ANTECEDENTES EM PORTUGAL:
Brasileiros, Crise
I
Denúncias -
http://www.viomundo.com.br/denuncias/o-combate-ao-preconceito-contra-as-brasileiras-em-portugal.html
O combate ao preconceito contra as brasileiras em
Portugal
publicado em 20 de setembro de 2011 às 23:02
A reportagem do
Diário de Notícias, à qual se refere o texto
Manifesto em repúdio
ao preconceito contra as mulheres brasileiras em Portugal
Vimos por meio deste, manifestar nosso
repúdio ao preconceito contra as mulheres brasileiras em Portugal e exigir que
providências sejam tomadas por parte das autoridades competentes.
Concretamente, apontamos a comunicação
social portuguesa e a forma como, insistentemente, tem construído e reproduzido
o estigma de hipersexualidade das mulheres brasileiras. Este estigma é uma
violência simbólica e transforma-se em violência física, psicológica, moral e
sexual. Diversos trabalhos de investigação, bem como o trabalho de diversas
organizações da sociedade civil, têm demonstrado como as mulheres brasileiras
são constantemente vítimas de diversos tipos de violência em Portugal.
O estigma da hipersexualidade remonta
aos imaginários coloniais que construíam as mulheres das colônias como objetos
sexuais, escravas sexuais, e marcadas por uma sexualidade exótica e bizarra.
Cita-se, por exemplo, a triste experiência da sul-africana Saartjie Baartman,
exposta na Europa, no século XIX, como símbolo de uma sexualidade anormal. Em
Portugal, esses imaginários coloniais, infelizmente, ainda são reproduzidos
pela comunicação social.
Teríamos muitos exemplos a citar, mas
focaremos no mais recente, o qual motivou um grupo de em torno de 140 mulheres
e homens, de diferentes nacionalidades, a mobilizarem-se, a partir das redes
sociais, para escrever este manifesto e conseguir apoio de diferentes
organizações da sociedade civil. Trata-se da personagem “Gina”, do Programa de
Animação “Café Central” da RTP (Rádio Televisão Portuguesa). A personagem é a
única mulher do programa, a qual, devido ao forte sotaque brasileiro, quer
representar a mulher brasileira imigrante em Portugal.
A personagem é retratada como
prostituta e maníaca sexual, alvo dos personagens masculinos do programa.
Trata-se de um desrespeito às mulheres brasileiras, que pode ser considerado racismo,
pois inferioriza, essencializa e estigmatiza essas mulheres por supostas
características fenotípicas, comportamentais e culturais comuns. Trata-se de um
desrespeito a todas as mulheres, pois ironiza/escarnece sua sexualidade, sua
possibilidade de exercer uma sexualidade livre, o que pode ser considerado
machismo e sexismo.
Trata-se, ainda, de um desrespeito às
profissionais do sexo, pois ironiza o seu trabalho, transformando-o em símbolo
de deboche/piada/anedota, sendo que não é um trabalho criminalizado em
Portugal, portanto, é um direito exercê-lo livre de estigmas. No anexo 1 desta
carta estão: o vídeo de um dos episódios, e a transcrição de um dos episódios,
bem como, a imagem dos personagens. Destacamos que o fato é agravado por se
tratar de uma emissora pública, a qual em hipótese alguma deveria difundir
valores que ferem o direito das mulheres e da dignidade humana.
Além deste caso que envolve a
televisão, existem muitos outros em revistas, jornais e publicidades, que
exemplificam a disseminação do estigma em vários meios de comunicação de massa
e cujos exemplos seguem em anexo. Seja qual for o meio de comunicação
utilizado, é constante a representação estereotipada da mulher brasileira como
objeto sexual, o que acaba por interferir na forma como as imigrantes
brasileiras são percebidas e tratadas dentro da sociedade portuguesa.
– Anexo 2: a capa da Revista Focos,
edição 565/2010, a qual apresenta as mulheres brasileiras como sedutoras e as
representa com uma imagem cujo destaque é a bunda;
– Anexo 3: a reportagem do Diário de
Notícias, edição do dia 26/06/2011, sobre o movimento SlutWalk Lisboa, a qual
descontextualizou uma imagem, acabando por reforçar os estigmas contra a mulher
brasileira, fazendo exatamente o contrário do objetivo do movimento;
– Anexo 4: publicidade do Ginásio
Holmes Place- Health Club, atual, sobre uma modalidade de aulas intitulada
“Made in Brazil”, a qual é representada por uma imagem cujo destaque é a bunda;
– Anexo 5: publicidade da Agência de
Viagens Abreu, na Revista B de Brasil, edição inverno de 2001, cuja a imagem do
Brasil é uma mulher e a mensagem da publicidade é uma referência direta aos
descobrimentos e a disponibilidade, aos portugueses, do que havia e há no
Brasil.
– Anexo 6: episódio do programa de
humor “Mini-Malucos do Riso”, da SIC, no qual afirmam que no Brasil só há
prostitutas e futebolistas.
Exigimos, das autoridades competentes,
que se faça cumprir a “CEDAW – Convenção para a Eliminação de Todas as Formas
de Discriminação Contra as Mulheres”, da qual tanto Portugal, como o Brasil,
são signatários. Destacamos, também, o “Memorando de Entendimento entre Brasil
e Portugal para a Promoção da Igualdade de Gênero”, no qual consta que estes
países estão “Resolvidos a conjugar esforços para avançar na implementação das
medidas necessárias para a eliminação da discriminação contra a mulher em ambos
os países”.
Grupo de Articulação do Manifesto:
https://www.facebook.com/groups/manifestobrasileiras/
Contatos:
manifestobrasileiras@gmail.com
Organizações e Movimentos Sociais que
apoiam e subscrevem o Manifesto:
Associação
ComuniDária – comunidade solidária à pessoa imigrante, sensível às questões de
género e com iniciativas diversificadas de integração.
Observatório das
Representações de Género nos Média, UMAR – União de Mulheres Alternativa e
Resposta.
Movimento SlutWalk
Lisboa.
Coordenação
Portuguesa da Marcha Mundial de Mulheres.
Casa do Brasil de
Lisboa.
II
"UM NOVO RUMO"
LEIA AQUI O MANIFESTO DE MÁRIO SOARES NA ÍNTEGRA
por DN.pt23 novembro 2011
Além de Mário Soares, assinam este manifesto
Isabel Moreira (deputada independente do PS), Joana Amaral Dias (ex-dirigente
do Bloco de Esquerda), José Medeiros Ferreira (ex-ministro dos Negócios
Estrangeiros), Mário Ruivo (professor universitário), Pedro Adão e Silva
(ex-dirigente do PS), Pedro Alves (líder da JS), Vasco Vieira de Almeida
(advogado, ex-ministro socialista) e Vítor Ramalho (líder do PS/Setúbal).
UM NOVO
RUMO
Este é o momento de mobilizar os cidadãos de esquerda que
se revêem na justiça social e no aprofundamento democrático como forma de
combater a crise.
Não podemos assistir impávidos à escalada da anarquia
financeira internacional e ao desmantelamento dos estados que colocam em causa
a sobrevivência da União Europeia.
A UE acordou tarde para a resolução da crise monetária,
financeira e política em que está mergulhada. Porém, sem a resolução política
dos problemas europeus, dificilmente Portugal e os outros Estados retomarão o
caminho de progresso e coesão social. É preciso encontrar um novo paradigma
para a UE.
As correntes trabalhistas, socialistas e
sociais-democratas adeptas da 3ª via, bem como a democracia cristã, foram
colonizadas na viragem do século pelo situacionismo neo-liberal.
Num momento tão grave como este, é decisivo promover a
reconciliação dos cidadãos com a política, clarificar o papel dos poderes
públicos e do Estado que deverá estar ao serviço exclusivo do interesse geral.
Os obscuros jogos do capital podem fazer desaparecer a
própria democracia, como reconheceu a Igreja. Com efeito, a destruição e o caos
que os mercados financeiros mundiais têm produzido nos últimos tempos são
inquietantes para a liberdade e a democracia. O recente recurso a governos
tecnocratas na Grécia e na Itália exemplifica os perigos que alguns regimes
democráticos podem correr na actual emergência. Ora a UE só se pode fazer e
refazer assente na legitimidade e na força da soberania popular e do regular
funcionamento das instituições democráticas.
Não podemos saudar democraticamente a chamada "rua árabe"
e temer as nossas próprias ruas e praças. Até porque há muita gente aflita
entre nós: os desempregados desamparados, a velhice digna ameaçada, os
trabalhadores cada vez mais precários, a juventude sem perspectivas e empurrada
para emigrar. Toda essa multidão de aflitos e de indignados espera uma
alternativa inovadora que só a esquerda democrática pode oferecer.
Em termos mais concretos, temos de denunciar a imposição
da política de privatizações a efectuar num calendário adverso e que não
percebe que certas empresas públicas têm uma importância estratégica
fundamental para a soberania. Da mesma maneira, o recuo civilizacional na
prestação de serviços públicos essenciais, em particular na saúde, educação,
protecção social e dignidade no trabalho é inaceitável. Pugnamos ainda pela
defesa do ambiente que tanto tem sido descurado.
Os signatários opõem-se a políticas de austeridade que
acrescentem desemprego e recessão, sufocando a recuperação da economia.
Nesse sentido, apelamos à participação política e cívica
dos cidadãos que se revêem nestes ideais, e à sua mobilização na construção de
um novo paradigma.
Mário Soares
Isabel Moreira
Joana Amaral Dias
José Medeiros Ferreira
Mário Ruivo
Pedro Adão e Silva
Pedro Delgado Alves
Vasco Vieira de Almeida
Vitor Ramalho
Lisboa, 23 de
Novembro de 2011
III
Portugal está melhor e desce
para 7º lugar no club da “bancarrota”
Posted: 22 Aug 2012 04:26 AM PDT
Portugal agora já bem mais
positivo
A probabilidade de incumprimento (risco de default) da dívida
portuguesa desceu hoje abaixo de 43%. Por essa razão, Portugal foi
“ultrapassado” pela Venezuela e pela Ucrânia no “clube” dos dez candidatos a
uma bancarrota num horizonte de cinco anos, e desceu para a 7ª posição.
Recorde-se que, no pico do risco, em 30 de janeiro, Portugal ocupava a 2ª
posição do “clube” com uma probabilidade de entrada em bancarrota de 73,32%, ou
seja uma quase iminência de default, seguindo as pegadas da Grécia.
Nesta classificação, publicada várias vezes ao dia pela CMA DataVision,
refletindo o mercado dos credit default swaps (seguros financeiros contra o
risco de incumprimento, cds no acrónimo), quanto mais alto for o preço dos cds
e o risco de incumprimento, mais elevada é a posição no “clube”. A 30 de
janeiro de 2012, o preço dos cds ligados à dívida portuguesa subiu a um recorde
histórico de 1554,69 pontos base. Acima de 1000 pontos base, a situação é
considerada como de “dificuldade de crédito severa”. Hoje estão em 652,55
pontos base.
Portugal havia descido do quarto lugar para o 6º no dia 10 de agosto,
havia subido para quinto no dia 15 de agosto, e voltou a descer para a sexta
posição a 20 de agosto, ao sabor dos rumores sobre as eventuais decisões de
política monetária interventiva a serem tomadas pelo Banco Central Europeu na
sua próxima reunião de 6 de setembro.
Estes rumores têm beneficiado a situação da dívida soberana de
Portugal, Irlanda, Espanha e Itália, quer no mercado secundário dos títulos de
dívida, como no mercado dos cds. A Irlanda saiu do “clube” a 24 de julho,
voltou a reentrar, e saiu, de novo, a 14 de agosto – o seu nível de risco está
em 30%. A Itália está fora do “clube” desde final de junho, tendo hoje descido
abaixo de 30%. O preço dos cds para a dívida italiana desceu hoje, pela
primeira vez desde abril, abaixo de 400 pontos base.
A Espanha continua, naquela classificação de risco, a ocupar a nona
posição, com uma probabilidade de 32,3%. O Tesouro Público em Madrid levou hoje
a cabo um leilão de dívida de curto prazo, com emissão de bilhetes do Tesouro a
12 e 18 meses, tendo conseguido arrecadar 4,5 mil milhões pagando aos
investidores taxas de remuneração mais baixas do que na operação anterior
similar, o que foi considerado pelos analistas como muito positivo.
No seio dos “periféricos”, membros do “clube”, formou-se, nos últimos
meses, uma divisão clara, por um lado, entre os altos níveis de risco da Grécia
(que continua a liderar o referido “clube” com quase 100% de risco) e de Chipre
(com um nível de mais de 68% de risco, estando em segundo lugar) e, por outro,
Portugal e Espanha.
O “clube” de dez candidatos a uma bancarrota é formado por Grécia,
Chipre, Argentina, Paquistão, Venezuela, Ucrânia, Portugal, estado do Illinois
(EUA), Espanha e Líbano. A 10ª posição, durante este mês, tem sido disputada
pelo estado da Califórnia (EUA), o Egito e o Líbano. O diferencial de risco
entre Espanha e Líbano é já muito pequeno
Ler mais: Aqui
IV
Dinheiro enviado pelos
emigrantes para Portugal bate recorde de 10 anos
Posted: 22 Aug 2012 03:22 PM PDT -
O POVO – Portugal sem Passaporte
Nos primeiros seis meses deste ano, as remessas de emigrantes
portugueses atingiram 1.276 milhões de euros. Este é o maior montante para
estas transferências nos primeiros seis meses de um ano desde o primeiro
semestre de 2002
As remessas de emigrantes aumentaram 16% no primeiro semestre deste
ano. Segundo dados divulgados esta quarta-feira pelo Banco de Portugal (BdP),
as remessas atingiram os 1.276 milhões de euros, o valor mais alto desde 2002.
Este é o maior montante para estas transferências nos primeiros seis
meses de um ano desde o primeiro semestre de 2002, quando as remessas foram de
1.334 milhões de euros. Nos segundos semestres, as remessas costumam ser mais
elevadas, por efeitos das férias e do Natal.
As razões para o reforço das remessas podem estar ligadas a um
crescimento na emigração ou a um aumento das remessas por emigrante, de acordo
com o BdP.
O aumento das remessas foi generalizado em quase todos os países onde
há comunidades portuguesas significativas. Segundo o boletim estatístico do BdP,
o crescimento chegou a ultrapassar os 50% em países como Alemanha (75,5%),
Espanha (60%) e Luxemburgo (56,3%).
A proposito desse recorde o Secretarui das Comunidades José Cesario,
diz:
Mantém-se a tendência de crescimento das remessas das Comunidades
Portuguesas para as nossas instituições financeiras.
Independentemente do aumento da emigração, estes dados traduzem a
manutenção da confiança no País e nos nossos bancos por parte dos Portugueses
residentes no estrangeiro.
Os dois países de onde chegam mais remessas continuam a ser a França
(413 milhões) e a Suíça (292 milhões). Em conjunto, os emigrantes nestas duas
nações enviam mais de metade do total das remessas recebidas por Portugal.
Ainda assim, foi nestes dois países que as taxas de crescimento face a
2012 foram mais baixas. No caso da França, houve até uma redução de 2,8%.
Nos dados divulgados esta quarta-feira, o Banco de Portugal não
discrimina as remessas vindas de Angola, que, segundo dados de 2011, era a
terceira maior fonte de remessas.
Os envios de Angola estão incluídos na categoria “resto do mundo”, de
onde vieram 147 milhões nos primeiros seis meses do ano, o equivalente a uma
taxa de crescimento de 63,7% relativamente ao mesmo período do ano anterior
Portugueses não têm dinheiro
mas só querem carros caros
Posted: 20 Aug 2012 04:26 AM PDT
O carro mais vendido em Portugal na primeira metade do ano foi uma
carrinha Mégane de 28 mil euros (cerca de 70 mil reais)
A crise está a provocar uma quebra histórica nas vendas de carros –
menos 41,9% nos primeiros seis meses deste ano. Mas, mesmo sem dinheiro, os
portugueses que decidem trocar de automóvel continuam a não comprar os modelos
mais baratos e preferem as versões mais luxuosas e potentes.
O carro mais vendido em Portugal, na primeira metade deste ano, não foi
um modelo da categoria mais barata. E a versão mais escolhida também não foi a
de entrada da lista de preços, a que traz menos equipamento e tem motorizações
mais baixas. Foi , pelo contrário, uma carrinha, normalmente o tipo de
carroçaria mais caro. Quem diria, em tempo de crise? Palmas para o Renault
Mégane e em especial para a versão 1.5DCi SW Sport Tourer GT Line, de 110
cavalos, que atraiu a maior fatia de compradores (706 do total de 2787
unidades). Custa nada menos de 28 100 euros.
Mesmo assim, esta carrinha Mégane das mais equipadas não vendeu tanto
como o BMW série 1116 d Efficient Dynamics, que chegou às 830 unidades e ao
terceiro posto dos mais vendidos por versões. Este modelo custa mais de 27 mil
euros à saída do stand e mostra que o mercado nacional encolhe drasticamente,
mas só em quantidade. De facto, os portugueses continuam a ser consumidores adictos
de equipamento e também não prescindem de motores com desempenho acima da
média, ou de emblemas de prestígio.
E apesar de estar a aumentar claramente a sua penetração no mercado, o
segmento A, dos económicos, capta ainda uma fatia muito pequena das vendas. O
Smart Fortwo, símbolo do sucesso nessa categoria, não entra sequer na lista dos
10 modelos mais vendidos dos primeiros seis meses de 2012, ficando-se pelo 15.º
lugar, segundo as estatísticas da Associação do Comércio Automóvel de Portugal
(ACAP). A versão mais baixa deste modelo – o Fortwo coupé 61 cv Pure – custa
apenas 9795 euros.
Ricardo Oliveira, da Renault, antevia esta situação já há cerca de três
meses em declarações ao Dinheiro Vivo, quando na marca francesa era o Clio, de
preço e gama inferiores, o modelo mais vendido. E agora explica: “Uma das
coisas que contribui para estes resultados é o mercado das empresas. Hoje em
dia ele é o mais importante, com um peso muito superior ao dos particulares.
Ora acontece que, para as empresas, que não pagam os carros a pronto, mas sim
rendas, é muito mais fácil chegar a carros maiores, ou mais potentes e
equipados. Acresce ainda neste caso específico do Mégane, os preços
enquadram-se bem no patamar em que as empresas conseguem obter benefícios fiscais”.
“Por outro lado”, prossegue, “as empresas, ao fim e ao cabo, só seguem
uma tendência que é uma característica do comprador português há muitos anos. É
uma característica de um mercado que a crise não modificou, só diminuiu”.
Esta relutância dos portugueses a poupar quando toca à máquina com que
se apresentam nas estradas está patente em outros exemplos da lista dos 10 mais
vendidos. O Volkswagen Golf, por exemplo, cuja versão mais barata ronda os 22
mil euros, obtém melhor resultado de vendas do que dois modelos populares do
segmento imediatamente inferior, o Fiat Punto (que vai dos 14 mil aos 21 850
euros) e o Opel Corsa (cujos preços começam nos 13 mil euros). E o BMW Série 1
ocupa o sétimo lugar da lista, com somente menos 93 unidades vendidas do que o
Opel Corsa, que é sexto no top dos carros mais vendidos.
Armando Fonseca Júnior – dinheiro vivo
A empresa tecnológica Apple vale 600 bilhões de dolares, 3 vezes mais
do que Portugal
Posted: 20 Aug 2012 05:04 AM PDT
A Apple vale treze vezes mais que toda
a Bolsa de Lisboa e três vezes mais que a riqueza produzida (PIB) em Portugal.
A ‘maçã’ ainda não parou de deitar sumo… e de fazer história. O último
grande acontecimento ocorreu na sexta-feira quando as ações da Apple atingiram
um novo máximo histórico de 648,19 dólares e a empresa passou a valer na Wall
Street mais de 600 bilhões de dólares.
Ao superar esta fasquia psicológica, a empresa fundada por Steve Jobs
não só cimentou o estatuto de companhia mais valiosa do mundo, mas também mais
valiosa que muitas economias europeias. A tecnológica, por exemplo, já vale
treze vezes mais que toda a Bolsa de Lisboa e três vezes mais que a riqueza
produzida (PIB) em Portugal.
As contas são fáceis de se fazer. Em euros, a capitalização bolsista da
Apple é de 492,5 bilhões, o triplo do PIB português, que fica aquém dos 170
bilhões; as 18 empresas cotadas no PSI-20 somam um market cap conjunto de 38,9
bilhões, o que significa que o gigante americano vale 13 vezes o principal
índice bolsista nacional. A Galp, que é a empresa portuguesa mais valiosa, é 54
vezes mais pequena que a Apple; e esta vale também 6491 vezes mais que a Sonae
Indústria, a empresa com a capitalização mais baixa da Bolsa portuguesa.
E o que têm em comum a Suécia, a Polónia, a Bélgica, a Noruega, a
Argentina ou os Emirados Árabes Unidos? PIB inferiores aos 607,5 bilhões de
dólares que vale a Apple. Aliás, se fosse uma economia, a tecnológica faria
parte do ‘top 20′ mundial.
Com esta capitalização bolsista, a Apple consolida o seu estatuto de
empresa mais valiosa do mundo, com 200 mil milhões, à frente da petrolífera
Exxon Mobil, e está perto de se tornar na empresa mais valiosa de sempre –
faltam 11,4 bilhões de dólares para superar o recorde fixado pela Microsoft em
1999, quando a empresa de Bill Gates atingiu uma capitalização de 618,9
bilhões.
Fonte - Dinheiro Vivo - Portugal sem passaporte
V
Geração à Rasca
Origem:
Wikipédia, a enciclopédia livre.
Protesto da
"Geração à Rasca"
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Avenida da
Liberdade, Lisboa
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Localização
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Lisboa, Porto e outras cidades
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Data
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Geração à Rasca é o nome dado a um conjunto de manifestações ocorridas em Portugal e outros países, no dia 12 de Março de 2011, as maiores manifestações não vinculadas a partidos políticos desde a Revolução dos Cravos[1].
Um evento do Facebook e um blogue, criados por um grupo de amigos: Alexandre Carvalho, António Frazão João Labrincha e Paula Gil; foram o ponto de partida[2] para o movimento de protesto, auto-intitulado "apartidário, laico e pacífico", que reivindica melhorias nas condições de trabalho, como o fim da precariedade. O manifesto incitava à participação numa manifestação dos "desempregados, “quinhentoseuristas” e outros mal remunerados, escravos disfarçados, subcontratados, contratados a prazo, falsos trabalhadores independentes, trabalhadores intermitentes, estagiários, bolseiros, trabalhadores-estudantes, estudantes, mães, pais e filhos de Portugal."[3][4]
Índice |
[editar] Antecedentes
Frente da manifestação
em Lisboa.
O nome é um jogo de palavras usado para descrever a geração que protestou durante os anos 90 do século XX, apelidada «Geração rasca» por Vicente Jorge Silva, em 1994. Aquando destas manifestações estudantis contra o aumento das propinas, era Ministro da Educação Couto dos Santos[5].
[editar] Canção dos
Deolinda
A iniciativa inspirou-se na canção dos Deolinda de 2011, "Parva que sou", que fala sobre a precariedade laboral que afecta milhares de portugueses, em particular licenciados:
Que mundo tão parvo
Onde para ser escravo é preciso estudar
Os membros da banda não participaram nos protestos, embora se solidarizem com os manifestantes.[6]
[editar] Homens da Luta e o Festival da Canção
A vitória dos Homens da Luta com a canção "A Luta é Alegria" no Festival da Canção de 2011, uma canção humorística inspirada nas canções revolucionárias de Zeca Afonso veio trazer ainda mais aderentes às manifestações do dia 12 de Março.[6] [7]
[editar] Protesto
Manifestantes no
Porto.
Manifestantes em
Bruxelas, Bélgica.
O protesto encheu a Avenida da Liberdade em Lisboa. As estimativas para o número de pessoas presentes no protesto em Lisboa variaram entre as 200 000 e as 300 000 pessoas.[8][9] Houve também manifestações no Porto (80 000 pessoas)[10], Funchal[11], Ponta Delgada[12], Viseu[13], num total de 11 cidades portuguesas. Houve também manifestações mais pequenas em Barcelona, Londres, Berlim, Haia, Madrid, Lubliana, Luxemburgo, Bruxelas, Maputo, Nova Iorque, Copenhaga e Estugarda em frente às embaixadas de Portugal.[14] A Polícia de Segurança Pública estima a presença de 100 000 pessoas em Lisboa e 60 000 no Porto, enquanto a organização fala de 200 000 e 80 000, respectivamente.[15]
[editar] Reacções
Miguel Sousa Tavares comentou no Jornal da Noite da SIC de 7 de Março de 2011 que o movimento é demagógico, considerando que uma proposta de demitir todos os políticos vinha do mesmo movimento, o que veio a ser desmentido.[16] O bispo do Porto, D. Manuel Clemente disse em declarações à Rádio Renascença não ter ficado surpreendido com a dimensão da manifestação, e que deve ser dada uma resposta por parte dos políticos.[17] Paulo Portas, líder do CDS-PP, afirmou a 11 de Março de 2011 que "os partidos [políticos] devem resistir à tentação de colonizar" a manifestação e que os organizadores "não têm nenhuma obrigação de apresentar soluções".[18] Quando do anúncio da recepção do Prémio Pritzker em 28 de Março de 2011, Eduardo Souto de Moura disse, em conferência de imprensa, que receber esse prémio era bom porque "[…]Não há emprego, está tudo a emigrar. Temos bons arquitectos e a chamada geração à rasca está mesmo à rasca. E não há para onde ir.[…]"[19]
[editar] Consequências
Manifestantes em
Lisboa.
A 15 de Março de 2011, João Labrincha, um dos organizadores do Protesto, fez na RTP um balanço muito positivo da manifestação, apelidando-a de "dia histórico" onde cerca de 400 mil pessoas estiveram nas ruas, afirmando que "agora a luta tem que passar por todos" para que a energia desse dia não morra. Acusou ainda de "desfasamento face à realidade" o Primeiro-Ministro José Sócrates e Pedro Passos Coelho, líder do maior partido da oposição - PSD, por estes não terem feito comentários nem tido reacção após a gigante manifestação.[20]
Poucos dias após a manifestação da Geração à Rasca, Paula Gil afirmou que "o Protesto não era o final [...] queríamos que as pessoas percebessem que a democracia não termina no direito ao voto."[21]
Adolfo Mesquita Nunes, do CDS-PP, apresentou uma proposta de um pacote de 20 medidas urgentes para a "Geração à rasca", incluindo que as universidades informem os alunos da empregabilidade dos cursos que leccionam, uma maior flexibilidade do mercado de trabalho e a liberalização do mercado de arrendamento.[22]
O bispo do Porto, Manuel Clemente, em entrevista à Lusa, afirma que estes protestos "são antes de mais, para respeitar muito" e "levar a sério", afirmando que não se pode relativizar o que fizeram jovens "que vêem o seu futuro com uma grande interrogação".[23]
A 23 de Março de 2011, José Sócrates apresenta a sua demissão como Primeiro Ministro de Portugal, após um chumbo no Parlamento a medidas de austeridade propostas no âmbito do Pacto de Estabilidade e Crescimento.[24]
Na sequência da marcação de eleições legislativas, o Bloco de Esquerda lançou uma campanha intitulada Retratos da Geração à Rasca[25].
A 15 de Abril de 2011, os organizadores inciais do protesto fundam o Movimento 12 de Março. A esse pequeno grupo de jovens juntaram-se outros activistas, com o desejo de criar um movimento com o objectivo de "Fazer de cada cidadão um político" (expressão originária de um pensamento de José Saramago[26]), prometendo ser "uma voz activa na promoção e defesa da democracia em todas as áreas da nossa vida".[27]
A 19 de Abril de 2011, o Movimento 12 de Março, os Precários Inflexíveis, o FERVE e os Intermitentes do Espectáculo e do Audio Visual lançaram uma Lei Contra a Precariedade.[28]
A partir de 15 de Maio de 2011, manifestações semelhantes ocorreram em Espanha, inspiradas nos protestos em Portugal. Os organizadores do movimento "Democracia Real Já" apontam a Geração à Rasca como uma referência, pois em Espanha falava-se "muito do que estava a acontecer em Portugal e deu-nos vergonha que aqui não tivéssemos feito nada. Em Portugal mostraram que não se deve ter medo, que se deve sair à rua".[29]
A 22 de Maio de 2011, primeiro dia de campanha eleitoral para as legislativas antecipadas, o Movimento 12 de Março lançou uma campanha paralela pela realização de uma Auditoria Cidadã à Dívida Pública[30], que se formalizou oficialmente na Convenção de Lisboa realizada a 17 de Dezembro de 2011,[31] onde foi criada uma "Comissão de Auditoria", na qual muitas outras pessoas e colectivos se vieram a integrar, através de um movimento que adoptou o nome de Iniciativa para uma Auditoria Cidadã à Dívida Pública.
A 15 de Outubro de 2011, o Movimento 12 de Março fez parte da plataforma de movimentos sociais que organizaram a manifestação em Lisboa, naquele que ficou conhecido como o primeiro protesto convocado à escala global[32].
Tanto o Movimento 12 de Março, como outros que surgiram após o Protesto da Geração à Rasca, se mantém actuantes em vários domínios da política, activismo e cidadania. "As pessoas descobriram que têm voz, estão mais conscientes e atentas à política" e a "sociedade [está] mais viva e desperta". [33]
REGISTROS
DIA 07 – ANO BRASIL PORTUGAL 2012/2013
Paulo Timm / Covilhã-Portugal 28ago2012
“Minha pátria é minha
língua”
Fernando Pessoa
“Da minha língua vê-se o mar”
Vergílio
Ferreira
VIDEO – PORTUGAL – BELEZA DA SIMPLICIDADE - http://www.youtube.com/watch?v=m34Wv-2yjQo&feature=player_embedded
Enfim, no ar, a Programação do Ano Brasil-Portugal
2012/13: Um conjunto de atividades em vários domínios das artes, segmentos da
economia e encontros culturais em ambos os países, com vistas a se tornarem
cada vez mais conhecidos.
“O Ano Brasil-Portugal é a sequência de uma série de celebrações do
Brasil com países diretamente ligados à sua história, seja como colonizador, no
caso do irmão lusitano, ou como imigrantes que aqui se instalaram e criaram
raízes definitivas, caso do ano Brasil-Itália e ano do Brasil na França.”
“Este espectro de eventos deverá
desenvolver-se ao longo de
todas as regiões do Brasil, com presença directa em múltiplas
Cidades e cobertura mediática
de alcance nacional.
Em segundo lugar, a
arquitectura do nosso programa é aberta à contribuição da Sociedade Civil.
Este programa apenas poderá
ter o sucesso desejado se forem desenvolvidos mecanismos
eficazes de integração da
Sociedade Civil na sua construção. Esta abertura à contribuição de
terceiros é igualmente um
pilar fundamental da nossa estratégia, seja pela possível inclusão de
eventos já planeados por
outras entidades, seja pela possibilidade de angariação permanente de
ideias, propostas e
candidaturas a novos eventos através do nosso website-
(Apresentação de Miguel Horta e Costa,
Comissário-Geral do Ano de Portugal no Brasil - www.anodeportugalnobrasil.pt. )
)
Da
parte do Brasil, a FUNARTE informa que há duas formas de participar do Ano
Brasil Portugal, ambas formalizadas em dois
Editais disponíveis aqui , aos interessados. Informações adicionais ou dúvidas devem ser encaminhadas por meio do
Fale com o Ministério ou dirigidas
a Ouvidoria.
Uma
delas é através do concurso de 72 atrações
musicais para compor a programação do Espaço Brasil, de janeiro a junho de
2013, em Portugal. Cada uma das atrações escolhidas receberá R$ 10 mil .
“O concurso é uma realização do Ano Brasil-Portugal e o seu
objetivo é garantir a representação da música brasileira, que se caracteriza
pela diversidade e inventividade.
O
material de inscrição deverá ser postado pelos Correios (via Sedex), em
envelope único, para: Edital de Música Ano do Brasil em Portugal - Rua João
Afonso, 65 / casa 3 Humaitá – Rio de janeiro – RJ – CEP 22261-044.”
A outra , será através
de “iniciativas independentes” , nas quais . poderão participar produtores culturais,
associações, cooperativas, empresas com ou sem fins lucrativos, órgãos públicos
e fundações privadas da área cultural, que receberão uma chancela oficial do
Evento.
.A
cerimônia de abertura conjunta do Ano de Portugal no Brasil e o Ano do Brasil
em Portugal, será no dia 7 de setembro e
se estenderá até 10 de junho de 2013, Data Nacional de Portugal. Espera-se a
presença da famosa fadista portuguesa
Mariza - Mariza and the Story of Fado | Facebook,
num espetáculo conjunto com Roberta de Sá, acompanhadas pela Orquestra
Sinfônica de Brasília. A mesma Mariza, com Milton Nascimento se apresentará,
novamente, no Teatro Municipal do Rio de
Janeiro, no dia 12 de setembro, evidenciando a importância que o Governo de
Portugal dará ao Fado como um de seus mais valiosos Patrimônios Culturais.
A
inauguração oficial do Ano de Portugal,
porém , só ocorrerá no dia 9 de setembro, em Belo Horizonte, com a assinatura de um Protocolo entre os dois Governos.
Até
aqui, enfim, as informações sobre o Ano Brasil Portugal. Agora, a crítica...Até
porque, além de brasileiro, Pereira por herança do avô materno, resido em
Portugal. Sinto na pele as pulsações entre nossos países. E não consigo,
andando pelos meandros do Chiado, em Lisboa, viajando pelo interior, morando
numa cidade pequena, quase desconhecida dos brasileiros, ao nordeste, deixar de
viver, diuturnamente, nossas semelhanças e diferenças. Tudo tão igual... Tudo
tão diferente...Portugal, renascentista; o Brasil, hiper-moderno. Entre ambos
um fio de esperança...
De
comum, uma certa apatia frente à coisa pública, nos dois países submetida à
crítica ácida, mais bem humorada no Brasil,
enquanto aqui, cruelmente retratada pela literatura, desde os clássicos
de Eça de Queiros.
Como
diferença, o estado de espírito, sensual
no Brasil, aqui intensamente
épico, ambos, porém, portadores de uma
tristeza enigmática. A portuguesa, recolhida do grande Mar Oceano; no
Brasil, cultivada sertão adentro , como revelam, de um
lado, uma das trovas mais belas da
língua portuguesa, de autoria de um poeta pouco conhecido, Antonio Correia de
Oliveira (I), de outro , o poema de Drummond (II):
I
Oh águas do mar salgadas
De onde lhes vem tanto sal
Vem das lágrimas choradas
Nas praias de Portugal
II
Casas entre bananeiras
mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar...Um homem vai devagar
um cachorro vai devagar
um burro vai devagar
devagar... as janelas olham.
Eta vida besta, meu Deus!
No
plano histórico , uma questão incontornável. Como outros países europeus,
Portugal foi uma Potência Colonial e os monumentos aos heróis que “tombaram em
defesa da pátria” , abundam. Nós, ex- colônias , temos outra visão deste
processo, até hoje mal digerido em toda a Europa.Como encaminhar um
entendimento comum sobre a Questão Colonial?
Apesar,
pois, do Ano Brasil Portugal incorporar-se, como afirma Antonio Grassi,
Presidente da FUNARTE e responsável , pelo lado brasileiro, da montagem da
programação, à “sequência de uma série de celebrações do Brasil com
países diretamente ligados à sua história”, o caso
de Portugal estaria a exigir uma melhor conceituação do evento. Mas
inteligência não é uma matéria prima muito cultuada no Ministério que lhe
sugere o nome...
Portugal
ocupa um lugar ímpar na nossa formação. Temos 300 anos de uma História comum,
que se prolongou, na figura de nosso D.Pedro I como Rei de Portugal depois de
sua vitória “liberal” sobre as forças conservadoras de Dom Miguel. E
compartilhamos a mesma literatura, mercê
da língua comum. Ora, o que há de mais importante na história da civilização do
que a língua? Sobre ela, aliás, estamos
a tratar de consolidar o Novo Acordo Ortográfico, ainda com áreas de
resistência nos dois lados do Atlântico. Deveríamos , pois , ter dado uma maior
ênfase, durante o Ano Brasil-Portugal, à literatura. Mas isto não está
ocorrendo. O ponto de partida e de provável encerramento está marcado pelos
espetáculos musicais, importantes, mas que mais nos separam do que nos aproximam. Portugal lamenta o passado
heróico; o Brasil festeja o futuro incerto... A língua nem aproxima, nos une.
Somos uma mesma fraternidade luso-fônica, avaliada, hoje, como de considerável
peso numérico e grande distribuição pelos vários continentes, como das mais
importantes do mundo. De resto, continuamos, com a ênfase na música, coniventes
com a sociedade do espetáculo, quando esta já dispõe , pela indústria cultural
mecanismos próprios de afirmação e divulgação. E, neste sendeiro, não faltará,
por certo, um “amistoso” entre as duas grandes seleções de futebol...
A
partir da ênfase na literatura poderíamos aproveitar o Ano Brasil Portugal para
aprofundar nossas relações recíprocas. Podíamos conhecer melhor a obra de uma Deolinda Gersão , autora do romance A
Árvore das Palavras [resenha | comprar], vencedor do
Prêmio de Ficção do PEN Clube português. E eles poderiam conhecer melhor nosso
grande poeta mineiro Anderson Braga
Horta, autor de Fragmentos da Paixão,
uma verdadeira obra prima poética. Tendo vivido muitos anos no
Chile, como algum tempo nos Estados Unidos, vejo como estes países cultivam
relações especiais com suas respectivas “Mães Pátrias”: Espanha e Inglaterra .
Como há um sentimento profundo de orgulho na comunhão do mesmo idioma! Brasil e Portugal, ao contrário, parecem
afastar-se cada vez mais. Apesar disto, não há animosidade entre as duas
comunidades. Cá, somos tratados, em todas as partes com carinho, sendo
freqüente, à percepção de nossa origem brasileira, o alinhavo de uma história
de família : “Meu irmão mora há 30 anos no Rio”; “meu filho foi há dois anos
para São Paulo”; “Ah, o Brasil, ainda quero conhecer ...!!!”. E aí no Brasil,
sempre tomamos os portugas como parentes longínquos.
Este
distanciamento entre Brasil e Portugal, penso, é mais de tipo institucional do
que sentimental, embora as novas gerações portuguesas já se sintam europeizadas e um pouco
distantes do Brasil. Aliás, a presença ostensiva, aqui, de “retornados”, que são os portugueses que
até recentemente viviam em Angola , Moçambique, Guiné , Cabo Verde etc dá a África uma presença maior do que a da
América do Sul. Tempo, portanto, de recuperar espaços e entrelaçar experiências
culturais.
O
século XIX nos distanciou em virtude do processo de Independência, sempre
traumático. Havia ressentimentos dos dois lados. Tivemos, talvez, um interregno
de grande aproximação cultural e política entre os últimos lustros daquele
século e os primeiros do posterior. Anos de grandes luzes na literatura dos
dois países. Mas aí sobreveio a
hesitação de Portugal diante na II Guerra Mundial, seguido da longa ditadura
salazarista, com sua obstinada política colonizadora, ambas fatores de
reticências diplomáticas da parte do Brasil. De novo o distanciamento,
intercalado, apenas pela mão única do exílio de milhares de portugueses no
Brasil, uns ilustrados, como Conceição Tavares, decana octogenária dos
economistas brasileiros, outros, a grande maioria, oriunda do norte de
Portugal, com baixa escolaridade e premida pela fome e desemprego .
·
Joan Baez canta _Grândola, Vila Morena, música tema da
Revolução dos Cravos, em 1974_ (José Afonso).mp4 http://www.youtube.com/watch?v=o_bYb-Mces4&feature=related
·
A Revolução dos Cravos, em 1974, seguida do
processo de emancipação das antigas colônias, parte de seu ideário DDD
(Democracia, Descolonização, Desenvolvimento)
francamente apoiadas pelo Itamaraty, parecia dar um novo alento às
nossas relações. Até porque, neste mesmo ano de 1974, se abria o regime militar , no Brasil, para
um processo de abertura que desembocaria na Constituinte de 1988. E isto,
aliás, ocorreu de fato. O final década
de 70 foi marcado por inúmeras iniciativas de reaproximação ente os dois
países. Fui testemunha, como signatário da Carta de Lisboa, que marcou o retorno
de Leonel Brizola à vida política, em 1979, desta aproximação , graças à
amplitude de horizontes do líder socialista Mário Soares. Sentíamos, “Sob o céu
de Lisboa”, a proteção e apoio fraterno à abertura política no Brasil. Este
terá sido, talvez, um momento, entre 1975 e 1990, verdadeiramente pungente
no entrelaçamento de nossas
relações institucionais e culturais.
Políticos, artistas e intelectuais dos dois países freqüentavam-se com grande
desenvoltura.
Mas
aí emergiram duas coisas que nos viriam
a distanciar de novo: (1) Participação de Portugal na nascente União Europeia; (2) Política Externa do
Governo FHC. Não vou me aprofundar sobre
tais fatos, apenas salientar que Portugal se volta crescentemente para a
União Europeia na tentativa de se alinhar aos parâmetros da modernidade
continental, fato consumado em 1992 e 1997 com a adaptação da Constituição de
Portugal aos Tratados da União Europeia assinados em Maastricht e em Amsterdã.
Ao mesmo tempo o Brasil, com
Fernando Collor, mas sobretudo nos
longos anos de FHC começa a se rejubilar pela entrada no Bloco dos emergentes,
mais preocupado com o assento entre as
grandes potências mundiais do que com Portugal e o Terceiro Mundo.
Hoje,
porém, a Crise Econômica nos reaproxima. Ou melhor, pode nos reaproximar, desde
que nossos líderes sejam capazes de se
entreolhar pelas frestas dos interesses comuns, na busca de programas conjuntos
de cooperação para o desenvolvimento. A Europa é tanto um manancial de
inspirações civilizatórias, quanto um considerável mercado de 500 milhões de
consumidores. O Brasil, o líder de um vasto continente com uma considerável
constelação de recursos naturais e razoável estabilidade política. Só para se
ter uma idéia: Portugal, mercê da crise e desemprego, exporta, hoje, cerca de
70 mil jovens ao ano, supereducados, numa população estabilizada de 13 milhões
de habitantes. A continuar esta sangria o país terá perdido em vinte anos 10% do melhor de sua gente. Sempre
ao mar... sempre ao incerto, realimentando a nostalgia mítica desta povo. Isto não pode continuar. Tem que ser
revertido. E o Brasil pode contribuir de forma decisiva neste processo. Um só
programa de Turismo bem direcionado para Portugal, com apoio do Governo
Brasileiro, teria conseqüências inusitadas neste processo.
Outro ponto
crítico do Ano Brasil Portugal: Ausência total dos dois Estados mais próximos,
em termos históricos de Portugal: Rio Grande do Sul e Santa Catarina, as
duas últimas porções do Império Português na América do Sul.
O primeiro, tendo como capital , Porto Alegre, cujo primeiro nome foi
Porto dos Casais, em homenagem aos
de 60 casais açorianos lá chegados, em 1776, como garantia de controle territorial de
Portugal; o segundo, por semelhantes razões, fartamente estudadas - http://amigonerd.net/trabalho/45444-povoadores-de-fronteira
.
Por que firmar o
Protocolo do Ano Brasil Portugal em Belo Horizonte? Como não dar a um dos
Estados sulinos maior relevo simbólico e efetivo nesta programação?
Imperdoável. Embora se
compreenda: Trata-se do verdadeiro monopólio que Rio e S.Paulo exercem sobre os
mass media no país , com os
conseqüentes resultados no domínio da indústria cultural destes Estados sobre
os demais. Até parece que o pensar
é uma exclusividade do centro do país, ao qual o resto se curva como mera audiência, nos comentários de televisão, nos grandes espetáculos, no
movimento editorial. Minas Gerais é a
exceção. Que se explica, em grande parte, pela proximidade com o eixo Rio/
S.Paulo, mas também por um fato reconhecido por vários analistas da
administração pública no Brasil: Tem a melhor estrutura administrativa de
Governo entre os Estados. Apenas um exemplo: Na década de 70 o Estado de Minas
já dispunha de claro diagnóstico de fatores restritivas de seu desenvolvimento
– O “Diagnóstico da Economia Mineira” - , o qual deu origem, dentre outros, à
criação de um órgão de promoção de investimentos, o INDI, responsável pela
primeiro deslocamento da industria automobilística no território nacional no
rumo de Betim. Nascia a FIAT do Brasil.
Mas enfim, mesmo
compreendendo as dificuldades para uma inserção mais dinâmica do Rio Grande do
Sul no ANO BRASIL PORTUGAL 2012-2013, nada nos impede de espernear. É o famoso jus esperneandi. Quem sabe, assim, “alguém...”
se toca...E aproveito para render
uma pequena homenagem a um grupo de estudiosos, que, em Gramado se dedicam
denodadamente ao estudo da colonização açoriana no Brasil: O Centro Luso Açoriano da Região das
Hortênsias , com preciosas informações nos sites www.arquivohugodaros.org.br
e www.gramadosite.com.br/cultura/mariliadaros
.
DIA 08 – Ano de Portugal no
Brasil: Ministro Paulo Portas diz que começou com o pé direito
Ano de Portugal no
Brasil começou ontem, às 18h30, com a
execução dos hinos dos dois países pela Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional
e show com Mariza e Roberta Sá
Mais cedo, Paulo Portas e representantes da embaixada de
Portugal e do governo brasileiro, como a ministra de Cultura Anna de Holanda, o
ministro das Relações Exteriores Antonio Patriota e o secretário de cultura do Distrito
Federal Hamilton Pereira participaram de um coquetel de abertura.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, afirmou
que o Ano de Portugal no Brasil começou com o “pé-direito”, com o concerto de
Mariza a espalhar “alegria e respeito” por Portugal entre os brasileiros e
contou com a presença de cinco a sete mil pessoas, segundo as estimativas dos
organizadores.
“Começou de forma extraordinária. (…) A energia, a alma, a
força que ela transmitiu como imagem de Portugal espalhou alegria e respeito
por milhares de brasileiros que aqui estavam. (…) Acho que foi entrar com o pé
direito”, afirmou o ministro, no final do concerto de Mariza, em Brasília.
O concerto, que marcou a abertura do Ano de Portugal no
Brasil e de Brasil em Portugal, contou com a presença de cinco a sete mil
pessoas, segundo as estimativas dos organizadores.
A cantora portuguesa apresentou-se depois da brasileira
Roberta Sá, mas foi de longe a que mais envolveu o público.
Paulo Portas agradeceu à cantora por ter tido um papel
fundamental no sucesso da abertura do Ano de Portugal no Brasil.
O ministro mencionou ainda a relevância do capital privado
português para a realização do evento, sem o qual constatou que não seria
possível levar a programação adiante, perante as dificuldades económicas que
Portugal enfrenta.
“Quero agradecer o papel que a Mariza teve nisso e agradecer
à empresa que patrocinou, porque todo este Ano de Portugal no Brasil é, projeto
a projeto, financiado por empresas, porque obviamente vivemos tempos austeros”,
concluiu o ministro.
DIA
09 - Assim se
fala em bom português… reclamando sempre
Posted: 07 Sep 2012 07:03 AM PDT
Portugal está cheio de bons portugueses. Gente patriótica que reconhece
todos os problemas do País – só que nunca concorda com nenhuma solução.
O bom português é aquele que
critica a programação da RTP por ela não se diferenciar em nada dos privados e
depois entende que alterar o funcionamento da comunicação social do Estado é um
atentado ao serviço público.
O bom português é aquele que se enfurece contra o facilitismo da escola
e depois se enraivece contra a obrigação de os alunos repetentes frequentarem o
ensino profissional.
O bom português é aquele que acha que não podemos continuar a apoiar
uma política do betão e a construir auto-estradas vazias mas depois se indigna
com o aumento do desemprego na construção civil.
O bom português é aquele que acredita que ter filhos no Portugal de
hoje é um luxo incomportável e depois se revolta com a quantidade de
professores que ficaram sem colocação nas escolas.
O bom português é aquele que acha uma pouca-vergonha os níveis de
endividamento da CP e da Refer e depois está contra o corte de linhas e o
encerramento de estações.
O bom português é aquele que admite o dinheiro da troika para pagar
salários mas que depois age como se o governo não estivesse obrigado a cumprir
o programa que os credores impuseram ao país.
O bom português entende que o
défice é uma vergonha em abstracto mas está contra todos os cortes em concreto.
O bom português é aquele que prefere não correr o risco de uma qualquer
terapêutica porque o que ele realmente gosta é de se queixar da doença.
Portugal está cheio de bons
portugueses. Nos cafés e nas avenidas, no PS e no PSD, nos jornais e nas
televisões. Tudo bons portugueses, que vão patrioticamente matando Portugal.
João Miguel Tavares CM – O POVO
09 – Depoimento do brasileiro Emanuel Costa
Martins
A convite
da Drª Vanessa, escrevo aqui minha rápida experiência ao sair do Brasil para
estudar em Portugal.
Não tenho
dúvidas em dizer que até aqui valeu deveras. Estou extremamente satisfeito,
pois concluo no próximo mês o primeiro ano do curso de mestrado em ciência
política na Faculdade de Direito de Lisboa. Contudo, antes de chegar a fase
atual, muitas dúvidas pairavam, aliás, formei muitos “pré-conceitos” errados
antes de iniciar essa trajetória.
Ainda no
Brasil, obtive informações valiosas sobre o curso no site da própria faculdade
(www.fd.ul.pt), fiz minha inscrição no Brasil (tudo via on-line)
e em seguida procurei o Consulado de Portugal na minha cidade que me forneceu
instruções fundamentais para providenciar o “visto” de estudante. São muitos
documentos, mas todos eles de fácil acesso. Com autenticações e taxas gastei em
torno de R$ 450,00 ou € 210,00.
Este
processo de inscrição, aceite da faculdade e visto consular demorou em torno de
90 dias. (alguns demoram um pouco mais, outros menos).
Com o
processo regular, entrei sem problemas em Portugal. O visto que me deram valia
por 120 dias, quando cheguei aqui tive que procurar o órgão competente para
prorrogar por mais 1 ano. (o órgão competente é o SEF), gastei mais € 30 ou R$
70,00, apresentei a mesma documentação que no Brasil e tudo certo.
No início
das aulas um grande espanto, a maioria dos colegas do curso eram brasileiros,
senão dizer 90%.
Mas ainda
permanece a perguntar que não quer calar: – Por que estudar em Portugal e não
no Brasil?
Se
olharmos para a Faculdade, não hesitaremos em afirmar, que a Faculdade de
Direito de Lisboa é uma das mais tradicionais e conceituadas no espaço
lusófono, ou seja, entre países de Língua Portuguesa. Formada por magníficos
professores e todos com títulos de Doutor ou Pós-doutor em universidades da
Europa.
Contudo o
grande atrativo em estudar aqui, sem dúvidas, são os preços das mensalidades,
no total do curso de Mestrado gastei pouco mais de R$ 7.500,00 (este valor pode
ser parcelado), ora, uma especialização barata no Brasil custa isso e um curso
de mestrado, se não for em Faculdade Pública, gastaremos de mensalidade em
torno de R$ 45.000,00.
Claro,
não podemos esquecer a moradia, alimentação, transporte, livros, xerox e outras
necessidades básicas. Com tudo isso e mais o curso, garanto, ainda vale a pena.
Mais
informações, deixo aqui meu e-mail: Emanuel.ensinojuridico@gmail.com ou minha página no facebook. Estou à disposição.
Obrigado
pela espaço.
Cordialmente,
Emanuel
Anderson da Costa Martins
DIA
10 - A esperança não morre
por Miguel Urbano Rodrigues
Adolfo Casais Monteiro escreveu no final dos anos 50 que "era
difícil ser português". Expressou uma realidade.
Humberto Delgado estava refugiado na Embaixada do Brasil e naquela época
a imagem do fascismo era medonha nos meios intelectuais brasileiros.
Conheci no exílio essa situação. Os amigos perguntavam como podia o povo
português suportar há décadas uma ditadura tão obscurantista como a de Salazar.
As nossas explicações para a sobrevivência do regime não convenciam.
Transcorrido meio século, a situação em Portugal faz-me recordar o
desabafo de Casais Monteiro num contexto histórico muito diferente.
A crise do capitalismo irrompeu nos EUA e alastrou pelo mundo. Mas em
Portugal os seus efeitos inserem-se num quadro que pelas suas facetas
humilhantes é difícil compreender e explicar.
Cada manhã, quando abro o computador e tomo conhecimento das últimas
notícias e à noite, ao acompanhar os noticiários da televisão e ouvir resumos
de declarações de ministros e deputados dos partidos da burguesia e de falas do
primeiro-ministro, sou tocado pela estranha sensação de assistir a uma farsa
intemporal num país inimaginável.
Temo que não exista precedente para uma situação como a de Portugal
neste ano sombrio de 2012.
Sei que os trabalhadores irlandeses, gregos e espanhóis, entre outros,
sofrem duramente as consequências de políticas impostas pelo grande capital
internacional em nome de uma "austeridade" que empobrece mais os de
baixo enquanto enriquece os de cima.
O que diferencia então o caso português dos demais?
Aqui a linguagem, o comportamento, o arrogante exibicionismo dos
responsáveis pelo trágico agravamento da crise são irrepetíveis, ao exigirem
"sacrifícios" aos explorados e oferecerem prebendas aos exploradores.
Tudo em nome do interesse nacional, da salvação da Pátria. O discurso lembra o
do fascismo.
Mas creio que nem no auge do
fascismo Salazar tenha reunido em qualquer dos seus governos um feixe de
ministros e secretários de estado comparável ao gabinete formado por Passos
Coelho. Com a peculiaridade de o Partido Socialista, cúmplice do binómio que
desgoverna o Pais, participar conscientemente da tragédia social e económica em
desenvolvimento.
Politólogos, professores de discurso pomposo (alguns formados em
universidades de fantasia), jornalistas de pretensa sabedoria analisam em
múltiplas e insuportáveis mesas redondas a crise e, com raríssimas excepções,
alinhem com o governo ou não, destilam anticomunismo, identificam no presidente
Obama um grande humanista e justificam as guerras imperialistas.
A política de "austeridade", a submissão servil ao diktat da
troika, o roubo de salários, a supressão dos subsídios de natal e de férias, o
aumento de impostos sobre o trabalho, os despedimentos sumários configuram já o
funcionamento de mecanismos de uma ditadura de facto da burguesia, mas o coro
dos epígonos fala com orgulho farisaico da "nossa democracia".
A engrenagem que ostenta as insígnias do Poder é servida por uma equipa
de pesadelo.
O Primeiro-ministro merecia figurar no Guiness. Impressiona pela
vastidão da ignorância, pelo vácuo intelectual.
Estranhamente, fala como se fosse detentor do saber universal. Quase
diariamente enaltece os benefícios da sua política neoliberal ortodoxa,
afirmando que o povo a compreende, mas é recebido com vaias em todas as cidades
e vilas onde aparece.
Conheci-o em 1991. Eu era então secretário da Comissão de Negócios
Estrangeiros da Assembleia da Republica, ele um jovem deputado que liderava a
Juventude do PSD.
Recordo que quando pedia a palavra bolsava tanta asneira que, por
decoro, lhe pedia que abreviasse as suas arengas.
O ministro Relvas ganhou notoriedade por talentos que lembram os de
vilões de tragédias shakespearianas. O ministro da Economia escreveu livros
"criacionistas" [NR] que principiam agora a correr de mão em mão como
obras de contornos extraterrestres. São apenas três figuras de um painel
governativo impar na Europa comunitária.
O Presidente da Republica, um reaccionário quimicamente puro, apoia o
descalabro.
É essa gente que, desfraldando o estandarte da democracia, garante que
"os portugueses" apoiam a ditadura de classe que os afunda na
miséria.
Desaprovo as analogias em política. Mas este governo, pelo absurdo, pela
crueldade social, pelo exibicionismo ridículo, pela submissão ao capital faz-me
lembrar atitudes do subsaariano Imperador Bokassa da Republica Centro Africana.
É tão transparente o repúdio popular pela estratégia de Passos e seus
rapazes que até Pacheco Pereira – o mais inteligente e culto dos ex-dirigentes
da direita – sentiu a necessidade de escrever um artigo ( Publico, 28 de Julho
de 2012) desancando o sistema. Nele pergunta: "Como devemos cruzar-nos com
os credores? De alpergatas, trabalhando 10 horas por um salário de
miséria?". Ele próprio responde que em breve o povo acordará, "porque
estas coisas, uma vez maduras, não escolhem nem dia, nem hora".
A História de Portugal lembra que a esperança não morre no povo. Quando
a opressão atinge um nível insuportável, as massas levantam-se e assumem-se
como sujeito da ruptura.
Foi assim em 1383, na guerra da Restauração em 1640, e no 25 de Abril de
1974.
Os actuais inimigos do povo, Passos&Companhia, instrumentos do
capital e do imperialismo, vão desaparecer na poeira da História. A obra é
devastadora, os autores figurinhas liliputianas.
Vila Nova de Gaia, 01/Agosto/2012
[NR] Álvaro Santos Pereira, Diário de um Deus Criacionista , Ed.
Guerra&Paz, 204 pgs.
Excerto: "Esta é uma obra
de ficção, e qualquer semelhança com a realidade poderá ou não ser
coincidência. Só Deus saberá. Este é um diário da História de Deus e da Sua
solidão infinita durante biliões e biliões e biliões e biliões de anos e da Sua
magnífica Obra e da incrível criação dos universos e do Tempo e das estrelas e
da expansão desmesurada do Cosmos que atingiu uma enormidade tal que deixou o
Divino com os nervos em franja" .
O original encontra-se em http://www.odiario.info/?p=2566
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
Dia 11 - Abertura Ano do Brasil em Portugal e ano de Portugal no Brasil
Francisco Neto
Brandão - Vice-Consul de Portugal –
Posted: 10 Sep 2012 08:17 AM PDT
De forma inédita, Portugal e Brasil acordaram realizar
simultaneamente o ano do Brasil em Portugal e ano de Portugal no Brasil, com
início no dia nacional do Brasil, 7 de setembro de 2012, e encerramento na data
nacional de Portugal, 10 de junho de 2013.
Trata-se de um convite para que ambas as nações se
reinventem nas suas relações, que nunca foram tão intensas e difusas já que
surgem em todas as áreas e de forma espontânea. Que pode cada um de nós fazer
nesse ano? Estão as entidades de cada país, governos centrais, estaduais,
municípios, universidades, escolas, associações empresariais, artistas e meios
de comunicação social convidados a refletir e a promover ações de aproximação
entre as nossas duas nações.
Não serão apenas eventos de grande porte, mas podem ser
ações pontuais e locais que aproximem a cultura e a economia dos nossos países
e revelem o melhor de cada um de nós em inovação e modernidade.
Portugueses e brasileiros hoje são parceiros e cultivam
cumplicidade e constatam ser mutuamente vantajoso. Esse é o principal motor, o
estatuto de parceiros.
O Ceará acumulou uma comunidade portuguesa muito articulada
e experiente que pode potenciar essas ligações, um associativismo com
curriculum de realizações lusófonas nomeadamente a dinâmica Câmara de Comércio
e a histórica Beneficente Portuguesa, universidades com experiência de
intercâmbio, municípios com presença portuguesa e acordos de cooperação, um
governo estadual parceiro de diversas iniciativas e de empresas portuguesas, a
Fiec, o Sebrae, artistas e ONGs.
Portugal e Brasil, nações livres e democráticas, sem
imposição de paradigmas ideológicos históricos, já que têm sólidos fundamentos
de nação escrevem todos os dias novas páginas de cooperação.
Localmente, o vice-consulado com jurisdição no Ceará e Piauí,
que tem como funções promover relações econômicas, sociais e culturais
procurará acompanhar e articular as atividades de aproximação que estiverem ao
seu alcance. Mas seria de grande satisfação ver despontar espontaneamente e em
todas as áreas iniciativas de que nos transcendam de aproximação entre Portugal
e Brasil, nomeadamente no Ceará e no Piauí, e, por outro lado, assistir a
realizações de promoção desses estados em Portugal durante esse período.
Francisco Neto Brandão - Vice-Consul de Portugal – O POVO
Dia 12 – Conferência
Portugal Brasil – Um olhar atual - Lisboa
Conferência Internacional
“PORTUGAL – BRASIL” UM OLHAR ACTUAL
Conferência Internacional “PORTUGAL – BRASIL” UM
OLHAR ACTUAL
Vai decorrer
nos dias 12 e 13 de Setembro de 2012, no Grande Auditório do ISCTE-IUL. Sujeito
a inscrição, email:raquel.cruz@iscte.pt
(lugares limitados à disponibilidade da sala).
A
Conferência Internacional, por ocasião do Ano do Brasil em Portugal e de
Portugal no Brasil, com o objetivo de fazer uma análise do presente e do futuro
das relações entre os dois países em vários domínios, estimulando o
conhecimento mútuo e a descoberta de oportunidades de cooperação. É organizada
pelo ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa, Casa da América Latina (CAL) e
Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Av.ª das Forças Armadas,
1649-026 Lisboa. Tel.: +351 217903000 ...
Programa Provisório
12 de
Setembro
18h00:
Palavras de Abertura, Paulo Portas, Ministro de Estado e dos Negócios
Estrangeiros*
18h15:
Fernando Henrique Cardoso conversa com Mário Soares
Moderação, Luis Reto, Reitor do ISCTE-IUL
Comentários, António Costa. Presidente da Casa da
América Latina (CAL) e da Câmara Municipal de Lisboa (CML) e Joaquim Falcão,
Diretor da Escola de Direito do Rio de Janeiro da Fundação Getúlio Vargas (FGV)
13 de
Setembro
9h00:
Receção de Participantes
9h30:
Abertura
Luis Reto, Reitor do ISCTE-IUL
Alberto Laplaine Guimarães, Vice-Presidente da Casa
da América Latina
Mário Vilalva, Embaixador do Brasil
Bianor Scelza Cavalcanti, Diretor Internacional da
Fundação Getúlio Vargas
10h00:
Empresas e
Oportunidades de Negócio
Moderação: Paulo de Carvalho, Diretor Municipal de
Economia e Inovação da CML
Antonio Bustorff, Presidente da Câmara de Comércio
Luso-Brasileira
Raul Araújo Penna, Presidente da Federação das
Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil
José Eduardo Carvalho, Presidente da Associação
Industrial Portuguesa-Câmara de Comércio e Indústria
Jorge Rebelo de Almeida, Presidente do Conselho de
Administração Grupo Vila Galé
11h15: Pausa
para café
11h30:
Ensino Superior e Ciência: Perspetivas de Cooperação
Moderação: a indicar
Antonio Araújo Freitas Júnior, Diretor de
Integração Académica da Fundação Getúlio Vargas
Manuel Assunção, Reitor da Universidade de Aveiro *
Marcos Formiga, Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
Pedro Carneiro, Vice-Presidente da Fundação para a
Ciência e a Tecnologia
Intervalo
para almoço
14h30:
Desporto: a Experiência Portuguesa do Euro 2004 e a Copa FIFA 2014
Moderação: José Pedro Dionísio (Professor do
ISCTE-IUL)
Ricardo Simonsen, Fundação Getúlio Vargas Projetos
António Laranjo, Diretor do
Torneio UEFA Euro 2004
Carlos Mozer, ex-futebolista internacional
brasileiro*
Humberto Coelho, Vice-Presidente da Federação
Portuguesa de Futebol
16h30:
Empreendedores nas Indústrias Criativas: O Potencial do Espaço Lusófono
Moderação: Jorge Barreto Xavier (Investigador do
CIES-IUL)
Carlos Eduardo Barbosa Sarmento, Fundação Getúlio
Vargas/CPDOC
José Paulo Esperança, Pró-Reitor do ISCTE-IUL
Representante da SIC *
Ricardo Pereira Diretor da TV Globo Portugal
18h00:
Encerramento
Concerto com Pedro Jóia e Sasana Travassos
* Aguarda confirmação
Dia
12 - Brasil vai investir em
Portugal e está interessado na TAP, Estaleiros de Viana do Castelo, RTP, ANA e
CTT
Posted: 18 Aug 2012 08:38 AM PDT – O POVO – Acesso neste data
Embaixador Mario Vilalva: O Brasil mantém-se interessado
em investir em Portugal
O Embaixador do Brasil em Portugal, Mário Vilalva, não faz a coisa por
menos. “Vivemos um momento mágico nas relações bilaterais e os governos têm de
o aproveitar”, e diz também que o Brasil se prepara para investir em toda a
linha em Portugal. TAP, ANA, RTP, Estaleiros de Viana, CTT e Caixa Seguros e
Saúde terão propostas de compra brasileiras, garante. E a TAP, a “joia da
coroa”, tem que ficar no eixo português.
Segundo o embaixador brasileiro, o país precisa 200 navios, entre
indústrias petrolíferas, marinha de guerra e marinha mercante, e “não tem
capacidade instalada”.
O embaixador do Brasil em Portugal admitiu este sábado o interesse de
empresas brasileiras em concorrerem à reprivatização dos Estaleiros Navais de
Viana do Castelo (ENVC), face às necessidades da indústria naval naquele país.
Mário Vilalva diz que “há interesse por parte do Brasil” nos ENVC,
tendo em conta o objectivo de fazer “renascer” a actividade da indústria naval
que existia nos anos 60 e 70 do século passado”.
Além disso, acrescentou, o país precisa 200 navios, entre indústrias
petrolíferas, marinha de guerra e marinha mercante, e “não tem capacidade
instalada”.
“Não tempos uma empresa estatal que possa concorrer [à reprivatização
dos ENVC]“, disse ainda Mário Vilalva, admitindo que “há várias formas de
cooperação com Viana do Castelo que devem ser examinadas”.
A apresentação de um “adequado projecto estratégico” que “maximize” a
manutenção dos actuais recursos humanos são condições a “privilegiar” pelo
Governo na reprivatização dos ENVC.
O embaixador do Brasil, que está de visita a Viana do Castelo, garante
que têm sido feitos contactos oficiais com empresas daquele país, “demonstrando
as vantagens” dos estaleiros públicos portugueses e “incentivando-as” a
concorrer.
“Há interesse, sem sobra de dúvida. É perfeitamente possível que uma ou
várias empresas, até mesmo um consórcio, concorram”, disse ainda.
Declarações feitas à margem da participação, como presidente da
comissão de honra, a convite do presidente da Câmara de Viana do Castelo, José
Maria Costa, na romaria d’Agonia, que decorre na cidade até segunda-feira.
Segundo o decreto-lei publicado a 13 de Agosto em Diário da República,
promulgado pelo Presidente da República, com a reprivatização “pretende-se que o
capital social dos ENVC seja alienado por venda directa” a realizar pela
Empordef junto de um “investidor, nacional ou estrangeiro” com uma “perspectiva
de investimento estável e de longo prazo, com vista ao desenvolvimento
estratégico” da empresa.
“O hub da TAP tem de falar português”
Numa entrevista recente ao Expresso, o Embaixador revela que o Brasil
se prepara para investir em toda a linha em Portugal. TAP, ANA, RTP, Estaleiros
de Viana, CTT e Caixa Seguros e Saúde terão propostas de compra brasileiras,
garante. E a TAP, a “joia da coroa”, tem que ficar no eixo português.
O Brasil mantém-se interessado em investir em Portugal?
Absolutamente. Queremos aumentar o número de empresas brasileiras em
Portugal, aproveitando a atratividade que é a descida do valor dos ativos. É a
hora de investir. Nas privatizações, em princípio vamos participar em todas. A
EDP não deu certo, mas vamos à ANA, TAP, correios, construção naval, hospitais
e seguros da Caixa Geral de Depósitos, onde até já foi pré-selecionado o grupo
AMIL.
A TAP é o dossiê mais complexo…
Sim. Não há nenhuma empresa estatal brasileira, o que limita o Governo,
que só pode incentivar as empresas a participar na licitação. Porém, o Governo
brasileiro tem-no feito, tal como o chileno, devido à fusão da LAM com a TAM,
que deu origem à companhia aérea LATAM.
Não comprar a TAP seria perder
uma oportunidade?
Não se fala apenas da LATAM. Há outros grupos, não necessariamente do
sector dos transportes aéreos, que podem estar interessados. Há um grupo
financeiramente poderoso interessado. Não é um consórcio, mas pode vir a sê-lo
no Brasil, ou mesmo com outras empresas de fora, da região, europeias ou mesmo
portuguesas. O interesse é para comprar toda a TAP ou pelo menos deter o
controlo. Tenham em mente que a TAP pertence a uma aliança, a Star Alliance.
“O hub da TAP tem de falar português”
Um embaixador a toda a prova
Portugal não é um território desconhecido para o embaixador Mário
Vilalva. Há 20 anos, já tendo percorrido capitais tão importantes como
Washington, Pretória ou Roma, aporta em Lisboa, como conselheiro para a área
económica da embaixada do Brasil, antes de seguir depois para Boston e Chile.
Os conhecimentos e relações da época terão sido preciosos para esta segunda
estada em Lisboa, a partir de 2010, num Portugal já muito mudado e sobretudo
angustiado pelas agruras da intervenção financeira – e que olha para o Brasil,
o ‘irmão’ que se transformou em potência, em busca de auxílio mas também
desconfiado. Como tantas vezes na História, os portugueses demandam de novo o
Brasil. Mário Vilalva maneja surpreendentemente bem os dossiês económicos. Não
por acaso: no final dos 90, foi secretário de Estado do Planeamento (Governo de
Fernando Henrique Cardoso), e diretor-geral para a Promoção Comercial no
Ministério de Relações Exteriores (com Lula). Competências valiosas para os
tempos que correm. Também aqui.
O que impede um pouco a LATAM de concorrer…
Pode criar algum constrangimento. Mas há outra empresa no Brasil, a
Gol, que é da Star Alliance. A Gol poderia entrar na privatização da TAP?
Sozinha ou com outros grupos? É uma possibilidade. No fundo, há um grupo
brasileiro que não tem nada que ver com o sector, existe a Gol, que tem a ver,
e que pode fazer uma associação com outro grupo. Já pensaram na Gol e na
Avianca, cujo controlador é um brasileiro?
A ANA será um dossiê tratado separadamente?
Sim. Mas há sinergias. Quem se interessa pela ANA (a CCR, empresa
participada pela Camargo Corrêa, está a preparar-se para essa licitação) quer
saber o que acontece com a TAP. Será o Governo português a medir os timings das
privatizações. A manutenção do hub em Lisboa é fundamental e há uma
convergência clara dos interesses estratégicos dos dois governos.
Manter o hub em Portugal é importante para o Brasil?
Muito. Queremos que esse hub continue a falar português. Claro que a
África que fala português está na mesma linha de interesse estratégico.
Ao Brasil não interessa que seja a Ibéria a comprar a TAP.
Vamos pôr de outra maneira. Queremos a reafirmação da nossa língua no
mundo, temos a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), porque não
ter eixos aéreos?
O investimento brasileiro também está a ser canalizado para as pequenas
e médias empresas (PME)?
Há interesse em vários sectores. Há, por exemplo, bancos interessados
em financiar operações das PME. O facto de grandes empresas brasileiras estarem
a vir para Portugal trará as pequenas como suas fornecedoras, que assim entram
no mercado.
Portugal é um mercado pequeno e deprimido, porque é que vos interessa?
Portugal não é a porta, mas uma porta de entrada no mercado europeu. O
Brasil tem relações comerciais com todos os países da Europa. Portugal tem a
mais-valia da língua, e do jeito de ser e de fazer negócios.
O Brasil precisa de 20 mil engenheiros e está a dar bolsas a 100 mil
pessoas.
É um investimento de três mil milhões de dólares, entre 2011 e 2015.
Vai haver um aumento de bolseiros em Portugal, que vêm para as áreas técnicas
(medicina, biotecnologia, engenharia). A Presidente Dilma está muito empenhada
em que haja mais cooperação ao nível universitário, que incluirá a ida para o
Brasil por um período de tempo de doutorados portugueses.
O ano de Portugal no Brasil e do Brasil em Portugal, que decorrerá
entre setembro e junho, vai trazer novidades?
Haverá iniciativas e não apenas culturais. Vamos lançar um guia de
investimentos e um guia de compras, em conjunto com a Câmara de Lisboa. Os
brasileiros estão a viajar e a gastar muito dinheiro. Lisboa está muito
competitiva e oferece língua, ótima gastronomia e história. O interesse dos
brasileiros por Portugal tem vindo a aumentar desde os festejos do bicentenário
da chegada da família real ao Brasil. O brasileiro gosta de comprar Lameirinho,
Vista Alegre, Bordalo Pinheiro, roupa… O facto de a TAP viajar em voos diretos
para dez cidades brasileiras e o novo interesse pela afinidade histórica é uma
onda que tem de ser aproveitada.
E há os novos emigrantes portugueses…
É um elemento de enorme riqueza na nossa relação, que se repete na
nossa história. Antes olhávamos para isto com alguma desconfiança. Agora é um
elemento de alegria. Está mais que provado que a emigração é diversidade e dinamiza
a economia. Vivemos um momento mágico das relações bilaterais, os governos têm
de aproveitar para investir o máximo neste momento.
Mas o exemplo da Cimpor, a
primeira grande empresa comprada por brasileiros, que vai ser desmantelada, não
pode criar alguma desconfiança?
Não posso falar por eles, e desconheço o projeto a longo prazo. Mas não
acho que desincentive os investimentos brasileiros. A Embraer é um belíssimo
investimento, a fábrica arranca agora e tem um efeito multiplicador, cria um
cluster aeronáutico. Uma coisa é investir no cimento, outra em tecnologia. O
ministro do Desenvolvimento, que inaugurará em setembro a fábrica, vai ter
conversações com o ministro da Economia português, mas também com líderes
patronais e os principais gestores. A conversa não vai ser sobre comprar e
vender, mas sim sobre estratégia e o que queremos da nossa relação no futuro.
O Brasil não comprou a EDP e a China acabou por entrar no Brasil via
EDP. Isso não cria ‘urticária’?
A China quer entrar no Brasil e entra porque a EDP tem investimentos
lá. Não cria ‘urticária’ na medida em que os investimentos em áreas
estratégicas estejam equilibrados. Se entendermos que os investimentos visam o
controlo, não. É como tirar recursos naturais que são fundamentais para um país
e passá-los para outro. Não faz sentido.
Ler mais: aqui
Expresso e rr
Dia
13 -O
guia da austeridade aplicado pelo Governo de Portugal
Posted: 13 Sep 2012 04:29 AM PDT
Os portugueses integraram rapidamente no seu vocabulário as
palavras “troika” e “austeridade”, usando-as muitas vezes como sinónimos. E a
verdade é que o Memorando de Entendimento, assinado a 3 de maio de 2011,
assinalou o início de uma avalancha de medidas que representaram um
considerável aperto do cinto.
No entanto, o Governo foi além do que a troika exigia quando
suspendeu os subsídios de Natal e férias dos funcionários públicos. Ontem
mesmo, o chefe da missão do FMI para Portugal dizia que a troika também não
exigiu as mexidas na TSU.
Família
1. O acesso aos cuidados de saúde ficou mais caro. A taxa
moderadora numa consulta nos centros de saúde é de 5 euros e numa urgência
ronda os 20 euros. As isenções são atribuídas com base no rendimento.
2. O IVA de diversos produtos, como a água engarrafada,
aumentou para a taxa intermédia de 13%. Os refrigerantes passaram a estar
sujeitos à taxa de 23%. O IVA na restauração subiu para 23%.
3. O IVA sobre o gás e a eletricidade subiu de 6 para 23%
ainda em 2011. Este ano, o preço da eletricidade aumentou 4%.
4. O IMI – Imposto Municipal sobre Imóveis é agravado em
0,1% nas habitações reavaliadas ou transacionadas desde 2004. A taxa mínima
passa de 0,5% e a máxima para 0,8%. Para alguns, os aumentos serão
consideráveis.
5. As deduções com a habitação no IRS baixam para 15% num
montante máximo de 591 euros. Antes eram de 30%. No próximo ano os descontos
para IRS poderá aumentar se avançar a redução dos escalões.
6. As despesas de saúde passam a ser dedutíveis em sede de
IRS apenas em 10%, menos 20% que os 30% até então aplicados. As deduções com
seguros e educação também diminuiram.
7. Os transportes públicos sofrem um aumento de 15%, em
Agosto de 2011, e no ínício de 2012 voltam a aumentar 5%.
8. Acabam os chamados passes sociais. Os reformados e
estudantes deixam de ter direito a descontos. Os descontos dependem agora do
rendimento.
9. As estradas sem custos para o utilizador, SCUT, passam
todas a ser pagas.
Mais ricos
1. No ano passado, o Imposto Sobre Veículos (ISV) subiu 6,4%
e no Orçamento do Estado estipulou-se que os montantes estavam sujeitos à
cilindrada e às emissões de CO2. Assim, quanto mais cilindrada tem e quanto
mais emitir CO2, mais paga de imposto. Em 2013, vai ser criado um imposto que
agrava ainda mais o que os “veículos ligeiros de alta cilindrada” já pagam,
contudo ainda não ficou claro a partir de que cilindrada é que se vai pagar
esse imposto.
2. Criação de uma taxa de IRS adicional de 2,5% para os
rendimentos anuais superiores a 153 300 euros. Esta soma à taxa de 46%
aplicável a este escalão de rendimento. Ou seja, os mais ricos já eram alvos da
austeridade.
3. As embarcações de recreio e as aeronaves de uso
particular também vão passar a pagar mais. O Governo anunciou a medida ontem,
mas não explicou de que forma é que iria cobrar mais aos detentores destes
bens. Hoje, os barcos e jatos particulares pagam Imposto Único de Circulação
(IUC).
4. As despesas com as casas, cujo valor patrimonial seja
igual ou superior a um milhão de euros, vão também subir e ser agravadas com
uma nova taxa em sede de Imposto de Selo. Este pode ser aplicado à posse e não
apenas nas transações e deverá funcionar como uma receita que irá para os
cofres do estado e não para as autarquias, como acontece com o IMI.
Função Pública
1. O corte salarial médio de 5% para remunerações acima de
1500 euros foi implementado em 2011 e será mantido até data incerta.
2. Sobretaxa de IRS no subsídio de Natal pago em 2011,
equivalente a metade do valor líquido na parte que excedia os 485 euros
3. Suspensão parcial dos subsídios de férias e de Natal para
salários superiores a 600 euros e inferiores a 1100 euros. A partir deste valor
o corte é integral.
4. Manutenção do congelamento nas progressões
remuneratórias.
5. Idade da reforma passa em 2013 (e não em 2015) dos 63
anos e seis meses para 65 anos e o congelamento das admissões não tem fim à
vista.
6. Revisão das regras da mobilidade especial com descida dos
valores pagos e maior penalização para quem recuse uma recolocação.
7. Possibilidade de rescisões por mútuo acordo.
8. Subida de 11% para 18% nas contribuições para a CGA ou
Segurança Social (admitidos a partir de 2006).
Privados
1. Sobretaxa de 3,5% no subsídio de Natal equivalente a 50%
do valor líquido na parte que excedia os 45 euros.
2. Sujeição ao pagamento de IRS e de Segurança Social do
subsídio de refeição de valor acima dos 5,55 euros quando pago em dinheiro
(6,41 euros quando pago através de título de refeição).
3. Suspensão das reformas antecipadas.
4. Suspensão da bonificação de três dias úteis de férias
atribuída aos trabalhadores assíduos, o que faz com que o período de férias
tenha caído de 25 para 22 dias.
5. Despedimento por inadaptação facilitado, deixando de
estar dependente de alterações tecnológicas no local de trabalho.
6. Criação de um limite máximo para as indemnizações em caso
de despedimento, passando este a ser equivalente a 12 meses de salário.
7. Subida de 11% para 18% nas contribuições para a Segurança
Social.
Recibos Verdes
1. Em setembro de 2011, altura em que é apurado todos os
anos o novo valor a pagar à Segurança Social com base nos rendimentos do ano
anterior, os recibos verdes viram as suas regras mudar em resultado do novo
Código Contributivo que tinha sido aprovado em janeiro desse ano.
2. Até 15 de Fevereiro de 2012, os trabalhadores
independentes tiveram de fazer a declaração dos seus rendimentos. Em 2011, a
declaração não foi exigida.
3. Os recibos verdes também terão direito.a acumular o
subsídio de desemprego com um salário de um novo emprego. Só vai acontecer em
2013, mas já se ficou a saber este ano.
4. Em 2013, os trabalhadores independentes vão passar a
descontar para a Segurança Social não 29,6% como até aqui, mas 30,7%. Uma
subida de 1,1 pontos percentuais, menos do que os sete pontos percentuais
agravados para os trabalhadores por conta de outrem, que passarão a pagar 18%,
mas que resulta do facto de os trabalhadores independentes não terem patrão que
desconte também.
Desemprego e RSI
1. Desde que foi assinado o Memorando com a troika, há mais
167 mil desempregados. No total são mais de 850 mil pessoas que estão sem
emprego.
2. O subsídio de desemprego dura menos tempo e o valor
máximo da prestação baixou. O limite máximo da prestação era de 1257,66 euros e
passou para 1048,05 euros mensais. O tempo máximo de subsídio é de 26 meses e
antes era de 36 meses.
3. A partir de julho deste ano, há uma redução de 20% no
valor do Rendimento Social de Inserção (RSI). Um requerente só pode receber até
um máximo de 189,52 euros no total e pode também ter direito a receber por cada
pessoa maior de idade 94,76 euros e por cada menor 56,86 euros. Uma família de
dois adultos e duas crianças recebe no máximo 398 euros.
4. O acesso ao RSI passa a ter em conta o valor patrimonial
mobiliário, o valor dos bens imóveis do requerente e do agregado familiar.
5. A prestação é atribuída por 12 meses e está sujeita a
renovação.
Capital
1. A tributação dos rendimentos de capital vai sofrer um
agravamento já este ano.
2. Os dividendos, as mais-valias mobiliárias e as
“royalties” vão passar a pagar uma taxa de 26,5% contra os atuais 25%. Os
dividendos, as mais-valias mobiliárias e as “royalties” vão passar a pagar uma
taxa de 26,5% contra os atuais 25%.
3. Os juros dos depósitos também não escapam, ao verem a
fiscalidade agravada em 1,5 pontos percentuais. Este será o segundo aumento das
taxas desde a chegada da troika, depois do aumento de 21,5% para 25% em
novembro de 2011.
4. Segundo as explicações dadas anteontem pelo secretário de
Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo Núncio, estas medidas “serão introduzidas
ainda em 2012 e continuarão em 2013 e nos anos seguintes”.
5. A subida de cinco pontos nas taxas liberatórias colocam
Portugal num dos níveis mais elevados da Europa.
Pensionistas
1. Sobretaxa de 3,5% no subsídio de Natal pago em 2011.
2. Suspensão parcial dos subsídios de férias e de Natal para
reformas entre 600 e 1100 euros e total a partir deste valor.
3. Redução da dedução específica de 6 mil para 4104 euros.
4. Congelamento do aumento das pensões, exceto para as
mínimas.
5. Proibição de acumular a pensão com uma remuneração paga
pelo desempenho em cargos públicos. Em 2012, a medida passou a abranger os reformados
da Segurança Social ou de entidades gestoras de fundos de pensões públicas ,
até ai apenas visava os da CGA.
6. Agravamento da taxa de solidariedade passando esta a ser
de 25% para as pensões de valor entre 5 mil e 7500 euros e de 50% na parte que
excede este valor
7. Aplicação do corte antes aplicado aos funcionários
públicos que incidirá sobre reformas a partir dos 1500 euros.
DIA 15 – MANIFESTO DE APOIO À MANIFESTAÇÃO “QUE SE LIXE A TROIKA!”
Manifesto de apoio à
manifestação “Que se Lixe a Troika! Queremos as Nossas Vidas!”
Submetido por movimento12m em Qui, 13/09/2012 - 02:52
15 de Setembro : Governo para a rua!
Chegou a hora de parar quem desgoverna o país. Chegou a hora de
mostrar que não queremos ir por aqui. É tempo de mandar o Governo para a rua –
sábado é isso que exigimos!
Os tempos duros que vivemos servirão para encontrar uma solução,
um futuro melhor. O sonho de uma verdadeira justiça social e de uma sociedade
mais equitativa, em que a riqueza é redistribuída por quem menos tem, começou a
25 de Abril de 1974, mas não acabou!
As políticas do governo PSD/CDS estrangulam o país, oprimem as
pessoas que aqui vivem, destroem a democracia e as nossas vidas. Nós dizemos
basta!
É hoje claro que o Governo executa um programa político para o
qual não foi eleito: o caminho que segue é o do genocídio social. Usando um
discurso de técnicos e especialistas, tenta enganar as pessoas dizendo que tudo
é inevitável, todas as medidas são necessárias, quaisquer meios são legítimos.
Na verdade, percebemos, todos os dias, que as opções tomadas são ideológicas e
de um extremismo pensado e propositado. Vendem-se ao desbarato empresas
fundamentais para o desenvolvimento do país, limita-se a mobilidade,
criminaliza-se a contestação, penaliza-se quem ganha menos, roubam-se os mais
pobres, transferindo os rendimentos do trabalho para os especuladores financeiros.
Retira-se o acesso à educação, à saúde, à cultura e, através de impostos
criminosos, dificulta-se o acesso à alimentação.
Estas políticas tiram da boca de quem trabalha, de quem passa
fome, para dar aos muito ricos, que têm as barrigas balofas de tanto comer.
Este governo quebrou o pacto social justificando-se com a mentira
de que “os portugueses viveram acima das suas possibilidades”, e tudo o que tem
feito é violar a Constituição, destruir os direitos fundamentais, aumentar o
desemprego, a recessão e a dívida pública. O saque contínuo a que chamam
“medidas de austeridade” não pode continuar.
Porque nunca um governo democraticamente eleito tinha mostrado
tamanho desrespeito e desprezo pelo povo português. É hoje evidente que este
Governo não é parte da solução - é o problema. A história ensina-nos que uma
crise democrática só se resolve com mais democracia. E que as soluções se
constroem com base na dignidade humana, na justiça social, no desenvolvimento
sustentado, na soberania. É fundamental reconstruir o Estado Social.
É tempo de assumirmos a nossa responsabilidade política. No dia 15
de Setembro vamos sair à rua para exigir a demissão deste governo, porque é
urgente mudar de rumo.
O Movimento 12 de Março assume um
compromisso: construir alternativas!
É hoje claro para todas e todos que o Governo executa um programa
político criminoso de forma impune:
Paulo Portas, actual Ministro dos Negócios Estrangeiros, não
defende o interesse português na maior crise que atingiu a Europa desde a
última Grande Guerra. Um verdadeiro político-submarino, que vem à tona sempre
de cara lavada, como se alheio fosse a qualquer responsabilidade.
Vítor Gaspar e Álvaro Santos Pereira, Ministro das Finanças e
Ministro da Economia e do Emprego, são os tecnocratas que, imbuídos duma fé
ultra-liberal, de forma consciente e tirânica, suicidam a economia do país.
Continua este Governo a aposta descarada na precarização de quem vive do seu
trabalho e não de rendimentos. E insistem na injustiça social e aberração
laboral que são os falsos recibos verdes.
Pedro Mota Soares, Ministro da Solidariedade e da Segurança
Social, que lidera uma “caça às bruxas” aos beneficiários do Rendimento Social
de Inserção e destrói a vida de centenas de milhares de trabalhadores a falsos
recibos verdes que vêm as suas contas bancárias congeladas e bens penhorados
por dívidas que legalmente não são deles.
Miguel Macedo, Ministro da Administração Interna, o único cujo
orçamento foi reforçado, que recuperou sem vergonha tácticas antigas de
manipulação de forças policiais para objectivos políticos de criminalização das
pessoas que usam a rua como forma de protesto.
Nuno Crato, Ministro da Educação, que leva a cabo um dos maiores
despedimentos colectivos que este país já assistiu, com um desprezo total não
apenas pelo papel que os professores representam, como também pela dignidade
que qualquer pessoa merece no seu trabalho. Um governante que assume a
desigualdade como programa até nas crianças, usando a desigualdade educativa
como forma de garantir, desde a infância, a desigualdade social.
Alexandre Miguel Mestre, Secretário de Estado da Juventude, cuja
única intervenção relevante foi recomendar à juventude que emigrasse.
Miguel Relvas, Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, que
é a antítese do que a democracia deveria ser em termos de transparência, de
responsabilização e de ética. Um Governo que se deixa representar por um Relvas
é um Governo que nunca o foi.
E a chefiar esta quadrilha sanguinária, Passos Coelho que tem “a
coluna vertebral de um caracol”, nas palavras de um político português que nos
deixou recentemente. Além de caracol, também é coxo: não é necessário relembrar
o ror de mentiras, falsas promessas e inúmeras faltas de respeito que tem
dirigido a quem pretende construir um futuro trabalhando e vivendo neste país.
Usa como desculpa o Governo que quer ser um "bom aluno".
Poderíamos recomendar que começasse por estudar a História Contemporânea e a
Política Económica entre 1918 e 1939. Mas o que quer dizer ser um "bom
aluno" se ser um "bom aluno" é assassinar um país e um povo para
ter boas notas com "professores" obscuros que conduzem a Europa para
o precipício? Só numa escola de criminosos um Governo acha que é um "bom
aluno" instaurando uma ditadura financeira que serve uma elite corrupta,
fazendo prevalecer acima da democracia os interesses e privilégios privados. O
"bom aluno" Passos Coelho não é nada mais que um fantoche da banca e
do grande capital. A gota de água foi a subida da contribuição para a Segurança
Social por parte dos trabalhadores: o Governo penaliza quem ganha menos, rouba
aos pobres, para dar aos muito ricos.
http://www.movimento12m.org/?q=15setembro
DIA 16 – Bispos apelam à estabilidade política
Bispos apelam à estabilidade política
por Rita
CarvalhoHoje
Num documento divulgado esta
tarde, a Conferência Episcopal comenta a situação económica e social do país e
pede "equidade nas soluções e na distribuição dos sacrifícios"
Os bispos portugueses apelaram hoje à estabilidade política e à equidade
nas soluções e na distribuição dos sacrifícios. Numa nota divulgada esta tarde,
a Conferência Episcopal Portuguesa refere que "as crises políticas"
devem ser "uma exceção" e que, "em momentos críticos, podem
comprometer soluções e atrasar dinamismos na sua busca".
Comentando a situação atual económica e social do país, os responsáveis
católicos afirmam ainda que a estabilidade política requer "a busca
permanente do maior consenso social e político".
O documento assinado pelos bispos foi conhecido esta tarde em Fátima
depois da reunião do Conselho Permanente da Conferência Episcopal. Citando a
Doutrina Social da Igreja, a hierarquia da Igreja Católica lembra ainda que
"o bem da comunidade nacional exige de todos generosidade para não dar
prioridade à busca de interesses particulares e a honestidade para renunciar a
caminhos pouco dignos desses interesses".
Dia
17 – Manifestação
do Dia 15 / Acesso no dia 17 setembro
De Braga a Portimão, milhares contra a austeridade
por Rita
Carvalho com Lusa15 setembro 2012
Em Lisboa o
protesto começou na praça José Fontana Fotografia © Paulo Spranger/Global Imagens
Em Lisboa, a
sede do Fundo Monetário Internacional, no número 57 da Avenida da República,
foi o único ponto de tensão. Pelo menos dois jovens foram detidos por lançar
tomates contra o edifício. Um pouco por todo o país são milhares os que saíram
às ruas para protestar contra a austeridade.
Em Lisboa
gritos e algumas palavras de ordem têm vindo a ser pronunciadas pelos
manifestantes em frente à sede do FMI. Foram ouvidos três petardos e pelos
menos dois jovens foram detidos quando arremessavam tomates contra o edifício.
Para além disso, um dos manifestantes atirou uma garrafa.
A polícia
resolveu intervir, colocando oficiais com cães à porta do número 57 da Avenida
da Republica.
Milhares
de manifestantes encheram a Praça de Espanha, para onde convergiu o protesto.
Lá foram recebidos com uma faixa gigante onde pode ler-se "Faz falta um
novo 25 de Abril". Os pouco mais de três quilómetros que compõem o
percurso desde a praça José Fontana demoraram mais de uma hora a ser
percorridos.
Muitos
gritaram palavras de ordem como "Portugal", "Gatunos" e
"O povo unido jamais será vencido", tinham no ar os punhos cerrados e
empunhavam a bandeira nacional.
A manifestação
é contra as medidas de austeridade anunciadas pelo Governo, num protesto que
decorre noutras 40 cidades portuguesas.
O apelo
para a manifestação "Que se lixe a troika! Queremos as nossas vidas!"
surgiu na Internet, através das redes sociais, e foi inicialmente organizada
por algumas pessoas de Lisboa, mas acabou por ser acolhidade norte a sul de
Portugal.
"Passos
ladrão, não vales um tostão"
Cerca de
um milhar de pessoas manifestaram-se em Portimão contra as medidas de
austeridade impostas pelo Governo e pediram a demissão do executivo de
coligação PSD/CDS-PP liderado por Pedro Passos Coelho.
Os
manifestantes concentraram-se às 16:00, em frente da Câmara de Portimão, e
desfilaram depois pelas ruas da baixa da cidade até à marginal, onde quem quis tomou
a palavra para dizer o que entendia e protestar contra as medidas de
austeridade, como as alterações à Taxa Social Única, que disseram estar a
agravar o nível de vida dos portugueses.
Com
palavras de ordem como "Passos ladrão, não vales um tostão" ou
"Passos atenção, não queremos exploração" e cartazes com frases como
"Troika que os pariu", os manifestantes deram voz ao seu desagrado
pelo novo pacote de medidas de austeridade anunciadas e contra a situação
difícil que o Algarve e o país atravessa em termos de desemprego.
"Não
é admissível que este Governo, a mando da troika, queira formar milhares ou
milhões de descamisados. Não admitimos. É uma tristeza, uma desgraça, os nossos
governantes nunca cumprem o que promete. E vejam como está o nosso país: um
milhão de desempregados, os jovens têm que emigrar", afirmou João
Vasconcelos, da organização da manifestação.
Na hora
de ir embora
No centro
histórico de Évora juntaram-se cerca de 500 pessoas contra as medidas de
austeridade.
Os
manifestantes começaram a chegar à Praça do Giraldo, considerada a 'sala de
visitas' de Évora, por volta das 17:00, percorreram algumas das principais ruas
até aos Paços do Concelho e voltaram à principal praça da cidade, onde foram
feitos os discursos.
Empunhando
cartazes contra o Governo e a troika, os manifestantes gritaram palavras de
ordem como "Está na hora de o Governo ir embora" e "O povo unido
jamais será vencido".
Lúcio
Caeiro, um dos organizadores do protesto em Évora, disse à Lusa que "não
esperava" a participação de tantas pessoas e realçou que esta adesão
"significa que os portugueses estão indignados".
Da Luisa
Todi à praça do Bocage
Na cidade
de Setúbal, cerca de três a quatro mil pessoas concentraram-se no Largo José
Afonso e desfilaram pela Avenida Luísa Todi até à Praça do Bocage.
Durante o
protesto contra as medidas de austeridade ouviram-se palavras de ordem a pedir
a demissão do Governo e cantou-se o hino nacional.
Cerca de
1.500 pessoas, segundo dados da PSP, juntaram-se hoje no centro de Vila Real também
em protesto contra as medidas de austeridade anunciadas pelo Governo.
Na cidade
onde cresceu, o primeiro-ministro foi vaiado e até convidado a seguir o seu
próprio conselho e emigrar.
"Pedro
vai para a rua!", gritaram em uníssono os manifestantes, muitos deles
professores, jovens e desempregados.
"Sacríficos?
Tenham juízo" ou "Governo PPC, cavalo de troika", foram algumas
das palavras de ordem que se podiam ler nos cartazes espalhados pela praça do
município.
Braga
ordeira
Em Braga,
a manifestação juntou, segundo a PSP local, cerca de cinco mil pessoas e
decorreu de forma "totalmente ordeira e pacífica".
"Não
há nenhum incidente a registar", disse à Lusa o subintendente Daniel
Mendes, do comando distrital de Braga da PSP.
O
protesto decorreu desde as 15:00 até perto das 18:20, tendo tido como epicentro
a Avenida Central, onde os populares interessados tiveram direito a fazer
discursos de quatro minutos.
Dia 18 – Mário Soares pede saíde
da Passos Porto
Posted:
18 Sep 2012 03:31 PM PDT
As declarações de Mario Soares já
não surpreendem ninguém porque ultrapassam o bom senso e a responsabilidade.
O ex-Presidente da República
Mário Soares disse que o executivo liderado por Pedro Passos Coelho está
«moribundo» e sugeriu que o chefe de Estado nomeie um novo Governo sem recurso
a eleições antecipadas.
«Se o Governo não se sente moribundo
é porque não tem sensibilidade. Se o Governo tivesse sensibilidade talvez se
demitisse, mas como não tem sensibilidade não se demite por enquanto. Mas devia
demitir-se, como já devia ter demitido o senhor [ministro Adjunto e dos
Assuntos Parlamentares] Miguel Relvas e não demitiu», referiu o ex-Presidente
da República.
Confrontado com a gravidade de um
cenário de crise política em Portugal, num momento em que o país se encontra
sob assistência financeira externa, o ex-chefe de Estado deu a seguinte resposta:
«Mas se o país ficar assim [como está], acham que Portugal fica bem?».
«A crise está instalada. Querem
maior crise do que o país a gritar vão-se embora e a chamar gatunos aos membros
do Governo? Foi o que aconteceu no sábado», comentou.
Neste contexto, Mário Soares foi
questionado se é possível ser nomeado um novo Governo sem recurso a eleições
antecipadas, respondendo que esse cenário é possível «e depende do Presidente
da República», Cavaco Silva.
Depois, Mário Soares deixou uma
pergunta aos jornalistas, dando como exemplo a forma como foi resolvida a
última crise política em Itália.
«Como caiu [o
ex-primeiro-ministro de Itália] Sílvio Berlusconi? A pergunta que deve ser
feita é quem é o nosso [Giorgio] Napolitano [chefe de Estado italiano], que foi
quem provocou essa queda», contrapôs Mário Soares.
«Estamos num momento de crise e
está a tentar-se destruir uma parte daquilo que foi feito desde o 25 de Abril
de 1974 até agora. Tudo aquilo que é social está a ir abaixo e é por isso que o
Governo está numa situação de crise e que os portugueses se manifestaram sábado
passado de uma maneira tão espontânea e tão clara», sustentou o ex-chefe de
Estado.
O que Mario Soares deixou de
dizer, é que a crise que os portugueses estão a passar, deve-se essencialmente,
aos governos do PS, na verdade o grande culpado.
Dia 19 – Uma visão histórica
Um entendimento elementar
por VASCO GRAÇA
MOURA
http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=2777785&seccao=Vasco
Gra%E7a Moura&tag=Opini%E3o - Em Foco&page=-1
Neste tórrido final de Verão do nosso descontentamento, toda a gente
está de acordo sobre a violência inusitada da austeridade e das medidas que lhe
correspondem. O próprio Governo o reconheceu e a situação entretanto
agudizou-se a um ponto tal que uma dinâmica colectiva gerada na rua pode ter as
mais sérias consequências no funcionamento das instituições, sem que seja
possível reflectir com serenidade sobre a situação que o país atravessa, sobre
aquilo que deve ser feito e sobre as consequências de se enveredar por este ou
por aquele caminho.
Foram impressionantes as manifestações, mas não menos impressionante foi
a enorme disparidade das motivações e das finalidades que, ao longo da tarde de
15 de Setembro, as inúmeras entrevistas dos repórteres de serviço iam
registando pontualmente na televisão. Certamente que a nota mais pungente era o
beco sem saída em que uma grande quantidade de seres humanos se sente em termos
pessoais, profissionais e familiares, num buraco sem esperança e sem emprego,
sem recursos e sem horizonte de futuro, tendo sido sem conta os casos e
circunstâncias testemunhados em concreto por quem está a vivê-los. Todavia uma
outra nota, com idêntica relevância e, por sinal, a que correspondia à palavra
de ordem principal das manifestações, era a da ruptura sem rodeios com a troika
e com o memorando a que Portugal está vinculado. Esta orientação radical
que parecia seriamente interiorizada pela opinião pública é extremamente
preocupante.
Toda a gente viu que aquela massa humana desfilava sem grande
enquadramento. Muitos tinham ar de pertencer à classe média, iam pela primeira
vez na vida a uma manifestação e exprimiam com razoável propriedade os seus
problemas, o seu protesto e os seus anseios. A palavra de ordem da ruptura
parece ter sido subscrita com grande veemência por muita gente que não tem nada
a ver com a esquerda propriamente dita, nem com as organizações partidárias ou
sindicais, embora também lá houvesse sinais da preocupante presença delas. E
essa generalização transversal do protesto é provavelmente o facto que gera mais
inquietação, uma vez que não traduz apenas o imediatismo acrítico de uma
reacção popular inorgânica, mas envolve também a rejeição de uma situação que é
inescapável, independentemente da questão da TSU.
O grau de envolvimento popular, sistemático pelo menos nas dezenas de
cidades em que teve expressão e, em particular, mas mega-manifestações de
Lisboa e Porto, põe outros problemas. Desta vez, não houve perturbações da
ordem, nem grandes problemas com a segurança de pessoas e bens. Mas da próxima
vez pode haver. Escutaram-se apelos à revolta, ao derrube revolucionário do
Governo, à solidariedade entre polícias e populações, à democracia directa,
pondo em causa o modelo representativo.
Se viesse a gerar-se um clima pré-revolucionário, ele acarretaria consigo
um terrível potencial de destruição das estruturas políticas e da própria
organização social, com não menos terríveis consequências no plano da situação
de Portugal face à União Europeia e aos seus credores e, na prática, carências
tremendas e insolúveis de toda a ordem, susceptíveis de afectar ainda mais
gravemente o bem-estar das populações e de pôr a democracia em crise em termos
irreversíveis.
As coisas chegaram a tal ponto que, neste momento, interessa menos a
questão de saber se as medidas anunciadas foram bem ou mal servidas
politicamente, do que avaliar e reflectir naquilo que pode acontecer, se se
vier desagregar a coligação e o país se converter numa espécie de barco à
deriva num tsunami de conflitualidade social.
A situação tornar-se-ia desse modo cada vez mais explosiva, uma vez que
a solvabilidade e a credibilidade do Estado acabariam por entrar em colapso, o
auxílio externo ficaria ipso facto irremediavelmente comprometido e a
satisfação das necessidades colectivas essenciais tornar-se-ia ainda mais
deficiente do que é hoje, de nada valendo o ressentimento, a indignação ou a
revolta das populações.
É por tudo isso que a situação política e institucional pede uma
clarificação tão rápida quanto possível e, sobretudo, um entendimento elementar
dos partidos do arco do poder.
Por decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o novo Acordo
Ortográfico.
Dia 20 – Governo:
cai popularidade
Posted: 20 Sep 2012 07:15 AM PDT
Na sondagem, publicada hoje no Diário de
Notícias e Jornal de Notícias e realizada após as manifestações de sábado, o PS
reúne 31 por cento das intenções de voto e o PSD 24 por cento, enquanto num
estudo publicado no fim de semana pelo semanário Expresso os socialistas tinham
33,7 por cento e os sociais-democratas 33 por cento.
Uma outra sondagem publicada no Correio da
Manhã, dois dias antes da manifestação, o PS obteve 35,4 por cento contra 33,3
por cento do PSD.
A sondagem da Universidade Católica para o
Diário de Notícias, Jornal de Notícias, Antena 1 e RTP indica que o PSD perdeu
12 pontos percentuais em relação à sondagem de junho e tem hoje o apoio de 24
por cento dos inquiridos.
Segundo o barómetro, a CDU surge como a terceira
maior força politica, com 13 por cento das intenções de voto, seguido do Bloco
de Esquerda (BE), com 11 por cento, e do CDS-PP, com sete por cento.
De acordo com a sondagem do Correio da Manhã,
publicada a 13 de setembro, antes do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho,
anunciar ao país o aumento das contribuições para a Segurança Social – o PS
(35,4 por cento) estava à frente do PSD (33,3 por cento) na intenção de voto
dos eleitores.
O barómetro do CM referia que a intenção de voto
legislativo dos portugueses caiu de 35 por cento em julho para 33,3 por cento
em setembro enquanto o partido de António José Seguro passou dos 30,8 por cento
para os 35,4 por cento.
Quanto ao CDS, o parceiro do CSD na coligação
governamental, registava uma queda na intenção de voto legislativo, descendo
dos 7,9 para os 7,1 por cento.
No que diz respeito à avaliação dos líderes
partidários, a sondagem do CM indicava que Pedro Passos Coelho e Paulo Portas
obtinham nota baixa com 6,7 e 7,9 por cento, respetivamente, Jerónimo de Sousa
(PCP) obteve 9,7 e Francisco Louçã (BE) com 9,9 por cento. António José Seguro
foi o único líder partidário a ter nota positiva com 10,3 por cento.
Também uma sondagem publicada no passado fim de
semana no semanário Expresso, a primeira depois da apresentação das novas
medidas de austeridade, revelava que o PS, com 33,7 por cento, ultrapassava o
PSD, com 33 por cento, na intenção de voto.
De acordo com os dados da Eurosondagem para o
Expresso e SIC, o CDS-PP registava 10,3 por cento, a CDU 9,3 por cento e o BE
sete por cento.
De acordo com a respetiva ficha técnica, a
sonsagem da Universidade Católica para a Antena 1, a RTP, o Jornal de Notícias
e o Diário de Notícias foi realizada nos dias 15, 16 e 17 de setembro de 2012,
sendo o universo alvo composto por indivíduos com 18 ou mais anos recenseados
eleitoralmente e residentes em Portugal Continental.
Foram selecionadas aleatoriamente dezanove
freguesias do país e obtidos 1132 inquéritos válidos, sendo que 60 por cento
dos inquiridos eram do sexo feminino, 34 por cento da região Norte, 22 por
cento do Centro, 29 por cento de Lisboa e Vale do Tejo, oito por cento do Alentejo
e sete por cento do Algarve.
A margem de erro máximo associado a uma amostra
aleatória de 1132 inquiridos é de 2,9 por cento, com um nível de confiança de
95 por cento.
i + imagem DN
Dia 21 – Novo acordo de segurança social
Posted: 20 Sep 2012 07:59 AM PDT
O projeto de Decreto
Legislativo, com o número 555/12, regulamenta um acordo assinado entre os
países em 2006, que expande os benefícios dos migrantes em casos de invalidez,
velhice, viuvez e orfandade. O texto ainda tem de ser aprovado pelo Senado
brasileiro para entrar em vigor.
O texto prevê que os migrantes
portugueses terão direito ao Sistema Único de Saúde e à Lei Orgânica de
Assistência Social no Brasil, assim como os brasileiros às normas do regime não
contributivo de solidariedade de segurança social em Portugal.
por Helena Sacadura Cabral | Publicado em 01.09.12/Acesso 22
set/12
Perante uma crise que parece ter-se
instalado, a Europa mais pobre está a assistir, desde 2008, a uma vaga de fuga
de cérebros em procura de trabalho.
Quem são este jovens que estão a sair
dos seus países de origem? São engenheiros, médicos, consultores,
investigadores que abandonam a Espanha, a Irlanda, a Grécia, a Itália e
Portugal. A maioria deles ainda não tem trinta anos, nem família constituída. Possuem
um diploma e não conseguem encontrar ocupação. Metem-se num avião low cost, com
bilhete só de ida e partem à aventura alterando o saldo migratório que antes
fazia dos seus países uma terra de acolhimento.
De facto, e falando só dos nossos
vizinhos, aquele saldo perdeu em 2011 mais de 50000 pessoas, tornando-se pela
primeira vez negativo.
Por outro lado, uma análise da taxa
de desemprego dos que possuem menos de 25 anos revela, para os chamados Piigs
(Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha), números preocupantes. Assim, em
Espanha situa-se nos 53,27%, na Grécia nos 51%, na Itália nos 36,2%, em
Portugal nos 35,54% e na Irlanda nos 28,5%.
E para onde vai esta diáspora?
Estudos realizados mostram que se deslocam para os países mais ricos,
nomeadamente a Alemanha, a Suíça, a Austria, a Holanda, a Noruega...
Mas ensaiando primeiro as afinidades
culturais os portugueses procuram o Brasil ou Angola, os espanhóis a América
Latina, os jovens de origem turca retornam às margens do Bosforo, os irlandeses
a Grã- Bretanha ou os Estados Unidos.
No fundo, qualquer dos elementos que
compõem esta geração perdida, procura apenas realizar o seu sonho de um futuro
melhor.
Se este fenómeno persistir sem que sejam acauteladas medidas de redenção
para esta "economia da inteligência", as consequências económicas e
demográficas serão incalculáveis. E nem sequer falo dos efeitos sociais em cada
um dos países que estes jovens abandonam, onde a taxa de natalidade enfraquece
e a de velhice acelera
Dia 23- Vai-se o ouro
TV Globo diz que crise econômica
faz de Portugal um exportador de ouro
Posted: 22 Aug 2012
06:28 AM PDT – Acesso nesta data
Em Portugal, a crise econômica está provocando um novo fenômeno.
Famílias estão se desfazendo de joias, a ponto de transformar o país em um
exportador de ouro. Quem mostra é o novo correspondente em Lisboa, André Luiz
Azevedo.
O ouro foi durante muito tempo um dos símbolos do poder e da riqueza de
Portugal. As igrejas cobertas de dourado
ainda mostram o esplendor dessa época. Os portugueses sempre foram mestres na
transformação do ouro em arte. As joias portuguesas de filigrana sempre foram
famosas e cobiçadas. Lisboa é lotada de joalherias.
O ouro que já foi símbolo da riqueza do país agora é mais um sinal da
crise. O comércio de ouro está se espalhando pelas ruas da cidade, como Lisboa,
mas não para vender joias, para comprar ouro. Portugal, que nunca foi um grande
produtor, não tem garimpos, vendeu nos seis primeiros meses de 2012 nove
toneladas e meia de ouro para o exterior. O país já vai ganhar mais dinheiro
vendendo ouro do que vinho.
Em um país pequeno, já são mais de 500 lojas especializadas. Os
anúncios estão por toda a parte. Uma cadeia internacional anunciou que vai
abrir mais 75 pontos no país. Para evitar roubo, a legislação obriga que os
comerciantes guardem a mercadoria durante 21 dias para uma possível
investigação policial. Depois, as joias podem ser derretidas e vão em barra
para o exterior. O maior comprador são as joalherias da Bélgica, mas até a
China compra o ouro reciclado português.
Segundo os dados oficiais, as exportações de ouro aumentaram 83% este
ano em relação a 2011. Os portugueses que vendem suas joias, não querem falar
publicamente. Só o joalheiro comprador é quem conversa com a equipe do Jornal
Nacional. Esse parece ser mesmo um dos poucos negócios que ainda crescem em Portugal
nessa época de crise.
“ Esperamos que assim que acabar essa crise europeia, as coisas tomem o
seu caminho correto. Vão-se os anéis, mas ficam os dedos”, brinca o homem.
Gl
Dia 24 – Portugueses no Brasil
Brasil é oportunidade para
engenheiros e arquitectos portugueses. Problema é a buroracia
Posted: 22 Aug 2012 02:47 PM PDT – O POVO – Portugal sem Passaporte –
Acesso na data
É arquitecto ou engenheiro e ambiciona trabalhar no Brasil?
O Brasil é, neste momento, um dos pólos mundiais da arquitectura e da
engenharia. Com o acolhimento da Copa das Confederações Brasil 2013, do Mundial
de Futebol, em 2014, e dos Jogos Olímpicos, em 2016, a procura deste profissionais
dispara. A oferta está a responder à altura e muitas das respostas são dadas
por portugueses.
A Confederação da Indústria garantiu que o Brasil irá precisar de 120
mil engenheiros até ao fim de 2012. A rota até solo brasileiro está já em marcha
para muitos portugueses. Só nos primeiros seis meses de 2012, mais de 50 mil
pediram residência no Brasil.
Gonçalo Carneiro, um jovem português licenciado em engenharia mecânica,
está a pensar seriamente em rumar ao Brasil, para trabalhar na área em que
investiu enquanto estudante.
Um engenheiro sem grande experiência pode auferir entre 900 e 1800
euros no Brasil, com perspectivas de progressão de carreira. O salto faz passar
o salário para um patamar situado entre os três mil e os 4.500 euros, cenário
que se afigura difícil conseguir em Portugal.
“O vencimento é incomparavelmente superior”, confirma Gonçalo Carneiro,
22 anos, em declaraçõesà Renascença. Recém-licenciado em Engenharia Mecânica
pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Gonçalo põe o Brasil
como uma hipótese de carreira.
O facto de ter conhecimentos no país ajuda a que a ida se torne mais
fácil. Além disso, afirma adorar “o povo, o clima e o tipo de vida” do Brasil e
dos brasileiros. A situação em Portugal é difícil e o recém-licenciado
lamenta a estagnação em que o país se
encontra, ainda que surjam, ainda, “algumas oportunidades”.
Muitos colegas que concluíram o curso com Gonçalo encaram fortemente a
possibilidade de emigrarem e o Brasil oferece “excelentes oportunidades para
engenharia”. No meio, verifica-se que “as empresas estão constantemente a
contratar e com óptimas condições”. “Estão na crista da onda. Conheço
brasileiros que têm empresas e está tudo em crescimento”, afirma Gonçalo.
O mais difícil para quem quer partir é a obtenção do visto de entrada
no país. “Engenharia nem é dos piores casos, porque eles precisam de
engenheiros. Em artes, cinemas e produção de eventos é mais complicado, porque
há muitos brasileiros com esse tipo de curso”, explica.
A burocracia acaba por ser o travão mais forte à tendência de emigrar
para o Brasil, explica o jovem engenheiro: “Se uma empresa abre entrevistas,
sabe que, se gostar de um português e quiser contratá-lo, vai ter muito
trabalho, porque tem que explicar ao governo brasileiro as razões de preferir
um português a um brasileiro”. Além disso, sublinha Gonçalo Carneiro, “a
empresa tem que pagar o visto”.
Há quase 600 engenheiros portugueses a trabalhar no Brasil
Quase 600 engenheiros portugueses estão a trabalhar no Brasil, segundo
dados fornecidos pelo Confea – Conselho Federal de Engenharia e Agronomia
brasileiro.
Dia 25 - Jovens do Brasil e Portugal discutem de
25 a 27, no RJ, os novos horizontes para
futuro global
Posted: 10
Sep 2012 04:51 AM PDT – O POVO
José Machado Pais (Universidade de Lisboa) é um dos
conferencistas
Jovens, Subjetividades e Novos Horizontes será
o tema do Seminario Internacional Brasil & Portugal que será realizado
entre os dias 25 e 27 de setembro de 2012, na Universidade Candido Mendes no
Rio de Janeiro. O evento tem o apoio da FAPERJ – Fundação de Apoio a Pesquisa
do Rio de Janeiro e da CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior e terá lugar na Universidade Candido Mendes, Teatro João
Theotonio,Rua da Assembléia, 10, Subsolo, Centro, RJ
O objetivo deste
seminário é propor o encontro e o debate entre pesquisadores dedicados ao
estudo das culturas jovens nos dois países, a fim de refletir sobre as
especificidades e os atravessamentos comuns das afetações provocadas, nas
subjetividades juvenis brasileiras e européias, pelas recentes configurações
conexionistas que vêm assumindo o capitalismo mundial
O Seminário será uma oportunidade para compartilhar com a
comunidade brasileira de pesquisadores da temática da juventude, bem como para
tornar acessível à sociedade mais ampla, as reflexões que vem sendo
desenvolvidas no âmbito do convênio de cooperação científica entre o CESAP/UCAM
e o Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, ambas instituições
com ampla tradição e expertise no estudo das culturas jovens.
A programação proposta contempla um conjunto de conferência
e mesas redondas no qual os pesquisadores integrantes do convênio, brasileiros
e portugueses, apresentam e discutem as pesquisas em curso, bem como reúnem-se
para lançar o livro, Criatividade, Juventude e Novos Horizontes Profissionais,
resultante da parceria entre o CESAP e o ICS.
Além disso, cinco Grupos de Trabalho coordenados por João
Freire Filho (ECO-UFRJ), Silvia Ramos (CESEC-UCAM), Paulo Carrano (UFF),
Claudia Pereira (PUC-Rio) e Andreas Valentin (IUPERJ-UCAM) compõem a
programação do Seminário.
Participantes do evento: José Machado Pais (Universidade de
Lisboa),Maria Isabel Mendes de Almeida (UCAM/ PUC-Rio)
José Alberto Simões (Universidade Nova de Lisboa), Ana Maria
Nicolaci-da-Costa (PUC-Rio), Vitor Sérgio Ferreira(Universidade de Lisboa),
Silvia Ramos (CESEC-UCAM), João Freire Filho (ECO-UFRJ), Fernanda Eugenio
(CESAP-UCAM)
Paulo Carrano (UFF), Claudia da Silvia Pereira (PUC-Rio) e
Andreas Valentin (IUPERJ-UCAM).
---
o Seminário visa
chamar a atenção para as mais recentes reorganizações nas relações entre Brasil
e Portugal, que vêm se manifestando através da transformação dos perfis
migratórios juvenis. Para além dessas novas dimensões de influência recíproca,
as investigações das questões jovens nos dois países apontam para dimensões
comparativas particularmente reveladoras dos processos de subjetivação
contemporâneos: em Portugal, a figura da “geração à rasca”, cujas perspectivas
a crise econômica teria comprometido severamente, convive com a criatividade da
juventude “desenrascada”; no Brasil, a “liberação como tática” e a capacidade
de trabalhar “nas brechas”, reavivando o conhecido “jeitinho brasileiro” em
empreendedorismos juvenis cada vez mais inventivos, convive com as ainda
profundas desigualdades sociais do país.
O Seminário será uma oportunidade para compartilhar com a
comunidade brasileira de pesquisadores da temática da juventude, bem como para
tornar acessível à sociedade mais ampla, as reflexões que vem sendo
desenvolvidas no âmbito do convênio de cooperação científica entre o CESAP/UCAM
e o Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, ambas instituições
com ampla tradição e expertise no estudo das culturas jovens.
Programação
1º DIA: 25/09/2012
14:00-14:30 – ABERTURA
CANDIDO MENDES (Reitor, Universidade Candido Mendes)
GERALDO TADEU (Diretor Geral, IUPERJ)
MARIA ISABEL MENDES DE ALMEIDA (Pró-Reitora de Pós-Graduação
e Pesquisa CESAP-UCAM/PUC-RIO)
14:30-16:00 – CONFERÊNCIA
Juventudes contemporâneas: Interlocuções Brasil e Portugal
JOSÉ MACHADO PAIS (ICS-UL)
SILVIA RAMOS (CESEC – UCAM)
16:30-18:30 – MESA 1 – Criatividade e redesenhos da
subjetividade nos afazeres artísticos
Moderador: José Alberto Simões (FCSH – Universidade Nova de
Lisboa)
Criatividade situada, funcionamento consequente e
orquestração do tempo nas práticas profissionais contemporâneas
FERNANDA EUGÊNIO (CESAP – UCAM)
Criativização da prática de tatuar: novos saberes, novos
fazeres e novas formas de ser tatuador em Portugal
VITOR SÉRGIO FERREIRA (Pesquisador Pós-Doc | ICS-UL)
2º DIA: 26/09/2012
08:30-11:30 – GRUPOS DE TRABALHO: 1ª SESSÃO
13:00-16:00 – GRUPOS DE TRABALHO: 2ª SESSÃO
GT1: Subjetividades, violência e trajetórias juvenis
Coordenação: SILVIA RAMOS (CESEC-UCAM)
GT2: Arte Jovem: as novas fronteiras da produção artística e
cultural
Coordenação: ANDREAS VALENTIN (IUPERJ-UCAM)
GT3: Juventude: Consumo, mídia e novas tecnologias
Coordenação: CLAUDIA DA SILVA PEREIRA (PUC-Rio)
GT4: Educação e trabalho na experiência juvenil
Coordenação: PAULO CARRANO (UFF)
GT5: Juventude, Subjetividade e Performance
Coordenação: JOÃO FREIRE FILHO (ECO-UFRJ)
16:30-18:30 – MESA 2 -Transformação de gerações potenciais
em gerações efetivas?
Moderador: Vitor Sérgio Ferreira (ICS-UL)
Criatividade contemporânea e os redesenhos das relações
entre autor e obra: a exaustão do rompante criador
MARIA ISABEL MENDES DE ALMEIDA (CESAP-UCAM/PUC-RIO)
O mundo aos quadradinhos: o agir da obliquidade
JOSÉ MACHADO PAIS (ICS-UL)
3º DIA: 27/09/2012
13:00-16:00 – GRUPOS DE TRABALHO: 3ª SESSÃO
16:30-18:30 – MESA 3 – Talentos online: Internet e a nova
Ágora
Moderadora: Maria Isabel Mendes de Almeida
(CESAP-UCAM/PUC-RIO)
Talentos on-line: a profissionalização da criatividade via
Internet
ANA MARIA NICOLACI-DA-COSTA (PUC-Rio)
Viver (d)o hip-hop: entre o amadorismo e a
profissionalização
JOSÉ ALBERTO SIMÕES (FCSH – Universidade Nova de Lisboa)
18:30-19:30 – LANÇAMENTO DO LIVRO & ENCERRAMENTO
“Criatividade, Juventude e Novos Horizontes Profissionais”
Com a presença dos autores José Machado Pais, Maria Isabel
Mendes de Almeida, José Alberto Simões, Ana Maria Nicolaci-da-Costa, Fernanda
Eugenio e Vitor Sérgio Ferreira.
As inscrições estão abertas até o dia 20 de setembro.
Fonte 0 O POVO – Portugal sem passaporte
Dia 26 – Cartas de Portugal – Paulo Timm – A Crise
Econômica
Cartas de Portugal
Paulo Timm – Publicado www.sul21.com.br em 25/09/12
|
“Os resultados do exercício contrafactual sugerem que, nos
primeiros 11
anos, o euro teve um impacto negativo na evolução do PIB”.
anos, o euro teve um impacto negativo na evolução do PIB”.
( Luís Aguiar-Conraria†Fernando Alexandre – O euro e o crescimento
da economia portuguesa:uma análise contrafactual)
I
Vim ver e vi. Estou em Portugal, entre idas e vindas ao Brasil, há pouco mais de um ano. Parte por razões sentimentais; outra parte por amar a língua a que me dedico como cronista e aqui encontro estímulos; mas também para analisar a crise, de perto. Como economista tenho acompanhado, passo a passo, o caminho da humanidade rumo a insensatez, desde 2008. É pior do que se comenta, embora, aqui, não se a perceba , nas ruas, como catástrofe social . Explico: Portugal é um país que, além de uma alta renda- US $ 21.558 p/c em 2010, muito melhor distribuída do que no Brasil, tem uma qualidade de vida excepcional. Mais de 70% da população tem residência própria, o nível de escolaridade é tão bom e tão alto que já se fala em sobre-escolarização, fenômeno , aliás que já atinge outros países. A saúde é praticamente universalizada. Não há expressivos bolsões de miséria, como vemos na América Latina.Tudo isso se revela na excelência da qualidade de vida no país, de população igual mas em território substancialmente menor que o Estado do Rio Grande do Sule mais rico.( O PIB em 2010 de Portugal, em dólares era equivalente ao do Rio Grande em reais.) O país modernizou-se bastante depois do 25 de abril de 1974 – Revolução dos Cravos, e particularmente depois da integração com a Europa, em 1986.
“O crescimento económico português esteve acima da média da União
Europeia na maior parte da década de
1990. O PIB per capita ronda os 76 % das maiores
economias ocidentais europeias. A lista ordenada anual de competitividade de
2005 do Fórum Económico Mundial (WEF — World Economic
Forum), coloca Portugal no 22.º lugar, à frente de países como a Espanha,
Irlanda,
França,
Bélgica e da cidade de Hong Kong.
Esta classificação representa uma subida de dois lugares face à posição de
2004. No contexto tecnológico, Portugal aparece na 34.ª posição da lista e na
rubrica das instituições públicas, Portugal é 24.ª melhor.[135]”
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Portugal)
Sobre esse pano de fundo, sobreveio a crise recente, levando o Governo Socialista de Portugal a firmar um Memorando de Entendimento , em 03 de maio de 2011, com as autoridades monetárias européias, popularizadas como Troika – Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional. Esse protocolo assinalou o início de uma era de austeridade no país, com considerável aperto do cinto nos salários e aumento de impostos. E a queda do Gabinete de José Sócrates, do Partido Socialista.
“O Memorando de Políticas Económicas e Financeiras,
também conhecido como Memorando de Entendimento
ou Plano da Troica[1], é um acordo de entendimento celebrado
em maio de 2011 entre o Estado Português e o Fundo Monetário Internacional, a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu, visando o equilíbrio das
contas públicas e o aumento da competitividade em Portugal,
como condição necessária para o empréstimo pecuniário de 78 mil
milhões de euros que estas três entidades concederam ao Estado português.[2]
Segundo o memorando de entendimento firmado entre o Governo e a troica, o
compromisso de Portugal foi atingir um défice de 5,9 por cento em 2011 (contra
os 4,6 por cento anteriores), 4,5 por cento em 2012 e 3 por cento em 2013,
quando a meta anterior era de 2 por cento.
O memorando indica que estas metas irão estabilizar a dívida pública por
volta de 2013, acrescentando que tal reflete um apropriado equilíbrio entre as
ações necessárias para restaurar a confiança dos mercados e assegurar que este
ajustamento não prejudique excessivamente o desenvolvimento da economia e do
emprego.[3”
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Memorando_de_Pol%C3%ADticas_Econ%C3%B3micas_e_Financeiras)
Com a saída dos socialistas, há pouco mais de um ano, sobe ao Poder uma coligação conservadora de dois Partidos - PDS + PSD- , sob o comando de Passos Porto. Desde então, o aperto fiscal só vem se acentuando, sem que a economia dê qualquer sinal de recuperação. Já no terceiro trimestre de 2011 revelava uma contração de 0,6% do PIB , ainda que, dentre todos os países da Zona do Euro tenham tido resultados ainda piores, com exceção de Alemanha e França, que tiveram ligeiro crescimento. Passado um ano do novo Governo, entretanto, os resultados são pífios: http://www.tsf.pt/Programas/programa.aspx?content_id=1395172&audio_id=2529252 .
A crise aqui, como na Irlanda, na Grécia e na Espanha é de origem financeira e como lá se expressa por altas taxas de desemprego, queda dos salários reais e por uma retração dos gastos públicos que restringe benefícios sociais.. Há quase um milhão de desempregados no país, afirma Relatório do próprio Governo, alarmado com o agravamento da situação, que corresponde a uma taxa que vem se multiplicando nos últimos vinte anos, até chegar aos atuais 15,5%, com previsão de 16% em 2013 http://www.portugal.gov.pt/media/615432/20120601_mef_desemprego.pdf
“De cerca de 5.5%, em média, na década de 1990 o desemprego
estrutural terá aumentado para cerca de 8.5%, em média, na última década.
Nos anos recentes esta
tendência de aumento agravou-se para valores da ordem os 11.5%. De acordo
com estas estimativas a
taxa de desemprego estrutural mais que duplicou num período de vinte anos.”
As origens mais remotas da Crise Econômica, porém, estão na forma de incorporação de Portugal à União Europeia- UE, em 1986 e , sobretudo, seu ingresso na Zona do Euro mediante adoção esta moeda comum em 01 de janeiro de 2002, com o que abriu mão de sua soberania sobre a Política Monetária. Além disso, os analistas têm chamado a atenção para o fato de que este momento coincidiu com o aumento da concorrência em escala mundial e em especial com os países do Centro e Leste Europeu incorporados à EU. Destaca-se, também a rigidez dos mercados locais de trabalho, bens e serviços, em especial a fragilidade do capital humano para as novas fronteiras tecnológicas do processo industrial. E, por último, a própria política de Governo, exageradamente expansionista e tolerante em termos da concessões de salários, benefícios e gestão orçamentária.
A década de 1990 até que foi favorável ao país, com taxas de crescimento do PIB na ordem de 7,0% a.a. , superior `a de vários países da EU.Mas já nos primeiros anos da nova moeda, a erosão começava a se fazer perceber:
“O fraco desempenho da economia portuguesa foi explorado em Abril de
2007 pelo The Economist, que descreveu Portugal
como "um novo homem doente da Europa". De 2002
a 2007, a taxa de desemprego aumentou de 5% para 8% (270 500 cidadãos desempregados
em 2002 para 448 600 cidadãos desempregados em 2007). No início de dezembro de
2009, o desemprego atingiu 10,2 % da população, o maior em 23 anos. Em dezembro
de 2009, a agência de classificação de riscoStandard & Poor's rebaixou a sua
avaliação de crédito de longo prazo de Portugal de "estável" para
"negativa", expressando o pessimismo sobre as debilidades estruturais
económicas do país e a fraca competitividade, o que prejudicaria o crescimento
e a capacidade de reforçar a sua finanças públicas. Em Julho de 2011,
a agência de classificação Moody's rebaixou a sua avaliação após
o aviso do risco de deterioração em Março de 2011. A corrupção tornou-se um assunto de
importância política e económica para o país. Alguns casos são bem conhecidos e
foram amplamente divulgados nos meios de comunicação, tais como
acontecimentos em vários municípios envolvendo autoridades municipais e
empresários locais, bem como políticos de alto-escalão.[152][153] Não obstante o Índice de Percepções de Corrupção de
2010, compilado pela Transparência Internacional, colocou
Portugal na 31ª posição em termos de percepção de corrupção, logo abaixo de Israel
e Espanha, e 34 posições acima da Itália.”
(Wikipédia)
Apesar de grave, porém, a crise não é muito visível, embora se fale que as grandes cidades estão se esvaziando, tamanho o fluxo de gente para o exterior e para o interior, onde, geralmente, têm família e propriedade. Todos reclamam, embora o espírito de apatia, que herdamos, seja – ainda! – muito maior do que de revolta. Mas como diz o velho provérbio: Até a sorte se cansa do sortudo e o abandona depois de um tempo. A paciência, também. É o que se depreende no último dia 15 (setembro-2012) , depois da monstruosa manifestação popular em Lisboa contra o arrocho: A tolerância está se esgotando. Já muitos apostam que , à crise econômica, sobrevenha agora, uma crise de Governo.
Vale registrar essa estranha dialética entre apatia e explosão dos lusitanos. Se a primeira é a regra, que sublinhou os longos anos de ditadura salazarista, mantendo Portugal à margem da modernidade, há um momento histórico que é sempre lembrado aos governantes: A “defenestração”de Dom Miguel Vasconcelos, ocorrida em 1640.
A verdade é que a crise política se avizinha. A coalizão conservadora, PDS/PDS já não está se entendendo bem. E a oposição, Partido socialista à frente, retoma a ofensiva para retornar ao Poder. O próprio Mário Soares, ex-Presidente, o Notável, embora fora das disputas, já se manifestou claramente pela queda de Passos Porto, atual Primeiro Ministro. Enquanto isto, crescem as tentativas de amplos setores da sociedade portuguesa, inclusive entre empresários e até membros do Ministério Público e do Exército, no sentido de forçar o Governo a voltar atrás em algumas das extensas medidas, que consideram exageradas, dentre elas, especialmente sobre salários, pensões e aposentadorias:
Fatidicamente, pois, Portugal repete a sina: Cerca de 70 mil jovens abandonam o país anualmente, em busca de oportunidades além-mar. Um número muito alto, relativamente ao tamanho da população e que continuarão a inspirar novos acordes de sofrimento no mundo do fado. “É o destino”, escuta-se por toda a parte, em tom suplicante. Os jovens, enfim, fazem-se ao mar porque de nada adiante adentrar a Europa, como milhares de seus compatriotas fizeram no século passado. O continente secou…E ninguém sabe quando vai “chover” prosperidade de novo. A grande diferença é que agora não são os pobres do norte do país que se vão. São jovens engenheiros, administradores, médicos, cérebros. Atravessam de novo o Grande Mar Oceano no périplo da sobrevivência.
Por volta do ano 2000, o governo
de António Guterres sabia que tinha de fazer reformas. O ministro Pina Moura
chegou a ter um projecto em que se detalhavam as medidas necessárias. Todavia,
sempre que se falava disso, a reacção popular – suave se comparada com a
verificada noutros momentos desde então – era negativa. Foi suficiente.
Guterres nunca arranjou coragem para implementar o que, à época, poderiam ter
sido apenas medidas pouco simpáticas e não ainda verdadeiramente duras. Fugiu
em Dezembro de 2001 alertando para o pântano.
Em 2002, perante indignação quase
geral, Durão Barroso falou no «país de tanga». Por entre actos contraditórios
(por exemplo, subida de impostos e congelamento dos salários da função pública
mas insistência no investimento em linhas de TGV e em submarinos), propôs-se
implementar um plano de corte da despesa pública. Os protestos vieram de todos
os lados, incluindo da Presidência da República. Logo que teve oportunidade,
Durão escapuliu-se.
Em 2005, Sócrates anunciou
reformas. Fez uma, a da Segurança Social, escolhendo o método mais fácil (e
mais injusto para quem se encontra no início ou a meio da carreira
contributiva). Tentou outra, de forma atabalhoada: a do sistema de saúde.
Protestos populares levaram-no a substituir Correia de Campos e a desistir da
intenção. Em 2009, contra vários avisos, adoptou uma política expansionista. As
pessoas gostaram: ganhou as eleições de Setembro desse ano. Caiu apenas quando
já era impossível arranjar dinheiro.
Em 2012, com o país sob vigilância
externa, Passos Coelho anunciou uma reforma na Taxa Social Única, com o
objectivo confesso de diminuir o custo do factor trabalho e de aumentar a
competitividade externa da economia portuguesa. Um coro de críticas, uma
manifestação popular, sondagens negativas, vão
certamente levá-lo a recuar, quiçá a ver cair o governo que lidera. Ainda bem? Talvez.
Lugar comum: a democracia é o pior
dos sistemas, com excepção de todos os outros. É o «pior» porque tem defeitos.
É melhor do que todos os outros por várias razões, entre as quais estar
consciente deles e tentar reduzir-lhes as consequências. Tentar garantir os
direitos das minorias, limitando o poder das maiorias; tentar limitar o
populismo, estabelecendo mandatos que duram quatro ou cinco anos. Contudo, nos
tempos que correm, de comunicação veloz e frequentemente distorcida, de
reacções imediatas e emotivas, que a psicologia das massas, amontoadas primeiro
no Facebook, depois nas ruas, depressa torna imparáveis, as salvaguardas
parecem fraquejar. Não pretendo com isto defender qualquer tipo de limitação ao
direito das pessoas se indignarem e manifestarem a indignação. Inegavelmente,
um dos pontos mais positivos da democracia é a forma como admite genuínas
manifestações populares e como força o poder a ouvi-las. Mas a pressão popular,
sendo parte da democracia, não é a
democracia. Longe disso. Como se vê pelos exemplos dos primeiros parágrafos,
está até longe de representar necessariamente uma boa escolha (estaríamos hoje
melhor se o governo de Guterres tivesse executado as reformas). E, quando não
representa uma boa escolha, os prejuízos são de todos, incluindo das minorias
que teriam preferido seguir outro trajecto. Por exemplo, daquelas minorias que
andaram durante anos a alertar para os riscos das opções tomadas e que agora
sofrem tanto quanto a maioria (ou – e este é outro problema a considerar quando
se analisa a relevância das manifestações populares – a aparente maioria)
que as forçou. Se a democracia é muitas vezes tomada refém de interesses
particulares, em especial quando o Estado é indispensável para tudo e/ou os
mecanismos de controlo (entidades fiscalizadoras, sistema de Justiça) não
funcionam, parece igualmente – e cada vez mais – refém dos que berram mais
alto.
(Outros exemplos de pressão
popular: a exigência tradicional de que todos os anos se verifiquem aumentos
salariais, indexados à taxa de inflação em vez de, por exemplo, à taxa de
crescimento do PIB; a pressão para a subida das prestações sociais pagas a quem
não contribuiu o suficiente para elas; as manifestações locais para a
construção de auto-estradas e de «equipamentos» variados; as exigências para
que o governo acorra financeiramente a todo e qualquer problema, dos provocados
pela natureza às dificuldades financeiras das empresas privadas. Tudo positivo?
Talvez. E, no entanto, porque os governos foram cedendo, estamos falidos.)
Dia 28 – Assim
se fala em bom português… reclamando sempre
João
Miguel Tavares CM – O POVO - 07 Sep 2012 / Acesso nesta data
Portugal está cheio de bons portugueses. Gente patriótica que reconhece
todos os problemas do País – só que nunca concorda com nenhuma solução.
O bom português é aquele que
critica a programação da RTP por ela não se diferenciar em nada dos privados e
depois entende que alterar o funcionamento da comunicação social do Estado é um
atentado ao serviço público.
O bom português é aquele que se enfurece contra o facilitismo da escola
e depois se enraivece contra a obrigação de os alunos repetentes frequentarem o
ensino profissional.
O bom português é aquele que acha que não podemos continuar a apoiar
uma política do betão e a construir auto-estradas vazias mas depois se indigna
com o aumento do desemprego na construção civil.
O bom português é aquele que acredita que ter filhos no Portugal de
hoje é um luxo incomportável e depois se revolta com a quantidade de
professores que ficaram sem colocação nas escolas.
O bom português é aquele que acha uma pouca-vergonha os níveis de
endividamento da CP e da Refer e depois está contra o corte de linhas e o
encerramento de estações.
O bom português é aquele que admite o dinheiro da troika para pagar
salários mas que depois age como se o governo não estivesse obrigado a cumprir
o programa que os credores impuseram ao país.
O bom português entende que o
défice é uma vergonha em abstracto mas está contra todos os cortes em concreto.
O bom português é aquele que prefere não correr o risco de uma qualquer
terapêutica porque o que ele realmente gosta é de se queixar da doença.
Portugal está cheio de bons
portugueses. Nos cafés e nas avenidas, no PS e no PSD, nos jornais e nas
televisões. Tudo bons portugueses, que vão patrioticamente matando Portugal.
Dia 29 – Universidades
de Portugal e Brasil acordam reconhecimento de graus académicos
Posted:
22 Aug 2012 03:54 AM PDT - Expresso com i – Acesso nesta data
O
memorando de entendimento assinado hoje visa facilitar numa primeira fase o
acesso profissional de arquitetos e engenheiros nos dois países.
Universidades
portuguesas e brasileiras assinaram hoje, em Brasília, um memorando de
entendimento para agilizar o reconhecimento dos graus académicos em Portugal e
no Brasil, facilitando o acesso profissional de diplomados nos dois países,
informou à Lusa fonte académica.
O
convénio, que numa fase inicial abrangerá os licenciados em Engenharia e
Arquitetura, foi celebrado entre o Conselho de Reitores das Universidades
Portuguesas (CRUP) e a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições
Federais de Ensino Superior, a maior associação de universidades do Brasil, com
sede em Brasília.
Em
declarações telefónicas hoje à agência Lusa, a partir de Brasília, o presidente
do CRUP, António Rendas, referiu que um grupo de trabalho “vai compatibilizar
os mecanismos de avaliação dos dois países em termos de reconhecimento de graus
académicos”, processo que ficará “pronto até ao final do ano”.
Numa
primeira fase, os mecanismos de “avaliação, acreditação, reconhecimento”, por
parte de Portugal e Brasil, dos “graus académicos das universidades portuguesas
e brasileiras” vão abranger os licenciados em Engenharia e Arquitetura.
Mais
áreas no futuro
Mas
“a ideia é estender a outras áreas onde a necessidade do reconhecimento do grau
académico possa também ser importante para o exercício da profissão”, adiantou
António Rendas, lembrando que “havia mecanismos burocráticos muito dispersos no
Brasil” que impediam o reconhecimento das licenciaturas portuguesas.
Bastonário
diz que acordo alcançado é uma vitória
É
uma vitória porque permitirá libertar-nos desta peia que era o reconhecimento
de profissionais que fizeram a sua formação em escolas de engenharia
portuguesas de referência e que estavam a ter dificuldade de reconhecimento de
diplomas por parte de escolas superiores de engenharia no Brasil”, disse o
bastonário
Carlos
Matias Ramos sublinhou que, “como isso era uma das exigências para registo no
sistema, criava uma dificuldade acrescida para esses profissionais poderem ter
um exercício pleno da profissão no Brasil”.
No
entanto, Carlos Matias Ramos alertou para o perigo que pode representar para a
economia portuguesa uma saída em larga escala de engenheiros nacionais para o
exterior.
“Esperemos
que não. A larga escala significaria um desastre para a economia portuguesa.
Não há nenhum país no mundo que se desenvolva sem uma engenharia de qualidade.
Não se pode pensar que se resolvem os problemas de um país apenas do ponto de
vista orçamental, tem que haver crescimento e crescimento implica produção”,
declarou.
O
bastonário da Ordem dos Engenheiros acrescentou, por isso, esperar que a “perda
de massa crítica” no país seja “apenas momentânea”.
Carlos
Matias Ramos disse que a Ordem dos Engenheiros não tem um registo “rigoroso” do
número de profissionais portugueses que trabalham no Brasil, ou em outros
países onde também, por não haver acordos de reconhecimento de diplomas com
reciprocidade, se torna difícil uma contabilização exata.
O
número é, no entanto, “muito elevado”, garantiu o bastonário, adiantando ainda
que a Ordem tem “várias solicitações de colegas que querem deslocar-se para
exercer a sua atividade”.
Já
a contabilização no sentido inverso é mais fácil de fazer. A Ordem dos
Engenheiros tem registados 354 cidadãos brasileiros devidamente autorizados a
exercer a atividade em Portugal e Carlos Matias Ramos não prevê que este número
cresça em consequência do acordo agora assinado.
“Neste
momento a economia brasileira está pujante. Existem planos de crescimento
económico assentes em infraestruturas, portanto eles não vêm para cá. O que
pode acontecer, e está a acontecer, é que, em resultado do crescimento de
países como Angola e Moçambique, as empresas brasileiras, reconhecendo a
qualidade e competência dos engenheiros portugueses, pretendam contratá-los
para exercer nesses países”, adiantou o bastonário.
Para
além destes dois países africanos lusófonos, a emigração de engenheiros
portugueses, sobretudo dos engenheiros civis, faz-se sobretudo para a América
Latina, não sendo o Brasil o único país do continente americano escolhido como
destino por engenheiros e empresas portuguesas.
“São
sobretudo engenheiros civis, nomeadamente para os países em que a
infraestruturação é um fator de crescimento económico. Outra emigração que se
está a produzir é para a Europa, mais associada a tecnologias de ponta, como as
tecnologias de informação, eletrónica. Também a indústria do petróleo está a
solicitar muitos engenheiros portugueses para países como a Noruega”, afirmou.
Dia 30 – Lisboa, Porto e Rio de Janeiro entre as “100 Cidades mais bonitas do
mundo”
Posted: 10 Sep 2012 03:55 AM PDT – Acesso nesta data – OPOVO
“Li
Si Ben” (Lisboa, em chinês) e “Bo Er Tu” (Porto) estão entre as “100 Cidades
mais bonitas do mundo”, segundo um guia turístico à venda nas livrarias
chinesas.
A capital portuguesa e o Porto são mesmo as
primeiras da lista, ordenada por critérios geográficos, desde o extremo
ocidental da Europa até à Cidade do Cabo, na África do Sul.
Quase metade (48) ficam na Europa e dos
outros sete países de língua portuguesa só há mais uma cidade entre as 100
escolhidas: Rio de Janeiro.
A China tem quatro cidades na lista
(Pequim, Xangai, Lhasa e Hong Kong), menos do que os Estados Unidos (seis) e a
Espanha (cinco)
O guia, com 200 páginas, faz parte de uma
série de cinco volumes que inclui uma seleção mundial das “100 Praças mais
bonitas”, “100 Catedrais mais bonitas”, “100 Parques Naturais mais bonitos” e
“100 Museus mais bonitos”.
No último caso, Portugal (“Pu Tao Ya”, em
chinês) está ausente, mas quanto a catedrais, Lisboa contribui com duas: a Sé e
os Jerónimos.
A Ilha da Madeira é um dos “100 Parques
Naturais mais bonitos do mundo” e o Terreiro do Paço, em Lisboa, é uma das cem
praças selecionadas.
Cada guia custa 50 yuan (6 euros), menos do
que um bilhete de cinema e pouco mais do que um dia de salário mínimo em
Pequim.
Na última década, os livros de viagem,
mapas e guias turisticas passaram a ocupar lugar de destaque nas livrarias de
Pequim, Xangai e outras grandes cidades chinesas, correspondendo ao acelerado
crescimento da classe média.
Em 2011, o número de chineses que passaram
férias fora do continente cresceu vinte por cento, para 69 milhões, e este ano
deverá exceder os 80 milhões.
A
maioria ficou por Hong Kong e Macau, a nova capital mundial do jogo, já à
frente de Las Vegas, mas cada vez há mais chineses a viajar para o sueste
Asiático, os Estados Unidos e a Europa.
Há
três meses, o Turismo de Portugal reuniu em Pequim nove empresas portuguesas do
setor, a maioria das quais agências de viagens, e cerca de trinta profissionais
chineses, na maior ação do género promovida na capital chinesa.
Apenas
cerca de 40.000 a 50.000 turistas chineses visitaram Portugal em 2011, mas
segundo realçou na altura o diretor de promoção do Turismo de Portugal, Miguel
Morais, a China “é um mercado emergente”.
“O
turismo, na China, está numa fase de crescimento. Oxalá as empresas portuguesas
saibam tirar partido das oportunidades”, afirmou o mesmo responsável.
O
site daquele organismo – www.visitportugal.com – já tem uma versão em chinês.
Pelas
contas da European Travel Comission, em 2030, a Europa atrairá cerca de oito
milhões de turistas chineses, mais de o dobro dos 3,8 milhões registados em
2010.
A
Rússia, que partilha com a China uma fronteira com cerca de 4.300 quilómetros
de comprimento e que recebeu então 848.000 turistas chineses, foi o destino
mais procurado, seguido da Alemanha (593.000), França (558.000) e Itália
(485.000).
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NOTA DO EDITOR DO BLOG
Palácio da Pena é um dos 10
“castelos mais impressionantes” do mundo
Posted: 22 Aug 2012 02:58 PM PDT
O Palácio da Pena, em Sintra, foi classificado como um dos dez
“castelos mais impressionantes do mundo”. A classificação foi atribuída pela
comunidade de membros da versão brasileira do portal de Turismo “TripAdviser”.O
texto faz referência ao facto de o palácio ser património mundial da Humanidade
da Unesco e considerado uma das “sete maravilhas de Portugal”. É indicado que o
Palácio constitui o “mais completo e notável exemplar de arquitectura
portuguesa do romantismo”.
O “TripAdvisor” cria regularmente listas de locais turísticos que
aconselha a visitar, sendo que, desta vez, a selecção diz respeito a castelos e
palácios.
Em primeiro lugar da lista surge o Castelo de Neuschwanstein (Schloss
Neuschwanstein), na Baviera (Alemanha), seguido do Castelo de Matsumoto,
Nagano, no Japão.
O Palácio da Pena foi incluído na restrita seleção dos palácios e
castelos mais impressionantes de todo o mundo, sendo caracterizado como “uma
expressão do Romantismo do século XIX”. Beneficiado pelo estatuto de Património
Mundial da Humanidade, pela UNESCO, e pela condição de uma das “Sete Maravilhas
de Portugal”, o local conquistou o 10º lugar na prestigiada lista do
TripAdvisor.
Situado no cimo de uma alta colina, os membros daquele portal de
turismo referem que a difícil subida é compensada pelas “vistas deslumbrantes”
que o palácio oferece sobre toda a região. Outro aspeto positivo do lugar é o
Parque da Pena, que circunda o edifício, apontado como um dos pontos preferidos
de muitos turistas.
O primeiro lugar da lista dos dez castelos mais impressionantes do
mundo pertence ao clássico Castelo de Neuschwanstein, na região da Baviera,
Alemanha. Seguem-se o Castelo de Matsumoto (2º), no Japão, o Monte Saint-Michel
(3º), em França, o Predjama (4º), na Eslovénia e o Castelo de Leeds, em
Inglaterra, na 5ª posição. O 6º, 7º, 8º e 9º lugar são ocupados,
respetivamente, pela Casa Loma, no Canadá, pelo Castelo de Chambord, em França,
pelo Castelo de Bran (ou Castelo de Drácula), na Roménia, e pelo Castelo de
Trakai, na Lituânia.
Dia 01 de outubro 2012 - Cartas de Portugal
Impressões
– Paulo Timm – Publicado em www.sul21.com.br
No meio, porém, de
tantas tragédias, resta-me eu e minha curiosidade insaciável sobre este pequeno grande país, como o percebe José Saramago num de
seus mais interessantes livros : “Viagem à Portugal”.
Neste ano europeu
2012/2013 celebra-se o ANO PORTUGAL BRASIL/BRASIL PORTUGAL. Inúmeros
espetáculos, encontros culturais e reuniões empresariais marcarão o evento que
abriu no Brasil com uma apresentação de fados da cantora Mariza. Dentro da
programação, houve semana passada, um colóquio do qual participou o
Ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso. Deu conferência, entrevistas, fez a
festa. Ele é sempre bem recebido por aqui. Tem presença. A propósito, lembrou
do imbróglio que teve que desatar sobre a questão dos dentistas brasileiros em
Portugal. E foi ferino, embora sorridente: - “Espero que os brasileiros, agora, não façam o que os portugueses fizeram
com nossos dentistas...”
À parte a crise e o ANO
BRASIL PORTUGAL, o país é encantador. Começando pelos nomes de localidades,
bairros, sítios, marcas: Alpedrinha, Vale Prazeres, Quinta das Lágrimas, Casa
dos Alpoins, Capelas Imperfeitas, Rua da Saudade, Almains, Vinho Verde Muralha
de Monções... Evocativos. Sempre sugerindo uma natural cristandade mesclada pela
passagem mourisca, da qual herdou a tecnologia e paixão pelos ternos e frescos
azulejos e a forte marcação na arquitetura. Daí o ecletismo do flamejante estilo
“Manuelino”, termo aparentemente
criado por Francisco Adolfo Varnhagen na sua Notícia Histórica e Descriptiva do Mosteiro de
Belém, de 1842, para caracterizar os traços da cultura lusa à
época das Navegações, com D.Manuel I.
“O conjunto decorativo de um elemento escultórico
manuelino apresenta-se quase sempre como um discurso de pedra, onde diversos
elementos e referências se cruzam (pansemiose
- ou "todos os significados"),
como o simbilismo cristão, a alquimia, a tradição popular,
etc. O contexto tanto pode ser moralizante, como alegórico, jocoso (quando se aponta o dedo aos
defeitos humanos ou a pormenores obscenos, como a referência sexual numa
gárgula exterior à capela de São Nicolau, em Guimarães), esotérico ou, simplesmente,
propagandístico em relação ao poder imperial de D. Manuel I. Note-se que esta
simbologia está também muito ligada à heráldica.
Os motivos mais frequentes da
arquitectura manuelina são a esfera armilar, conferida como divisa por D. João
II ao seu primo e cunhado, futuro rei D. Manuel I, mais tarde, interpretada
como sinal de um desígnio divino para o reinado de D. Manuel, a Cruz da Ordem de Cristo e elementos naturalistas: Corais,
Algas, Alcachofras, Pinhas,
animais vários e elementos fantásticos: Ouroboros, Sereias, gárgulas”
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Estilo_manuelino)
Portugal é por descobrir. Conhecer Portugal , além do
reencontro histórico com nosso próprio passado - e conhecer o que é considerado o sexto mais belo
país do mundo- é mergulhar em rios subterrâneos de gastronomia e cultura.. Quem o diz é o portal internacional UCity Guides, que disponibiliza aos turistas tudo o que precisam de
saber antes de viajar para determinada cidade. O Guia escolheu Portugal no “top 10″ das nações “abençoadas com um raro conjunto de belezas
naturais e maravilhas edificadas pelo homem”. E não se trata apenas de paisagens, como o
Vale do Douro com seus vinhedos e olivares ou dos canais da litorânea Aveiro,
mas de monumentos urbanos medievais como Tomar, sede da Ordem dos Templários
depois convertida em Ordem de Cristo, cuja cruz
comandou o périplo das Grande Navegações; ou do Castelo de Sintra, de
excepcional porte e beleza. E Lisboa...antiga cidade? “Notar os motivos dos ladrilhos e as calçadas com desenhos em ondas
feitos de pedra faz parte do prazer de caminhar por Lisboa”, como diz
Frances Mayes sobre a cidade e o país, que preferia morar se antes o tivesse
conhecido (“Um ano de viagens” – Ed.Rocco). Lisboa antiga e moderna, como
assinalava Fernando Pessoa em seus devaneios mas que, certamente, jamais
adentrará o umbral pós-modernidade líquida. “Que
moderno que tudo isto soa! E no fundo, tão antigo, tão oculto, tão tendo outro
sentido que aquele que luze em tudo isto!
E o Porto, cidade gêmea de Vila Nova de Gaia, segunda
cidade do país, despencando-se “invictamente” sobre o Douro? Porto é
considerada “Cidade Invicta” pela sua resistência heróica à invasão napoleônica.
Berço do liberalismo português. Senhora de uma das maiores relíquias de
Portugal: o vinho do Porto...
Quanta maravilha
arquitetônica, quanto lamento pelas paredes da história!
Mas se vai mesmo
visitar Portugal não aprenda apenas sobre vinhos. O país é incompreensível se
Você não se deixar envolver pela alma poética que emana das frestas de sua
história, como este que é considerada a mais bela de suas trovas:
“Oh
águas do mar salgadas
De
onde lhes vem tanto sal?
Vem
das lágrimas choradas
Nas
praias de Portugal ...
(Antonio
Oliveira – Poeta português)
É importante também que
se familiarize com o vocabulário da arte sacra e da heráldica, começando pela
“esfera armilar”, inscrita até hoje nos símbolos oficiais de Portugal - http://www.youtube.com/watch?v=u6EF3a6w68c
A esfera armilar foi
desenvolvida ao longo dos tempos por inúmeros povos que habitavam o lado
asiático e seus registros constam em pinturas de cerâmica e documentos que os
chineses durante o século I A.C.
já (Dinastia Han) se conheciam a esfera armilar,
sabe-se também, que nessa época, um astrônomo chinês Zhang Heng considerado a primeira pessoa a usar
engrenagens e mecanismos de articulação hidráulicas no eixo da esfera armilar para
reproduzir os movimentos da mecânica celeste para fins didáticos, entretanto o
nome do instrumento vem do latim armilla
("bracelete"), visto que tem um esqueleto feito de anéis concêntricos
articulados nos polos com escala de graduações e outros perpendiculares
representando o equador, a eclíptica , indicando o curso do sol em relação às
estrelas de fundo para os 365 dias do ano, os meridianos e os paralelos.
Mas se V. já sentiu a atmosfera lírica da terra lusitana e compreendeu o
significado dos instrumentos de navegação que fizeram a epopéia deste povo,
instrua-se sobre o signaficado dos objetos sacros, pois eles povoarão sua
viagem por todos os locais onde passar. Para facilitar a tarefa, eis
alguns :
Retábulo: s.m. Construção de madeira
ou pedra, em forma de painel e com lavores, que se coloca na parte posterior
dos altares e que é geralmente decorada com temas da história sagrada ou
retratos de santos - - http://www.dicio.com.br/retabulo/
Vela votiva :
Acender
vela é um ato de fé. As velas votivas são indicadas para momentos de reflexão,
oração, promessas e votos. Em suas embalagens estão estampadas belas imagens
dos santos e oração específica de sua devoção. Praticidade e limpeza na queima
sem exalar cheiro. Durante a queima esta vela reflete a luz que valoriza a
beleza da imagem no rótulo. (http://www.zuppani.ind.br/linha-velas/velas-votivas-imagens-260g/velas-votivas-imagens-260g/
)
Ex-votos: breviação latina de ex-voto suscepto
("o voto realizado"), o termo designa pinturas, estatuetas e variados
objetos doados às divindades como forma de agradecimento por um pedido
atendido. Trata-se de uma manifestação artístico-religiosa que se liga
diretamente à arte religiosa e à arte popular, despertando o interesse de
historiadores da arte e da cultura, de arqueólogos e antropólogos. (http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=termos_texto&cd_verbete=5433
) . Em Portugal, era comum pagar promessas feitas em
momentos decisivos da nacionalidade, erigindo monumentos de grande beleza como
o mosteiro de Alcobaça, construído por Afonso Henriques depois da tomada de
Santarém aos sarracenos; o mosteiro da Batalha, como símbolo de gratidão a
Santa Maria da Vitória pelo sucesso contra a Espanha e muitos outros, como a
Torre de Belém, o convento de Mafra, a igreja de Nossa Senhora dos Mártires, em
Tavira- http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&view=article&id=250&Itemid=184
Atrio ou Adro : s.m. Principal aposento das
casas nos primeiros tempos da Roma antiga. Era usado como sala de estar e de
lazer, e também como cozinha e dormitório. Tinha um fogão central e, no teto,
acima dele, uma abertura para deixar sair a fumaça, como nos primitivos salões
da Europa. O nome vem da palavra latina atrium, de ater, que significa preto, com
referência ao teto enegrecido pela fumaça nesse aposento.(
http://www.dicio.com.br/atrio/ )
Bem, estes são apenas uma amostra do que precisa de saber para emaranhar-se
pelos quelhos pedregosos da Beira, pela ardente terra de Alentejo, pelo Algarve
de muito sol, pães fumegantes, pelo norte duro e dourado ou pelas Terras
baixas, vizinhas ao mar, no itineário do “viajante” literato. O resto é por
conta de cada um ...
Pois assim é Portugal.
Mãe pátria. Ventre da lusofonia. Uma saudade em cada canto, aqui e acolá temperada por duas primícias tupiniquins: os
doces instigantes, começando pelos pasteizinhos de Belém, mas também os de
Aveiro, e a “bica”, um cafezinho forte e original , servido por toda a infinidade de bares e restaurantes
do país. Tudo, naturalmente, no diminutivo, que também herdamos com carinho.
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