sábado, 24 de novembro de 2012

A CRISE: GERADA NA CRIAÇÃO DO EURO


BLOG PT_BR 24 novembro : A crise: gerada na criação do euro

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Notícias–Visões e Cultura de Portugal – A Crise Econômica


Editor : Paulo Timm – www.paulotimm.com.brpaulotimm@gmail.com

 

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                                     INDICE

 

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2.NOTÍCIAS

3. PORTUGAL E A CRISE - Memória e Análises

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1–VISÕES - Portugal- Periférico ou Centro do Mundo?




2 -PORTUGAL NOTÍCIAS

Portugal sem passaporte

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Portugal quer incentivar os investimentos no Brasil
Posted: 23 Nov 2012 04:46 AM PST
O Secretário de Estado Adjunto do Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares de Portugal, Feliciano Barreiras Duarte, afirmou ontem (22/11), em Recife, durante o Encontro Empresarial Brasil-Portugal, que o governo português está empenhado em reforçar os laços políticos e econômicos com o Brasil. Segundo ele, o objetivo é de criar condições políticas e legais para
Feliciano Barreiras Duarte: É preciso incentivar os empresários brasileiros a investirem em Portugal
a identificar novas oportunidades de investimentos no mercado português.

Durante o seminário promovido pelo Ano de Portugal no Brasil e pela Câmara Brasil Portugal de Pernambuco e que contou com a presença de mais de 80 empresários portugueses e brasileiros, Feliciano Barreiras Duarte destacou que a comunidade brasileira em Portugal já é a maior – mais de 110 mil brasileiros que residem oficialmente em Portugal – e que vem crescendo o comércio bilateral entre os dois países.
Duarte Barreiras disse que o potencial de negócios entre as duas nações é expressivo, e que vai muito além do comércio já tradicional envolvendo a exportação de produtos agrícolas (vinho, azeite, por exemplo). Para ele, existe espaço para a realização de investimentos em empresas baseadas em inovação e tecnologia, áreas que vem crescendo rapidamente no mercado português.
As exportações de Portugal para o Brasil atingiram o total de 585,2 milhões de euros em 2011, representando um crescimento de 24,6% em relação ao ano anterior e esta tendência vem se mantendo nos primeiros dois trimestres de 2012. De acordo com o diretor da agência de desenvolvimento AICEP Portugal Global, Carlos Moura, é preciso assinalar que a balança de serviços entre os dois países é favorável a Portugal, que obteve um superávit de 998 milhões de Euros em 2011, devendo manter o nível de expansão este ano.

Carlos Moura acrescentou que recebe semanalmente uma média de 3 a 4 empresários portugueses interessados em investir no Brasil. Ele observou que o Brasil é o terceiro maior foco de investimentos de empresas portuguesas, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e China.

Já o presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Roberto de Abreu e Lima Almeida, é grande o interesse de empresários portugueses em investidor no Nordeste brasileiro, principalmente no Estado de Pernambuco. Segundo ele, cerca de quatro empresários estrangeiros procuram sua agência por semana para identificar oportunidades de investimentos e 50% são espanhóis ou portugueses. As áreas mais procuradas são o turismo e construção civil. A economia de Pernambuco cresce bem acima da média no Brasil. Para se ter uma idéia, conta Roberto Almeida, em 2010 o Produto Interno Brasileiro (PIB) foi de 7% e o de Pernambuco atingiu 9,9%. Em 2011, o PIB brasileiro foi de 2,7% e o de Pernambuco 4,5% e, em 2012, Pernambuco fechará com crescimento econômico de 3,5% contra 1,8% do brasileiro.
Já o comissário geral do Ano de Portugal no Brasil, Miguel Horta e Costa, lembrou a importância dos múltiplos eventos que estão acontecendo nos dois países nos campos cultural, musical, artes visuais e empresarial. Ele informou que está prevista a realização de um grande evento no início de 2013 no Brasil, com a participação de um conjunto expressivo de empresas inovadoras de Portugal. “Vamos mostrar ao Brasil que hoje Portugal é um país moderno e que cada vez mais se torna referência na área de inovação, seja em telecomunicações, tecnologia da informação ou científica”, assinalou Horta e Costa.
A4 Comunicação



3-PORTUGAL E A CRISE - MEMÓRIA E ANÁLISES
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A crise: gerada na criação do euro

Nunca antes na história se tinha tentado estabelecer uma moeda comum sobre bases tão erradas, com a rutura, sem paralelo, entre o controlo da criação monetária e o poder soberano dos Estados. Por Alejandro Nadal, La Jornada



Olli Rehn e Durão Barroso: Os arquitetos da união monetária europeia sentaram as bases da crise atual. Foto de European Parliament

Nas origens e no marco institucional da união monetária europeia encontram-se os elementos para interpretar a crise. O certo é que nunca antes na história se tinha tentado estabelecer uma moeda comum sobre bases tão erradas. O resultado foi uma bomba de tempo. No capitalismo as crises são a norma e a explosão não se fez esperar.
Há que assinalar logo de início: na criação do euro há uma rutura, sem paralelo na história, entre o controlo da criação monetária e o poder soberano dos Estados.
Para variar, a teoria económica convencional deu o seu contributo para preparar o terreno. O chamado paradigma da zona monetária ótima (ZMO) é uma peça fundamental em todo este imbróglio. Este instrumento tem origem nos trabalhos de Robert Mundell (outro prémio Nobel de economia) e é usado para analisar as vantagens e desvantagens de se adotar uma moeda comum. As vantagens expressam-se em termos da redução nos custos de transação, enquanto as desvantagens encontram-se nas dificuldades para realizar ajustes. Esta teoria apoia-se em bases erradas.
A teoria da ZMO sustenta que uma união monetária se justifica quando as desigualdades entre economias são suficientemente pequenas para serem administradas por uma política monetária comum. De acordo com este raciocínio, propõem-se quatro princípios para determinar se as assimetrias são administráveis ou não. Os primeiros dois requisitos são a mobilidade laboral e a ausência de restrições à circulação de capitais. Outro elemento é que a evolução das economias que pretendam entrar na união monetária deve ser comparável: em especial, os ciclos económicos devem ser similares. Caso contrário, o novo banco central não poderia aplicar uma política macroeconómica coerente (teria de promover o crescimento numa região ao mesmo tempo que o moderava noutra com os mesmos instrumentos). Em princípios dos anos noventa considerou-se que um grupo de países da União Europeia cumpria esses três princípios.
Outro critério utilizado para considerar a criação de uma união monetária é o das transferências fiscais. A política fiscal desempenha um papel fundamental na redução das assimetrias numa região, e por isso a própria teoria da zona monetária ótima aconselha a existência de um espaço fiscal comum, em paralelo ao espaço da união monetária. Mas no caso da união monetária europeia, este vínculo entre o poder soberano, a criação monetária e a política fiscal rompeu-se. Enquanto a política monetária era transferida para um órgão supranacional que não presta contas a ninguém, a política fiscal ficou relegada ao nível nacional. Para arrematar, separaram-se as funções de tesouraria que os bancos centrais podiam desempenhar e restringiu-se a possibilidade de recorrer a défices fiscais. Inesperadamente, os estados membros perderam a capacidade de recorrer à autoridade monetária para financiar a sua dívida e ficaram submetidos à disciplina dos agentes financeiros privados.
Ora bem, a propaganda política do neoliberalismo considera que isto é algo positivo. O seu argumento baseia-se numa teoria económica que sustenta que o mercado é um mecanismo auto-regulado e que o dinheiro é uma invenção dos agentes económicos (leia-se o sector privado) para reduzir os custos de transação associados à troca. O corolário de tudo isto é que é necessário evitar que a política contamine as decisões puramente "técnicas" que devem reger a política monetária.
Mas nem os mercados se auto-regulam, nem o dinheiro foi uma invenção dos agentes do setor privado, nem é verdade que a estabilidade macroeconómica se mantenha através da separação entre fiscalidade e soberania monetária. A rutura entre política monetária e política fiscal foi justificada (na contra-mão do que afirmava a própria teoria da ZMO) porque na ideologia neoliberal a fiscalidade não desempenha uma função importante porque os seus efeitos são cancelados pelas expectativas dos agentes. Neste aspecto, o contraste entre Mundell e Lucas não pode ser mais evidente. A verdade é que sempre se soube que a teoria das expectativas racionais é um engendro absurdo e que como guia da política macroeconómica responde a uma abordagem estritamente ideológica. Na criação do euro, esta pseudo-teoria serviu para justificar um marco institucional aberrante.
As origens do dinheiro não estão relacionados com uma pretendida inovação técnica do sector privado para minimizar os custos de transação. A antropologia, a história e a numismática ensinam que o dinheiro surge relacionado com sistemas de dívida e, sobretudo, com o poder soberano para fixar impostos que só podiam ser pagos na moeda de curso legal. É isto que explica a estreita relação entre poder soberano e regulação monetária. Os arquitetos da união monetária europeia romperam este vínculo e sentaram as bases da crise atual.
Publicado no La Jornada de 21 de novembro de 2012
Tradução de Luis Leiria para o Esquerda.net

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