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BLOG ANO PORTUGAL BRASIL
PORTUGAL ABRIL 17 - 2013
Notícias–Visões e Cultura de Portugal – A Crise Econômica
ANO BRASIL PORTUGAL-Acompanhe a programação neste site:
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INDICE
INDICE
1.PORTUGAL-Visões
2.NOTÍCIAS
3. PORTUGAL E A CRISE - Memória e Análises
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1–VISÕES An enchanted bookstore
The Portuguese inspiration of Harry
Potter
Lello, a bookstore in Oporto founded in 1906, is
famous for its exuberant neogothic architecture. In the early 1990s an English
teacher called Joanne Rowling spent many hours here, in the small coffee shop
on the second floor, working on a book about wizards. The book’s hero, a boy
called Harry Potter, goes to Hogwarths, a school of witchcraft and
wizardry whose revolving staircase and gothic motifs are likely to have
been inspired by Lello’s interior.
If you visit Oporto, don’t miss the chance to visit
Lello. And, if you do, please buy a book. In a world where bookstores are
becoming extinct, we need to preserve places where we can still find magic.
Lello bookstore,
Rua das Carmelitas 144 , Porto.
2- NOTICIAS
Portugal sem passaporte – o povo
3
– A CRISE
Tráfico
& corrupção: Doença genética do capitalismo
por César Príncipe
Sobre
tráfico e corrupção muito se fala e pouco se clarifica. Situaremos o problema
na esfera ideológica e na ilustração do concreto. No sistema do capitalismo
real, o tráfico e a corrupção são elementos estruturantes; no sistema do
socialismo real, são elementos acidentais. Não é um mero contraditório
semântico e muito menos um resquício de ingenuidade ou um preconceito
transformado em filosofia: a experiência histórica revela o problema e
confronta o dilema. Bastará sinalizar quatro países como observatório: EUA,
Portugal, URSS, Cuba. Nos Estados Unidos, um dos super-veículos das virtudes
do capital, o tráfico de influências e a corrupção granjearam estatuto legal
e gabinete no Congresso. Sentaram-se à cabeceira da Mesa do Plano e do
Orçamento. Passaram à categoria de lobby. Conquistaram espaço de
diálogo junto do Legislador e nas cercanias do Executivo. Em Portugal, o lobby esconde-se sob nomes
grotescos como sucateiro ou pós-modernos como parceria público-privada. Mas é
possível estabelecer uma barreira sanitária. Na União Soviética, o tráfico de
favores e a corrupção existiam mas não determinavam as relações
estatais-empresariais nem a diplomacia económica. Não por obra e graça do homem novo. A democratização do
ensino e a didáctica cívica não seriam dissuasores bastantes. A ordem
económico-financeira de natureza socialista é o factor condicionante. No
socialismo real, os benefícios à margem da lei, em geral, não transcendem o
abuso corrente, o nepotismo, a promoção sem mérito, o acesso a mordomias. Já
no capítulo do comércio externo aumenta o potencial de risco, pois entram em
cena actores privados e podem ser sugeridas escapatórias extraterritoriais.
Mantém-se, porém, nos gráficos da relatividade.. Aplicada a tese a Cuba, o
Estado impôs dispositivos de curto-circuito, e como os meios são escassos,
embora a corruptela possa atingir alguns departamentos ou alguns agentes, não
é fácil alcançar escala: a vida do traficante, do corrupto e do corruptor
move-se numa malha apertada, já que a economia de peso está em mãos da mesma
entidade e a finança não serve de lavandaria nem faz ponte com paraísos
fiscais e as autoridades têm tradição supervisora, até porque o Império (a
150 quilómetros) tenta a cada minuto minar a credibilidade do regime. A teoria do bom selvagem do Norte A nossa tese vai, portanto, no sentido de que o tráfico e a corrupção não são uma doença infantil ou senil do capitalismo, mas um expediente necessário ao longo dos ciclos de acumulação de riqueza, de sabotagem e anulação da concorrência, de drenagem dos erários para os privados. Daí que, ao contrário do acento posto pelo núcleo português da Transparency International, [1] que elabora um mapa de corrupção, desenhado segundo padrões de subdesenvolvimento/ Favor com favor se paga Para assegurar o pleno funcionamento e buscar o máximo rendimento, o capitalismo de ponta, com formação académica cosmopolita, treinado em ditaduras brutais e democracias formais, cuida das relações com o Estado (Administração Central/Local/Regional), apostando na criação e aliciamento de pessoal que desempenhe funções em nome da Cidadania e do Serviço Público. Os protagonistas do capital, utilizando os seus legisladores na Assembleia da República, nos Governos, em Sociedades de Advogados, estas, desde há anos, alçadas a quinto órgão de soberania, começam por reformular os imperativos republicanos (não foi por acaso que a primeira revisão constitucional se voltou para a matéria económica). [2] Aqui actua o legislador, fabricando, por caderno de encargos, complacência ou incompetência, ordenamentos à medida das clientelas, das suas oportunidades e dos seus sobressaltos. A legislação permite lucros imorais aos grupos financeiros.Quem aponta o dedo ao complot legalista? Karl Marx, em 1867? Não. José Castanheira, em 2012. [3] Para outros, tratar-se-á de má qualidade do processo legislativo. É um parecer tecnicista e benévolo muito em voga entre os bloquistas centrais com alguma subtileza e capacidade de desculpa. Na realidade, o enriquecimento lícito é tanto ou mais grave e danoso do que o enriquecimento ilícito. E como se ascende a membro da tríade legislativa? Óbvio: através de outra tríade, a partidária (PSD/CDS/PS). O grande capital é mecenas destas companhias de teatro eleitoral, coopera na indicação ou sugestão de representantes da Nação, recruta quadros para o vaivém EE/Empresa-Estado/Estado- A Grande Porca Opinadores dos EUA caracterizam a elite governativa do seu país, farol e torre de controlo do capitalismo, como cleptocracia bipartidária. [8] Em Portugal, dadas as dificuldades na imposição de todo o receituário neoliberal (convirá relembrar aos coleccionadores de calendários: houve uma Revolução democrática em 1974 e continua em alta a resistência constitucional), optou-se pelo consenso alargado, recorrendo-se à via tripartidária, tendo a direita clássica atraído a direita moderna (PS) para conluios domésticos e cumplicidades internacionais e a direita moderna convidado a arcaica para parceiratos, reabilitando inclusive figuras do Estado Novo no Novo Estado. Rotativismo? Caciquismo? Tráfico? Corrupção? Lojas de Conveniência? Mimetismo Negocista? Nem precisaríamos de citar um ex-governante norte-americano, temos doutrina caseira e secular (1908): Nenhum dos dois partidos (Regenerador e Progressista) se distingue do outro, a não ser pelo nome do respectivo chefe. [9]Não se distingue nas opções de fundo e no arrivismo dos barões. Na transição do séc. XIX/XX, como na transição do séc. XX/XXI, havia ministeriáveis, ministros e ex-ministros implicados em esquemas (rostos do painel: Hintze Ribeiro/José Luciano e Castro). Oliveira e Costa, Dias Loureiro, Isaltino Morais, Armando Vara, José Penedos & aparentados podem consultar os sacos azuis da Monarquia e os cadastros do Fascismo e descobrir o seu brasão no Armorial. Hoje, o fantasma BPN/SLN ronda o inquilino de Belém, como o fantasma Freeport ronda o ex-inquilino de São Bento, como o fantasma dos adiantamentos rondou o rei Carlos. Vivemos na democracia daGrande Porca: [10] Fax de Macau, Bragaparques, Contentores de Alcântara, Banco Insular, Face Oculta, Apito Dourado, Operação Furacão, Portucale, Monte Branco, EXPO, Ponte Vasco da Gama, Submarinos & Casinos, Prescrições de Processos de Fundos Comunitários UGT & Américo Amorim, Aditamentos & Contratos Paralelos, Concursos Directos & Pagamentos Sem Conta, Contabilidades Engenhosas & Derrapagens Calculadas. Como afiança o rifão: O céu é de quem o ganha, a terra de quem a apanha. Como desabafou o refugiado António Guterres, isto é um pântano.Como gracejou o desertor Durão Barroso, isto está de tanga. Como reconheceu, sem rodeios, o empresário Henrique Neto, isto (Portugal) está entregue à máfia. A mafiocracia já actua de cara destapada na Americolândia, na Eurolândia, na Lusolândia: Goldman Sachs, Icesave, Allied Irish Bank, BPN, Bankia aí estão para comprovar que os maiores assaltos a bancos são perpetrados por bancos e dentro dos bancos. Na década de 80, escrevi algo de antecipador relativamente ao colapso do sistema financeiro/2008: o maior assalto a um banco não é praticado à metralhadora mas com caneta Parker. [11] Os comunistas socorrem-se de um instrumental dialéctico e sinalético que lhes permite visão de microscópio e telescópio. Pena foi e continua a ser que demasiados portugueses não usem lentes de ver ao perto e ao longe. Cá como lá: Os dois maiores obstáculos para a democracia nos Estados Unidos são: primeiro, a ilusão generalizada entre os pobres de que temos uma democracia, e segundo, o terror crónico entre os ricos de que tenhamos uma. Edward Dowling o escreveu. John Pilger o subscreveu. [12] Três Perguntas Quem lembrou que os gastos do Estado com as parcerias público-privadas estão estimados em 38 mil milhões de euros? (Há estimativas de despesa contratualizada de 50 mil milhões). Carlos Moreno. [13] Quem salientou que o pagamento de juros (da dívida de perto de 20 mil milhões de euros das empresas públicas de transportes) representa 75% dos prejuízos? José Manuel Viegas. [14] Quem pretenderá ocultar o conflito de interesses da auditoria a 36 parcerias público-privadas e a 24 concessões, encomendada pelo Governo à consultora Ernest &Young, que trabalha para os grupos José de Mello Saúde, Somague e Águas de Portugal, Endesa e Iberdrola, entre vários outros, parte interessada em várias PPP, como Lusoponte, Auto-Estradas do Atlântico, Auto-Estradas Túnel do Marão, Barragens de Gouvães, Alto Tâmega, Daivões e Girabolhos, Hospital de Braga, Hospital de Vila Franca de Xira? Uma Resposta Poderíamos citar numerosas autoridades em assuntos públicos e privados, brilhantes defensores ou detractores do público e do privado, mas resolvemos transcrever a posição de um arauto dos princípios colectivos e das riquezas das nações. Que pensar de quem vende e trafica bens soberanos? De quem desvirtua a Constituição da República? Há 2.000 anos um culto e radioso espírito já interpelava os privatizadores, já condenava a apropriação do que é da Humanidade por alguns humanos (ou desumanos). A água das Metamorfoses é a metáfora do inalienável. A palavra a Ovídio: Porque me proibis a água? O uso da água é comum a todos. Nem a natureza produziu um sol privado, nem o próprio ar, nem a fluida água. É um bem público aquilo a que venho. [15] Tríade mediática Cumpre-nos clarificar na praça e nos suportes de comunicação livres o que é ocultado, desfocado e cortado nas televisões, jornais e rádios, na tríade mediática. Mais do que explorar o filão das novelas judiciárias , a opinião publicada carece de uma armadura conceptual, de uma agenda de investigação até ao osso e de colunas de tratamento sem anestesia. No entanto, sempre que os media dos grupos se referem a casos dos grupos, excitam-se com o tema durante uns dias e de imediato recentram as atenções nas manchetes de futebol, sangue e sexo. A criminalidade económica público-privada e a liquidação do património estratégico não sugerem aprofundamento. Tocam áreas cruzadas e personagens com guarda-chuva. Os media preferem incidir os holofotes sobre uma ou outra personalidade mais indefesa ou caricata, um outro incidente mais movimentado. Resumem o escrito e o dito ao texto, ignorando o contexto. Ora, o tráfico e a corrupção, bem como a entrega do ouro ao bandido, remetem-nos para a engrenagem institucional-partidária e para a sua tutela, o grande capital. A comunicação, que se proclama social, contenta-se com o clamor inócuo e o comentário de superfície, a fim de não despertar quem a vê, quem a lê, quem a escuta. Ao ficar-se pela rama, entregue ao pensamento único e à contra-informação, acaba por desempenhar um papel equívoco, branqueador de factos e desnorteador de mentes. Uns branqueiam vis metais ou capitais, outros branqueiam jornais ou telejornais. O Dicionário da Propaganda é tão imaginativo que o roubo das troikas ou tríades é considerado um pacote e um ajuste, uma ajuda e um resgate. A indignação patriótica atingiu o clímax com o Ultimato Inglês de 1890 e concorreu para o descrédito e o derrube da Monarquia. Mas muito boa gente ainda não se apercebeu do alcance do Ultimato Alemão de 2011. O Bloco Central Político/Económico/Mediático tudo tem feito para retardar a cólera democrática e a exigência do pagamento da crise pelos que a causaram: especuladores e dilapidadores, traficantes e corruptos. Somente com o povo levantado do chão e a retoma do projecto de Abril se porá termo ao saque e à servidão e se reabrirá a estrada do progresso social e cultural.
(1) Transparency International (Portugal/Ponto de Contacto da
Rede)/07/Imprensa, 05/2012. Segundo a percepção desta organização, Portugal
ocupa o 32.º lugar num ranking de 180 países.
(2) Constituição da República Portuguesa. Sucessivas revisões à medida das privatizações e das carteiras de interesses da troika/UE/BCE/FMI (1982/1989/1992/1997) passaram uma esponja sobre o ordenamento económico de 1976, baseado em três sectores: público, privado, cooperativo. (3) Castanheira, José, ex-director-geral da Saúde, professor do Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz, Lusa/DN, 03/05/2012. (4) Rego, Raul, Os Políticos e o Poder , ed. autor, 1969; Arcádia, 1974. (5) DN, 13/01/2011, 40 ex-ministros e ex-secretários de Estado em empresas. Caixa já empregou 23 ex-governantes. (6) Bourdier, Pierre, Contre-feux 2, Éditions Raisons d`Agir. Governo invisível dos poderosos. (7) Ordem da Censura/coronel Roma Torres, 06/06/1973. C.P: Os Segredos da Censura, 3.ª edição, Editorial Caminho, 1994. (8) Craig, Paul Robert, ex-secretário-Adjunto do Tesouro. (9) Ortigão, Ramalho, Rei D. Carlos, Typ. A Editora, 1908. (10) A Política: a Grande Porca. Uma porca, sentada no solo pátrio, amamenta uma ninhada de leitões. Raphael Bordallo Pinheiro, A Paródia, 1.ª série, n.º 1/capa, 17/01/1900. (11) Fronteira, antiga crónica dominical do autor, JN. (12) Dowling, Edward, editor, 1941, citado http://johnpilger.com/page. (13) PPP são chocantes - diz Carlos Moreno, juiz jubilado do Tribunal de Contas, Assembleia da República, O Sol,25/05/2012. (14) Contratos das PPP foram um arranjinho - diz José Manuel Viegas, professor do Instituto Superior Técnico, secretário-geral do Fórum dos Transportes da OCDE, O Sol, 19/05/2012. (15) Ovídio, Metamorfoses, Cotovia, 2007. O original encontra-se em O Militante , nº 319, Julho/Agosto 2012, Ano 71, Série IV Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ . |
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