BLOG ANO PORTUGAL BRASIL
PORTUGAL ABRIL 04 - 2013
Notícias–Visões e Cultura de Portugal – A Crise Econômica
ANO BRASIL PORTUGAL-Acompanhe a programação neste site:
***
INDICE
INDICE
1.PORTUGAL-Visões
2.NOTÍCIAS
3. PORTUGAL E A CRISE - Memória e Análises
&&&
1–VISÕES
Rejane Xavier AVISA E RECOMENDA...
Boa forma de conhecer Lisboa! - Classic Lisboa Ride
N'hesitez
pas montez dans ma voiture des années 70, et je vous ferais découvrir quelques
secrets de Lisbonne, une ballade en plein centre ville dans les rues étroites
anciennes pleines d'histoires, dans les plus anciens quartiers de ma LISBOA…Le
“fun” est garanti, votre sourire aussi, mon savoir aus...
BIBLIOTECA DE AVEIRO DISPONIBILIZA LIVROS SOBRE AFRICA E ORIENTE
A
"biblioteca digital" permite já ler através da internet obras
digitalizadas de Angola, Cabo Verde, Goa, Guiné, Macau, Moçambique, Portugal,
São Tomé e Príncipe e Timor, acervo que pode ser enriquecido se os particulares
que possuem obras em casa facultarem a sua digitalização ou referenciação.
A
Universidade de Aveiro, através do projeto "Memória de África e do
Oriente", tem já online mais de 2500 obras, referentes à história dos
países de Língua Portuguesa, durante a administração colonial.
14-02-2013
O projeto, que existe desde setembro de 1996, é executado pela
Universidade de Aveiro e pelo Centro de Estudos sobre África e do
Desenvolvimento (CESA) de Lisboa e tem contado com a participação de
instituições de Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e
Príncipe e Goa.
No site, com o endereço http://memoria-africa.ua.pt, além de registos
bibliográficos para orientação de investigadores e curiosos, estão agora
disponíveis e com livre acesso obras digitalizadas que vão desde livros da
escola primária do tempo colonial, a relatórios de antigos governadores das
então colónias e outros documentos oficiais.
Entre outras "preciosidades" já digitalizadas contam-se os
três volumes da "História Geral de Cabo Verde", várias obras do
cientista e poeta cabo-verdiano João Vário, toda a coleção do Boletim Geral das
Colónias, a revista do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa de Bissau
Soronda (1986-2009), o Boletim Cultural do Huambo em Angola, e "O Oriente
Português", da responsabilidade da Comissão de Arqueologia da Índia
Portuguesa, publicado entre 1905 e 1920 e retomado entre 1931 e 1940.
De acordo com Carlos Sangreman, da Universidade de Aveiro, o projeto
"Memória de África e do Oriente" em dezembro atingiu 353.991 registos
bibliográficos e 343.819 páginas digitalizadas e a base de dados já vai ser
acrescentada.
"Temos trabalhado com muitas instituições portuguesas, sendo a
ultima a Biblioteca Nacional que nos disponibilizou 67 mil registos que irão
ser colocados na base à medida que formos conseguindo compatibilizar o
formato", esclarece aquele responsável.
A
"biblioteca digital" permite já ler através da internet obras
digitalizadas de Angola, Cabo Verde, Goa, Guiné, Macau, Moçambique, Portugal,
São Tomé e Príncipe e Timor, acervo que pode ser enriquecido se os particulares
que possuem obras em casa facultarem a sua digitalização ou referenciação.
MSO // JGJ.
usa / Fim
2- NOTICIAS
Portugal sem passaporte – o povo
· Portugal “descobre” site
brasileiro na Internet que oferece cursos universitários online gratuitos
CITADOR - http://www.citador.pt/textos/
ARQUIVOS
-http://aventadores.files.wordpress.com/2012/02/pacheco-pereira.pdf
JÁ AGORA - http://pt.scribd.com/doc/62259508/Ja-Agora-o-jornal-gratuito-da-Covilha-e-Fundao-n%C2%BA-93
PARTIDOS
Portal Esquerda: www.esquerda.net
Congresso Alternativas - http://www.congressoalternativas.org
3
– A CRISE
VENCER A CRISE COM O ESTADO SOCIAL E
COM A DEMOCRACIA
CONFERÊNCIA
A REALIZAR NO DIA 11 DE MAIO, EM LISBOA
QUE SE LIXE A TOIKA
Segunda-feira, 1 de
Abril de 2013
Esclarecimento
O QSLT é um fenómeno novo em Portugal e a sua definição escapa à
generalidade dos analistas e comentadores. O seu formato e os seus modos de
acção não encaixam nos formatos tradicionais de organização política e a sua
actividade colectiva não é marcada por lideranças que facilitem mediatismos.
Somos rostos comuns, de pessoas comuns que activamente decidiram participar,
serem parte da solução rejeitando a acusação de que são parte do problema. Não
somos membros de nenhuma seita ou irmandade secreta. Não lucrámos com os casos
BPN, BPP, BCP, submarinos, Freeport ou Portucale. Não temos dinheiros em
offshores. Não somos donos de jornais, rádios ou televisões.
1. Somos um grupo de pessoas que independentemente da sua filiação/simpatia ou independência partidária ou sindical decidiram que era urgente e necessário encontrar articulações e consensos em torno da análise política que se pode fazer do país sob intervenção da Troika. Este grupo diversificado e de geometria variável discute, reflecte, consensualiza ideias e propostas de acções cujo apelo se tem concentrado em algumas linhas de força: crítica das políticas de austeridade, demissão do governo, retirada da Troika do país no âmbito do cumprimento da Constituição, defesa das funções sociais do Estado e dos recursos estratégicos do país, concepção de uma economia para as pessoas.
2. Este colectivo de pessoas não tem fundadores, porta - vozes ou representantes. Tem membros que participam em discussões e em acções propostas em plenários, reuniões e pela net. A sua participação é paritária e, em regra,as decisões são tomadas por consenso ou, em alternativa, por maioria. Os membros que falam à comunicação social são rotativos. Existem formas de articulação com outros movimentos e com subscritores que estão em diversas partes do país e que nesses locais decidem e definem estratégias particulares de actuação.
3. Este colectivo não tem qualquer financiamento externo, quer de empresas, quer de partidos, sindicatos ou outros. Os apoios são resultado de cedências, parcerias e de decisões voluntárias de pessoas e colectivos envolvidos nas acções do QSLT. Por exemplo, o carro de som que fez a frente da manifestação de 2 de Março foi disponibilizado por um companheiro de nome António (a quem aproveitamos para agradecer), que chegou ao Marquês de Pombal três horas antes da manifestação e que nenhum dos subscritores conhecia anteriormente. Cartazes e folhetos são pagos pelos membros em colectas de valor reduzido, e o design e trabalho de artes finais são feitos por membros que são profissionais nessas áreas, tal como as filmagens, montagens e edições de vídeos, músicas, textos, imagens, etc são o resultado do trabalho de artistas e outros profissionais diversos (realizadores/produtores, músicos, actores, jornalistas,web designers, informáticos, etc...). Este é um espírito de colaboração, partilha de saberes e conhecimentos e de distribuição de competências que acreditamos ser de difícil compreensão para o poder actual. O resto é activismo e energia, redes de contactos, facilitação de colaborações, numa plataforma de diálogo e de interajuda.
1. Somos um grupo de pessoas que independentemente da sua filiação/simpatia ou independência partidária ou sindical decidiram que era urgente e necessário encontrar articulações e consensos em torno da análise política que se pode fazer do país sob intervenção da Troika. Este grupo diversificado e de geometria variável discute, reflecte, consensualiza ideias e propostas de acções cujo apelo se tem concentrado em algumas linhas de força: crítica das políticas de austeridade, demissão do governo, retirada da Troika do país no âmbito do cumprimento da Constituição, defesa das funções sociais do Estado e dos recursos estratégicos do país, concepção de uma economia para as pessoas.
2. Este colectivo de pessoas não tem fundadores, porta - vozes ou representantes. Tem membros que participam em discussões e em acções propostas em plenários, reuniões e pela net. A sua participação é paritária e, em regra,as decisões são tomadas por consenso ou, em alternativa, por maioria. Os membros que falam à comunicação social são rotativos. Existem formas de articulação com outros movimentos e com subscritores que estão em diversas partes do país e que nesses locais decidem e definem estratégias particulares de actuação.
3. Este colectivo não tem qualquer financiamento externo, quer de empresas, quer de partidos, sindicatos ou outros. Os apoios são resultado de cedências, parcerias e de decisões voluntárias de pessoas e colectivos envolvidos nas acções do QSLT. Por exemplo, o carro de som que fez a frente da manifestação de 2 de Março foi disponibilizado por um companheiro de nome António (a quem aproveitamos para agradecer), que chegou ao Marquês de Pombal três horas antes da manifestação e que nenhum dos subscritores conhecia anteriormente. Cartazes e folhetos são pagos pelos membros em colectas de valor reduzido, e o design e trabalho de artes finais são feitos por membros que são profissionais nessas áreas, tal como as filmagens, montagens e edições de vídeos, músicas, textos, imagens, etc são o resultado do trabalho de artistas e outros profissionais diversos (realizadores/produtores, músicos, actores, jornalistas,web designers, informáticos, etc...). Este é um espírito de colaboração, partilha de saberes e conhecimentos e de distribuição de competências que acreditamos ser de difícil compreensão para o poder actual. O resto é activismo e energia, redes de contactos, facilitação de colaborações, numa plataforma de diálogo e de interajuda.
Sábado, 2 de Março de 2013
1 Milhão e Meio nas Ruas. 800 Mil em Lisboa
Temos dados de 30 cidades. Ainda faltam algumas, mas já podemos
garantir que pelo menos um milhão e meio de pessoas se manifestou contra a
troika e o governo neste dia histórico.
Angra do Heroismo 50 | Barcelona 30 | Beja 1000 | Braga 7000 | Caldas da Rainha 3000 | Castelo Branco 1000 | Chaves 200 | Coimbra 20000 | Entroncamento 300 | Estocolmo 15 | Faro 6000 | Guarda 1000 | Horta 160 | Lisboa 800000 | Londres 100 | Loulé 800 | Marinha Grande 3000 | Paris 100 | Ponta Delgada 500 | Portimão 5000 | Porto 400000 | Santarém 500 | Setúbal 7000 | Sines 120 | Tomar 200 | Torres Novas 250 | Viana do Castelo 1000 | Vila Real 1800 (em actualização).
Angra do Heroismo 50 | Barcelona 30 | Beja 1000 | Braga 7000 | Caldas da Rainha 3000 | Castelo Branco 1000 | Chaves 200 | Coimbra 20000 | Entroncamento 300 | Estocolmo 15 | Faro 6000 | Guarda 1000 | Horta 160 | Lisboa 800000 | Londres 100 | Loulé 800 | Marinha Grande 3000 | Paris 100 | Ponta Delgada 500 | Portimão 5000 | Porto 400000 | Santarém 500 | Setúbal 7000 | Sines 120 | Tomar 200 | Torres Novas 250 | Viana do Castelo 1000 | Vila Real 1800 (em actualização).
Moção de Censura Popular
Esta Moção de Censura Popular expressa a vontade de um povo que
quer tomar o presente e o futuro nas suas mãos. Em democracia, o povo é quem
mais ordena.
Os diferentes governos da troika não nos representam. Este governo não nos representa. Este governo é ilegítimo. Foi eleito com base em promessas que não cumpriu. Prometeu que não subiria os impostos, mas aumentou-os até níveis insuportáveis. Garantiu que não extorquiria as pensões nem cortaria os subsídios de quem trabalha, mas não há dia em que não roube mais dinheiro aos trabalhadores e reformados. Jurou que não despediria funcionários públicos nem aumentaria o desemprego, mas a cada hora que passa há mais gente sem trabalho.
Esta Moção de Censura é a expressão do isolamento do governo. Pode cozinhar leis e cortes com a banca e a sua maioria parlamentar. O Presidente da República até pode aprovar tudo, mesmo o que subverte a Constituição que jurou fazer cumprir. Mas este governo já não tem legitimidade. Tem contra si a população, que exige, como ponto de partida, a demissão do governo, o fim da austeridade e do domínio da troika sobre o povo, que é soberano.
Que o povo tome a palavra! Porque o governo não pode e não consegue demitir o povo, mas o povo pode e consegue demitir o governo. Não há governo que sobreviva à oposição da população.
Esta Moção de Censura Popular é o grito de um povo que exige participar. É a afirmação pública de uma crescente vontade do povo para tomar nas suas mãos a condução do país, derrubando um poder corrupto que se arrasta ao longo de vários governos.
No dia 2 de Março, por todo o país e em diversas cidades pelo mundo fora, sob o lema "Que se lixe a troika! O povo é quem mais ordena", o povo manifestou uma clara vontade de ruptura com as políticas impostas pela troika e levadas a cabo por este governo.
Basta! Obviamente, estão demitidos. Que o povo ordene!
Os diferentes governos da troika não nos representam. Este governo não nos representa. Este governo é ilegítimo. Foi eleito com base em promessas que não cumpriu. Prometeu que não subiria os impostos, mas aumentou-os até níveis insuportáveis. Garantiu que não extorquiria as pensões nem cortaria os subsídios de quem trabalha, mas não há dia em que não roube mais dinheiro aos trabalhadores e reformados. Jurou que não despediria funcionários públicos nem aumentaria o desemprego, mas a cada hora que passa há mais gente sem trabalho.
Esta Moção de Censura é a expressão do isolamento do governo. Pode cozinhar leis e cortes com a banca e a sua maioria parlamentar. O Presidente da República até pode aprovar tudo, mesmo o que subverte a Constituição que jurou fazer cumprir. Mas este governo já não tem legitimidade. Tem contra si a população, que exige, como ponto de partida, a demissão do governo, o fim da austeridade e do domínio da troika sobre o povo, que é soberano.
Que o povo tome a palavra! Porque o governo não pode e não consegue demitir o povo, mas o povo pode e consegue demitir o governo. Não há governo que sobreviva à oposição da população.
Esta Moção de Censura Popular é o grito de um povo que exige participar. É a afirmação pública de uma crescente vontade do povo para tomar nas suas mãos a condução do país, derrubando um poder corrupto que se arrasta ao longo de vários governos.
No dia 2 de Março, por todo o país e em diversas cidades pelo mundo fora, sob o lema "Que se lixe a troika! O povo é quem mais ordena", o povo manifestou uma clara vontade de ruptura com as políticas impostas pela troika e levadas a cabo por este governo.
Basta! Obviamente, estão demitidos. Que o povo ordene!
Sexta-feira, 1 de Março de 2013
Texto de Sara Figueiredo Costa
A quem pergunta pelos motivos para sair à rua no dia 2 de Março
apetece devolver a interrogação, mas com novos termos: que motivos não haverá
para sair à rua no dia 2 de Março?
Se os mais cépticos precisam de números, demos-lhes números: diz o Jornal de Notícias de há poucos dias que «54 % da população activa estão sem trabalho, não constam nas listas dos centros de emprego mesmo estando desempregados, são subcontratados ou têm ligações precárias às entidades contratantes». Há outros números por onde escolher, do abandono escolar às crianças que passaram a ir para a escola de barriga vazia, dos doentes sem dinheiro para medicamentos aos velhos que deixaram de sair de casa porque já não podem pagar o passe. O problema dos números é que, por aparecerem todos os dias nos noticiários e por servirem de discórdia retórica no parlamento (onde há sempre um contraditório qualquer que os desmente parcialmente, deixando o resultado mais ou menos na mesma), começam a não produzir grande efeito. Lembrar que os números escondem pessoas de carne e osso é uma verdade de la palisse, mas ainda servirá para alguma coisa. Por cada pedaço dessas percentagens infames conhecemos alguns ou muitos rostos de gente sem trabalho, de gente com operações marcadas e sucessivamente adiadas, gente sem dinheiro para chegar ao fim do mês, gente que já prescindiu da electricidade e do gás e já não sabe onde cortar mais. E tudo isto enquanto banqueiros sem escrúpulos nos dizem que aguentamos, empresários que deslocaram os seus impostos para o estrangeiro nos dizem que devíamos ser empreendedores, governantes com pensões vitalícias nos dizem que os sacrifícios estão quase a valer a pena.
Sabemos o que dizem os cépticos: que as manifestações não servem para nada. E sabemos o que dizem os paladinos do respeitinho muito lindo: que este governo foi eleito democraticamente e que não faz sentido andar na rua a pedir a sua demissão. Será preciso lembrar que aquela viagem às urnas de quatro em quatro anos, que os cépticos acreditam ser a nossa única forma de participar na democracia, serve para votar um programa de governo e não o conjunto de rostos que o vai executar? E será preciso lembrar que o último programa de governo escrutinado não previa esta austeridade, estes impostos ou esta chacina dos serviços públicos, e muito menos a entrega das nossas vidas à troika em troca de mais empréstimos?
Nos autocarros e nos cafés há quem brade contra a política e os políticos, colocando-se naquele patamar de pureza ingénua que assegura ausência de responsabilidade pelo futuro, em troca de um bode expiatório, neste caso a política, o mesmo bode expiatório que tantas vezes abriu portas aos paizinhos de uma qualquer verdade absoluta para que viessem tomar conta, por nós, daquilo que a nós diz respeito. Talvez não valha a pena repetir. Estamos cá, temos cabeça para pensar, palavras para discutir e voz para levantar.
Se as ruas ocupadas por milhares de vozes não dizem nada ao governo e à troika, não será por isso que a eficácia da ocupação das ruas se torna menor. Milhares de vozes a gritarem juntas produzem sempre algum efeito. Se o efeito é uma dor de cabeça ministerial ou um pequeno desvio no eixo de rotação da terra, não temos como saber antes de sair à rua, mas creio que o resultado mais importante, aquele que os telejornais não têm como medir, é a certeza sobre o que podemos fazer quando nos organizamos. Com isso havemos de fazer mais do que uma enorme manifestação, mas para já, comecemos por algum lado.
Se os mais cépticos precisam de números, demos-lhes números: diz o Jornal de Notícias de há poucos dias que «54 % da população activa estão sem trabalho, não constam nas listas dos centros de emprego mesmo estando desempregados, são subcontratados ou têm ligações precárias às entidades contratantes». Há outros números por onde escolher, do abandono escolar às crianças que passaram a ir para a escola de barriga vazia, dos doentes sem dinheiro para medicamentos aos velhos que deixaram de sair de casa porque já não podem pagar o passe. O problema dos números é que, por aparecerem todos os dias nos noticiários e por servirem de discórdia retórica no parlamento (onde há sempre um contraditório qualquer que os desmente parcialmente, deixando o resultado mais ou menos na mesma), começam a não produzir grande efeito. Lembrar que os números escondem pessoas de carne e osso é uma verdade de la palisse, mas ainda servirá para alguma coisa. Por cada pedaço dessas percentagens infames conhecemos alguns ou muitos rostos de gente sem trabalho, de gente com operações marcadas e sucessivamente adiadas, gente sem dinheiro para chegar ao fim do mês, gente que já prescindiu da electricidade e do gás e já não sabe onde cortar mais. E tudo isto enquanto banqueiros sem escrúpulos nos dizem que aguentamos, empresários que deslocaram os seus impostos para o estrangeiro nos dizem que devíamos ser empreendedores, governantes com pensões vitalícias nos dizem que os sacrifícios estão quase a valer a pena.
Sabemos o que dizem os cépticos: que as manifestações não servem para nada. E sabemos o que dizem os paladinos do respeitinho muito lindo: que este governo foi eleito democraticamente e que não faz sentido andar na rua a pedir a sua demissão. Será preciso lembrar que aquela viagem às urnas de quatro em quatro anos, que os cépticos acreditam ser a nossa única forma de participar na democracia, serve para votar um programa de governo e não o conjunto de rostos que o vai executar? E será preciso lembrar que o último programa de governo escrutinado não previa esta austeridade, estes impostos ou esta chacina dos serviços públicos, e muito menos a entrega das nossas vidas à troika em troca de mais empréstimos?
Nos autocarros e nos cafés há quem brade contra a política e os políticos, colocando-se naquele patamar de pureza ingénua que assegura ausência de responsabilidade pelo futuro, em troca de um bode expiatório, neste caso a política, o mesmo bode expiatório que tantas vezes abriu portas aos paizinhos de uma qualquer verdade absoluta para que viessem tomar conta, por nós, daquilo que a nós diz respeito. Talvez não valha a pena repetir. Estamos cá, temos cabeça para pensar, palavras para discutir e voz para levantar.
Se as ruas ocupadas por milhares de vozes não dizem nada ao governo e à troika, não será por isso que a eficácia da ocupação das ruas se torna menor. Milhares de vozes a gritarem juntas produzem sempre algum efeito. Se o efeito é uma dor de cabeça ministerial ou um pequeno desvio no eixo de rotação da terra, não temos como saber antes de sair à rua, mas creio que o resultado mais importante, aquele que os telejornais não têm como medir, é a certeza sobre o que podemos fazer quando nos organizamos. Com isso havemos de fazer mais do que uma enorme manifestação, mas para já, comecemos por algum lado.
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