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28 dez : MIL vai à Assembleia da República defender as candidaturas
independentes
BLOG ANO PORTUGAL BRASIL PORTUGAL – Dia 28 de dezembro
Notícias–Visões
e Cultura de Portugal – A Crise Econômica
ANO BRASIL
PORTUGAL-Acompanhe a programação neste site:
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INDICE
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1.PORTUGAL-Visões
2.NOTÍCIAS
3. PORTUGAL E A CRISE - Memória e Análises
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1–VISÕES:
http://www.pensarlisboa.com/2012/12/grave-estacao-de-metropolitano-do.html?spref=fb
http://www.pensarlisboa.com/2012/12/grave-estacao-de-metropolitano-do.html?spref=fb
2- NOTICIAS
PRIVATIZAÇÃO DA ANA - AEROPORTOS DE
PORTUGAL!
Foram entregues as propostas para aquisição da ANA (Aeroportos de Portugal). Favorito, o consórcio liderado pela brasileira CCR (Camargo, Andrade-Odebrecht), integrado pela britânica Global Infrastructure Partners e pela Flughafen Zürich. O Governo português pretende apresentar o resultado hoje, 27/12. A CCR é favorita, sobretudo porque traz consigo um aporte do BNDES de € 1,2 bilhão, o que representaria vantagem clara pelas garantias.
Foram entregues as propostas para aquisição da ANA (Aeroportos de Portugal). Favorito, o consórcio liderado pela brasileira CCR (Camargo, Andrade-Odebrecht), integrado pela britânica Global Infrastructure Partners e pela Flughafen Zürich. O Governo português pretende apresentar o resultado hoje, 27/12. A CCR é favorita, sobretudo porque traz consigo um aporte do BNDES de € 1,2 bilhão, o que representaria vantagem clara pelas garantias.
Portugal sem passaporte – O POVO
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- Conselho
da Diáspora Portuguesa dá corpo a rede de talentos e competências
- Aeroportos
de Portugal ficam em mãos francesas nos próximos 50 anos
- MIL
vai à Assembleia da República defender as candidaturas independentes
3-PORTUGAL
E A CRISE- MEMÓRIA E ANÁLISE
José
Pacheco Pereira
CARIDADE E SOLIDARIEDADE
Evitei entrar na primeira polémica resultante das
palavras de Isabel Jonet, embora não tivesse nenhuma dúvida sobre o seu
significado “mental” e sua história. Mas Jonet faz uma obra de mérito, e a obra
vale mais do que a “teoria”, pelo que alguma moderação era exigida. Há casos em
que apesar de se pensar mal, se faz bem. Não abundam, mas existem. Mas, como
disse, não tinha qualquer dúvida de que memória é que vinham as suas
afirmações, que seriam sensatas se não fossem ditas no contexto da actividade
caritativa e do actual discurso governamental sobre como “os portugueses vivem
acima das suas posses”. Vinham de ideias como as que caracterizaram cinquenta
anos de pensamento sobre a pobreza em Portugal, expressas na frase brutal, mas
actualíssima, “leve lá uma esmola, mas não gaste em vinho”.
POLITIZAR A CARIDADE
Jonet em vez de ter percebido o mal que está a
fazer à sua própria obra, – e que, como é óbvio, não pode ser medido pela
contribuição generosa dos portugueses, que também sabem fazer distinções, -
resolveu insistir e teorizar. Está com isso a politizar no pior sentido a
actividade do Banco Alimentar e a prejudicar o esforço da única instituição que
a nível nacional actua com genuíno sentido de “caridade”, a Igreja. Quem
escreve estas linhas propôs, em tempos ainda socráticos, que os fundos que o
estado disponibiliza para a assistência fossem atribuídos a instituições da
Igreja que sabem muito melhor a quem eles devem chegar e com maior eficiência.
E não mudei de opinião. Tenho porém poucas dúvidas que algumas das pessoas mais
preocupadas com a crescente politização do discurso de Jonet são os bispos, que
conhecem a realidade portuguesa muito melhor: no aspecto assistencial, social e
político. E sabem o papel que teve a doutrina social da Igreja na transição da
caridade para a solidariedade, da evolução da assistência paternalista para os
direitos sociais.
Para não ir mais longe, Sá Carneiro não só
perceberia de imediato o que Jonet está a dizer, como o recusaria sem dúvidas
em nome da sua formação humanista e religiosa, as duas. Sá Carneiro, e isso
ficou inscrito no programa original do PSD, valorizava o papel que a dignidade
humana tinha e, se não reduzia o “homem”, na sua dimensão transpolítica, ao
conceito de “cidadão”, também não substituía os direitos pelas benesses da
caridade, por muito dedicadas e esforçadas que sejam. A caridade é para quem
precisa e muito, mas a solidariedade social é um fundamento do estado moderno,
pensado por democratas-cristãos e social-democratas. E os direitos “adquiridos”
são uma identidade da “melhoria” colectiva das sociedades, fruto da justiça
social e dadores de dignidade e de liberdade.
SUBSTITUIR DIREITOS PELA ASSISTÊNCIA
O que Jonet disse ao i foi o oposto.
Valorizou a caridade no sentido tradicional cristão, o que em nada me choca. A
semana passada usei a mesma palavra nesta coluna, no mesmo exacto sentido de
“agape”, para falar da obrigação que sentia de escrever sobre a crise. Mas não
parto daí para a ideia que se deva contrapor a caridade à solidariedade, a boa
vontade voluntária do “amor” assistencial face à obrigação social do estado. É
o que Jonet diz:
A solidariedade é algo mais frio
que incumbe ao Estado e que não tem que ver com amor, mas sim com direito
adquiridos. (…) Sou mais adepta da caridade do que da solidariedade social…
Na verdade, a “caridade” não é “quente” devido ao
“amor”, face ao “frio” da solidariedade do estado, porque não são a mesma
coisa, a não ser que a caridade cometa o pecado de se vangloriar de si mesma,
ou seja, assumir uma vaidade mundana, e violar o preceito bíblico de que “não
saiba a tua mão esquerda, o que faz a direita”. Então a caridade deixa de ser
“amor” para ser uma proposta política de organização da sociedade.
Este tipo de comparações levariam a uma sociedade
em que a exclusão seria institucionalizada como poder, em que os problemas
sociais seriam resolvidos pela dádiva dos mais ricos aos mais pobres, o que
contém implícita uma ideia sobre o poder “natural” da sociedade e sobre a
relação paternalista entre os que têm e os “seus” pobres, a quem, no passado
ainda próximo, o diminutivo colocava no lugar, os “pobrezinhos”, crianças
grandes, pobres mas “honrados”, nas suas casinhas humildes, mas limpas. Este
tipo de ideias sobre a pobreza são ofensivas da dignidade humana e implicam uma
relação humilhante entre quem dá e quem recebe, em particular quando a caridade
se mistura com “conselhos” de como se deve viver, uma arrogância moral
insuportável face a quem não pode viver como queria. “Leve lá uma esmola, mas
não gaste em vinho”.
POBREZA E VERGONHA
Por que é que as pessoas “escondem” a sua pobreza
quando caiem nela? É porque recorrer à caridade pode ser uma necessidade
imperiosa, mas é uma perda de dignidade social e humana, uma humilhação. É uma
“vergonha”. É por isso que quem em política pensa como Jonet, tende a
desvalorizar o imenso sofrimento que a crise está a provocar, nas suas
dimensões psicológicas e humanas, muito para além das necessidades básicas de
casa, comida, luz, água e transportes, medicamentos e roupa. Porque quando é
assim, e é o que Jonet anda a fazer com as suas declarações, elas não são sobre
a caridade, mas sobre a sociedade e a política e devem ser discutidas como tal.