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PORTUGAL 28 de FEVEREIRO 2013
Notícias–Visões e Cultura de Portugal – A Crise Econômica
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INDICE
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1.PORTUGAL-Visões
2.NOTÍCIAS
3. PORTUGAL E A CRISE - Memória e Análises
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1–VISÕES
Lisboa é mesmo assim...
Eugénio de Sá
E o Tejo, a seus pés, testemunhou
Os amores que em Lisboa aconteceram
Uns libertos, floridos, que aprovou
Outros, feridos de morte, pereceram.
Mas ela vive, e permanece ainda
Cada dia mais nobre, mais amante
Desce as sete colinas sempre linda
E vai beijar oTejo, palpitante.
E pla noitinha vai ouvir o fado
prova do vinho novo nas tasquinhas
e satisfaz-se c'o um chouriço assado
Já madrugada alta ora às alminhas
Que dormir sem rezar inda é pecado
E Lisboa é assim, doce e traquinas
Amar Lisboa
Ana Kilesse
No meu ser senti pulsar toda a beleza
Até onde o olhar conseguia alcançar...
Amores eu via cheios de certezas
Debutando a cidade onde é fácil amar.
Sem que mais atentasse na razão
Já sem questionamento que nada me dizia
Me deteitou essa mágica paixão
Nascida em cada canto que apaixonada
via.
O fado fascinava o meu ser encantado
Buscando - além dos mares - amores
profanos
Falava,em versos, de cada mal-amado.
Momentos de prazer, belos, insanos
Vivi inebriada pelo amor cantado
Lisboa é sempre igual; nãoconta os anos.
Edição
e Revisão
Eugénio
de Sá
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Carta aberta ao ministro das Finanças alemão
O Senhor Ministro afirmou que há
países da União Europeia que têm inveja da Alemanha. A primeira observação que
quero fazer, Senhor Ministro, é que as relações entre Estados não se regem por
sentimentos da natureza que referiu. As relações entre Estados pautam-se por
interesses.
Queria dizer-lhe
também, Senhor Ministro, que comparar a atitude de alguns Estados a miúdos que
na escola têm inveja dos melhores alunos é, no mínimo, ofensivo para milhões de
europeus que têm feito sacrifícios brutais nos últimos anos, com redução muito
significativa do seu poder de compra, que sofrem com uma recessão económica que
já conduziu ao encerramento de muitas empresas, a volumes de desemprego
inaceitáveis e a uma perda de esperança no futuro.
E acrescentou o
Senhor Ministro: “Os outros países sabem muito bem que assumimos as nossas
responsabilidades…”. Fiquei a saber que a nova forma de qualificar o conceito
de poder é chamar-lhe responsabilidade!
E disse mais o
Senhor Ministro: “Cada um tem de pôr o seu orçamento em ordem, cada um tem de
ser economicamente competitivo”. A este respeito gostaria de o informar que já
tínhamos percebido, estamos a fazê-lo com muito sacrifício, sem tergiversar e
segundo as regras que foram impostas.
Quando o ministro
das Finanças do mais poderoso Estado da União Europeia faz afirmações deste
jaez, passa a ser um dos responsáveis para que o projeto europeu esteja cada
vez mais perto do fim.
Passo a explicar. O
grande objetivo do projeto europeu foi garantir a paz na Europa e como escreveu
um antigo e muito prestigiado deputado europeu, Francisco Lucas Pires, “… essa
paz não foi conquistada pelas armas mas sim através de uma atitude de vontade e
inteligência e não como um produto de uma simples necessidade ou automatismo…”.
A paz e a prosperidade na Europa só foram possíveis porque no desenvolvimento
do projeto político de integração europeia teve-se em conta a grande
diversidade de interesses, as diferentes culturas e tradições e os diferentes
olhares sobre o mundo. Procurou-se sempre conjugar todas essas variedades, tons
e diferenças dos Estados-membros numa matriz de valores comuns.
Esta declaração de
Vossa Excelência põe tudo isto em causa, ao apontar o sentimento da inveja como
o determinante nas relações entre Estados-membros da União Europeia. Quero
dizer-lhe, Senhor Ministro, que o sentimento da inveja anda normalmente
associado a uma cultura de confrontação e não tem nada a ver com uma outra
cultura, a de cooperação.
Com esta
declaração, Vossa Excelência quer de forma subtil remeter para outros Estados a
responsabilidade pela confrontação que se anuncia. Essa atitude é revoltante,
inaceitável e deve ser denunciada.
A declaração de
Vossa Excelência, para além de revelar uma grande ironia, própria dos que se
sentem superiores aos outros, não é de todo compatível com a cultura de
compromisso que tem sido a matriz essencial da construção do sonho europeu dos
últimos 60 anos.
Vossa Excelência,
ao expressar-se da forma como o fez, identificando a inveja de outros
Estados-membros perante o “sucesso” da Alemanha, está de forma objetiva a
contribuir para desvalorizar e até aniquilar todos os progressos feitos na
Europa com vista à consolidação da paz e da prosperidade, em liberdade e em
solidariedade. Com esta declaração, Vossa Excelência mostra que o espírito
europeu para si já não existe.
Eu sei que a
unificação alemã veio alterar de forma muito profunda as relações de poder na
União Europeia. Mas o que não deveria acontecer é que esse poder acrescido
viesse pôr em causa o método comunitário assente na permanente busca de
compromissos entre variados e diferentes interesses e que foi adotado com
sucesso durante décadas. O caminho que ultimamente vem sendo seguido é o
oposto, é errado e terá consequências dramáticas para toda a Europa. Basta ler
a história não muito longínqua para o perceber.
Não será boa ideia
que as alterações políticas e institucionais necessárias à Europa venham a ser
feitas baseadas, quase exclusivamente, nos interesses da Alemanha. Isso seria a
negação do espírito europeu. Da mesma forma, também não será do interesse
europeu o desenvolvimento de sentimentos anti-Alemanha.
Tenho a perceção de
que a distância entre estas duas visões está a aumentar de forma que parece ser
cada vez mais rápida e, por isso, são necessários urgentes esforços, visíveis
aos olhos da opinião pública, de que a União Europeia só poderá sobreviver se
as modificações inadiáveis, especialmente na zona euro, possam garantir que nos
próximos anos haverá convergência entre as economias dos diferentes
Estados-membros.
As declarações de
Vossa Excelência vão no sentido de cavar ainda mais aquele fosso e, por isso,
como referiu recentemente Jean-Claude Juncker a uma revista do seu país, os
fantasmas da guerra que pensávamos estar definitivamente enterrados, pelos
vistos só estão adormecidos. Com esta declaração, Vossa Excelência parece
querer despertá-los.
José da Silva Peneda
Presidente do Conselho Económico e Social
Presidente do Conselho Económico e Social
3
– A CRISE
VENCER A CRISE COM O ESTADO SOCIAL E
COM A DEMOCRACIA
CONFERÊNCIA
A REALIZAR NO DIA 11 DE MAIO, EM LISBOA
Noam Chomsky explica o que está em causa aos
portugueses e europeus
Professor emérito
do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, destacou-se pelos seus trabalhos
na área da Linguística, desenvolvendo uma teoria baseada na abordagem das propriedades
da Matemática, aplicadas às linguagens formais.
É um militante político de esquerda e a suas análises sobre a crise endémica do sistema capitalista caracterizam-se pelo rigor dialético que as enforma.
É um militante político de esquerda e a suas análises sobre a crise endémica do sistema capitalista caracterizam-se pelo rigor dialético que as enforma.
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