do país e obtidos 1132 inquéritos válidos, sendo que 60 por cento dos inquiridos eram do sexo feminino, 34 por cento da região Norte, 22 por cento do Centro, 29 por cento de Lisboa e Vale do Tejo, oito por cento do Alentejo e sete por cento do Algarve.

A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 1132 inquiridos é de 2,9 por cento, com um nível de confiança de 95 por cento.

i + imagem DN

 

Dia 21 – Novo acordo de segurança social


Posted: 20 Sep 2012 07:59 AM PDT

A Câmara dos Deputados brasileira aprovou ontem, em plenário, um acordo de segurança social entre o Brasil e Portugal, segundo o qual os imigrantes legais entre os países terão direitos a novos benefícios assistenciais.

O projeto de Decreto Legislativo, com o número 555/12, regulamenta um acordo assinado entre os países em 2006, que expande os benefícios dos migrantes em casos de invalidez, velhice, viuvez e orfandade. O texto ainda tem de ser aprovado pelo Senado brasileiro para entrar em vigor.

O texto prevê que os migrantes portugueses terão direito ao Sistema Único de Saúde e à Lei Orgânica de Assistência Social no Brasil, assim como os brasileiros às normas do regime não contributivo de solidariedade de segurança social em Portugal.



por Helena Sacadura Cabral | Publicado em 01.09.12/Acesso 22 set/12


 

Perante uma crise que parece ter-se instalado, a Europa mais pobre está a assistir, desde 2008, a uma vaga de fuga de cérebros em procura de trabalho.

Quem são este jovens que estão a sair dos seus países de origem? São engenheiros, médicos, consultores, investigadores que abandonam a Espanha, a Irlanda, a Grécia, a Itália e Portugal. A maioria deles ainda não tem trinta anos, nem família constituída. Possuem um diploma e não conseguem encontrar ocupação. Metem-se num avião low cost, com bilhete só de ida e partem à aventura alterando o saldo migratório que antes fazia dos seus países uma terra de acolhimento.

De facto, e falando só dos nossos vizinhos, aquele saldo perdeu em 2011 mais de 50000 pessoas, tornando-se pela primeira vez negativo.

Por outro lado, uma análise da taxa de desemprego dos que possuem menos de 25 anos revela, para os chamados Piigs (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha), números preocupantes. Assim, em Espanha situa-se nos 53,27%, na Grécia nos 51%, na Itália nos 36,2%, em Portugal nos 35,54% e na Irlanda nos 28,5%.

E para onde vai esta diáspora? Estudos realizados mostram que se deslocam para os países mais ricos, nomeadamente a Alemanha, a Suíça, a Austria, a Holanda, a Noruega...

Mas ensaiando primeiro as afinidades culturais os portugueses procuram o Brasil ou Angola, os espanhóis a América Latina, os jovens de origem turca retornam às margens do Bosforo, os irlandeses a Grã- Bretanha ou os Estados Unidos.

No fundo, qualquer dos elementos que compõem esta geração perdida, procura apenas realizar o seu sonho de um futuro melhor.

Se este fenómeno persistir sem que sejam acauteladas medidas de redenção para esta "economia da inteligência", as consequências económicas e demográficas serão incalculáveis. E nem sequer falo dos efeitos sociais em cada um dos países que estes jovens abandonam, onde a taxa de natalidade enfraquece e a de velhice acelera


 

Dia 23- Vai-se o ouro

TV Globo diz que crise econômica faz de Portugal um exportador de ouro

 

Posted: 22 Aug 2012 06:28 AM PDT – Acesso nesta data

 

 

Em Portugal, a crise econômica está provocando um novo fenômeno. Famílias estão se desfazendo de joias, a ponto de transformar o país em um exportador de ouro. Quem mostra é o novo correspondente em Lisboa, André Luiz Azevedo.

 

O ouro foi durante muito tempo um dos símbolos do poder e da riqueza de Portugal.  As igrejas cobertas de dourado ainda mostram o esplendor dessa época. Os portugueses sempre foram mestres na transformação do ouro em arte. As joias portuguesas de filigrana sempre foram famosas e cobiçadas. Lisboa é lotada de joalherias.

 

O ouro que já foi símbolo da riqueza do país agora é mais um sinal da crise. O comércio de ouro está se espalhando pelas ruas da cidade, como Lisboa, mas não para vender joias, para comprar ouro. Portugal, que nunca foi um grande produtor, não tem garimpos, vendeu nos seis primeiros meses de 2012 nove toneladas e meia de ouro para o exterior. O país já vai ganhar mais dinheiro vendendo ouro do que vinho.

 

Em um país pequeno, já são mais de 500 lojas especializadas. Os anúncios estão por toda a parte. Uma cadeia internacional anunciou que vai abrir mais 75 pontos no país. Para evitar roubo, a legislação obriga que os comerciantes guardem a mercadoria durante 21 dias para uma possível investigação policial. Depois, as joias podem ser derretidas e vão em barra para o exterior. O maior comprador são as joalherias da Bélgica, mas até a China compra o ouro reciclado português.

 

Segundo os dados oficiais, as exportações de ouro aumentaram 83% este ano em relação a 2011. Os portugueses que vendem suas joias, não querem falar publicamente. Só o joalheiro comprador é quem conversa com a equipe do Jornal Nacional. Esse parece ser mesmo um dos poucos negócios que ainda crescem em Portugal nessa época de crise.

 

“ Esperamos que assim que acabar essa crise europeia, as coisas tomem o seu caminho correto. Vão-se os anéis, mas ficam os dedos”, brinca o homem.

 

Gl

 

 

 

Dia 24 – Portugueses no Brasil

Brasil é oportunidade para engenheiros e arquitectos portugueses. Problema é a buroracia

 

Posted: 22 Aug 2012 02:47 PM PDT – O POVO – Portugal sem Passaporte – Acesso na data

 

É arquitecto ou engenheiro e ambiciona trabalhar no Brasil?

 

O Brasil é, neste momento, um dos pólos mundiais da arquitectura e da engenharia. Com o acolhimento da Copa das Confederações Brasil 2013, do Mundial de Futebol, em 2014, e dos Jogos Olímpicos, em 2016, a procura deste profissionais dispara. A oferta está a responder à altura e muitas das respostas são dadas por portugueses.

 

A Confederação da Indústria garantiu que o Brasil irá precisar de 120 mil engenheiros até ao fim de 2012. A rota até solo brasileiro está já em marcha para muitos portugueses. Só nos primeiros seis meses de 2012, mais de 50 mil pediram residência no Brasil.

 

Gonçalo Carneiro, um jovem português licenciado em engenharia mecânica, está a pensar seriamente em rumar ao Brasil, para trabalhar na área em que investiu enquanto estudante.

 

Um engenheiro sem grande experiência pode auferir entre 900 e 1800 euros no Brasil, com perspectivas de progressão de carreira. O salto faz passar o salário para um patamar situado entre os três mil e os 4.500 euros, cenário que se afigura difícil conseguir em Portugal.

 

“O vencimento é incomparavelmente superior”, confirma Gonçalo Carneiro, 22 anos, em declaraçõesà Renascença. Recém-licenciado em Engenharia Mecânica pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Gonçalo põe o Brasil como uma hipótese de carreira.



 

O facto de ter conhecimentos no país ajuda a que a ida se torne mais fácil. Além disso, afirma adorar “o povo, o clima e o tipo de vida” do Brasil e dos brasileiros. A situação em Portugal é difícil e o recém-licenciado lamenta  a estagnação em que o país se encontra, ainda que surjam, ainda, “algumas oportunidades”.

 

Muitos colegas que concluíram o curso com Gonçalo encaram fortemente a possibilidade de emigrarem e o Brasil oferece “excelentes oportunidades para engenharia”. No meio, verifica-se que “as empresas estão constantemente a contratar e com óptimas condições”. “Estão na crista da onda. Conheço brasileiros que têm empresas e está tudo em crescimento”, afirma Gonçalo.

 

O mais difícil para quem quer partir é a obtenção do visto de entrada no país. “Engenharia nem é dos piores casos, porque eles precisam de engenheiros. Em artes, cinemas e produção de eventos é mais complicado, porque há muitos brasileiros com esse tipo de curso”, explica.

 

A burocracia acaba por ser o travão mais forte à tendência de emigrar para o Brasil, explica o jovem engenheiro: “Se uma empresa abre entrevistas, sabe que, se gostar de um português e quiser contratá-lo, vai ter muito trabalho, porque tem que explicar ao governo brasileiro as razões de preferir um português a um brasileiro”. Além disso, sublinha Gonçalo Carneiro, “a empresa tem que pagar o visto”.

 

 

 

Há quase 600 engenheiros portugueses a trabalhar no Brasil

 

Quase 600 engenheiros portugueses estão a trabalhar no Brasil, segundo dados fornecidos pelo Confea – Conselho Federal de Engenharia e Agronomia brasileiro.

 

 

 

Dia 25 - Jovens do Brasil e Portugal discutem de 25 a 27, no RJ,  os novos horizontes para futuro global

Posted: 10 Sep 2012 04:51 AM PDT – O POVO

José Machado Pais (Universidade de Lisboa) é um dos conferencistas

 Jovens, Subjetividades e Novos Horizontes será o tema do Seminario Internacional Brasil & Portugal que será realizado entre os dias 25 e 27 de setembro de 2012, na Universidade Candido Mendes no Rio de Janeiro. O evento tem o apoio da FAPERJ – Fundação de Apoio a Pesquisa do Rio de Janeiro e da CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior e terá lugar na Universidade Candido Mendes, Teatro João Theotonio,Rua da Assembléia, 10, Subsolo, Centro, RJ

O objetivo deste seminário é propor o encontro e o debate entre pesquisadores dedicados ao estudo das culturas jovens nos dois países, a fim de refletir sobre as especificidades e os atravessamentos comuns das afetações provocadas, nas subjetividades juvenis brasileiras e européias, pelas recentes configurações conexionistas que vêm assumindo o capitalismo mundial

O Seminário será uma oportunidade para compartilhar com a comunidade brasileira de pesquisadores da temática da juventude, bem como para tornar acessível à sociedade mais ampla, as reflexões que vem sendo desenvolvidas no âmbito do convênio de cooperação científica entre o CESAP/UCAM e o Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, ambas instituições com ampla tradição e expertise no estudo das culturas jovens.

A programação proposta contempla um conjunto de conferência e mesas redondas no qual os pesquisadores integrantes do convênio, brasileiros e portugueses, apresentam e discutem as pesquisas em curso, bem como reúnem-se para lançar o livro, Criatividade, Juventude e Novos Horizontes Profissionais, resultante da parceria entre o CESAP e o ICS.

Além disso, cinco Grupos de Trabalho coordenados por João Freire Filho (ECO-UFRJ), Silvia Ramos (CESEC-UCAM), Paulo Carrano (UFF), Claudia Pereira (PUC-Rio) e Andreas Valentin (IUPERJ-UCAM) compõem a programação do Seminário.

Participantes do evento: José Machado Pais (Universidade de Lisboa),Maria Isabel Mendes de Almeida (UCAM/ PUC-Rio)

José Alberto Simões (Universidade Nova de Lisboa), Ana Maria Nicolaci-da-Costa (PUC-Rio), Vitor Sérgio Ferreira(Universidade de Lisboa), Silvia Ramos (CESEC-UCAM), João Freire Filho (ECO-UFRJ), Fernanda Eugenio (CESAP-UCAM)

Paulo Carrano (UFF), Claudia da Silvia Pereira (PUC-Rio) e Andreas Valentin (IUPERJ-UCAM).

                                                                        ---

 o Seminário visa chamar a atenção para as mais recentes reorganizações nas relações entre Brasil e Portugal, que vêm se manifestando através da transformação dos perfis migratórios juvenis. Para além dessas novas dimensões de influência recíproca, as investigações das questões jovens nos dois países apontam para dimensões comparativas particularmente reveladoras dos processos de subjetivação contemporâneos: em Portugal, a figura da “geração à rasca”, cujas perspectivas a crise econômica teria comprometido severamente, convive com a criatividade da juventude “desenrascada”; no Brasil, a “liberação como tática” e a capacidade de trabalhar “nas brechas”, reavivando o conhecido “jeitinho brasileiro” em empreendedorismos juvenis cada vez mais inventivos, convive com as ainda profundas desigualdades sociais do país.

O Seminário será uma oportunidade para compartilhar com a comunidade brasileira de pesquisadores da temática da juventude, bem como para tornar acessível à sociedade mais ampla, as reflexões que vem sendo desenvolvidas no âmbito do convênio de cooperação científica entre o CESAP/UCAM e o Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, ambas instituições com ampla tradição e expertise no estudo das culturas jovens.

Programação

1º DIA: 25/09/2012

14:00-14:30 – ABERTURA

CANDIDO MENDES (Reitor, Universidade Candido Mendes)

GERALDO TADEU (Diretor Geral, IUPERJ)

MARIA ISABEL MENDES DE ALMEIDA (Pró-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa CESAP-UCAM/PUC-RIO)

14:30-16:00 – CONFERÊNCIA

Juventudes contemporâneas: Interlocuções Brasil e Portugal

JOSÉ MACHADO PAIS (ICS-UL)

SILVIA RAMOS (CESEC – UCAM)

16:30-18:30 – MESA 1 – Criatividade e redesenhos da subjetividade nos afazeres artísticos

Moderador: José Alberto Simões (FCSH – Universidade Nova de Lisboa)

Criatividade situada, funcionamento consequente e orquestração do tempo nas práticas profissionais contemporâneas

FERNANDA EUGÊNIO (CESAP – UCAM)

Criativização da prática de tatuar: novos saberes, novos fazeres e novas formas de ser tatuador em Portugal

VITOR SÉRGIO FERREIRA (Pesquisador Pós-Doc | ICS-UL)

2º DIA: 26/09/2012

08:30-11:30 – GRUPOS DE TRABALHO: 1ª SESSÃO

13:00-16:00 – GRUPOS DE TRABALHO: 2ª SESSÃO

GT1: Subjetividades, violência e trajetórias juvenis

Coordenação: SILVIA RAMOS (CESEC-UCAM)

GT2: Arte Jovem: as novas fronteiras da produção artística e cultural

Coordenação: ANDREAS VALENTIN (IUPERJ-UCAM)

GT3: Juventude: Consumo, mídia e novas tecnologias

Coordenação: CLAUDIA DA SILVA PEREIRA (PUC-Rio)

GT4: Educação e trabalho na experiência juvenil

Coordenação: PAULO CARRANO (UFF)

GT5: Juventude, Subjetividade e Performance

Coordenação: JOÃO FREIRE FILHO (ECO-UFRJ)

16:30-18:30 – MESA 2 -Transformação de gerações potenciais em gerações efetivas?

Moderador: Vitor Sérgio Ferreira (ICS-UL)

Criatividade contemporânea e os redesenhos das relações entre autor e obra: a exaustão do rompante criador

MARIA ISABEL MENDES DE ALMEIDA (CESAP-UCAM/PUC-RIO)

O mundo aos quadradinhos: o agir da obliquidade

JOSÉ MACHADO PAIS (ICS-UL)

3º DIA: 27/09/2012

13:00-16:00 – GRUPOS DE TRABALHO: 3ª SESSÃO

16:30-18:30 – MESA 3 – Talentos online: Internet e a nova Ágora

Moderadora: Maria Isabel Mendes de Almeida (CESAP-UCAM/PUC-RIO)

Talentos on-line: a profissionalização da criatividade via Internet

ANA MARIA NICOLACI-DA-COSTA (PUC-Rio)

Viver (d)o hip-hop: entre o amadorismo e a profissionalização

JOSÉ ALBERTO SIMÕES (FCSH – Universidade Nova de Lisboa)

18:30-19:30 – LANÇAMENTO DO LIVRO & ENCERRAMENTO

“Criatividade, Juventude e Novos Horizontes Profissionais”

Com a presença dos autores José Machado Pais, Maria Isabel Mendes de Almeida, José Alberto Simões, Ana Maria Nicolaci-da-Costa, Fernanda Eugenio e Vitor Sérgio Ferreira.

As inscrições estão abertas até o dia 20 de setembro.

Fonte 0 O POVO – Portugal sem passaporte

 

Dia 26 – Cartas de Portugal – Paulo Timm – A Crise Econômica

Cartas de Portugal


Paulo Timm – Publicado www.sul21.com.br em 25/09/12 |


 

Os resultados do exercício contrafactual sugerem que, nos primeiros 11
anos, o euro teve um impacto negativo na evolução do PIB”.

( Luís Aguiar-Conraria†Fernando Alexandre – O euro e o crescimento da economia portuguesa:uma análise contrafactual)

I

Vim ver e vi. Estou em Portugal, entre idas e vindas ao Brasil, há pouco mais de um ano. Parte por razões sentimentais; outra parte por amar a língua a que me dedico como cronista e aqui encontro estímulos; mas também para analisar a crise, de perto. Como economista tenho acompanhado, passo a passo, o caminho da humanidade rumo a insensatez, desde 2008. É pior do que se comenta, embora, aqui, não se a perceba , nas ruas, como catástrofe social . Explico: Portugal é um país que, além de uma alta renda- US $ 21.558 p/c em 2010, muito melhor distribuída do que no Brasil, tem uma qualidade de vida excepcional. Mais de 70% da população tem residência própria, o nível de escolaridade é tão bom e tão alto que já se fala em sobre-escolarização, fenômeno , aliás que já atinge outros países. A saúde é praticamente universalizada. Não há expressivos bolsões de miséria, como vemos na América Latina.Tudo isso se revela na excelência da qualidade de vida no país, de população igual mas em território substancialmente menor que o Estado do Rio Grande do Sule mais rico.( O PIB em 2010 de Portugal, em dólares era equivalente ao do Rio Grande em reais.) O país modernizou-se bastante depois do 25 de abril de 1974 – Revolução dos Cravos, e particularmente depois da integração com a Europa, em 1986.

O crescimento económico português esteve acima da média da União Europeia na maior parte da década de 1990. O PIB per capita ronda os 76 % das maiores economias ocidentais europeias. A lista ordenada anual de competitividade de 2005 do Fórum Económico Mundial (WEF — World Economic Forum), coloca Portugal no 22.º lugar, à frente de países como a Espanha, Irlanda, França, Bélgica e da cidade de Hong Kong. Esta classificação representa uma subida de dois lugares face à posição de 2004. No contexto tecnológico, Portugal aparece na 34.ª posição da lista e na rubrica das instituições públicas, Portugal é 24.ª melhor.[135]

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Portugal)



Sobre esse pano de fundo, sobreveio a crise recente, levando o Governo Socialista de Portugal a firmar um Memorando de Entendimento , em 03 de maio de 2011, com as autoridades monetárias européias, popularizadas como Troika – Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional. Esse protocolo assinalou o início de uma era de austeridade no país, com considerável aperto do cinto nos salários e aumento de impostos. E a queda do Gabinete de José Sócrates, do Partido Socialista.

O Memorando de Políticas Económicas e Financeiras, também conhecido como Memorando de Entendimento ou Plano da Troica[1], é um acordo de entendimento celebrado em maio de 2011 entre o Estado Português e o Fundo Monetário Internacional, a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu, visando o equilíbrio das contas públicas e o aumento da competitividade em Portugal, como condição necessária para o empréstimo pecuniário de 78 mil milhões de euros que estas três entidades concederam ao Estado português.[2]

Segundo o memorando de entendimento firmado entre o Governo e a troica, o compromisso de Portugal foi atingir um défice de 5,9 por cento em 2011 (contra os 4,6 por cento anteriores), 4,5 por cento em 2012 e 3 por cento em 2013, quando a meta anterior era de 2 por cento.

O memorando indica que estas metas irão estabilizar a dívida pública por volta de 2013, acrescentando que tal reflete um apropriado equilíbrio entre as ações necessárias para restaurar a confiança dos mercados e assegurar que este ajustamento não prejudique excessivamente o desenvolvimento da economia e do emprego.[3

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Memorando_de_Pol%C3%ADticas_Econ%C3%B3micas_e_Financeiras)

Com a saída dos socialistas, há pouco mais de um ano, sobe ao Poder uma coligação conservadora de dois Partidos - PDS + PSD- , sob o comando de Passos Porto. Desde então, o aperto fiscal só vem se acentuando, sem que a economia dê qualquer sinal de recuperação. Já no terceiro trimestre de 2011 revelava uma contração de 0,6% do PIB , ainda que, dentre todos os países da Zona do Euro tenham tido resultados ainda piores, com exceção de Alemanha e França, que tiveram ligeiro crescimento. Passado um ano do novo Governo, entretanto, os resultados são pífios: http://www.tsf.pt/Programas/programa.aspx?content_id=1395172&audio_id=2529252 .

A crise aqui, como na Irlanda, na Grécia e na Espanha é de origem financeira e como lá se expressa por altas taxas de desemprego, queda dos salários reais e por uma retração dos gastos públicos que restringe benefícios sociais.. Há quase um milhão de desempregados no país, afirma Relatório do próprio Governo, alarmado com o agravamento da situação, que corresponde a uma taxa que vem se multiplicando nos últimos vinte anos, até chegar aos atuais 15,5%, com previsão de 16% em 2013 http://www.portugal.gov.pt/media/615432/20120601_mef_desemprego.pdf

De cerca de 5.5%, em média, na década de 1990 o desemprego estrutural terá aumentado para cerca de 8.5%, em média, na última década. Nos anos recentes esta tendência de aumento agravou-se para valores da ordem os 11.5%. De acordo com estas estimativas a taxa de desemprego estrutural mais que duplicou num período de vinte anos.”

As origens mais remotas da Crise Econômica, porém, estão na forma de incorporação de Portugal à União Europeia- UE, em 1986 e , sobretudo, seu ingresso na Zona do Euro mediante adoção esta moeda comum em 01 de janeiro de 2002, com o que abriu mão de sua soberania sobre a Política Monetária. Além disso, os analistas têm chamado a atenção para o fato de que este momento coincidiu com o aumento da concorrência em escala mundial e em especial com os países do Centro e Leste Europeu incorporados à EU. Destaca-se, também a rigidez dos mercados locais de trabalho, bens e serviços, em especial a fragilidade do capital humano para as novas fronteiras tecnológicas do processo industrial. E, por último, a própria política de Governo, exageradamente expansionista e tolerante em termos da concessões de salários, benefícios e gestão orçamentária.

A década de 1990 até que foi favorável ao país, com taxas de crescimento do PIB na ordem de 7,0% a.a. , superior `a de vários países da EU.Mas já nos primeiros anos da nova moeda, a erosão começava a se fazer perceber:

O fraco desempenho da economia portuguesa foi explorado em Abril de 2007 pelo The Economist, que descreveu Portugal como "um novo homem doente da Europa". De 2002 a 2007, a taxa de desemprego aumentou de 5% para 8% (270 500 cidadãos desempregados em 2002 para 448 600 cidadãos desempregados em 2007). No início de dezembro de 2009, o desemprego atingiu 10,2 % da população, o maior em 23 anos. Em dezembro de 2009, a agência de classificação de riscoStandard & Poor's rebaixou a sua avaliação de crédito de longo prazo de Portugal de "estável" para "negativa", expressando o pessimismo sobre as debilidades estruturais económicas do país e a fraca competitividade, o que prejudicaria o crescimento e a capacidade de reforçar a sua finanças públicas. Em Julho de 2011, a agência de classificação Moody's rebaixou a sua avaliação após o aviso do risco de deterioração em Março de 2011. A corrupção tornou-se um assunto de importância política e económica para o país. Alguns casos são bem conhecidos e foram amplamente divulgados nos meios de comunicação, tais como acontecimentos em vários municípios envolvendo autoridades municipais e empresários locais, bem como políticos de alto-escalão.[152][153] Não obstante o Índice de Percepções de Corrupção de 2010, compilado pela Transparência Internacional, colocou Portugal na 31ª posição em termos de percepção de corrupção, logo abaixo de Israel e Espanha, e 34 posições acima da Itália.” (Wikipédia)

Apesar de grave, porém, a crise não é muito visível, embora se fale que as grandes cidades estão se esvaziando, tamanho o fluxo de gente para o exterior e para o interior, onde, geralmente, têm família e propriedade. Todos reclamam, embora o espírito de apatia, que herdamos, seja – ainda! – muito maior do que de revolta. Mas como diz o velho provérbio: Até a sorte se cansa do sortudo e o abandona depois de um tempo. A paciência, também. É o que se depreende no último dia 15 (setembro-2012) , depois da monstruosa manifestação popular em Lisboa contra o arrocho: A tolerância está se esgotando. Já muitos apostam que , à crise econômica, sobrevenha agora, uma crise de Governo.

Vale registrar essa estranha dialética entre apatia e explosão dos lusitanos. Se a primeira é a regra, que sublinhou os longos anos de ditadura salazarista, mantendo Portugal à margem da modernidade, há um momento histórico que é sempre lembrado aos governantes: A “defenestração”de Dom Miguel Vasconcelos, ocorrida em 1640.

A verdade é que a crise política se avizinha. A coalizão conservadora, PDS/PDS já não está se entendendo bem. E a oposição, Partido socialista à frente, retoma a ofensiva para retornar ao Poder. O próprio Mário Soares, ex-Presidente, o Notável, embora fora das disputas, já se manifestou claramente pela queda de Passos Porto, atual Primeiro Ministro. Enquanto isto, crescem as tentativas de amplos setores da sociedade portuguesa, inclusive entre empresários e até membros do Ministério Público e do Exército, no sentido de forçar o Governo a voltar atrás em algumas das extensas medidas, que consideram exageradas, dentre elas, especialmente sobre salários, pensões e aposentadorias:

Fatidicamente, pois, Portugal repete a sina: Cerca de 70 mil jovens abandonam o país anualmente, em busca de oportunidades além-mar. Um número muito alto, relativamente ao tamanho da população e que continuarão a inspirar novos acordes de sofrimento no mundo do fado. “É o destino”, escuta-se por toda a parte, em tom suplicante. Os jovens, enfim, fazem-se ao mar porque de nada adiante adentrar a Europa, como milhares de seus compatriotas fizeram no século passado. O continente secou…E ninguém sabe quando vai “chover” prosperidade de novo. A grande diferença é que agora não são os pobres do norte do país que se vão. São jovens engenheiros, administradores, médicos, cérebros. Atravessam de novo o Grande Mar Oceano no périplo da sobrevivência.

 


Enviado por Arthur Rosa Teixeira - por jaa -(artur.teixeira1946@gmail.com)

 

Por volta do ano 2000, o governo de António Guterres sabia que tinha de fazer reformas. O ministro Pina Moura chegou a ter um projecto em que se detalhavam as medidas necessárias. Todavia, sempre que se falava disso, a reacção popular – suave se comparada com a verificada noutros momentos desde então – era negativa. Foi suficiente. Guterres nunca arranjou coragem para implementar o que, à época, poderiam ter sido apenas medidas pouco simpáticas e não ainda verdadeiramente duras. Fugiu em Dezembro de 2001 alertando para o pântano.

Em 2002, perante indignação quase geral, Durão Barroso falou no «país de tanga». Por entre actos contraditórios (por exemplo, subida de impostos e congelamento dos salários da função pública mas insistência no investimento em linhas de TGV e em submarinos), propôs-se implementar um plano de corte da despesa pública. Os protestos vieram de todos os lados, incluindo da Presidência da República. Logo que teve oportunidade, Durão escapuliu-se.

Em 2005, Sócrates anunciou reformas. Fez uma, a da Segurança Social, escolhendo o método mais fácil (e mais injusto para quem se encontra no início ou a meio da carreira contributiva). Tentou outra, de forma atabalhoada: a do sistema de saúde. Protestos populares levaram-no a substituir Correia de Campos e a desistir da intenção. Em 2009, contra vários avisos, adoptou uma política expansionista. As pessoas gostaram: ganhou as eleições de Setembro desse ano. Caiu apenas quando já era impossível arranjar dinheiro.

Em 2012, com o país sob vigilância externa, Passos Coelho anunciou uma reforma na Taxa Social Única, com o objectivo confesso de diminuir o custo do factor trabalho e de aumentar a competitividade externa da economia portuguesa. Um coro de críticas, uma manifestação popular, sondagens negativas, vão certamente levá-lo a recuar, quiçá a ver cair o governo que lidera. Ainda bem? Talvez.

Lugar comum: a democracia é o pior dos sistemas, com excepção de todos os outros. É o «pior» porque tem defeitos. É melhor do que todos os outros por várias razões, entre as quais estar consciente deles e tentar reduzir-lhes as consequências. Tentar garantir os direitos das minorias, limitando o poder das maiorias; tentar limitar o populismo, estabelecendo mandatos que duram quatro ou cinco anos. Contudo, nos tempos que correm, de comunicação veloz e frequentemente distorcida, de reacções imediatas e emotivas, que a psicologia das massas, amontoadas primeiro no Facebook, depois nas ruas, depressa torna imparáveis, as salvaguardas parecem fraquejar. Não pretendo com isto defender qualquer tipo de limitação ao direito das pessoas se indignarem e manifestarem a indignação. Inegavelmente, um dos pontos mais positivos da democracia é a forma como admite genuínas manifestações populares e como força o poder a ouvi-las. Mas a pressão popular, sendo parte da democracia, não é a democracia. Longe disso. Como se vê pelos exemplos dos primeiros parágrafos, está até longe de representar necessariamente uma boa escolha (estaríamos hoje melhor se o governo de Guterres tivesse executado as reformas). E, quando não representa uma boa escolha, os prejuízos são de todos, incluindo das minorias que teriam preferido seguir outro trajecto. Por exemplo, daquelas minorias que andaram durante anos a alertar para os riscos das opções tomadas e que agora sofrem tanto quanto a maioria (ou – e este é outro problema a considerar quando se analisa a relevância das manifestações populares – a aparente maioria) que as forçou. Se a democracia é muitas vezes tomada refém de interesses particulares, em especial quando o Estado é indispensável para tudo e/ou os mecanismos de controlo (entidades fiscalizadoras, sistema de Justiça) não funcionam, parece igualmente – e cada vez mais – refém dos que berram mais alto.



(Outros exemplos de pressão popular: a exigência tradicional de que todos os anos se verifiquem aumentos salariais, indexados à taxa de inflação em vez de, por exemplo, à taxa de crescimento do PIB; a pressão para a subida das prestações sociais pagas a quem não contribuiu o suficiente para elas; as manifestações locais para a construção de auto-estradas e de «equipamentos» variados; as exigências para que o governo acorra financeiramente a todo e qualquer problema, dos provocados pela natureza às dificuldades financeiras das empresas privadas. Tudo positivo? Talvez. E, no entanto, porque os governos foram cedendo, estamos falidos.)

 

Dia 28 – Assim se fala em bom português… reclamando sempre

 

João Miguel Tavares CM – O POVO -  07 Sep 2012 / Acesso nesta data

 

 

Portugal está cheio de bons portugueses. Gente patriótica que reconhece todos os problemas do País – só que nunca concorda com nenhuma solução.

 

 O bom português é aquele que critica a programação da RTP por ela não se diferenciar em nada dos privados e depois entende que alterar o funcionamento da comunicação social do Estado é um atentado ao serviço público.

O bom português é aquele que se enfurece contra o facilitismo da escola e depois se enraivece contra a obrigação de os alunos repetentes frequentarem o ensino profissional.

 

O bom português é aquele que acha que não podemos continuar a apoiar uma política do betão e a construir auto-estradas vazias mas depois se indigna com o aumento do desemprego na construção civil.

 

O bom português é aquele que acredita que ter filhos no Portugal de hoje é um luxo incomportável e depois se revolta com a quantidade de professores que ficaram sem colocação nas escolas.

 

O bom português é aquele que acha uma pouca-vergonha os níveis de endividamento da CP e da Refer e depois está contra o corte de linhas e o encerramento de estações.

 

O bom português é aquele que admite o dinheiro da troika para pagar salários mas que depois age como se o governo não estivesse obrigado a cumprir o programa que os credores impuseram ao país.

 

 O bom português entende que o défice é uma vergonha em abstracto mas está contra todos os cortes em concreto.

 

O bom português é aquele que prefere não correr o risco de uma qualquer terapêutica porque o que ele realmente gosta é de se queixar da doença.

 

 Portugal está cheio de bons portugueses. Nos cafés e nas avenidas, no PS e no PSD, nos jornais e nas televisões. Tudo bons portugueses, que vão patrioticamente matando Portugal.

 

 

Dia 29 Universidades de Portugal e Brasil acordam reconhecimento de graus académicos

 

Posted: 22 Aug 2012 03:54 AM PDT - Expresso com i – Acesso nesta data

 

O memorando de entendimento assinado hoje visa facilitar numa primeira fase o acesso profissional de arquitetos e engenheiros nos dois países.

 

Universidades portuguesas e brasileiras assinaram hoje, em Brasília, um memorando de entendimento para agilizar o reconhecimento dos graus académicos em Portugal e no Brasil, facilitando o acesso profissional de diplomados nos dois países, informou à Lusa fonte académica.

 

O convénio, que numa fase inicial abrangerá os licenciados em Engenharia e Arquitetura, foi celebrado entre o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) e a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior, a maior associação de universidades do Brasil, com sede em Brasília.

 

Em declarações telefónicas hoje à agência Lusa, a partir de Brasília, o presidente do CRUP, António Rendas, referiu que um grupo de trabalho “vai compatibilizar os mecanismos de avaliação dos dois países em termos de reconhecimento de graus académicos”, processo que ficará “pronto até ao final do ano”.

 

Numa primeira fase, os mecanismos de “avaliação, acreditação, reconhecimento”, por parte de Portugal e Brasil, dos “graus académicos das universidades portuguesas e brasileiras” vão abranger os licenciados em Engenharia e Arquitetura.

 

Mais áreas no futuro

 

Mas “a ideia é estender a outras áreas onde a necessidade do reconhecimento do grau académico possa também ser importante para o exercício da profissão”, adiantou António Rendas, lembrando que “havia mecanismos burocráticos muito dispersos no Brasil” que impediam o reconhecimento das licenciaturas portuguesas.

 

Bastonário diz que acordo alcançado é uma vitória 

 

É uma vitória porque permitirá libertar-nos desta peia que era o reconhecimento de profissionais que fizeram a sua formação em escolas de engenharia portuguesas de referência e que estavam a ter dificuldade de reconhecimento de diplomas por parte de escolas superiores de engenharia no Brasil”, disse o bastonário

 

Carlos Matias Ramos sublinhou que, “como isso era uma das exigências para registo no sistema, criava uma dificuldade acrescida para esses profissionais poderem ter um exercício pleno da profissão no Brasil”.

 

No entanto, Carlos Matias Ramos alertou para o perigo que pode representar para a economia portuguesa uma saída em larga escala de engenheiros nacionais para o exterior.

 

“Esperemos que não. A larga escala significaria um desastre para a economia portuguesa. Não há nenhum país no mundo que se desenvolva sem uma engenharia de qualidade. Não se pode pensar que se resolvem os problemas de um país apenas do ponto de vista orçamental, tem que haver crescimento e crescimento implica produção”, declarou.

 

O bastonário da Ordem dos Engenheiros acrescentou, por isso, esperar que a “perda de massa crítica” no país seja “apenas momentânea”.

 

Carlos Matias Ramos disse que a Ordem dos Engenheiros não tem um registo “rigoroso” do número de profissionais portugueses que trabalham no Brasil, ou em outros países onde também, por não haver acordos de reconhecimento de diplomas com reciprocidade, se torna difícil uma contabilização exata.

 

O número é, no entanto, “muito elevado”, garantiu o bastonário, adiantando ainda que a Ordem tem “várias solicitações de colegas que querem deslocar-se para exercer a sua atividade”.

 

Já a contabilização no sentido inverso é mais fácil de fazer. A Ordem dos Engenheiros tem registados 354 cidadãos brasileiros devidamente autorizados a exercer a atividade em Portugal e Carlos Matias Ramos não prevê que este número cresça em consequência do acordo agora assinado.

 

“Neste momento a economia brasileira está pujante. Existem planos de crescimento económico assentes em infraestruturas, portanto eles não vêm para cá. O que pode acontecer, e está a acontecer, é que, em resultado do crescimento de países como Angola e Moçambique, as empresas brasileiras, reconhecendo a qualidade e competência dos engenheiros portugueses, pretendam contratá-los para exercer nesses países”, adiantou o bastonário.

 

Para além destes dois países africanos lusófonos, a emigração de engenheiros portugueses, sobretudo dos engenheiros civis, faz-se sobretudo para a América Latina, não sendo o Brasil o único país do continente americano escolhido como destino por engenheiros e empresas portuguesas.

 

“São sobretudo engenheiros civis, nomeadamente para os países em que a infraestruturação é um fator de crescimento económico. Outra emigração que se está a produzir é para a Europa, mais associada a tecnologias de ponta, como as tecnologias de informação, eletrónica. Também a indústria do petróleo está a solicitar muitos engenheiros portugueses para países como a Noruega”, afirmou.

 

 

 

 

Dia 30 – Lisboa, Porto e Rio de Janeiro entre as “100 Cidades mais bonitas do mundo”

 

Posted: 10 Sep 2012 03:55 AM PDT – Acesso nesta data – OPOVO

 

“Li Si Ben” (Lisboa, em chinês) e “Bo Er Tu” (Porto) estão entre as “100 Cidades mais bonitas do mundo”, segundo um guia turístico à venda nas livrarias chinesas.

 

    A capital portuguesa e o Porto são mesmo as primeiras da lista, ordenada por critérios geográficos, desde o extremo ocidental da Europa até à Cidade do Cabo, na África do Sul.

 

    Quase metade (48) ficam na Europa e dos outros sete países de língua portuguesa só há mais uma cidade entre as 100 escolhidas: Rio de Janeiro.

 

    A China tem quatro cidades na lista (Pequim, Xangai, Lhasa e Hong Kong), menos do que os Estados Unidos (seis) e a Espanha (cinco)

 

    O guia, com 200 páginas, faz parte de uma série de cinco volumes que inclui uma seleção mundial das “100 Praças mais bonitas”, “100 Catedrais mais bonitas”, “100 Parques Naturais mais bonitos” e “100 Museus mais bonitos”.

 

    No último caso, Portugal (“Pu Tao Ya”, em chinês) está ausente, mas quanto a catedrais, Lisboa contribui com duas: a Sé e os Jerónimos.

 

    A Ilha da Madeira é um dos “100 Parques Naturais mais bonitos do mundo” e o Terreiro do Paço, em Lisboa, é uma das cem praças selecionadas.

 

    Cada guia custa 50 yuan (6 euros), menos do que um bilhete de cinema e pouco mais do que um dia de salário mínimo em Pequim.

 

    Na última década, os livros de viagem, mapas e guias turisticas passaram a ocupar lugar de destaque nas livrarias de Pequim, Xangai e outras grandes cidades chinesas, correspondendo ao acelerado crescimento da classe média.

 

    Em 2011, o número de chineses que passaram férias fora do continente cresceu vinte por cento, para 69 milhões, e este ano deverá exceder os 80 milhões.

 

A maioria ficou por Hong Kong e Macau, a nova capital mundial do jogo, já à frente de Las Vegas, mas cada vez há mais chineses a viajar para o sueste Asiático, os Estados Unidos e a Europa.

 

Há três meses, o Turismo de Portugal reuniu em Pequim nove empresas portuguesas do setor, a maioria das quais agências de viagens, e cerca de trinta profissionais chineses, na maior ação do género promovida na capital chinesa.

 

Apenas cerca de 40.000 a 50.000 turistas chineses visitaram Portugal em 2011, mas segundo realçou na altura o diretor de promoção do Turismo de Portugal, Miguel Morais, a China “é um mercado emergente”.

 

“O turismo, na China, está numa fase de crescimento. Oxalá as empresas portuguesas saibam tirar partido das oportunidades”, afirmou o mesmo responsável.

 

O site daquele organismo – www.visitportugal.com – já tem uma versão em chinês.

 

Pelas contas da European Travel Comission, em 2030, a Europa atrairá cerca de oito milhões de turistas chineses, mais de o dobro dos 3,8 milhões registados em 2010.

 

A Rússia, que partilha com a China uma fronteira com cerca de 4.300 quilómetros de comprimento e que recebeu então 848.000 turistas chineses, foi o destino mais procurado, seguido da Alemanha (593.000), França (558.000) e Itália (485.000).

 

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NOTA DO EDITOR DO BLOG

Palácio da Pena é um dos 10  “castelos mais impressionantes” do mundo

 

Posted: 22 Aug 2012 02:58 PM PDT

 

 

O Palácio da Pena, em Sintra, foi classificado como um dos dez “castelos mais impressionantes do mundo”. A classificação foi atribuída pela comunidade de membros da versão brasileira do portal de Turismo “TripAdviser”.O texto faz referência ao facto de o palácio ser património mundial da Humanidade da Unesco e considerado uma das “sete maravilhas de Portugal”. É indicado que o Palácio constitui o “mais completo e notável exemplar de arquitectura portuguesa do romantismo”.

O “TripAdvisor” cria regularmente listas de locais turísticos que aconselha a visitar, sendo que, desta vez, a selecção diz respeito a castelos e palácios.

 

Em primeiro lugar da lista surge o Castelo de Neuschwanstein (Schloss Neuschwanstein), na Baviera (Alemanha), seguido do Castelo de Matsumoto, Nagano, no Japão.

 

O Palácio da Pena foi incluído na restrita seleção dos palácios e castelos mais impressionantes de todo o mundo, sendo caracterizado como “uma expressão do Romantismo do século XIX”. Beneficiado pelo estatuto de Património Mundial da Humanidade, pela UNESCO, e pela condição de uma das “Sete Maravilhas de Portugal”, o local conquistou o 10º lugar na prestigiada lista do TripAdvisor.

 

Situado no cimo de uma alta colina, os membros daquele portal de turismo referem que a difícil subida é compensada pelas “vistas deslumbrantes” que o palácio oferece sobre toda a região. Outro aspeto positivo do lugar é o Parque da Pena, que circunda o edifício, apontado como um dos pontos preferidos de muitos turistas.

 

O primeiro lugar da lista dos dez castelos mais impressionantes do mundo pertence ao clássico Castelo de Neuschwanstein, na região da Baviera, Alemanha. Seguem-se o Castelo de Matsumoto (2º), no Japão, o Monte Saint-Michel (3º), em França, o Predjama (4º), na Eslovénia e o Castelo de Leeds, em Inglaterra, na 5ª posição. O 6º, 7º, 8º e 9º lugar são ocupados, respetivamente, pela Casa Loma, no Canadá, pelo Castelo de Chambord, em França, pelo Castelo de Bran (ou Castelo de Drácula), na Roménia, e pelo Castelo de Trakai, na Lituânia.

 

 

 

Dia 01 de outubro 2012 -  Cartas de Portugal

Impressões – Paulo Timm – Publicado em www.sul21.com.br

No meio, porém, de tantas tragédias, resta-me eu e minha curiosidade  insaciável sobre este  pequeno grande  país, como o percebe José Saramago num de seus mais interessantes livros : “Viagem à Portugal”.

Neste ano europeu 2012/2013 celebra-se o ANO PORTUGAL BRASIL/BRASIL PORTUGAL. Inúmeros espetáculos, encontros culturais e reuniões empresariais marcarão o evento que abriu no Brasil com uma apresentação de fados da cantora Mariza. Dentro da programação, houve semana passada, um colóquio do qual participou o Ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso. Deu conferência, entrevistas, fez a festa. Ele é sempre bem recebido por aqui. Tem presença. A propósito, lembrou do imbróglio que teve que desatar sobre a questão dos dentistas brasileiros em Portugal. E foi ferino, embora sorridente: - “Espero que os brasileiros, agora, não façam o que os portugueses fizeram com nossos dentistas...”

À parte a crise e o ANO BRASIL PORTUGAL, o país é encantador. Começando pelos nomes de localidades, bairros, sítios, marcas: Alpedrinha, Vale Prazeres, Quinta das Lágrimas, Casa dos Alpoins, Capelas Imperfeitas, Rua da Saudade, Almains, Vinho Verde Muralha de Monções... Evocativos. Sempre sugerindo uma natural cristandade mesclada pela passagem mourisca, da qual herdou a tecnologia e paixão pelos ternos e frescos azulejos e a forte marcação na arquitetura. Daí o ecletismo do flamejante estilo “Manuelino”, termo aparentemente criado por Francisco Adolfo Varnhagen na sua Notícia Histórica e Descriptiva do Mosteiro de Belém, de 1842,  para caracterizar os traços da cultura lusa à época das Navegações, com D.Manuel I.

“O conjunto decorativo de um elemento escultórico manuelino apresenta-se quase sempre como um discurso de pedra, onde diversos elementos e referências se cruzam (pansemiose - ou "todos os significados"), como o simbilismo cristão, a alquimia, a tradição popular, etc. O contexto tanto pode ser moralizante, como alegórico, jocoso (quando se aponta o dedo aos defeitos humanos ou a pormenores obscenos, como a referência sexual numa gárgula exterior à capela de São Nicolau, em Guimarães), esotérico ou, simplesmente, propagandístico em relação ao poder imperial de D. Manuel I. Note-se que esta simbologia está também muito ligada à heráldica.

Os motivos mais frequentes da arquitectura manuelina são a esfera armilar, conferida como divisa por D. João II ao seu primo e cunhado, futuro rei D. Manuel I, mais tarde, interpretada como sinal de um desígnio divino para o reinado de D. Manuel, a Cruz da Ordem de Cristo e elementos naturalistas: Corais, Algas, Alcachofras, Pinhas, animais vários e elementos fantásticos: Ouroboros, Sereias, gárgulas

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Estilo_manuelino)

Portugal é  por descobrir. Conhecer Portugal , além do reencontro histórico com nosso próprio passado - e  conhecer o que é considerado o sexto mais belo país do mundo-  é mergulhar  em rios subterrâneos  de gastronomia e cultura.. Quem o diz  é o portal internacional UCity Guides, que disponibiliza aos turistas tudo o que precisam de saber antes de viajar para determinada cidade. O Guia  escolheu Portugal no “top 10″ das nações “abençoadas com um raro conjunto de belezas naturais e maravilhas edificadas pelo homem”.  E não se trata apenas de paisagens, como o Vale do Douro com seus vinhedos e olivares ou dos canais da litorânea Aveiro, mas de monumentos urbanos medievais como Tomar, sede da Ordem dos Templários depois convertida em Ordem de Cristo, cuja cruz  comandou o périplo das Grande Navegações; ou do Castelo de Sintra, de excepcional porte e beleza. E Lisboa...antiga cidade? “Notar os motivos dos ladrilhos e as calçadas com desenhos em ondas feitos de pedra faz parte do prazer de caminhar por Lisboa”, como diz Frances Mayes sobre a cidade e o país, que preferia morar se antes o tivesse conhecido (“Um ano de viagens” – Ed.Rocco). Lisboa antiga e moderna, como assinalava Fernando Pessoa em seus devaneios mas que, certamente, jamais adentrará o umbral pós-modernidade líquida.  “Que moderno que tudo isto soa! E no fundo, tão antigo, tão oculto, tão tendo outro sentido que aquele que luze em tudo isto!  E o Porto, cidade gêmea de Vila Nova de Gaia,   segunda cidade do país, despencando-se “invictamente” sobre o Douro? Porto é considerada “Cidade Invicta” pela sua resistência heróica à invasão napoleônica. Berço do liberalismo português. Senhora de uma das maiores relíquias de Portugal: o vinho do Porto...

Quanta maravilha arquitetônica, quanto lamento pelas paredes da história!

Mas se vai mesmo visitar Portugal não aprenda apenas sobre vinhos. O país é incompreensível se Você não se deixar envolver pela alma poética que emana das frestas de sua história, como este que é considerada a mais bela de suas trovas:

“Oh águas do mar salgadas

De onde lhes vem tanto sal?

Vem das lágrimas choradas

Nas praias de Portugal ...

(Antonio Oliveira – Poeta português)

 

É importante também que se familiarize com o vocabulário da arte sacra e da heráldica, começando pela “esfera armilar”, inscrita até hoje nos símbolos oficiais de Portugal - http://www.youtube.com/watch?v=u6EF3a6w68c  

A esfera armilar foi desenvolvida ao longo dos tempos por inúmeros povos que habitavam o lado asiático e seus registros constam em pinturas de cerâmica e documentos que os chineses durante o século I A.C. já (Dinastia Han) se conheciam a esfera armilar, sabe-se também, que nessa época, um astrônomo chinês Zhang Heng considerado a primeira pessoa a usar engrenagens e mecanismos de articulação hidráulicas no eixo da esfera armilar para reproduzir os movimentos da mecânica celeste para fins didáticos, entretanto o nome do instrumento vem do latim armilla ("bracelete"), visto que tem um esqueleto feito de anéis concêntricos articulados nos polos com escala de graduações e outros perpendiculares representando o equador, a eclíptica , indicando o curso do sol em relação às estrelas de fundo para os 365 dias do ano, os meridianos e os paralelos.


Mas se V. já sentiu a atmosfera lírica da terra lusitana e compreendeu o significado dos instrumentos de navegação que fizeram a epopéia deste povo, instrua-se sobre o signaficado dos objetos sacros, pois eles povoarão sua viagem por todos os locais onde passar. Para facilitar a tarefa, eis alguns  :

Retábulo: s.m. Construção de madeira ou pedra, em forma de painel e com lavores, que se coloca na parte posterior dos altares e que é geralmente decorada com temas da história sagrada ou retratos de santos - - http://www.dicio.com.br/retabulo/

Votiva:adj. Relativo a voto.
Prometido ou ofertado em voto. (
http://www.dicio.com.br/votivo/ )

Vela votiva :


Acender vela é um ato de fé. As velas votivas são indicadas para momentos de reflexão, oração, promessas e votos. Em suas embalagens estão estampadas belas imagens dos santos e oração específica de sua devoção. Praticidade e limpeza na queima sem exalar cheiro. Durante a queima esta vela reflete a luz que valoriza a beleza da imagem no rótulo. (http://www.zuppani.ind.br/linha-velas/velas-votivas-imagens-260g/velas-votivas-imagens-260g/ )

Ex-votos: breviação latina de ex-voto suscepto ("o voto realizado"), o termo designa pinturas, estatuetas e variados objetos doados às divindades como forma de agradecimento por um pedido atendido. Trata-se de uma manifestação artístico-religiosa que se liga diretamente à arte religiosa e à arte popular, despertando o interesse de historiadores da arte e da cultura, de arqueólogos e antropólogos. (http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=termos_texto&cd_verbete=5433 ) . Em Portugal, era comum pagar promessas feitas em momentos decisivos da nacionalidade, erigindo monumentos de grande beleza como o mosteiro de Alcobaça, construído por Afonso Henriques depois da tomada de Santarém aos sarracenos; o mosteiro da Batalha, como símbolo de gratidão a Santa Maria da Vitória pelo sucesso contra a Espanha e muitos outros, como a Torre de Belém, o convento de Mafra, a igreja de Nossa Senhora dos Mártires, em Tavira- http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&view=article&id=250&Itemid=184

Atrio ou Adro : s.m. Principal aposento das casas nos primeiros tempos da Roma antiga. Era usado como sala de estar e de lazer, e também como cozinha e dormitório. Tinha um fogão central e, no teto, acima dele, uma abertura para deixar sair a fumaça, como nos primitivos salões da Europa. O nome vem da palavra latina atrium, de ater, que significa preto, com referência ao teto enegrecido pela fumaça nesse aposento.( http://www.dicio.com.br/atrio/ )

Bem, estes são apenas uma amostra do que precisa de saber para emaranhar-se pelos quelhos pedregosos da Beira, pela ardente terra de Alentejo, pelo Algarve de muito sol, pães fumegantes, pelo norte duro e dourado ou pelas Terras baixas, vizinhas ao mar, no itineário do “viajante” literato. O resto é por conta de cada um ...

Pois assim é Portugal. Mãe pátria. Ventre da lusofonia. Uma saudade em cada canto, aqui e acolá  temperada por duas primícias tupiniquins: os doces instigantes, começando pelos pasteizinhos de Belém, mas também os de Aveiro, e a “bica”, um cafezinho forte e original , servido  por toda a infinidade de bares e restaurantes do país. Tudo, naturalmente, no diminutivo, que também herdamos com carinho.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


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