sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Estamos, de facto, perante um delírio, o típico fenómeno da “fuga em frente.


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Renato Epifânio (*)
Transcrito de PORTUGAL SEM PASSAPORTE - O POVO -
Posted: 11 Oct 2012 11:42 AM PDT

Cada vez mais sinto que já nada me espanta, mas ainda me consigo espantar
com algumas vozes que, na actual situação, clamam pelo “federalismo
europeu”. Falo até de algumas pessoas que, intelectual e humanamente,
considero e estimo. Como é possível que, face à evidência da desagregação da
actual União Europeia, essas vozes falem ainda de federalismo? Estamos, de
facto, perante um delírio, o típico fenómeno da “fuga em frente”.
Procuro compreender essa atitude, sobretudo naqueles que, durante toda a
vida, apostaram numa via que, entretanto, se revelou por inteiro quimérica.
Talvez não seja humanamente expectável que agissem de outro modo. Tal como
Álvaro Cunhal nunca renegou a União Soviética, mesmo depois da queda do
Muro, também os nossos federalistas domésticos nunca o farão. Falo,
sobretudo, dos mais responsáveis por Portugal ter apostado tudo na União
europeia, voltando as costas ao Mar e a todo o Espaço Lusófono. Essa gente
deve hoje sentir a consciência (se é que a têm) bem pesada. Por sua
responsabilidade, é o próprio futuro de Portugal que está em causa…
Ainda recentemente me lembro de ter ouvido Mário Soares – um dos maiores
responsáveis, senão o maior responsável, pelo beco sem saída a que chegámos
– a dizer que, para o seu ansiado federalismo, bastava apenas criar um
“patriotismo europeu”. Estamos, de facto, no domínio do puro delírio – como
se o “patriotismo” fosse algo que se criasse de um dia para outro… Isto para
não falar da ironia – falemos apenas de ironia – que é ver aqueles que mais
combateram o “patriotismo português e lusófono” a procurarem agora criar um
“patriotismo europeu”.
Para alimentarem o seu delírio, agitam o fantasma de sempre: a “guerra”. Daí
o suposto dilema: “o federalismo ou a guerra”. É tempo de, também, acabar de
vez com esse fantasma. No espaço da actual União Europeia é completamente
impensável uma nova guerra. Por múltiplas razões, algumas delas nem sequer
abonatórias: os povos europeus aburguesaram-se demais para aceitarem
embarcar numa qualquer guerra, mesmo que houvesse razões para isso.
Inclusive em Portugal – a maior parte dos portugueses pensa, ainda que não o
assuma, como o Bernardo Soares: “Nada me pesaria que invadissem ou tomassem
Portugal, desde que não me incomodassem pessoalmente”. Em suma: já não há
povos, muito menos “povos em armas”, para fazer uma guerra.
Sejamos, pois, realistas, procurando, lucidamente, analisar a situação. Se o
federalismo europeu é impossível, pelo menos à actual escala da União
Europeia, isso não significa que todos esses países não tenham interesses em
comum, suficientes para manter um espaço de cooperação económica. São os
interesses comuns e não as passageiras paixões, muito menos os fulminantes
delírios, os melhores alicerces das alianças. Reconhecendo esses interesses
comuns, os países europeus, naturalmente, manterão esse espaço de cooperação
económica. Alguns deles, os mais próximos, poderão até avançar para uma real
integração política. Mas esta será sempre uma “federação” muito localizada,
jamais extensível à actual União Europeia.
Nunca chegaremos, de facto, aos Estados Unidos da Europa. Quem continua a
falar disso, aludindo ao exemplo norte-americano, ilude o essencial: nos
Estados que vieram a constituir os Estados Unidos da América havia uma
grande homogeneidade linguística e cultural; mesmo assim, a “federação”
fez-se a ferro e fogo. Com guerra, aí sim. Ora, na Europa, não há, de todo,
essa homogeneidade linguística e cultural. Já para não falar dos diversos
interesses geo-estratrégicos – por isso, desde logo, sempre foi
completamente irrealista falar-se de uma política externa comum europeia.
Esta jamais existirá. Os países europeus têm demasiado passado para poderem
ter um futuro unificado a esse ponto. Pretender o contrário é fazer tábua
rasa da história. Por isso, o que se está a passar agora na União Europeia
era, para as vozes mais lúcidas e realistas, por inteiro expectável.
Infelizmente, na altura da euforia europeísta, essas vozes foram por inteiro
silenciadas ou ridicularizadas (forma mais moderna da Censura vigente…):
eram os “novos velhos do Restelo”. Mas a história veio-lhes dar razão. Foi
um erro, um colossal erro, Portugal ter apostado tudo na União Europeia,
voltando as costas ao Mar e a todo o Espaço Lusófono. Podíamos e devíamos
ter apostado na cooperação à escala europeia, mas sem abdicarmos dos nossos
interesses geo-estratégicos – como, por exemplo, sempre fez a Grã-Bretanha.
Agora, porventura, já será tarde. Pelo menos, o preço que pagaremos por tal
colossal erro será muito elevado. Mas a história, inclemente como (quase)
sempre, julgará quem nos levou a este beco sem aparente saída. Ocupemos
antes o nosso tempo a tentar não deixar esse barco chamado “Portugal”
naufragar de vez…
Renato Epifânio
Presidente do MIL: Movimento Internacional Lusófono

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