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ANO PORTUGAL BRASIL PORTUGAL – Dia 22 de outubro de 2012
Notícias – Visões e Cultura de Portugal – A Crise Econômica
Clique - htpp://anoportugalbrasilportugal.blogspot.pt
Editor : Paulo Timm – www.paulotimm.com.br –
paulotimm@gmail.com
ANO
BRASIL PORTUGAL 2012/12 - Acompanhe a programação neste site:
PORTUGAL – VISÕES
Passeios culturais em Lisboa.
CINEMA - LISBOA -
CLIQUE
lisboaparabrasileiros.blogspot.com
Novo projeto turístico ocupa a cidade em outubro
por Lusa,
publicado por Graciosa Silva
Lisboa
acolhe em outubro, durante sete dias, o Lisbon Week, um projeto turístico e
cultural que parte das sete colinas e é composto por sete rotas, cada uma
dedicada a um tema como a moda ou a gastronomia.
De acordo com a organização, o Lisbon Week visa levar "uma nova
dinâmica a Lisboa, provocando assim a ida à capital de mais visitantes
nacionais e internacionais na descoberta de uma cidade ativa e moderna,
oferecendo também uma nova energia aos próprios lisboetas".
O projeto, criado pela agência de comunicação XN Brand Dynamics e
realizado em coprodução com a Câmara Municipal de Lisboa, é apresentado hoje ao
final do dia, mas já foi desvendado à Lusa pela organização.
Com as colinas de Lisboa como ponto de partida, "durante sete dias
vai ser possível descobrir sete rotas, cada uma dedicada a um tema: arte,
História, panorâmica, gastronomia, música, moda e tradição".
O Largo Camões, no Chiado, a Praça de São Paulo, no Cais do Sodré, o
Miradouro de São Pedro de Alcântara, no Bairro Alto, e a Praça do Martim Moniz
são os pontos de partida das várias rotas e vão acolher uma série de
atividades.
No Largo Camões, entre 22 e 28 de outubro, haverá cinema ao ar livre,
entre curtas e longas-metragens e de documentários a filmes de animação. Para a
Praça de São Paulo estão programados, nos dias 25, 26 e 27 de outubro, uma
série de concertos cuja programação está a cargo do radialista Henrique Amaro e
do músico e produtor João Paulo Feliciano.
***
SOB O CÉU DE LISBOA – Um filme de Wim Wenders
O Céu de
Lisboa
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• Sinopse: Philip, engenheiro de som, vai a Lisboa para ajudar o amigo Fritz a
terminar seu filme. O misterioso desaparecimento de Fritz leva Philip a uma
viagem de descobertas pela cidade, na qual se apaixona pelos sons e pela bela
Teresa, vocalista da banda Madredeus. O reecontro com o amigo traz novas
surpresas.
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Sinopse
Phillip é um engenheiro de som
que vai a Lisboa para ajudar seu velho amigo Friedrich a concluir seu filme.
Ele atravessa a Europa de norte a sul, até a capital portuguesa, mas chega
tarde: Friedrich desapareceu. Na grande casa onde vivia, o amigo não deixou
mais do que um filme inacabado, contendo imagens sem som, filmadas nas ruas de
Lisboa. Pacientemente, Winter decide pôr o som nas imagens e, fascinado com a
beleza do lugar, resolve ficar um pouco mais e explorar a região. É quando
conhece Teresa, a bela vocalista do grupo Madredeus, por quem logo se apaixona.
Mas novas surpresas o aguardam com o repentino reaparecimento de Friedrich
MUSICAS DO FILME
Thu, 26 Jul 2007 05:44:57 PDT
Music Video Directed by José F. Pinheiro 1997 Portugal From the album
O Paraíso Lyrics and Music by Pedro Ayres Magalhães released by EMI Music
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Thu, 08 Mar 2007 17:38:13 PST
Criei
esse vídeo com algumas fotos lindas de Portugal. Saudade enorme desse País
maravilhoso... Algumas fotos são do meu arquivo pessoal, mas a ...
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Tue, 13 Feb 2007 11:52:03 PST
From
the documentary "Les Açores de Madredeus"
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Thu, 10 Jan 2008 11:24:52 PST
Music from the movie Lisbon Story (Wim Wenders 1995) Madredeus is the
most international Portuguese Group. They play traditional music from this ...
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Tue, 13 Feb 2007 10:05:27 PST
Acoustic version from the Azores
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Sun, 20 Aug 2006 08:57:11 PDT
The small thing
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NOTÍCIAS – Com o apoio de O POVO com base
no Boletim Portugal sem passaporte
Portugal sem passaporte – O POVO
-
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Posted: 21 Oct 2012 07:23 AM PDT
O empresário Mauro Sampaio, um brasileiro filho
de pais portugueses (de Tras-os-Montes) que tem uma micro-empresa em Portugal
há alguns anos, falou no programa da RTP ”Prós e Contras”, tudo aquilo que
qualquer Português está a sentir neste momento. Portugal tem vivido no
últimos anos à base de muita corrupção
O empresário luso-brasileiro tece duras criticas
à classe política portuguesa acusando-a de corrupção a todos os níveis. “Em
Portugal, não um processo contra esta classe que chegue ao fim ou alguém que
seja preso”.
Para o empresário Mauro Sampaio é fundamental
haver confiança e esta só nasce de uma gestão responsável e honesta. “Temos
um presidente da República que é economista e sabia muito bem que o BPN
servia para lavar dinheiro”.
Clique AQUI para ver. É imperdivel
OPINIÃO PUBLICA:
Ninguém está a pedir nomes, mas sim mecanismos de
justiça que permitam determinar e condenar quem são. E é isso que falta no
pacote da troika. Reformas no sector judicial, legislativo, e politico. E que
as pessoas que conduziram o pais a este ponto, suspensas da politica (no
mínimo) e em alguns casos, presas.
Os Politicos destruiram a sociedade portuguesa,
mas ainda estamos a tempo de salvar Portugal! Julgamento dos corruptos e
dimunuir os salarios dos politicos, reformas vitalicias, mordomias e
diminunir os deputados no AR!!! É URGENTE!!!! nao é só culparem o coelho e
socrates, mas sim todos os politicos desde 1974!!! Senão brevemente vai a ver
confrontos sociais!!!! TODOS POR PORTUGAL!!!!
Grande verdade e que toda a gente sabe! A solução
não é só sair à rua protestar e depois voltar para casa continuando os mesmos
a fazer a mesma coisa de sempre. Eu pessoalmente vou para a rua no dia em que
o objectivo for tirar 95% dos deputados da AR e não suavizar a austeridade,
baixar os IRS, IVA, IMI, ZZZ, etc… A bicho papão não é o FMI nem a Troika,
são os corruptos desta nação!
Os políticos (salvo raras excepções) têm prestado
muito mau serviço à Nação. O POVO TEM ASCO DESTES POLÍTICOS E DESTAS
POLÍTICAS, por isso está na rua a manifestar a sua indignação. Este orçamento
que vai acabar por esmagar completamente a economia não pode seguir… É
NECESSÁRIO E URGENTE TIRAR ILAÇÕES.
Clique AQUI para ver. É imperdivel
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Posted: 21 Oct 2012 06:52 AM PDT
O primeiro Ministro Passos Coelho deve colocar o
cargo à disposição ?
A legitimidade não pode ser só formal.
Há uma maioria na Assembleia da Republica assente
nos deputados do CDS e PSD.
Esta base de apoio é suficiente em situações de
normal funcionamento da democracia.
Vivemos um período turbulento, com um regime
capturado por interesses, uma classe politica instalada no sistema e elites
medíocres.
O regime , falido devido a deficits sucessivos e
excessivos, teve de abdicar de parte da soberania para ter acesso a dinheiro
que garanta o funcionamento corrente.
A negociação com a troika revelou uma baixíssimo
capacidade negocial. Os intervenientes foram incapazes de defender o
interesse nacional e submeteram-se a imposições inaceitáveis como é o caso da
alienação de várias empresas públicas. Foi um novo mapa cor-de-rosa (sem
piada ao governo socialista que o aceitou) enxovalhante para a dignidade de
uma nação com nove seculos e muito prejudicial para o nosso futuro coletivo.
Governo de Passos Coelho
O Primeiro ministro esteve bem em muitas
ocasiões. Tornou a politica governamental credível perante os companheiros da
União Europeia e mostrou aos “mercados” que lidavam com gente capaz de honrar
compromissos. Constituiu uma equipa governamental com pessoas com maior
qualidade que os antecessores.
Esteve mal quando não revelou a dimensão da crise
e do endividamento, poupando o seu antecessor, hoje a “parisitar” á conta dos
seus tempos de político.
Deixou criar a ilusão que era uma crise leve e
passageira. No verão fez um discurso agarotado apontando para a inversão do
ciclo, já em 2013…
Perante a desgraça da licenciatura novas
oportunidades do Ministro Relvas, não teve a coragem de o afastar do Governo.
Deixou que alguns fossem “catrogar” para a EDP ,
não privatizada, mas sim nacionalizada pelo estado chinês.
Permitiu que um administrador da CGD anunciasse
que emigraria se houvesse aumento da carga fiscal e não o demitiu de
imediato.
Vivemos uma situação de guerra contra os mercados
, que nos sujeitam ao pagamento de juros escandalosos, o que nos obriga a um
programa de austeridade difícil de suportar .
Precisávamos de um governo capaz de unir as
pessoas, duro na imposição das medidas necessárias, mas justo.
Ao tentar, para agradar á troika e a uns
“borgessos” iluminados, avançar com o aumento da TSU para subsidiar as
grandes empresas, e melhorar os prémios dos gestores instalados na exploração
dos negócios protegidos, sem concorrência, assumiu-se como um Robim dos
bosques ao contrario. Um governo capaz de penalizar os trabalhadores para
favorecer os donos do dinheiro.
Cavaco entrou em desgraça quando tentou abolir a
terça feira de carnaval. O Governo desgastou-se a anunciar aumentos de carga
horaria e a eliminar alguns feriados.
Foi-se agravando o divórcio entre o Governo e a
sua base de apoio
È evidente que o BE e o PCP são não só oposição
como efetivos partidos do contra, auto marginalizados de qualquer solução.
O PS, que negociou o acordo coma troika, tem
apostado num populismo oposicionista que mostrar que a irresponsabilidade que
esteve na base do desvario “socratista” se mantem.
Começaram a surgir noticias sobre guerrilhas
entre CDS e PSD , potenciadas pelo tabu de Portas .
Vários senadores do PSD e CDS vieram a terreiro
destruir o Governo, legitimando e incentivando a oposição de rua.
Marcelo Rebelo de Sousa tem queimado o Governo
com algumas críticas absurdas bem como Antonio Capucho . Manuela Ferreira
Leite apelou á revolta dos Deputados e Mota Amaral segue-a no estilo. Marque
Mendes considera o aumento da carga fiscal uma assalto á mão armada e Bagão
Félix um terramoto. O Presidente da Republica, no facebook e em declarações á
comunicação social, tem tirado o tapete ao governo.
Os sindicatos e o povo manifestam-se nas ruas. Os
patrões criticam as políticas, mesmo quando são potenciais beneficiários das
medidas do Governo. Algumas vozes importantes da Igreja transformam-se em
incendiários da inveja social.
Passos é um homem só, a liderar um governo
fragilizado.
Acredito que seja um homem honrado e
bem-intencionado. Votei nele.
Não deve dificultar as soluções. Compete-lhe
contribuir para se encontrar uma saída.
Não deve embarcar no apodrecimento da situação
politica. A remodelação que lhe aconselham seria um desastre. Não há clima
psicológico , nem base politica ou sociológica, para suportar as medidas
necessárias a salvar Portugal e a democracia.
Compreendo que esteja profundamente chocado com a
falta de solidariedade dos senadores e com os oportunismos populistas que
revelam.
Muitos dos que foram culpados da falência do
nosso Estado, que nunca se revelaram contra o desvario coletivo, que em
muitos casos apoiaram o endividamento socrático, comportam-se como sempre
fizeram, de forma irresponsável, pensando nos seus interesses, na sua imagem,
e perfeitamente nas tintas para o interesse nacional.
Espero que esteja á altura da sua
responsabilidade para com a pátria.
Imediatamente apos a aprovação do Orçamento do
Estado deve abdicar do lugar de primeiro ministro e solicitar ao Presidente
da Republica para iniciar contactos para criação de um governo forte, com
larga base de apoio .
Não precisamos de ser adivinhos para se saber que
o PCP e o BE continuarão, no imediato, a optar por ser simplesmente do
contra, sem se esforçarem para criar qualquer solução, defendendo por regra
todas as propostas despesistas que alguém se lembrar, concedendo privilégios
a todas as corporações e sindicatos que tiverem força reivindicativa.
Resta saber se a Igreja, os patrões, a UGT estão
disponíveis para exigir um governo com a participação do PS.
Serão as elites nacionais capazes de gerar uma
solução politica assente no PS e PSD, com ou sem CDS?
Não gosto de governos de salvação nacional ou de
união nacional.
Prefiro o combate frontal por ideias e ideais,
capazes de gerar alternativas e que não afunilem a democracia. Mas, perante a
situação criada, deve o Presidente da Republica contribuir para criar um
Governo com base sociológica e parlamentar solida.
Se não for possível a constituição de um Governo
forte, com elevada legitimidade, com a participação do PS e PSD, deve então
recorrer-se á decisão popular com a marcação de eleições.
Se o PSD e o CDS vencerem governarão. Se houver
uma maioria de esquerda, com o PS, PCP e BE a dominarem a Assembleia da
Republica devem ser capazes de, perante a situação de falência do pais,
comportarem-se como gente adulta e assumir a governação.
ortugal não deve ter medo da democracia nem
recear as eleições.
Defendo, há anos, que não basta mudar as moscas…
Defendo uma mudança de politicas, mais que alternância de pessoas ou partidos.
Considero que as elites dirigentes têm destruído
o sistema politico e que urge uma mudança de regime com mais liberdade,
melhor democracia, menos desigualdade e uma justiça eficaz.
Apelo ás elites que, no mínimo, façam a gestão do
nosso dia a dia defendendo a independência nacional com uma visão de médio
prazo.
Texto de autoria do Dr. Jaime Ramos, médico,
ex-deputado do PSD, que presidiu à 1ª Comissão de Inquérito ao caso Camarate.
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Arriscam-nos a fazer outra Grécia
Normalmente, esta frase é dita por senhores de fato,
protegidos pelo ecrã da televisão. Não estão nervosos, como os desempregados
que gritam na rua ou à porta da fábrica, estão até bastante serenos; também não
têm a cara pintada, nem estão a insultar ninguém, como aquela multidão de
rapazes e raparigas que nunca conseguiram um emprego que durasse mais de três
meses, estão compostos e falam com correção. Vestem-se como pessoas sensatas,
penteiam-se como pessoas sensatas, têm carros de cilindrada sensata a
esperá-los no estacionamento.
Arriscamo-nos a ser outra Grécia.
E, no fundo, estão a dizer:
Vocês arriscam-se a transformar este país noutra Grécia. Eles não fazem parte do "nós", eles estão a avisar-nos. Por eles, pela sua acção, este país nunca se tornaria noutra Grécia. Se assim fosse, eles não nos estariam a alertar, em tom professoral, em tom de quem sabe mais e melhor. Não são eles que estão em risco de ser uma nova Grécia, eles são apenas desinteresse e boas intenções. Somos nós, sem eles, que estamos em risco de ser outra Grécia.
A xenofobia dessa frase é desprezível. Utiliza a ignorância dos sentimentos mais rasteiros para justificar argumentos desonestos. Ao mesmo tempo, quer fazer pressupor que a Grécia está na atual situação económica porque o seu povo protesta.
Esses senhores, que até podem ter óculos, aliviam a sua consciência culpando os pobres da própria pobreza. Há bem pouco tempo, por exemplo, insurgiam-se contra o rendimento mínimo. Nunca se lhes ouviu uma palavra acerca dos paraísos fiscais.
Justificam a avareza mais reles, com a ideia de que a ajuda pública desencoraja os pobres de trabalhar, torna-os preguiçosos. Isto, com frequência, vindo da parte de pessoas que descendem de linhagens com muito a aprender acerca do que é o trabalho.
Neoliberais de merda. O Estado não deve meter-se na vida das grandes empresas ou dos bancos, a não ser para, à mínima dificuldade, lhes enfiar pazadas de dinheiro pela goela abaixo. Depois, se o Estado precisar seja do que for, não tem o direito de exigir nada. Não tem o direito de interferir na liberdade do mercado. Só tem direito de interferir na liberdade dos cidadãos.
Se calhar, temos de ser nós a ensinar-lhes que é o trabalho que cria riqueza e não aqueles que vendem o trabalho dos outros.
Arriscamo-nos a ser uma nova Grécia?
De cada vez que os portugueses saem à rua, voltam a casa com mais dignidade. Ao contrário do que aconteceu demasiadas vezes, as imagens de multidões demonstram que não está tudo certo, eles não têm legitimidade para tudo. Sobretudo, não têm legitimidade para fazer o oposto daquilo que disseram que iam fazer e, menos ainda, para serem lacaios de outros em que ninguém votou.
Ridículos: a anunciarem medidas antes de jogos de futebol, a esconderem-se no estrangeiro onde não comentam nada, a dizerem que temos o melhor povo do mundo. O mesmo povo que desrespeitam continuadamente.
Arriscamo-nos a ser uma nova Grécia?
Quando falam da Grécia nesse tom de xenofobia velada e cobarde, seria interessante perguntar-lhes qual é, afinal, o país que eles quem querem ser. Da mesma maneira que repetem que não querem ser gregos, seria bonito ouvi-los afirmar que querem ser alemães.
Então, talvez a xenofobia lhes caísse em cima. Talvez lhes fizesse bem sentir esse peso. Tenho curiosidade de ver quantos os seguiriam no dia em que tornassem explícitos os dois lados desse simplismo que coloca a Grécia e a Alemanha em polos opostos de uma guerra surda, em que um dos lados bombardeia o outro, diariamente, com humilhação.
A Grécia não é um país a evitar, os gregos não são um povo a evitar. Aqui, neste nosso país, há muitos que já são gregos porque estão desempregados e sem horizontes como tanta gente na Grécia, porque não sabem como pagar a casa ao banco, porque sofrem como tantos gregos. Quem tem verdadeiro medo de ser como os gregos são esses senhores de fato, protegidos, porque sabem que os seus homólogos da Grécia estão a ser vigiados, com pouca margem.
Seremos outra Grécia se tivermos sorte.
José Luís Peixoto na Visão
Arriscamo-nos a ser outra Grécia.
E, no fundo, estão a dizer:
Vocês arriscam-se a transformar este país noutra Grécia. Eles não fazem parte do "nós", eles estão a avisar-nos. Por eles, pela sua acção, este país nunca se tornaria noutra Grécia. Se assim fosse, eles não nos estariam a alertar, em tom professoral, em tom de quem sabe mais e melhor. Não são eles que estão em risco de ser uma nova Grécia, eles são apenas desinteresse e boas intenções. Somos nós, sem eles, que estamos em risco de ser outra Grécia.
A xenofobia dessa frase é desprezível. Utiliza a ignorância dos sentimentos mais rasteiros para justificar argumentos desonestos. Ao mesmo tempo, quer fazer pressupor que a Grécia está na atual situação económica porque o seu povo protesta.
Esses senhores, que até podem ter óculos, aliviam a sua consciência culpando os pobres da própria pobreza. Há bem pouco tempo, por exemplo, insurgiam-se contra o rendimento mínimo. Nunca se lhes ouviu uma palavra acerca dos paraísos fiscais.
Justificam a avareza mais reles, com a ideia de que a ajuda pública desencoraja os pobres de trabalhar, torna-os preguiçosos. Isto, com frequência, vindo da parte de pessoas que descendem de linhagens com muito a aprender acerca do que é o trabalho.
Neoliberais de merda. O Estado não deve meter-se na vida das grandes empresas ou dos bancos, a não ser para, à mínima dificuldade, lhes enfiar pazadas de dinheiro pela goela abaixo. Depois, se o Estado precisar seja do que for, não tem o direito de exigir nada. Não tem o direito de interferir na liberdade do mercado. Só tem direito de interferir na liberdade dos cidadãos.
Se calhar, temos de ser nós a ensinar-lhes que é o trabalho que cria riqueza e não aqueles que vendem o trabalho dos outros.
Arriscamo-nos a ser uma nova Grécia?
De cada vez que os portugueses saem à rua, voltam a casa com mais dignidade. Ao contrário do que aconteceu demasiadas vezes, as imagens de multidões demonstram que não está tudo certo, eles não têm legitimidade para tudo. Sobretudo, não têm legitimidade para fazer o oposto daquilo que disseram que iam fazer e, menos ainda, para serem lacaios de outros em que ninguém votou.
Ridículos: a anunciarem medidas antes de jogos de futebol, a esconderem-se no estrangeiro onde não comentam nada, a dizerem que temos o melhor povo do mundo. O mesmo povo que desrespeitam continuadamente.
Arriscamo-nos a ser uma nova Grécia?
Quando falam da Grécia nesse tom de xenofobia velada e cobarde, seria interessante perguntar-lhes qual é, afinal, o país que eles quem querem ser. Da mesma maneira que repetem que não querem ser gregos, seria bonito ouvi-los afirmar que querem ser alemães.
Então, talvez a xenofobia lhes caísse em cima. Talvez lhes fizesse bem sentir esse peso. Tenho curiosidade de ver quantos os seguiriam no dia em que tornassem explícitos os dois lados desse simplismo que coloca a Grécia e a Alemanha em polos opostos de uma guerra surda, em que um dos lados bombardeia o outro, diariamente, com humilhação.
A Grécia não é um país a evitar, os gregos não são um povo a evitar. Aqui, neste nosso país, há muitos que já são gregos porque estão desempregados e sem horizontes como tanta gente na Grécia, porque não sabem como pagar a casa ao banco, porque sofrem como tantos gregos. Quem tem verdadeiro medo de ser como os gregos são esses senhores de fato, protegidos, porque sabem que os seus homólogos da Grécia estão a ser vigiados, com pouca margem.
Seremos outra Grécia se tivermos sorte.
José Luís Peixoto na Visão
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