segunda-feira, 8 de abril de 2013

200 MIL BRASILEIROS À ESPERA DO RETORNO FINANCEIRO LUSO À NORMALIDADE


 
BLOG ANO PORTUGAL BRASIL PORTUGAL  ABRIL 09 - 2013

Notícias–Visões e Cultura de Portugal – A Crise Econômica


Editor : Paulo Timm– www.paulotimm.com.brpaulotimm@gmail.com

ANO BRASIL PORTUGAL-Acompanhe a programação neste site:


                                                              ***
                                  INDICE

                                                               1.PORTUGAL-Visões

2.NOTÍCIAS

3. PORTUGAL E A CRISE - Memória e Análises

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1–VISÕES 

 

6 de abril de 2013 at 19:38



O Dia Mundial da Saúde é celebrado, anualmente, a 7 de Abril. Foi escolhida esta data para assinalar a fundação da OMS, que ocorreu em 1948.

Em cada ano é escolhido um tema que evidencia uma área prioritária da Saúde Pública, com impacto em todo o mundo, tendo como objectivo alertar a população para a imperiosa necessidade de promover a saúde.

A campanha deste ano, sob o lema: “controle a sua tensão arterial”, incide sobre a prevenção e controlo da Hipertensão Arterial (HTA), como meio de reduzir o número de pessoas afectadas pelas doenças cardiovasculares, agora e no futuro, preconizando a realização de acções de sensibilização com o intuito de promover a consciencialização dos cidadãos sobre as causas e consequências da HTA.

A HTA é um dos graves problemas de Saúde Pública, sendo uma das principais causas de morbi-morbilidade nos países desenvolvidos, principalmente se desconhecida ou mal controlada. A consequência são mais de 9 milhões de mortes anuais, sendo que metade das mortes por AVC e enfarte têm como causa a HTA.

Também existe um enorme custo económico e social associado a este problema. Em alguns países o dinheiro gasto a tratar, apenas, as doenças cardiovasculares pode representar 1/5 do total do dinheiro gasto com a saúde. No entanto, milhões de pessoas, não controlam a HTA nos estádios iniciais por falta de recursos financeiros. Os resultados são devastadores, quer para as famílias quer para o sistema de saúde: mortes prematuras, incapacidade/dependência, perda de produtividade, diminuição da força de trabalho, despesas em cuidados médicos que se reflectem nas famílias, comunidades e orçamentos nacionais.

Em 1980 existiam 600 milhões de hipertensos, contrastando com o bilião registado em 2008. Por trás destas estatísticas alarmantes encontra-se um “assassino” silencioso que pode afectar qualquer pessoa.

Apesar de apresentar uma elevada prevalência, afectando um em cada três adultos, ainda persiste muita falta de informação sobre a doença, o que constitui um sério obstáculo ao diagnóstico precoce e ao tratamento efectivo. Muitas pessoas não sabem que são hipertensas, porque nem sempre a HTA produz sintomas, e desconhecem os riscos de saúde associados. O resultado é a existência de inúmeros casos que carecem de diagnóstico, verificando-se também que, uma considerável percentagem dos doentes diagnosticados não tem acesso ao tratamento, ou as suas condições são mal controladas. Convém, no entanto, realçar que o auto-cuidado (acções e comportamentos que qualquer pessoa pode adoptar na sua vida diária) desempenha um papel essencial e determinante no combate à doença.

As doenças cardio e cerebrovasculares são a principal causa de morte em Portugal. Provocam cerca de 40 mil mortes anuais principalmente por AVC (20 mil óbitos/anos) e por enfartes do miocárdio (10 mil óbitos/anos). Segundo estudos nacionais recentes, em Portugal a prevalência de HTA é de 43,7%, sendo que, apenas, 46,2% dos portugueses hipertensos tem conhecimento da sua doença e somente 31% são medicados.

O crescimento e envelhecimento da população mundial associado a comportamentos de saúde nefastos (dieta desequilibrada, sedentarismo, consumo de álcool e tabaco) e a estilos de vida stressantes, contribuem fortemente para aumentar as probabilidades de desenvolver HTA. Todas as regiões do mundo são afectadas.

Em jeito de conclusão, gostaria de enfatizar que, apesar de constituir um sério problema de Saúde Pública, a HTA é prevenível e tratável. A detecção e tratamento precoces são a chave, sendo, por isso, fundamental a existência de políticas públicas que garantam o acesso de todos os cidadãos aos cuidados básicos de saúde (médicos e de enfermagem) de boa qualidade (que são efectivos e baratos), e devem ser prestados nos Cuidados de Saúde Primários (Centros de Saúde), tendo como principal objectivo promover a adopção de estilos de vida saudáveis, no sentido de prevenir o desenvolvimento de HTA e ajudar os que têm HTA a lidar com a doença de forma eficaz, contribuindo para o aumento da sua qualidade de vida.

Maria José Pacheco

 

2-  NOTICIAS

Portugal sem passaporte – o povo



08.04.13 08:28




O Ministério Público brasileiro abriu uma investigação à denúncia de desvio de fundos da Portugal Telecom para o Partido dos Trabalhadores (PT, no poder), alegadamente aprovado durante o primeiro mandato presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva. Além de Lula, vai ser investigado o seu ministro das Finanças Antonio Palocci e o antigo presidente da Portugal Telecom, Miguel Horta e Costa.O ex-Presidente sempre alegou desconhecimento do esquema de corrupção para a compra de votos no Congresso e financiamento ilegal [...]



04.04.13 11:57




O Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, pediu demissão e foi aceite por Pedro Passos Coelho. “Miguel Relvas, apresentou ao Primeiro-Ministro o seu pedido de demissão, que foi aceite. Em face desta situação, o Primeiro-Ministro proporá oportunamente ao Presidente da República a exoneração do Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares e a nomeação do seu substituto”, revela o gabinete do Primeiro-Ministro, em comunicado. “O Primeiro-Ministro enaltece a lealdade e a dedicação ao serviço público com que [...]


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04.04.13 11:34




O clube de golfe Aquiraz Riviera recebe, neste domingo (07), o Segundo Torneio Pitch & Putt 2013. Mais de 24 golfistas jogarão nas categorias masculina (M1 e M2) e feminina, na modalidade Stroke Play, em que o vencedor deve cumprir os 18 buracos com o menor número de tacadas. Esta etapa do torneio dá continuidade ao calendário cuja primeira disputa aconteceu em fevereiro e a terceira será realizada ainda neste primeiro semestre, em junho. O ganhador geral do torneio deve [...]


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04.04.13 11:16




 

 

 



Quem está legal, apesar da crise, prefere ficar em Portugal

Apesar das estatísticas, é fácil encontrar pelas ruas de Lisboa muitos brasileiros que optam por permanecer em Portugal e não cogitam a possibilidade de voltar. Quem está legal, com documentos, prefere ficar em Portugal. São cerca de 200 mil à espera do retorno financeiro luso à normalidade

A crise econômica internacional provocou o retorno de 300 mil a 400 mil brasileiros que estavam no exterior para o Brasil. Os números são do Ministério das Relações Exteriores, Itamaraty, e referem-se ao período de 2007 a 2012. A estimativa é que cerca de 2,5 milhões de pessoas vivem fora do país.

O programa de apoio ao retorno voluntário de imigrantes, vigente em Portugal desde 2007, abrangeu no ano passado mais de 640 cidadãos brasileiros que entraram em território português de modo ilegal, revelam os dados do Relatório Anual de Segurança Interna, publicado recentemente pelo governo luso.

“Em 2012, foram beneficiários do programa de apoio ao retorno voluntário (artigo 139.º da Lei n.º 23/2007, de 4 de Julho) 753 cidadãos estrangeiros. A utilização deste programa, concretizado ao abrigo do Protocolo celebrado entre o Estado Português e a Organização Internacional para as Migrações (OIM), refletiu um aumento de 26,8% face ao ano precedente (2011: 594). De salientar que, em 2012, os cidadãos brasileiros representaram 85,5% do total”, refere o mesmo relatório.

Em 2011, segundo a edição anterior desse relatório, tinham solicitado o apoio do Estado português um total de 500 brasileiros, que foram também nesse ano a nacionalidade dominante entre os beneficiários do programa de apoio ao retorno voluntário (o segundo maior grupo era de cidadãos angolanos). De 2011 para 2012 houve, portanto, um crescimento de cerca de 28% no recurso ao auxílio estatal luso para o regresso ao Brasil.

No domínio do controlo de estrangeiros, em 2012, foram registadas 6.548 notificações para abandono voluntário, o que representa um decréscimo de 1,5% face a 2011.

Segundo o relatório, durante o ano passado foram instaurados 2.306 processos de expulsão administrativa, tendo sido proferidas 705 decisões.

A legislação vigente desde 2007 em Portugal prevê que “o Estado pode apoiar o regresso voluntário de cidadãos estrangeiros que preencham as condições exigíveis aos países de origem, no âmbito de programas de cooperação estabelecidos com organizações internacionais, nomeadamente a Organização Internacional para as Migrações, ou organizações não governamentais”.

No entanto, os cidadãos que venham a beneficiar desse apoio ficam impedidos de voltar a Portugal num prazo de três anos, excepto “se restituírem os montantes recebidos, acrescidos de juros à taxa legal”.

O abandono voluntário do território português é uma possibilidade consagrada pela mesma legislação como alternativa à detenção. Em “casos fundamentados”, diz a lei, o cidadão estrangeiro que entre ou permaneça ilegalmente em território nacional pode receber apenas uma notificação para abandonar o país num prazo entre 10 e 20 dias.

portugaldigital

 

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04.04.13 10:28




A energia solar é um tema que está na moda. Mais que moda, energia solar é assunto sério e deve ser vista como uma grande oportunidade para o Brasil reforçar a sua produção de energia limpa, que além de uma energia alternativa deve ser vista como uma energia preferencial. Entrando em 2013 no mercado da energia solar, vem a Izisolar Brasil propor várias soluções de estruturas para as instalações na captação da energia solar, com a missão de ajudar a [...]


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04.04.13 10:02




MOÇÃO DE CENSURA? “Não foi carne nem peixe”. Este é um termo que em bom português sobre algo significa que “não sabe a nada”, que é algo que “não ata nem desata”, que é improdutivo e inconsequente, que é “um grande faz-de-conta”, que é uma “trampa” sem interesse. Quer dizer que foi um grande “31 de boca” ou “uma grande tanga”. Afinal significa frustração. E foi. Foi uma enorme frustração a moção de censura apresentada há horas pelo [...]


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04.04.13 08:23




A cantora luso-brasileira Daniela Mercury assumiu publicamente a sua homossexualidade, esta quarta-feira, ao revelar que casou com a namorada, a jornalista Malu Verçosa. Mercury está em Portugal para dois espetáculos -marcados para esta sexta, 5 e sábado, 6 - em Lisboa e Porto – tendo celebrado o seu casamento em Lisboa e publicado as fotos das duas no Instagram. Nas imagens, além de uma em que estão no Castelo de São Jorge, em Lisboa, onde passam a lua-de-mel. As duas mostram ainda as [...]


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03.04.13 15:12



Noticia em atualização 14h44 – A maioria PSD/CDS acaba de chumbar a moção de censura ao Governo apresentada pelo PS, com 131 votos contra e 97 a favor. Em 37 anos de Constituição, é a quinta vez que o PS apresenta uma moção de censura. A quarta que este Governo enfrenta. A moção de censura ao Governo apresentada pelo PS foi hoje ‘chumbada’ com os votos contra da maioria PSD/CDS-PP que sustenta o executivo liderado por Pedro Passos Coelho. Apesar [...]


       

 

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3 –  A CRISE


VENCER A CRISE COM O ESTADO SOCIAL E COM A DEMOCRACIA

CONFERÊNCIA A REALIZAR NO DIA 11 DE MAIO, EM LISBOA

Os mitos e as mentiras da direita no ataque ao "estado social"

por Eugénio Rosa [*]
 
RESUMO DESTE ESTUDO 

O Tribunal Constitucional declarou, como já tinha sucedido em 2012, inconstitucionais o confisco do subsidio de férias aos trabalhadores da Função Pública e aos pensionistas, e ainda mais duas outras normas da Lei do OE-2013 (o imposto sobre o subsidio de desemprego e de doença e os cortes nos contratos de docência e de investigação) o que, em termos ilíquidos corresponde a cerca de 1.600 milhões € (em valor liquido, e é este que tem efeitos no OE-2013 deverá representar um aumento na despesa – reposição dos subsídios de férias - e um corte na receita que, somados, deverão rondar os 1.200 milhões €). 

Perante tal cenário que resulta deste governo pretender violar pela 2ª vez a Constituição da República é previsível que os ataques às funções sociais do Estado, por parte deste governo e dos seus defensores nos media se intensifiquem ainda mais. E a arma mais utilizada, para procurar manipular a opinião pública, será certamente a mentira. E as mais utilizadas para enganar a opinião pública, à semelhança do que tem acontecido nos últimos tempos, serão certamente as seguintes: (1) Sem o empréstimo da "troika" não haveria dinheiro para pagar salários e pensões; (2) A despesa do Estado em Portugal é muito superior à de outros países da UE; (3) As despesas do Estado em Portugal com a saúde, educação e a segurança social são insustentáveis. Por isso interessa já desmontar de uma forma clara e objetiva essas mentiras, e para isso utilizaremos os próprios dados oficiais. 

Comecemos pela 1ª mentira da direita sobre o empréstimo da "troika" para pagar pensões e salários. Segundo o Ministério das Finanças, em 2011, as receitas dos impostos e contribuições foram superiores à soma das despesas com Pessoal das Administrações Públicas mais despesas com pensões e outras prestações (inclui saúde), em +4.229,6 milhões €; em 2012 esse excedente subiu para +4.454,1 milhões €. E não consideramos todas das Administrações Públicas. Ainda existem "Outras receitas" que, em 2012, foram mais 9.606,2 milhões €. Afirmar, como fazem muitos comentadores, que o Estado foi obrigado a pedir o empréstimo à "troika" porque não tinha dinheiro para pagar salários e pensões é ou ignorância ou a intenção de mentir descaradamente para enganar a opinião pública, pois os impostos e contribuições pagas todos os anos pelos portugueses são mais que suficientes para pagar aquelas despesas (Portugal paga uma taxa de juro média de 3,4%, quando custa aos credores uma taxa média de 1,4%, e à Alemanha apenas 0,5%; é a solidariedade!) 

Outra mentira é que a despesa do Estado em Portugal é superior à de outros países, e por isso tem de ser significativamente reduzida. Segundo o Eurostat, em 2011, a despesa total das Administrações Públicas em Portugal representou 49,4% do PIB português, quando a média na UE situava-se entre os 49,1% e 49,5%, portanto um valor praticamente igual. E em 2012, segundo o Relatório do OE-2013 do Ministério das Finanças, a despesa de todas as Administrações Públicas (Central, Local e Regional) em Portugal reduziu-se para apenas 45,6%. E neste valor estão incluídos os juros da divida que atingiram 7.038,9 milhões € em 2012. Se o deduzirmos desce para apenas 41,4%. Afirmar ou insinuar, como muitos fazem, que a despesa pública em Portugal é excessiva é ou ignorância ou a intenção de enganar a opinião pública. 

Em relação à afirmação de que as despesas do Estado com as funções sociais em Portugal são excessivas e insustentáveis e por isso é necessário reduzir a despesa significativamente, interessa dizer que, segundo o Eurostat, em 2011, a despesa pública com a saúde em Portugal correspondeu apenas 6,8% do PIB quando a média na União Europeia variava entre 7,3% e 7,4%. Em euros por habitante, em 2011, em Portugal o gasto público com a saúde foi apenas de 1.097€, quando a média nos países da UE variava entre 1.843€ (+68% do que em Portugal) e 2.094€ (+91). O mesmo se verifica em relação à proteção social, que inclui as pensões. Segundo o Eurostat, em 2011, a despesa pública com a proteção social em Portugal correspondia apenas a 18,1% do PIB quando a média na União Europeia variava entre 19,6% e 20,2% do PIB. Em euros por habitante, a diferença era ainda muito maior, Em Portugal o gasto público com a proteção social por habitante era apenas de 2.910€, quando a média nos países da União Europeia variava entre 4.932€ (+69% do que em Portugal) e 5.716€ (+96%). E nos países desenvolvidos a despesa por habitante era muito superior (Bélgica:+126%; Dinamarca:+274%; Alemanha:+114%). Mesmo se consideramos a totalidade da despesa com a saúde, educação e segurança social, em 2011 ela representava em Portugal 63,4% da despesa total do Estado quando a média na UE era de 65,7% Fazer cortes significativos na despesa com as funções sociais do Estado com a justificação de que essas despesas em Portugal são excessivas e superiores às dos outros países da UE é ou ignorância ou uma mentira para enganar a opinião pública. 

O que é insustentável e inaceitável é uma politica recessiva aplicada em Portugal em plena recessão económica, que está a causar uma quebra acentuada nas receitas do Estado e nas contribuições da Segurança Social, o que põe em perigo não só a sustentabilidade das funções sociais do Estado mas a do próprio Estado. Mais cortes na despesa pública só agravam a situação. Como dizia Keynes, só os imbecis é que não entendem isso.
A mentira e a ignorância estão cada vez mais presentes nos ataques às funções sociais do Estado pelos comentadores com acesso privilegiado aos media. É mais um exemplo concreto do pensamento único sem contraditório atualmente dominante nos grandes órgãos de comunicação social. Quem oiça esses comentadores habituais que muitas vezes revelam que não estudaram minimamente aquilo de que falam, poderá ficar com a ideia de que Portugal é um país diferente dos outros países da União Europeia onde o "Estado Social" é insustentável e está próximo da falência por ter garantido aos portugueses uma saúde, uma educação e uma proteção, que inclui o sistema de pensões, mais "generosos" do que a dos outros países e que, por isso, é insustentável. 

Um dos arautos mais conhecidos dessa tese, não porque seja um estudioso credível mas sim porque tem tido acesso fácil aos media, é Medina Carreira com as suas diatribes periódicas contra o "Estado Social". Mas antes de confrontarmos o que dizem estes comentadores com os próprios dados oficiais, divulgados até recentemente pelo Eurostat, para que o leitor possa tirar as suas próprias conclusões, interessa desconstruir uma outra grande mentira que tem sido sistematicamente repetida em muitos órgãos de comunicação social sem contraditório o que tem determinado que ela passe, a nível de opinião pública, como verdadeira. 

SERÁ VERDADE QUE PORTUGAL FOI OBRIGADO A PEDIR O EMPRÉSTIMO À "TROIKA" PORQUE NÃO TINHA DINHEIRO PARA PAGAR SALÁRIOS E PENSÕES? 

Esta é mais uma das grandes mentiras repetidas sistematicamente que não tem qualquer fundamento real, como os dados do quadro 1, retirados do relatório do OE-2013 do próprio Ministério das Finanças, provam. 

Quadro 1- Receitas dos impostos e das contribuições, e despesas com pessoal de todas as Administrações Públicas e com prestações sociais (inclui a saúde) – Anos 2011/2013 

RUBRICAS
2011 
Milhões €
2012 
Milhões €
2013 
Milhões €
Receitas Fiscais (impostos)
40.352,3
38.583,8
41.476,5
Contribuições sociais (Segurança Social e CGA)
20.926,9
19.383,6
20.114,5
TOTAL (da Receita)
61.279,2
57.967,4
61.591,0
Despesas com Pessoal
19.425,7
16.661,4
17.285,9
Prestações sociais (inclui Segurança Social, CGA, e saúde)
37.623,9
36.851,9
37.628,9
TOTAL (da despesa)
57.049,6
53.513,3
54.914,8
SALDO (Excedente)
+ 4.229,6
+ 4.454,1
+ 6.676,2
Fonte: Relatório do Orçamento do Estado para 2013, pág. 90, Ministério das Finanças
Em 2011, as receitas dos impostos e contribuições foram superiores às despesas com Pessoal de todas as Administrações Públicas mais as despesas com pensões e outras prestações, incluindo as em espécie, que são as prestadas nomeadamente pelo SNS, em +4.229,6 milhões €; em 2012 esse excedente subiu para 4,454,1 milhões € e, para 2013, o governo previa que atingisse um excedente de +6.676,2 milhões €. Para além das receitas consideradas, as Administrações Públicas têm mais receitas. Por ex. na rubrica de "Outras receitas" foram registadas, em 2012, mais 9.606,2 milhões € segundo o Ministério das Finanças. E tudo isto num período de recessão económica em que se verifica uma forte quebra nas receitas fiscais e contribuições. Afirmar, como fazem alguns comentadores e mesmo jornalistas, que o Estado foi obrigado a pedir um empréstimo à "troika" porque não tinha dinheiro para pagar salários e pensões é ignorância ou mentir descaradamente com o objetivo de manipular a opinião pública, pois os impostos e contribuições pagas todos os anos pelos portugueses são suficientes para pagar aquelas despesas. A razão porque se pediu o empréstimo à troika foi para pagar credores leoninos, que são grandes bancos, companhias de seguros, e fundos muitos deles especulativos e predadores. 

A DESPESA DO ESTADO COM AS FUNÇÕES SOCIAIS SERÁ EXCESSIVA E INSUSTENTÁVEL EM PORTUGAL COMO AFIRMAM ESTES DEFENSORES DO PODER DOMINANTE? 

Esta é uma questão que tem de ser esclarecida pois também é utilizada para manipular a opinião pública. Os dados do Eurostat constantes do quadro 1, em que é apresentada a despesa total do Estado em percentagem do PIB, permite comparar a situação portuguesa com a de outros países da União Europeia. 

Quadro 2- -Despesa total das Administrações Públicas em percentagem do PIB 

PAÍSES
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
UE- 27 países
44,8
46,2
46,6
47,2
46,8
46,8
46,3
45,6
47,1
51,1
50,6
49,1
Zona Euro
46,2
47,2
47,5
48
47,4
47,3
46,7
46
47,1
51,2
51
49,5
PORTUGAL
41,6
43,2
43,1
44,7
45,4
46,6
45,2
44,4
44,8
49,8
51,3
49,4
Fonte: Eurostat
Em 2011, e são os dados mais recentes disponibilizados pelo Eurostat, a despesa total das Administrações Públicas em Portugal representava 49,4% do PIB português, quando a média na União Europeia situava-se entre os 49,1% e 49,5%, portanto igual. E em 2012, segundo o Relatório do Orçamento do Estado para 2013 (pág, 90) do Ministério das Finanças, a despesa pública em Portugal reduziu-se para apenas 45,6% do PIB. E neste valor estão incluídos os juros da divida que atingiram 7.038,9 milhões € em 2012 devido a juros leoninos pagos por Portugal. Se deduzirmos aquela percentagem desce para apenas 41,4%. Afirmar ou insinuar, como muitos fazem, que a despesa pública em Portugal é excessiva pois é superior à média dos países da União Europeia é uma mentira. Mas é desta forma que se procura manipular a opinião pública para levá-la a aceitar o ataque violento que está em curso em Portugal ao Estado Social, em que um dos instrumentos é ameaça de mais um corte de 4.000 milhões € na despesa pública. 

EM PORTUGAL A DESPESA PÚBLICA COM A SAÚDE É INFERIOR À MEDIA DA UE 

O ataque ao Serviço Nacional de Saúde tem sido também um dos grandes objetivos destes defensores do poder económico e politico com acesso privilegiado aos grandes media. O argumento é que a despesa em Portugal é excessiva e superior à média dos países da União Europeia. Os dados que o Eurostat divulgou, constantes do quadro 2, prova que isso é mentira. 

Quadro 3– Despesa do Estado com a saúde nos países da U. E. – 2011 

PAÍSES
Em % do PIB
Em euros/habitante.
% em relação a Portugal
UE27
7,3%
1.843 €
168%
UE17
7,4%
2.094 €
191%
Bélgica
7,9%
2.655 €
242%
Dinamarca
8,4%
3.607 €
329%
Alemanha
7,0%
2.232 €
203%
Irlanda
7,5%
2.660 €
242%
França
8,3%
2.530 €
231%
PORTUGAL
6,8%
1.097 €
100%
Fonte: Eurostat
Como mostram os dados do Eurostat, tanto em percentagem do PIB como euros por habitante, aquilo que o Estado gasta em Portugal com a saúde dos portugueses é significativamente inferior não só ao que se verifica nos países mais desenvolvidos da União Europeia, mas também em relação à média comunitária. Em 2011, a despesa pública com a saúde em Portugal correspondeu apenas a 6,8% do PIB quando a média na União Europeia variava entre 7,3% e 7,4% do PIB. E em euros por habitante, a diferença era ainda muito maior. Em 2011, em Portugal o gasto público com a saúde por habitante era apenas de 1.097€, quando a média nos países da União Europeia variava entre 1.843€ (+68% do que em Portugal) e 2.094€ (+91%). E nos países desenvolvidos a despesa por habitante era muito superior à portuguesa (Bélgica:+142%; Dinamarca:+229%; Alemanha:+103%; Irlanda:+142%; França : +131%), embora a diferença de ganhos em saúde entre Portugal e esses países seja reduzida. Em 2012, com cortes nas transferências para o SNS e para os hospitais públicos aquele valor ainda desceu mais. 

A DESPESA COM A PROTEÇÃO SOCIAL EM PORTUGAL É INFERIOR TAMBÉM À MÉDIA DA UE 

Uma outra mentira é a de que a despesa com proteção social em Portugal, que inclui as pensões, é superior às dos outros países. O quadro 4, com dados do Eurostat, mostra que não é verdade. 

Quadro 4 – Despesa com a proteção social em Portugal e na União Europeia – 2011 

PAÍSES
Em % do PIB
Em euros/habitante
Valor per-capita % em relação a Portugal
UE27
19,6%
4.932 €
169%
UE17
20,2%
5.716 €
196%
Bélgica
19,5%
6.577 €
226%
Dinamarca
25,2%
10.892 €
374%
Alemanha
19,6%
6.215 €
214%
Irlanda
17,3%
6.117 €
210%
França
23,9%
7.306 €
251%
PORTUGAL
18,1%
2.910 €
100%
Fonte: Eusrostat
Como mostram os dados do Eurostat, quer se considere em percentagem do PIB, quer em euros por habitante, a despesa pública com a proteção social em Portugal, que inclui as pensões, é inferior quer à dos países mais desenvolvidos europeus quer à média dos países da União Europeia. Em 2011, a despesa pública com a proteção social em Portugal correspondia apenas a 18,1% do PIB quando a média na União Europeia variava entre 19,6% e 20,2% do PIB. E em euros por habitante, a diferença era ainda muito maior. Em Portugal o gasto público com a proteção social por habitante era apenas de 2.910€, quando a média nos países da União Europeia variava entre 4.932€ (+69% do que em Portugal) e 5.716€ (+96%). E nos países desenvolvidos a despesa por habitante era muito superior à portuguesa (Bélgica:+126%; Dinamarca:+274%; Alemanha:+114%; Irlanda:+110%; França: +151%). Fazer cortes significativos nas prestações com a justificação de que as despesas em Portugal são excessivas quando se comparam com outros países da União Europeia é mais uma mentira para enganar a opinião pública. 

EM PERCENTAGEM DA DESPESA TOTAL DO ESTADO, A DESPESA COM AS FUNÇÕES SOCIAIS EM PORTUGAL É TAMBÉM INFERIOR À MEDIA DOS PAÍSES DA UE 

Por ignorância ou com o objetivo de enganar a opinião pública, Medina Carreira fala de um limite mítico acima do qual o Estado e as funções sociais seriam insustentáveis, e que em Portugal esse limite foi largamente ultrapassado. Observem-se os dados do Eurostat constantes do quadro 5 que mostram que esse limite mítico é também uma mistificação e mentira. 

Quadro 5- Percentagem que as despesas com as funções sociais representam em relação às despesas totais do Estado em Portugal e nos países da União Europeia, 2011 

PAÍSES
Saúde
Educação
Proteção Social
TOTAL
UE27
14,9%
10,9%
39,9%
65,7%
UE17
14,9%
10,1%
40,7%
65,7%
Bélgica
14,8%
11,6%
36,6%
63,0%
Dinamarca
14,5%
13,5%
43,8%
71,8%
Alemanha
15,5%
9,4%
43,3%
68,2%
Irlanda
15,6%
10,9%
35,9%
62,4%
França
14,7%
10,8%
42,6%
68,1%
PORTUGAL
13,8%
12,9%
36,7%
63,4%
Fonte : Eurostat
Como revelam os dados do Eurostat, em 2011, 63,4% da despesa do Estado em Portugal era com as funções sociais do Estado, quando a média nos países da União Europeia era de 65,7%. No entanto, na Dinamarca atingia 71,8%, na Alemanha 68,1%, e na França 68,1%, portanto superior e, alguns deles, muito superior. Afirmar como alguns fazem que as funções sociais do Estado apenas são sustentáveis se o Estado gastar com elas muito menos de 60% da sua despesa total revela ou ignorância ou a intenção deliberada de enganar a opinião pública, Será que a Alemanha, a Dinamarca, a França, são Estados inviáveis? 

Por outro lado, a legitimidade do próprio Estado assenta fundamentalmente nas suas funções sociais já que elas, através dos seus efeitos redistributivos, reduz as desigualdades e melhora de uma forma significativa as condições de vida da esmagadora maioria da população. Querer reduzir significativamente a despesa com as funções sociais terá como consequência inevitável a redução da legitimidade do próprio Estado aos olhos da população, e transformará a sociedade numa selva em que só quem tem muito dinheiro terá acesso aos principais bens necessários à vida e a uma vida humana com dignidade. 

O que é insustentável e inaceitável é que se esteja a aplicar em Portugal uma politica fortemente recessiva em plena recessão económica, que está a destruir a economia e a sociedade portuguesa de uma forma irreparável, provocando a falência de milhares de empresas e fazendo disparar o desemprego, o que está a causar uma quebra significativa nas receitas dos Estado e da Segurança Social pondo em perigo a sustentabilidade de todas as funções sociais do Estado e do próprio Estado. Mas disto aqueles comentadores com acesso privilegiado aos média não falam nem querem falar. Os cortes sobre cortes na despesa pública não resolvem este problema, apenas agrava ainda mais a recessão económica, agravando ainda mais todos estes problemas. Como dizia Keynes só os imbecis é que não entendem isto. 

06/Abril/2013
[*] Economista, eugeniorosa@zonmail.pt 

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

 

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