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PORTUGAL Junho,01- 2013
Notícias–Visões e Cultura de Portugal – A Crise Econômica
ANO BRASIL PORTUGAL-Acompanhe a programação neste site:
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INDICE
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1.PORTUGAL-Visões
2.NOTÍCIAS\
3. PORTUGAL E A CRISE - Memória e Análises
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1–VISÕES – Paula Cabeçadas envia -
A LETRA
LIVRE participa da Feira do Livro de Lisboa e da Feira do Livro em Coimbra. Na
Feira do livro de Lisboa, que decorre de 23 de Maio a 10 de Junho, estaremos no
Stand D08 representado editoras como &ETC, Averno, Língua Morta,
Mariposazual, Fahrenheit 451, Sistema Solar e Documenta, além dos livros
usados, fundos e antigos. A Feira de Coimbra realiza-se no Parque Verde de
Cidade de 24 de Maio da 2 de Junho. Venha visitar-nos, estaremos com boas
promoções e novidades!
Rejane Xavier via LuizAfonso Costa de Medeiros
Não digo?
Salt of Portugal compartilhou um link.
Is it easy to
drive in Lisbon and Oporto?
O Centro Histórico
de Guimarães figura na quarta posição dos locais Património Cultural da
Humanidade recomendados por turistas de todo o mundo.
O ranking foi estabelecido numa votação promovida pelo portal TripAdvisor, o maior sítio da internet de viagens do Mundo e em colaboração com a Unesco. Na votação participaram 1,1 milhões de turistas.
No topo da lista está o conjunto histórico do Palácio de Potala, na China. Na segunda posição ficou La Garganta de Ironbridge, no Reino Unido e na terceira posição, o Palácio e Parque de Fontainebleau, em França, seguido do Centro Histórico de Guimarães.
O ranking foi estabelecido numa votação promovida pelo portal TripAdvisor, o maior sítio da internet de viagens do Mundo e em colaboração com a Unesco. Na votação participaram 1,1 milhões de turistas.
No topo da lista está o conjunto histórico do Palácio de Potala, na China. Na segunda posição ficou La Garganta de Ironbridge, no Reino Unido e na terceira posição, o Palácio e Parque de Fontainebleau, em França, seguido do Centro Histórico de Guimarães.
2- NOTICIASPortugal sem passaporte – o povo
· Mario Soares
reune-se hoje com partidos comunistas para criar “governo um de esquerda” em
Portugal”
QUE SE LIXE A TROIKA : http://queselixeatroika15setembro.blogspot.pt/
Por uma resposta
socialista de combate: http://porumarespostasocialistadecombate.blogspot.com.br/
MIL: MOVIMENTO INTERNACIONAL
LUSÓFONO
Que cenários para uma
dissolução da Zona Euro?
por
Jacques Sapir
A nota publicada em
Março último analisava as consequências para a economia francesa da saída do
euro num quadro relativamente cooperante. ( L'impact d'une
sortie de l'Euro sur l'économie française , nota publicada no caderno
Russeurope a 5/Março/2013).
Na presente nota estudamos duas excursões ou "casos críticos" em relação ao cenário de base que foi pormenorizado. Estas duas excursões encaram, por um lado, uma dissolução não cooperante da zona do euro, marcada por uma forte revalorização do marco alemão e por fortes desvalorizações em países como a Itália e a Espanha (para além de Portugal e da Grécia) e, por outro lado, uma dissolução híper-cooperante de onde surgem duas taxas de câmbio para a maioria dos países (hipótese que retoma a que defende a separação da zona do euro num euro-Norte e num euro-Sul). Na presente nota testam-se estas hipóteses tanto do ponto de vista do seu impacto sobre o crescimento francês como da sua estabilidade.
I. Hipóteses
Consideramos
aqui apenas 11 dos 17 países da zona euro por questões de simplicidade
técnica. Estes 11 países representam o núcleo histórico da zona euro. As
hipóteses das taxas de câmbio para os três cenários são assim as seguintes
(quadro 1) Quadro 1 – Taxas de câmbio depois da desvalorização
Este cenário, considerado como a "base" do raciocínio, é o de uma dissolução cooperante da zona euro. Isto implica que os países da zona adoptem, durante um período transitório, um controlo dos capitais relativamente estrito e negoceiem entre si as paridades "alvo" que desejam atingir no quadro da desvalorização. No cenário de base, postula-se assim que 4 países (Alemanha, Holanda, Áustria e Finlândia) constituem uma "zona do marco" que se revaloriza em 15% em relação a uma paridade média com o dólar dos Estados Unidos de 1,30 dólares para um euro. Os outros países desvalorizam desde 10% (caso da Bélgica) a 50% (caso da Grécia), passando por 20% (caso da França). Mantêm-se as instituições de cooperação da zona euro, algumas delas inalteradas (Eurogrupo), outras com funções modificadas como o MES (encarregado da situação dos bancos), o BCE (que passa a ser o organismo de concertação dos bancos centrais). Em relação à Alemanha, as taxas de câmbio estão indicadas no quadro 2. No cenário de base, se o distanciamento em relação ao "novo" marco alemão é de 30,4%, o franco "novo" tem uma taxa de câmbio melhor que a peseta, a lira, o escudo e o dracma. Isso corresponde à ideia de desvalorizar em função da situação real das economias. Quadro 2- Taxas de câmbio em relação ao marco alemão/euro do Norte
Este cenário assenta sobre a ideia de que as
negociações entre países malogram e que as desvalorizações são portanto muito
menos bem dominadas pelos países da Europa do Sul. Mesmo para os países
próximos da Alemanha, isso traduz-se numa desvalorização. Essa desvalorização
é muito mais importante nos países da Europa do Sul e mesmo em França, em
relação ao dólar, mas também em relação ao marco alemão que é fortemente
reavaliado (1,80 dólares para 1 marco alemão).
(c) Cenário hiper-cooperante Neste cenário, o grau de cooperação ainda é maior do que no primeiro cenário. Na realidade, a zona euro é dividida em duas com uma ligeira sobrevalorização em relação ao dólar na Europa do Norte e uma ligeira desvalorização do euro no Sul. O distanciamento do câmbio entre os dois euros é de 22,1%. A zona dita "euro do Sul" engloba a França, a Bélgica, a Itália, a Irlanda, a Espanha e Portugal. Considerou-se que no cenário "híper-cooperante", a Grécia teria necessidade duma desvalorização maior e é por isso que não se encontra no bloco chamado "euro do Sul".
II. Impacto sobre a
trajectória do crescimento e da inflação da França
Estes três cenários são pois testados numa comparação
quanto às taxas de crescimento e de inflação da França.
No que diz respeito ao crescimento, e segundo os parâmetros do modelo que incluem modificações das elasticidades-preços nas exportações e nas importações em função da amplitude das desvalorizações, constata-se (gráfico 1) que o cenário cooperante (chamado "de base") é o mais vantajoso à partida mas fica em igualdade com o cenário classificado de "híper-cooperante" nos seis anos considerados para testar as evoluções. O cenário "não-cooperante" é, pelo seu lado, menos vantajoso que os dois primeiros. O crescimento, no entanto, não se reparte da mesma maneira entre os cenários "cooperante" e "híper-cooperante". Se, no primeiro caso, atinge o máximo no terceiro ano (T+2), é mais regular e a um nível menos elevado no cenário "híper-cooperante". Pelo contrário, resiste melhor aos efeitos de extinção progressiva do impacto da desvalorização. No que respeita à inflação, esta aparece nitidamente menos forte no cenário "híper-cooperante". Em particular, o choque da inflação específica da desvalorização e que foi supostamente concentrada nos três primeiros anos é de longe o mais fraco. Pelo contrário, é mais elevado, e isso não é de admirar, no cenário dito "não-cooperante" (gráfico 2). Em todos os cenários, supõe-se que a economia francesa absorve o choque inflacionista da desvalorização no quarto ano.
Gráfico
1
Gráfico
2
Estes
resultados mostram que, em teoria, a adopção de um cenário dito
"híper-cooperante" em torno de dois euros seria a melhor das
soluções. Quadro 3 – Crescimento e inflação acumuladas consoante o cenário
Se a trajectória do crescimento é praticamente idêntica
no cenário "cooperante" e no classificado de
"não-cooperante", constata-se que é diferente no cenário
"híper-cooperante". Isto explica-se pela própria hipótese deste
cenário. No quadro do bloco "euro do Sul", os países como a Itália
e a Espanha, que são parceiros comerciais importantes da França, estão ao
mesmo nível da taxa de câmbio. Tendo em conta o perfil da inflação, que é
diferente consoante os países, esses países assistem a uma forte
revalorização da sua taxa de câmbio real. Além disso, a França tem um
crescimento inicialmente mais forte, mas que não acelera tanto como no
primeiro cenário, com a continuação. Pelo contrário, a inflação importada
inicialmente é menos importante no cenário "híper-cooperante" e a França
mantém melhor o seu distanciamento da taxa de câmbio real com a Alemanha no
final do exercício. No entanto, o distanciamento entre os cenários
"cooperante" e "híper-cooperante" mantém-se relativamente
fraco e poderá não ser verdadeiramente significativo. O mesmo não acontece
com o cenário dito "não-cooperante" que se caracteriza por um
crescimento acumulado mais fraco mas também por uma inflação mais forte.
Vemos portanto que o exame tanto do crescimento como da inflação potencial favorece o cenário dito "híper-cooperante", mas isso não tem em consideração a dificuldade política de pôr em funcionamento essa solução nem a estabilidade das trajectórias potenciais.
III Estabilidade das
trajectórias
Para avaliar a estabilidade das trajectórias globais,
consideram-se em paralelo as trajectórias da inflação e as das taxas de
câmbio reais para cada economia, em função dos cenários que foram
considerados.
Gráfico
3 (a, b, c)
Na realidade, a evolução da inflação é mais ou menos a
mesma nos dois primeiros cenários. Temos um distanciamento (teórico) de cerca
de 36 pontos. De modo lógico, o distanciamento da inflação é mais reduzido no
cenário "híper-cooperante" (16,7 pontos de inflação) e está
distribuído de modo diferente. Inicialmente, é a Holanda que regista o maior
recuo do índice dos preços.
Mas o exame das taxas de câmbio reais mostra que, no caso do cenário "híper-cooperante", os países do Sul vêem a sua moeda valorizar-se fortemente, tanto em relação ao dólar (em que a taxa de câmbio de 1,30 dólares reaparece para a Itália, a Espanha e Portugal a partir de T+2) como da Alemanha (a quem estes 3 países ultrapassam o nível em T+3), mas também face à França. É de resto por esta razão que o crescimento francês, neste cenário, melhora com o tempo em T+2 e T+3). O cenário "híper-cooperante" implicará assim a manutenção das políticas de desvalorização interna. Deste ponto de vista não é sustentável porque essas políticas são a partir deste momento insuportáveis.
Gráfico
4 (a, b, c)
Tabela 4- Estado das vantagens e desvantagens por país e cenário
Constata-se, nestas condições, que, do ponto de vista económico, a pressão dos países da Europa do Sul será forte para um cenário dito "não-cooperante". Este último aparece, apesar de tudo, como aceitável para a França que mantém neste cenário um distanciamento de 13% da taxa de câmbio real com a Alemanha. Na realidade, os interesses dos países podem ser sintetizados numa matriz que permite pôr em realce lógicas políticas que seriam então postas em prática. Lembramos aqui que não avaliamos preferências absolutas dos países mas as preferências entre os três cenários estudados. Tabela 5- Matriz das preferências
++
Muito favorável
É preciso
ter em conta que, nas regras actualmente em vigor na zona euro, tem de
emergir um consenso se quisermos que seja escolhido um cenário cooperante ou
híper-cooperante. Esta situação exclui a hipótese de considerar o cenário dito
"híper-cooperante", dadas as fortes clivagens existentes. A
hipótese da divisão da zona euro em duas (com um euro do Norte e um euro do
Sul) aparece simultaneamente como irrealista sem a perenidade de um ponto de
vista económico e que implique transferências importantes para poder ser
aceite politicamente, tanto vis-à-vis os países da Europa do Sul mas também
dos países da Europa do Norte. Este cenário é o que apresenta o cúmulo das
oposições. Se os países da Europa do Norte estiverem em condições de organizar
uma frente comum, isso levará também à exclusão do cenário dito
"cooperante" e deixa em aberto apenas o cenário
"não-cooperante", mas isso resultará em prejuízo para a Alemanha. + Favorável = Indiferente - Desfavorável -- Muito desfavorável Se for possível oferecer vantagens particulares aos países da Europa do Norte, e isso é de admitir porque as transferências seriam consideravelmente menos pesadas que as que seria necessário adoptar para que o cenário "híper-cooperante" tivesse alguma hipótese de ser considerado, é possível que seja escolhido o cenário dito "cooperante" ou cenário de base no nosso estudo, porque concentra as indiferenças.
21/Maio/2013
O original encontra-se em http://russeurope.hypotheses.org/1254 .
Tradução de Margarida Ferreira.
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ . |
O sistema bancário em resumo
O sistema bancário
actual funciona de acordo com um princípio muito simples. Aquele que quer tomar
dinheiro emprestado promete ao banqueiro que o reembolsará e sobre esta
promessa o banqueiro lhe cria um activo. Sobre este activo o tomador do
empréstimo deve juros.
É porque poucas pessoas sabem como isso funciona que quase ninguém vê como o funcionamento bancário baseado no vento parasita a sociedade como um tumor canceroso e reduz as pessoas a rodas dentadas a fim de apaziguar sua fome financeira.
O Banco Central Europeu (BCE) obriga os bancos a terem na reserva 2 cêntimos para euro que devem aos seus clientes. Nossos activos bancários são agora cobertos por uns poucos por cento de dinheiro real, o resto do dinheiro não existe. Portanto não temos dinheiro no banco, mas sim um activo do banco, uma promessa do banqueiro, de que nos dará dinheiro verdadeiro em contrapartida se lhe pedirmos.
Os bancos tomam emprestado o dinheiro verdadeiro do BCE. É o dinheiro no nosso porta-moedas. O dinheiro verdadeiro é igualmente utilizado sob forma electrónica nos pagamentos entre bancos.
Os clientes têm um activo bancário, mas isso não é dinheiro com o qual possam pagar. Eles tão pouco executam pagamentos (se bem que toda gente pense o contrário). Em vez disso, dão ordem de pagamento ao seu banco. Sobre esta, os bancos mudam os activos dos seus clientes e pagam os montantes de um banco para o outro. No tráfego diário de pagamentos interbancários, os bancos anulam os montantes que se devem mutuamente e à noite pagam apenas as diferenças. Assim, com muito pouco dinheiro os bancos, entre si, podem pagar milhões.
O tomador recebe um activo do seu banco e gasta-o. Assim o activo chega a uma outra conta bancária. O receptor por sua vez irá gastá-lo e assim o activo circula na sociedade e nos serve de dinheiro. E no momento em que o cliente reembolsa o seu empréstimo, o banqueiro deduzirá o montante do seu activo. Deste modo o activo criado desaparece. Portanto é preciso que novos empréstimos substituam aqueles que foram reembolsados a fim de manter suficiente pseudo-dinheiro em circulação. Se a quantidade diminuir, os tomadores já não podem mais reembolsar seus empréstimos e os bancos vão à falência.
Mas nem todos os activos continuam a circular. Também há pessoas que estacionam uma parte do seu activo numa conta de poupança. Os activos imobilizados em contas de poupança não participam mais na circulação e, em substituição, novos empréstimos devem ser emitidos. Naturalmente, destes empréstimos suplementares haverá igualmente uma parte que acaba como poupança. Para todos os empréstimos, tanto aqueles estacionados como aqueles em circulação, os tomadores devem trabalhar para encontrar dinheiro a fim de pagar os reembolsos e os juros. Eles não podem encontrar este dinheiro nas contas-poupança. Este dinheiro não pode ser ganho. Portanto cada vez mais reembolsos e juros devem ser pagos com o dinheiro em circulação. No fim, estas somas acabariam mesmo por ultrapassar o dinheiro disponível. A solução dos banqueiros? Ainda mais empréstimos!
Se se aumentar o dinheiro em circulação à mesma velocidade que a poupança, haverá sempre bastante dinheiro para os reembolsos e os juros. É por isso que temos a inflação. No "dinheiro" em circulação, os empréstimos acumulam-se cada vez mais.
Os juros para os poupadores são pagos pelos tomadores de empréstimos. Estes são frequentemente empresas como lojas, comerciantes grossistas, transportadores, produtores, sub-contratados e fornecedores de serviços. Eles acrescentam estes custos aos preços dos seus produtos. Finalmente, são os consumidores que os pagam. Cerca de 35% de todos os preços consistem de juros e esta percentagem aumenta sem cessar. [1]
Os juros que os poupadores recebem saem, em primeiro lugar, do chapéu do banqueiro como um activo suplementar, acrescentados à sua conta-poupança. Estes juros também acarretam juros. A 3% de juro a poupança duplica em 24 anos, a 4% em 18 anos. Portanto os ricos tornam-se cada vez mais rapidamente mais ricos. Hoje 10% dos europeus mais ricos detêm 90% das riquezas.
A massa de pseudo-dinheiro não cessa de crescer. Por volta de 1970 ela havia atingido o estágio em que os activos ultrapassam o Produto Interno Bruto. Havia muito mais pseudo-dinheiro do que o necessário para a economia normal. Isso levava ao desenvolvimento de um sector financeiro, onde se ganha o dinheiro com o dinheiro, ou seja, com juros e a inchar bolhas na bolsa. Os banqueiros sabiam que a longo prazo seria cada vez mais difícil manter o crescimento monetário e encontrar suficientes tomadores fiáveis a quem fornecer empréstimos.
Eles conseguiram convencer os governos de que seria melhor que não tomassem mais empréstimos junto ao seu banco central (o que na prática significava tomar emprestado sem juros) e, ao invés disso, tomar emprestado junto a bancos comerciais, portanto com juros. Em todos os países que aceitaram isso a dívida pública cresceu exponencialmente. Não porque estes governos fizessem mais dívidas, mas devido a juros sobre juros sobre a dívida existente. [2]
É porque poucas pessoas sabem como isso funciona que quase ninguém vê como o funcionamento bancário baseado no vento parasita a sociedade como um tumor canceroso e reduz as pessoas a rodas dentadas a fim de apaziguar sua fome financeira.
O Banco Central Europeu (BCE) obriga os bancos a terem na reserva 2 cêntimos para euro que devem aos seus clientes. Nossos activos bancários são agora cobertos por uns poucos por cento de dinheiro real, o resto do dinheiro não existe. Portanto não temos dinheiro no banco, mas sim um activo do banco, uma promessa do banqueiro, de que nos dará dinheiro verdadeiro em contrapartida se lhe pedirmos.
Os bancos tomam emprestado o dinheiro verdadeiro do BCE. É o dinheiro no nosso porta-moedas. O dinheiro verdadeiro é igualmente utilizado sob forma electrónica nos pagamentos entre bancos.
Os clientes têm um activo bancário, mas isso não é dinheiro com o qual possam pagar. Eles tão pouco executam pagamentos (se bem que toda gente pense o contrário). Em vez disso, dão ordem de pagamento ao seu banco. Sobre esta, os bancos mudam os activos dos seus clientes e pagam os montantes de um banco para o outro. No tráfego diário de pagamentos interbancários, os bancos anulam os montantes que se devem mutuamente e à noite pagam apenas as diferenças. Assim, com muito pouco dinheiro os bancos, entre si, podem pagar milhões.
O tomador recebe um activo do seu banco e gasta-o. Assim o activo chega a uma outra conta bancária. O receptor por sua vez irá gastá-lo e assim o activo circula na sociedade e nos serve de dinheiro. E no momento em que o cliente reembolsa o seu empréstimo, o banqueiro deduzirá o montante do seu activo. Deste modo o activo criado desaparece. Portanto é preciso que novos empréstimos substituam aqueles que foram reembolsados a fim de manter suficiente pseudo-dinheiro em circulação. Se a quantidade diminuir, os tomadores já não podem mais reembolsar seus empréstimos e os bancos vão à falência.
Mas nem todos os activos continuam a circular. Também há pessoas que estacionam uma parte do seu activo numa conta de poupança. Os activos imobilizados em contas de poupança não participam mais na circulação e, em substituição, novos empréstimos devem ser emitidos. Naturalmente, destes empréstimos suplementares haverá igualmente uma parte que acaba como poupança. Para todos os empréstimos, tanto aqueles estacionados como aqueles em circulação, os tomadores devem trabalhar para encontrar dinheiro a fim de pagar os reembolsos e os juros. Eles não podem encontrar este dinheiro nas contas-poupança. Este dinheiro não pode ser ganho. Portanto cada vez mais reembolsos e juros devem ser pagos com o dinheiro em circulação. No fim, estas somas acabariam mesmo por ultrapassar o dinheiro disponível. A solução dos banqueiros? Ainda mais empréstimos!
Se se aumentar o dinheiro em circulação à mesma velocidade que a poupança, haverá sempre bastante dinheiro para os reembolsos e os juros. É por isso que temos a inflação. No "dinheiro" em circulação, os empréstimos acumulam-se cada vez mais.
Os juros para os poupadores são pagos pelos tomadores de empréstimos. Estes são frequentemente empresas como lojas, comerciantes grossistas, transportadores, produtores, sub-contratados e fornecedores de serviços. Eles acrescentam estes custos aos preços dos seus produtos. Finalmente, são os consumidores que os pagam. Cerca de 35% de todos os preços consistem de juros e esta percentagem aumenta sem cessar. [1]
Os juros que os poupadores recebem saem, em primeiro lugar, do chapéu do banqueiro como um activo suplementar, acrescentados à sua conta-poupança. Estes juros também acarretam juros. A 3% de juro a poupança duplica em 24 anos, a 4% em 18 anos. Portanto os ricos tornam-se cada vez mais rapidamente mais ricos. Hoje 10% dos europeus mais ricos detêm 90% das riquezas.
A massa de pseudo-dinheiro não cessa de crescer. Por volta de 1970 ela havia atingido o estágio em que os activos ultrapassam o Produto Interno Bruto. Havia muito mais pseudo-dinheiro do que o necessário para a economia normal. Isso levava ao desenvolvimento de um sector financeiro, onde se ganha o dinheiro com o dinheiro, ou seja, com juros e a inchar bolhas na bolsa. Os banqueiros sabiam que a longo prazo seria cada vez mais difícil manter o crescimento monetário e encontrar suficientes tomadores fiáveis a quem fornecer empréstimos.
Eles conseguiram convencer os governos de que seria melhor que não tomassem mais empréstimos junto ao seu banco central (o que na prática significava tomar emprestado sem juros) e, ao invés disso, tomar emprestado junto a bancos comerciais, portanto com juros. Em todos os países que aceitaram isso a dívida pública cresceu exponencialmente. Não porque estes governos fizessem mais dívidas, mas devido a juros sobre juros sobre a dívida existente. [2]
Já em 1970 o banqueiro luxemburguês Pierre Werner apresentava um primeiro esboço do euro, que daria aos bancos a possibilidade de fornecer empréstimos numa região muito mais vasta. Economistas eminentes advertiam que uma moeda única numa zona economicamente heterogénea levaria a grandes problemas. Economistas previam que os países cujas possibilidades de produção fossem menores seriam inundados por produtos menos caros vindos dos países mais produtivos, como a Alemanha. As empresas dos países fracos iriam à falência, ao passo que o dinheiro deixaria o país como pagamento dos produtos importados. [3] Exactamente como aconteceu.
Os países fracos encontram-se endividados, sem possibilidade de saída. Os bancos lucram com estas montanhas de dívidas crescentes e fazem com que os riscos sejam suportados pelos pagadores de impostos. Em 2012 os governos da zona euro estabeleceram o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) alimentado sem limite [4] pelos impostos dos cidadãos, que reembolsará todas as perdas que os prestamistas sofram nos países fracos.
A solução de todos estes problemas é tão simples como a sua causa. Devemos erguer um banco de todos nós, um banco do Estado, que tenha o direito exclusivo de criar dinheiro. É preciso proibir os empréstimos de dinheiro inexistente. Um banco de Estado não tem necessidade de capital, nem de lucros. Além disso, os juros podem permanecer muito baixos ou serem compensados fiscalmente. Os juros são destinados à comunidade. Um tal sistema de dinheiro não tem necessidade de crescimento [da massa] de dinheiro, nem de competição, nem de exploração e nem de desemprego. Se decidido democraticamente, o governo poderá retomar os serviços colectivos e geri-los no interesse dos cidadãos. Igualmente, poder-se-á privilegiar os investimentos desejáveis para a sociedade e não para aqueles que proporcionam benefícios financeiros o mais rapidamente possível. O governo não estará mais dependente dos bancos. A dívida pública será do passado. Colectivamente podemos tirar proveito de uma sociedade durável e de bem-estar ao invés do afundamento, da dilapidação e da pressão sempre crescente sobre os trabalhadores para agradar os prestamistas de dinheiro.
Sobrará mesmo dinheiro e tempo para instalar um museu das estátuas de cera, onde poderemos conservar os lobos financeiros e seus cúmplices políticos como uma advertência às gerações futuras: cuidado com os banksters!
07/Maio/2013
Notas e referências
[1] Helmut Creutz & www.vlado-do.de/money/index.php.de
[2] Ellen Brown: Canada: a tale of two monetary systems
[3] Uit de euro, en dan? www.courtfool.info/fr_Sortir_de_l_euro.htm
[4] ver Tratado do Mecanismo de Estabilidade Euroeia, artigos 10.1 e 10.2
www.courtfool.info/ESM_treaty_2_Feb_2012/fi_ESM_14-tesm2.fi12.pdf
[*] Investigador independente.
O original encontra-se em www.courtfool.info/fr_Le_systeme_bancaire_en_bref.htm
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .