quinta-feira, 11 de outubro de 2012

ELES PENSAM?



 

 
Bem hajas Miguel Sousa Tavares pelas duras palavras que escreveste no Expresso!
 
Maria da Piedade


Miguel Sousa Tavares

O que poderemos nós pensar quando, depois de tantos anos a exigir o fim das SCUT, descobrimos que, afinal, o fim das auto-estradas sem portagens ainda iria conseguir sair mais caro ao Estado?

Como caixa de ressonância daqueles que de quem é porta-voz (tendo há muito deixado de ter voz própria), o presidente da Comissão Europeia, o português Durão Barroso, veio alinhar-se com os conselhos da troika sobre Portugal: não há outro caminho que não o de seguir a “solução” da austeridade e acelerar as “reformas estruturais” ? descer os custos salariais, liberalizar mais ainda os despedimentos e diminuir o alcance do subsídio de desemprego. Que o trio formado pelo careca, o etíope e o alemão ignorem que em Portugal se está a oferecer 650 euros de ordenado a um engenheiro electrotécnico falando três línguas estrangeiras ou 580 euros a um dentista em horário completo é mais ou menos compreensível para quem os portugueses são uma abstracção matemática. Mas que um português, colocado nos altos círculos europeus e instalado nos seus hábitos, também ache que um dos nossos problemas principais são os ordenados elevados, já não é admissível. Lembremo-nos disto quando ele por aí vier candidatar-se a Presidente da República.

Durão Barroso é uma espécie de cata-vento da impotência e incompetência dos dirigentes europeus. Todas as semanas ele cheira o vento e vira-se para o lado de onde ele sopra: se os srs. Monti, Draghi, Van Rompuy se mostram vagamente preocupados com o crescimento e o emprego, lá, no alto do edifício europeu, o cata-vento aponta a direcção; se, porém, na semana seguinte, os mesmos senhores mais a srª Merkel repetem que não há vida sem austeridade, recessão e desemprego, o cata-vento vira 180 graus e passa a indicar a direcção oposta. Quando um dia se fizer a triste história destes anos de suicídio europeu, haveremos de perguntar como é que a Europa foi governada e destruída por um clube fechado de irresponsáveis, sem uma direcção, uma ideia, um projecto lógico. Como é que se começou por brincar ao directório castigador para com a Grécia para acabar a fazer implodir tudo em volta. Como é que se conseguiu levar a Lei de Murphy até ao absoluto, fazendo com que tudo o que podia correr mal tivesse corrido mal: o contágio do subprime americano na banca europeia, que era afirmadamente inviável e que estoirou com a Islândia e a Irlanda e colocou a Inglaterra de joelhos; a falência final da Grécia, submetida a um castigo tão exemplar e tão inteligente que só lhe restou a alternativa de negociar com as máfias russas e as Three Gorges chinesas; como é que a tão longamente prevista explosão da bolha imobiliária espanhola acabou por rebentar na cara dos que juravam que a Espanha aguentaria isso e muito mais; como é que as agências de notação, os mercados e a Goldman Sachs puderam livremente atacar a dívida soberana de todos os Estados europeus, excepto a Alemanha, numa estratégia concertada de cerco ao euro, que finalmente tornou toda a Europa insolvente. Ou como é que um pequeno país, como Portugal, experimentou uma receita jamais vista ? a de tentar salvar as finanças públicas através da ruína da economia ? e que, oh, espanto, produziu o resultado mais provável: arruinou uma coisa e outra. E como é que, no final de tudo isto, as periferias implodiram e só o centro ? isto é, a Alemanha e seus satélites ? se viu coberto de mercadorias que os seus parceiros europeus não tinham como comprar e atulhado em

triliões de euros depositados pelos pobres e desesperados e que lhes puderam servir para comprar tudo, desde as ilhas gregas à água que os portugueses bebiam.

Deixemos os grandes senhores da Europa entregues à sua irrecuperável estupidez e detenhamo-nos sobre o nosso pequeno e infeliz exemplo, que nos serve para perceber que nada aconteceu por acaso, mas sim porque umas vezes a incompetência foi demasiada e outras a inocência foi de menos.

O que podemos nós pensar quando o ex-ministro Teixeira dos Santos ainda consegue jurar que havia um risco sistémico de contágio se não se nacionalizasse aquele covil de bandidos do BPN? Será que todo o restante sistema bancário também assentava na fraude, na evasão fiscal, nos negócios inconfessáveis para amigos, nos bancos-fantasmas em Cabo Verde para esconder dinheiro e toda a restante série de traficâncias que de há muito - de há muito! - se sabia existirem no BPN? E como, com que fundamento, com que ciência, pode continuar a sustentar que a alternativa de encerrar,

pura e simplesmente, aquele vão de escada “faria recuar a economia 4%”? Ou que era previsível que a conta da nacionalização para os contribuintes não fosse além dos 700 milhões de euros?

O que poderemos nós pensar quando descobrimos que à despesa declarada e à dívida ocultada pelo dr. Jardim ainda há a somar as facturas escondidas debaixo do tapete, emitidas pelos empreiteiros amigos da “autonomia” e a quem ele prometia conseguir pagar, assim que os ventos de Lisboa lhe soprassem mais favoravelmente?

O que poderemos nós pensar quando, depois de tantos anos a exigir o fim das SCUT, descobrimos que, afinal, o fim das auto-estradas sem portagens ainda iria conseguir sair mais caro ao Estado? Como poderíamos adivinhar que havia uns contratos secretos, escondidos do Tribunal de Contas, em que o Estado garantia aos concessionários das PPP que ganhariam sempre X sem portagens e X+Y com portagens? Mas como poderíamos adivinhá-lo se nos dizem sempre que o Estado tem de recorrer aos serviços de escritórios privados de advocacia (sempre os mesmos),

porque, entre os milhares de juristas dos quadros públicos, não há uma meia dúzia que consiga redigir um contrato em que o Estado não seja sempre comido por parvo?

A troika quer reformas estruturais? Ora, imponha ao Governo que faça uma lei retroactiva - sim, retroactiva - que declare a nulidade e renegociação de todos os contratos celebrados pelo Estado com privados em que seja manifesto e reconhecido pelo Tribunal de Contas que só o Estado assumiu riscos, encaixou prejuízos sem correspondência com o negócio e fez figura de anjinho. A Constituição não deixa? Ok, estabeleça-se um imposto extraordinário de 99,9% sobre os lucros excessivos dos contratos de PPP ou outros celebrados com o Estado. Eu conheço vários.
Quer outra reforma, não sei se estrutural ou conjuntural, mas, pelo menos, moral? Obrigue os bancos a aplicarem todo o dinheiro que vão buscar ao BCE a 1% de juros no financiamento da economia e das empresas viáveis e não em autocapitalização, para taparem os buracos dos negócios de favor e de influência que andaram a financiar aos grupos amigos.

Mais uma? Escrevam uma lei que estabeleça que todas as empresas de construção civil, que estão paradas por falta de obras e a despedir às dezenas de milhares, se possam dedicar à recuperação e remodelação do património urbano, público ou privado, pagando 0% de IRC nessas obras. Bruxelas não deixa? Deixa a Holanda ter um IRC que atrai para lá a sede das nossas empresas do PSI-20, mas não nos deixa baixar parte dos impostos às nossas empresas, numa situação de emergência? OK, Bruxelas que mande então fechar as empresas e despedir os trabalhadores. Cumpra-se a lei!

Outra? Proíbam as privatizações feitas segundo o modelo em moda, que consiste em privatizar a parte das empresas que dá lucro e deixar as “imparidades” a cargo do Estado: quem quiser comprar leva tudo ou não leva nada. E, já agora, que a operação financeira seja obrigatoriamente conduzida pela Caixa Geral de Depósitos (não é para isso que temos um banco público, por

enquanto?). O quê, a Caixa não tem vocação ou aptidão para isso? Não me digam! Então, os administradores são pagos como privados, fazem negócios com os grandes grupos privados, até compram acções dos bancos privados e não são capazes de fazer o que os privados fazem? E, quanto à engenharia jurídica, atenta a reiterada falta de vocação e de aptidão dos serviços contratados em outsourcing para defenderem os interesses do cliente Estado, a troika que nos mande uma equipa de juristas para ensinar como se faz.

Tenho muitas mais ideias, algumas tão ingénuas como estas, mas nenhumas tão prejudiciais como aquelas com que nos têm governado. A próxima vez que o careca, o etíope e o alemão cá vierem, estou disponível para tomar um cafezinho com eles no Ritz. Pago eu, porque não tenho dinheiro para os juros que eles cobram se lhes ficar a dever

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Miguel Sousa Tavares


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Miguel Sousa Tavares
Miguel Andresen de Sousa Tavares (Porto, 25 de Junho de 1952) é um jornalista e escritor português.

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[editar] Biografia

Filho do advogado e jornalista Francisco Sousa Tavares e da escritora Sophia de Mello Breyner Andresen e primo em terceiro grau de José Avillez, Miguel Sousa Tavares é natural do Porto. Licenciou-se em Direito na Universidade de Lisboa, e foi na capital que passou a infância e a juventude. Durante mais de uma década foi advogado em Lisboa.
Estreou-se no jornalismo em 1978, ano em que iniciou a sua colaboração na Radiotelevisão Portuguesa. Em 1989 participou na fundação da revista Grande Reportagem, que dirigiu entre 1990 e 1999. Ainda em 1989 foi também director da Sábado, fundada por Pedro Santana Lopes, mas manteve-se pouco tempo no cargo, devido à instabilidade interna da revista. Em 1990 começou a colaborar no Público, onde publicaria uma crónica semanal até 2002. Ao mesmo tempo, estendeu a sua colaboração ao desportivo A Bola, à revista Máxima e ao informativo online Diário Digital.
Voltou à televisão como apresentador de Crossfire, na SIC, com Margarida Marante. Em 1998 recusou o cargo de director-geral da RTP. Em 1999 partilhou o debate Em Legítima Defesa, com Paula Teixeira da Cruz e moderação de Pedro Rolo Duarte, na TVI. A partir de 2000, na mesma estação, viria a marcar presença assídua às terças-feiras no Jornal Nacional, na análise à actualidade nacional e internacional.
Das suas incursões literárias resultaram compilações de crónicas, vários romances, livros de contos e uma história infantil. Equador, de 2004, foi um best-seller, estando traduzido em mais de uma dezena de línguas estrangeiras. Rio das Flores, em 2007, teve uma primeira tiragem de 100 mil exemplares. Recebeu o Prémio de Jornalismo e Comunicação Victor Cunha Rego, em 2007.
Da sua actividade cívica, integrou a Direcção do Movimento Portugal Único, em 1998, defensor do «não» num referendo sobre a regionalização administrativa. Em 2009 contestou publicamente o prolongamento do terminal de Alcântara, numa concessão polémica à construtora Mota Engil. Actualmente é colunista semanal do jornal Expresso e conduz entrevistas em Sinais de Fogo, na SIC. Mantém ainda a crónica n' A Bola, onde se evidencia como adepto do Futebol Clube do Porto.

[editar] Direitos dos fumadores

Sousa Tavares é fumador e defende militantemente os direitos dos fumadores. Nessa qualidade tem defendido, por exemplo, que todos os aviões deviam ter obrigatoriamente lugares para fumadores. Aquando da implementação da nova lei do tabaco em Portugal, que proíbe veementemente o fumo em estabelecimentos com menos de 100 metros quadrados, Sousa Tavares fez questão de referir que considera incoerente e incompreensível que o Governo se oponha desta forma ao tabaco em locais como prisões, e ao mesmo tempo, ofereça condições para que os reclusos se injectem, referindo que esta lei é um atentado à liberdade e aos direitos dos fumadores. Por fim, deixou bem claro que faz questão de deixar de frequentar locais onde não seja permitido fumar.
Afirmou que a lei antitabaco faz lembrar "os primeiros decretos antijudeus da Alemanha nazi"[1] e "o fumo nos restaurantes, que o Governo quer limitar, incomoda muitíssimo menos do que o barulho das crianças - e a estas não há quem lhes corte o pio."[2]

[editar] Touradas

Miguel Sousa tavares, aquando da abolição das touradas na Catalunha pelo governo regional, referiu no jornal da noite da SIC, quando questionado se em Portugal se poderia adotar este caminho, "que este é o caminho da estupidez". Para MST o "que está em causa é uma questão de liberdade, e em Democracia as minorias são respeitadas", referindo ainda que "só vai a uma tourada quem quer". MST considera que a aversão às touradas, se deve a uma imaturidade democrática e a uma carência de cultura, referindo que a maioria da população desconhece as origens da tourada e os seus meandros, e que grandes pintores espanhóis pintaram touradas, desde Goya, Salvador Dali e Picasso. Refere ainda que levado ao extremo, a abolição das touradas, conduz à extinção dos touros de morte, pois são animais criados especificamente para este efeito. MST considera ainda, quando questionado sobre a barbárie do espetáculo tauromáquico que choca várias pessoas, que "os combates de boxe quando saem de lá todos a sangrar também chocam muita gente" e "as corridas de automóveis onde podem morrer condutores e espectadores também chocam" e que não é por isso que são banidos.[3]

[editar] Acordo Ortográfico

Miguel Sousa Tavares é um conhecido opositor ao Acordo Ortográfico de 1990, tendo os seus livros no Brasil sido grafados e impressos com a ortografia europeia do português antes do dito acordo.

[editar] Acusado de plágio

Sousa Tavares venceu o processo em que foi acusado pelo blogue anónimo freedomtocopy de plágio literário em 'Equador'. O autor do blogue criou este espaço unicamente para lançar a calúnia, tendo esta sido categoricamente refutada por Sousa Tavares, assim como os críticos que se dedicaram à análise das obras. Com efeito, o caluniador sugeria que logo os primeiros parágrafos das obras são semelhantes, algo que facilmente se pode comprovar ser falso ao comparar ambas as obras. Segundo Sousa Tavares, "um dos suspeitos é bloguista do Bloco de Esquerda que gosta de pôr coisas anónimas, por uma questão de traumas pessoais, e o outro é um escritor falhado e invejoso, cuja produção literária consiste em destruir os outros".[4]
O livro em questão chama-se no original Cette nuit la liberté de Dominique Lapierre e Larry Collins, e foi lido por 35 milhões de leitores, segundo informação da editora Pocket.

[editar] Outras opiniões

- Em entrevista ao Diário de Notícias em 5 de julho de 2009, Miguel Sousa Tavares informou em entrevista que pensa em emigrar para o Brasil. Pois:
"É um país novo, de que eu gosto há muitos anos. E sou muito bem tratado sem ser popular na rua, o que é óptimo. É um país optimista, não está cansado, não está desiludido, sem esperança. Mesmo que agora haja tanta asneira feita no Brasil, todos os dias, não é? Só que eles têm espaço e tempo para uma maior dose de asneira do que nós. Agora desvendei uma coisa que não era suposto desvendar, mas é um plano que ando a alimentar há um tempo, de facto. Nós somos muito macambúzios, eu estou muito macambúzio também. Sinto, pela primeira vez na vida, que estou a precisar de uma sacudidela e que não vai ser aqui…" [5]
- Em entrevista ao Diário de Notícias em Julho de 2009, afirmou que "O professor Cavaco Silva não tem estatura para ser Presidente da República. Não tem curriculum político para isso, não tem dimensão de estadista… acho é que é uma pessoa limitada."[5]
- Em entrevista ao Diário de Notícias em Outubro de 2009, Miguel Sousa Tavares saiu em defesa da actriz brasileira Maitê Proença afirmando que "isto é uma reacção provinciana e saloia dos portugueses. Somos um povo sem capacidade de humor e autocrítica." referindo-se aos milhares de portugueses que se insurgiram contra o vídeo que a actriz brasileira realizou para o programa Saia Justa do GNT, onde ridiculariza Portugal.
- No Jornal da Noite da SIC de 8 de Junho de 2010, convidado (junto com Pedro Santana Lopes) a pronunciar-se sobre último jogo de preparação de Portugal para o Mundial da África do Sul, Miguel Sousa Tavares defendeu a proibição das vuvuzelas.

[editar] Boatos

De entre os vários boatos postos a circular, sobretudo na internet, a propósito de MST, destaca-se a carta aberta de uma professora, que circula desde 2008 e que o acusa de ter afirmado que «os professores os inúteis mais bem pagos deste país». Trata-se de um hoax que foi desmentido pelo próprio, em artigo publicado no Expresso: «(…) nunca disse, nunca escrevi e nunca me ocorreu pensar tão estúpida frase. É absolutamente falsa, de fio a pavio. Quem a inventou sabia bem que a melhor forma de atingir um adversário não é discutindo as razões dele, mas atacando-lhe o carácter. E quem a adoptou logo como verdadeira e do 'domínio público', sem nunca, pessoalmente, a ter escutado ou lido, mostrou como é fácil conduzir um rebanho de ovelhas nesses fóruns tão democráticos da Internet. E pensar que é assim que hoje se forma largamente a opinião pública!»[6]

[editar] Obras

[editar] Prémios

  • Prémio pela reportagem "Hoje aqui, amanhã no Corvo", 1998
  • Prémio Clube Literário do Porto (2007)
  • Prémio Grinzane Cavour, Itália, 2007
  • Prémio de Jornalismo e Comunicação Vitor Cunha Rego, 2007
  • Prémio Branquinho da Fonseca, 2008

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